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Qualquer outra entidade que receba pedidos de entregas controladas, nomeadamente a DGA, através do Conselho de Cooperação Aduaneiro ou das suas congéneres estrangeiras, e

No documento Direito Penal e Processual Penal (2012-2015) (páginas 130-132)

A DINÂMICA DA INVESTIGAÇÃO EM SEGMENTOS CRIMINAIS ESPECÍFICOS – A INVESTIGAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE ESTUPEFACIENTES

8. Qualquer outra entidade que receba pedidos de entregas controladas, nomeadamente a DGA, através do Conselho de Cooperação Aduaneiro ou das suas congéneres estrangeiras, e

sem prejuízo do tratamento da informação de índole aduaneira, deve dirigir imediatamente esses pedidos para a PJ para efeitos de execução.

9. É competente para decidir do pedido de entregas controladas o magistrado do Ministério Público na comarca de Lisboa.

Na prática, os pedidos de entregas controlados, nos casos de tráfico de estupefacientes, surgem-nos, em geral, do seguinte modo.

A PJ toma conhecimento através da Autoridade Tributária, ex. DGA, de que no aeroporto foi detectado produto estupefaciente dissimulada na bagagem de passageiros que aí se encontra em trânsito para outro país.

Confirmado que, não se trata de nenhum cidadão nacional e na ausência de indícios que apontem no sentido de que os suspeitos transportam estupefacientes no interior do organismo, ou que este não está em trânsito para país onde tais factos sejam punidos com prisão perpétua ou pena de morte – art 33º da CRP encetam de imediato contactos com as autoridades do país de destino a fim de lhes permitirem, querendo, manifestar interesse em que seja autorizada a entrega controlada e, em simultâneo, entram em contacto, via telemóvel, com o Magistrado do Mº Pº do DIAP de Lisboa com vista a obterem a pertinente autorização para as diligências prévias.

Obtida esta e recebido o pedido das autoridades estrangeiras diligenciam pela entrega controlada da bagagem e passageiro que, segue viagem por via aérea, e que, à chegada ao destino, é controlado pelas autoridades do país do destino com vista a deterem o maior número possível de agentes e apreenderem o estupefaciente.

Após o que, comunicam-nos o resultado das diligências efectuadas, dando conta da identidade completa dos suspeitos, natureza e características dos produtos apreendidos e demais elementos relevantes para as investigações.

Tais situações podem ocorrer, não só nos aeroportos, mas também em contentores transportados por via marítima e detectados, designadamente, nas alfândegas.

Acções encobertas

Saliente-se desde já que a própria lei apelidou tais acções de encobertas: ou seja, tendo presente o valores em causa, integridade física e em muitos casos mesmo a vida dos intervenientes, entendeu o legislador que não deviam, por regra, ser descobertas.

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL (2012-2015)

A dinâmica da investigação em segmentos criminais específicos – a investigação do crime de tráfico de estupefacientes

Aliás, foi certamente por esse facto que, no art. 4º, nº 1, consagrou expressamente que, a autoridade judiciária, só ordenará a junção ao inquérito do relato aí referido se a reputar indispensável em termos probatórios.

Tenha-se presente que, em parte alguma a lei admite a junção da própria acção encoberta ao processo.

Vejamos qual é o seu objecto, âmbito de aplicação e requisitos que devem ser observados, quer aquando da sua autorização, quer no fim daquela.

A Lei 101/2001 de 25 de Agosto introduziu entre nós o regime das Acções Encobertas para fins de prevenção e investigação criminal tal como resulta do seu artº 1º, nº 1.

Consideram-se acções encobertas aquelas que são desenvolvidas por funcionários de investigação criminal ou por terceiro que actua sob o controlo da PJ para prevenção ou repressão dos crimes de catálogo previstos no artº 2 com ocultação da sua qualidade e identidade.

No artigo 3º da Lei 101/2001, o legislador estabeleceu os requisitos a que a mesma deve obedecer bem como o Magistrado competente para a autorizar consoante se esteja em sede de prevenção criminal ou de investigação criminal.

Assim, impõe-se ter presente que as mesmas só deverão ser autorizadas se forem:

− Adequadas aos fins de prevenção e repressão criminais identificados em concreto, nomeadamente a descoberta de material probatório, e proporcionais quer àquelas finalidades quer à gravidade do crime em investigação;

− Os terceiros e os funcionários só participam em tais acções quando o fazem livre e voluntariamente nunca podendo ser obrigados a participar naquelas contra a respectiva vontade.

Tais acções encobertas podem ter lugar no âmbito de inquérito ou de prevenção criminal: 1. As efectuadas no âmbito de inquérito dependem de autorização prévia do Magistrado do Mº Pº sendo obrigatoriamente comunicadas ao JIC e consideradas validadas se este não proferir despacho de recusa nas 72 horas seguintes - cfr artº 3º nº 3;

2. Se a acção tiver lugar no âmbito de prevenção criminal, a competência para a autorizar pertence ao juiz de instrução criminal do Tribunal Central de Investigação Criminal mediante a iniciativa e subsequente proposta do Magistrado do Mº Pº do DCIAP – cfr. artº 3º, nºs 4 e 5 . 3. É ainda o juiz de instrução criminal do Tribunal Central de Investigação Criminal quem, mediante a iniciativa e subsequente proposta do Magistrado do Mº Pº do DCIAP, tem a competência para autorizar os funcionários de investigação criminal de outros Estados a

desenvolverem Acções Encobertas em Portugal, com estatuto idêntico ao dos funcionários de investigação criminal portuguesa e nos demais termos da legislação aplicável. Tal actuação depende de pedido baseado em acordo tratado ou convenção internacional e da observância do princípio da reciprocidade – cfr. artº 160º-B da lei 144/99.

Finda a Acção encoberta a PJ/UPAT fará, no dossier referente à Acção Encoberta que corre termos separadamente dos inquéritos, o relato da intervenção do agente encoberto à autoridade judiciária competente no prazo máximo de 48 horas após o terminus daquela.– cfr artº 3º, nº 6.

É nessa altura que, levando em consideração o resultado da AE e ponderando os valores em causa, a autoridade judiciária, tomará posição, decidindo que tal relato será ou não junto ao inquérito ou relegando tal decisão para o termo do inquérito / ou da instrução. – cfr. artº 4º, nº 1 e nº 2.

Em qualquer dos casos tal decisão terá como parâmetro o disposto no nº1 do artº 4º. Ou seja, o Magistrado deve ter presente que, por força da própria lei, “só ordenará a junção ao processo do relato a que se refere o nº 5 do artº 3º se a reputar indispensável em termos probatórios”.

Caso opte pela junção do aludido relato e seja necessário o depoimento do(s) agente(s) encoberto(s) devem tomar-se as precauções previstas no artº 4º nºs 3 e 4, da Lei 101/2001 e 87º, nº 1, do CPP, ausência da publicidade e lei da protecção das testemunhas – Lei 93/99, de 14/7 – ocultação de imagem, teleconferência, ocultação de identidade, etc.

Na hipótese de não ser junto aos autos o aludido relatório, e arquivada a mesma, o expediente em apreço será devolvido à Polícia Judiciária para aí ficar arquivado, conforme previsão da parte final do n.º 2, do artigo 4.º da citada Lei.

2- Algumas das dificuldades com que, no dia a dia, se deparam os Magistrados que

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