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LIDERANÇA LIBERAL

1.2. A gestão do carácter da liderança escolar

As instituições escolares serão cada vez mais consideradas e bem-sucedidas desde que sejam íntegras de carácter, com propósitos, estruturas e rumos únicos. O autor Selznick (1957, p. 137) afirma que “o planeamento e manutenção das organizações escolares é muitas das vezes um processo de engenharia. Sendo os seus objectivos óbvios e as escolhas baseadas em critérios técnicos e objectivos definidos, chama-se um engenheiro e não um líder”. A razão de actuarem como engenheiros em detrimento de uma liderança, porque o que as organizações escolares premeiam, são as questões de engenharia, surgindo o dilema nas organizações pois as teorias actuais obrigam os líderes a actuarem mais como engenheiros, mesmo reconhecendo que é no campo da liderança que a escola necessita de evoluir. Logo, o grande desafio actual da liderança é resistir ao aperto, pois o propósito da liderança escolar é transformar a escola numa comunidade moral, onde o retorno à integridade, ao carácter administrativo escolar, está subjugado a essa mudança.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 140 A gestão de organizações feita de modo semelhante não potencia boas gestões nem boas lideranças. Qualquer organização que tente funcionar sem integridade e carácter, gere estruturas apenas vocacionadas aos seus propósitos e papéis sociais. Desenvolve formas e compromissos distintos de decidir em função das ligações com as pessoas que serve. De acordo com Selznick (1957):

“desta forma, a organização como um instrumento técnico suplanta os valores. Como um veículo de integridade de grupo, torna-se, de certo modo, um fim em si próprio. Este processo de introdução de valores é, em parte, o que queremos dizer com institucionalização. Quando isto ocorre, a gestão de organização transforma-se em liderança institucional …. A construção de integridade é parte do que chamamos a “incorporação institucional de finalidades” e a sua protecção é uma grande função da liderança” (pp. 138-139).

Esta teoria de liderança institucional das escolas é um avanço na forma como as sociedades, organizações e instituições funcionam, de modo a contribuir para a forma como as escolas são encaradas. Este avanço faz com que as escolas passem de organizações genéricas para comunidades singulares e distintas. Esta evolução torna a escola mais elevada, mas também a torna mais íntegra, fazendo com que desenvolva competências específicas e próprias.

A mudança da filosofia de escola organização para escola comunidade, consiste essencialmente na devolução da integridade e carácter à liderança escolar. Estas tornam-se comunidades quando «instiladas de valores». Segundo Selznick (1957, p. 40), esta instilação potencia uma identidade distinta onde se verifica “aparência distinta, hábitos e outros compromissos unificados, colorindo todos os aspectos da vida organizacional e emprestando-lhe uma integração social que ultrapassa a organização e o exercício do poder formal”.

A questão das escolas comunidade moral precisa do desenvolvimento de liderança única. O ponto crucial dessa liderança única seria o fomento de parcerias partilhadas de aproximação entre membros da comunidade e metas partilhadas. A existência de autoridade moral faz com que a escola seja interlocutora entre os vários agentes educativos através da autoridade moral. Estas comunidades morais são fruto de pacto, pois as leis para serem eficazes têm de estar escritas no coração e não em pedra, pois a voz moral faz-nos pensar a liderança no sentido do desenvolvimento de um grupo de pessoas com os mesmos objectivos.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 141 Aristóteles afirma que a comunidade é mais definida pela harmonia, onde a harmonia de ideias distintas se complementares de personalidade se atingem quando se verificam relacionamentos de qualidade nas comunidades.

Aristóteles na sua obra Ética a Nicómaco realçava este aspecto da qualidade do relacionamento como “amizade”. Actualmente, amizade é vista como uma relação interpessoal entre duas pessoas, de que gostam ou simpatizam mutuamente. Tradicionalmente, a amizade realçava dois aspectos basilares, o dever de ajuda e partilha de compromisso com o bem comum Bellah et al., (1985).

Um dos factores mais relevante na teoria da comunidade é que a amizade fundamenta-se no facto da existência de compromissos morais comuns. Isto pode-se aplicar a todos os intervenientes da comunidade escolar, advindo daí o conceito de respeito alargado à comunidade educativa, consideração mútua pelas tradições comuns e, compromisso de entreajuda no desenvolvimento de todas as actividades.

Como elemento relevante da liderança escolar, destaca-se o facto do aparecimento de escolas de carácter, onde se destacam a escolas «focalizadas» e as «locais», destacando-se as primeiras pela importância e significado que dão ao contacto directo e permanente com todos os intervenientes do processo educativo, com voz moral para definir estratégias em favor de uma causa comum, responsabilizando-se a nível pessoal e comunitário pelos compromissos assumidos.

Estas escolas «focalizadas» estão fortemente determinadas em concretizar os seus contratos sociais e académicos no sentido efectivo do seu cumprimento. Nesse contexto, Hill, F. e Glender (1990), definem estas escolas afirmando que as focalizadas enfatizam e dão prioridade aos resultados, as locais salientam o cumprimento do programa e os procedimentos. Destacam também, que as focalizadas possuem fortes contratos sociais de responsabilidade mútua, enquanto as locais são os próprios intervenientes, que definem o seu papel na escola. Acrescentam ainda, que as escolas focalizadas possuem uma forte ligação aos encarregados de educação, moldando atitudes e valores dos alunos, realçando a ética, confiança, justiça e respeito mútuo, enquanto as escolas locais, idealizam-se como veículos transmissores de informação e de capacidade. Finalmente, as escolas focalizadas, possuem um plano de estudos construídos para mobilizar os alunos na aquisição de competências essenciais enquanto, as escolas locais, fazem uma distinção de alunos em função das suas

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 142 capacidades e anseios, através de planos de estudos diferenciados consoante o grupo de alunos.

1.2.1. A escola básica e a liderança.

Verificamos actualmente que as escolas enquanto organizações não escapam às mudanças estruturais dos processos de liderança, embora se lhes reconheça certas especificidades, oriundas de outros contextos de liderança da sociedade. Apesar disso, devemos orientar de forma a apontar para as organizações escolares, com alguma singularidade a sua missão, pois esta é estritamente pedagógica e educativa.

Como organização pedagógica, a escola adquire uma dimensão de instrução e ensino muito para além do conceito de educação. Nesse contexto, a escola como organização democrática, deve apontar para uma perspectiva de justiça, mas também de práticas objectivas de democracia, onde se verifique pedagogia de justiça e onde se pratique uma pedagogia de aprendizagem Senge, (1990). Também não pode ser apenas uma escola autónoma, mas uma organização de pedagogia autonómica, onde a organização e a liderança, não deverá ser apenas uma via de acção pedagógica, mas sobretudo uma via estruturante de acção pedagógica Lima L., (1999).

Reconhecendo que determinadas organizações e instituições contemplam de algum modo a vertente escolar nos seus propósitos, a instituição escola tem a vertente pedagógica como factor determinante de toda a sua envolvência. Esta perspectiva origina que a concepção de liderança nas instituições escolares, deverá ser orientada como uma liderança para a acção pedagógica, baseada numa perspectiva de liderança educativa e pedagógica.

Esta conceptualização da instituição escolar tem sido fortemente alicerçada, na causalidade da liderança pedagógica e as escolas excelentes face ao conhecimento de conteúdos pedagógicos que os professores adquirem, seja inicial ou no decurso da sua prática lectiva, que determina a “base essencial par o exercício da liderança escolar”, sendo enriquecedor e iluminador Sanches, (1995, p. 526).

Nesta continuidade, seria relevante focar a importância do carácter educativo e pedagógico da liderança escolar, onde podemos destacar a fundamentação da liderança como

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 143 pedagogia, onde destacamos seis aspectos da valorização da liderança nas escolas como vectores da construção de um quadro teórico-conceptual de suporte da liderança nas instituições escolares.

Assim, consideramos a liderança dispersa, que atravessa níveis, sectores e agrupamentos da instituição escolar, não sendo entendida como um atributo do líder forma, a denominada conexão débil, Weick, (1976), visível em várias mecanismos das instituições escolares, onde podemos observar, mais lideranças e líderes, activos na divulgação de ideias e na dinâmica de processos e práticas.

Por outro lado a liderança de relatividade, entendida diferentemente em relação aos conteúdos, processos, em função do tipo de cultura, situações organizacionais onde se verifica, logo a liderança, toma facetas distintas, dando valor ao autoritarismo, centralização ou nepotismo Bush & Coleman, (2000).

A aposta na liderança e democracia escolar é um pressuposto de igualdade de oportunidades, autonomia, justiça e equidade, onde todo o processo de aprendizagem ocorre de modo participado e partilhado, onde a liderança deverá ter em conta a participação activa de todos os intervenientes educativos, na tomada de decisões, que se desejam colectivas.

Relativamente à liderança e colegialidade docente que implica reconhecer a liderança como processo que se desenvolve inter pares, onde a questão do profissionalismo e autonomia dos docentes, e colegialidade de decisões, reflexão partilhada das acções, potenciam lideranças dispersas, onde os líderes enfrentam novos desafios, para o desencadear de uma liderança colaborativa, colegial e solidária, que respeite autonomias individuais e grupais.

A liderança que se aprende derivado da formação e competência pedagógica potenciar um melhor desempenho dos líderes escolares, para além da hereditariedade, experiencia ou personalidade, a liderança pode ser definida como um conjunto de competências que se aprendem, não sendo apenas técnico e instrumental, mas do nível de acção moral e transformacional Sanches, (1996), ou no nível da denominada inteligência emocional, que também se aprende e à qual Goleman (1996) atribui um papel insubstituível nos processos de liderança.

Convém ainda, fazer uma diferenciação entre liderança e gestão, pois em termos genéricos somos levados a atribuir ao bom gestor capacidades de liderança, embora de forma

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 144 ambígua. Contudo, há líderes que em contexto escolar não fazem exercício de gestão organizacional, assim como verificamos gestores escolares, que não fazem a mais pequena ideia do que significa liderar. Mas o processo de liderança dentro das organizações escolares, enquadrada na progressiva autonomia, responsabilização, prestação de contas dos estabelecimentos de ensino, enfatiza, a questão da liderança escolar, como factor determinante do desenvolvimento organizacional, valorizando a selecção e recrutamento e reconhecimento dos líderes escolares, enfatizando no processo de formação a vertente pedagógica da liderança, porque o líder é um educador Starrat, (1993), em detrimento das orientações racionais, eficientistas e hierárquicas, não consentâneas com as instituições contemporâneas e, da escola como organização pedagógica.

Referir que a liderança também tem que ser pensada de forma crítica, em especial na desmitificação da liderança controlada e denunciando a liderança de subordinação, substituindo-a por uma liderança democrática e facilitadora, à qual se reconhece um verdadeiro empowerment aos diferentes actores da organização Blase& Anderson, (1995).

2. As raízes da liderança escolar.

Para se falar da voz da comunidade e da relevância dos acordos morais, na energia dessa voz, colocando de parte a questão da liderança. O importante é fazer com que as organizações possuem uma determinada sabedoria factual, onde os líderes deverão possuir visão, para depois trabalharem e moldarem a instituição que lideram de acordo com essa visão. Um dos mais eminentes peritos em gestão Burt Nanus (1992) relata-nos esta questão dizendo que:

“não há qualquer mistério sobre o assunto. Os líderes eficazes têm objectivos e orientam-se fundamentalmente pelos resultados. Apostam em novas visões possíveis e desejáveis, comunicando-as e agindo sobre os liderados, de modo a que eles se embrenhem tanto com as novas direcções, as quais ficam desejosas de encaminharem os seus recursos e energias para consecução das tarefas” (p. 4).

Os líderes eficazes realizam um trabalho de forma a que as suas visões se efectivem, dependendo do modo como fazem com que a sua mensagem e visão passe aos seus liderados.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 145 Efectivamente, os líderes devem ser capazes de planear e estruturar uma visão, de acordo com uma estratégia definida e alcançável, construindo um grupo de pessoas que estejam de acordo e as consigam objectivar essa visão através da motivação dessas pessoas e outras da instituição que trabalhem e se esforcem para a concretização dessa mesma visão. As instituições terão sucesso pleno em todas as vertentes, quando os seus líderes estimulam e prestigiam os elementos para a realização dessas tarefas.

O âmbito da liderança escolar não se esgota apenas na liderança assumida pelos líderes, mas também no papel dos pais não cumprirem as suas responsabilidades paternais, do mesmo modo, que os professores deverão cumprir as suas obrigações educacionais. Os alunos também entram nesta rede moral de responsabilização, caso os alunos não cumpram a sua parte, mesmo que pais e professores se esforcem, a probabilidade de sucesso será muito diminuta se os alunos não se fizerem a sua parte. Segundo a opinião de Cartwrigh, M. (1993, p. 106) “sucesso para qualquer um de nós significa sucesso para todos nós”.

Do mesmo modo que aqueles professores que preparam mal as suas aulas e não se esforçam por obter novos conhecimentos sobre a sua função, e alunos que copiam ou não realizam o trabalho proposto, moralmente não estão revelando o cumprimento das suas responsabilidades. Como nos salienta Walter Feinberg (1993, p. 43) que “ao assumir um papel, fizeram uma promessa de cumprir as funções inerentes a este. O não cumprimento dessas mesmas funções representa uma quebra”.

De certo modo, todos os intervenientes do processo educativo têm determinadas responsabilidades e deveres aos quais devem dar continuidade pelo facto de ser a atitude mais consentânea. Nesta esteira de responsabilidade e liderança, observamos que os professores nas suas turmas preocupam-se com as necessidades individuais dos alunos, não desistem dos alunos, revelam capacidade para trabalharem o máximo e, ensinarem o melhor que podem.

Os pais, que assumem uma postura de liderança familiar, estão de facto preocupados com os seus educandos, assegurando-lhes local apropriado para o estudo, definem uma hora para se deitarem. Os bons alunos assumindo a sua cota parte, devem cumprir a sua parte do acordo moral. Por fim as escolas como entidades morais, sentem-se na obrigação de transmitir aos seus alunos estas lições de responsabilidade e funções.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 146 Neste contexto e seguimento da «teoria da comunidade», está a origem da liderança escolar que se considera como um processo para que um determinado grupo aja de acordo com os objectivos definidos pelo líder. Liderança não quer dizer comandar ou exigir o rigor de certas ordens, no que concerne a influência de outros elementos por meio da persuasão, despertando forças morais interiores, a menos que os elementos seguidores desejem ser liderados, os líderes não podem ser líderes.

Para que haja uma verdadeira liderança, os elementos seguidores devem criar laços de entendimento e mediação para uma influência recíproca. Neste contexto, John Gardner (1986) explica:

“é neste contexto que os líderes surgem, contexto que determina o tipo de líderes que surgirão e o que se espera deles. Ganha-se um conjunto de seguidores leais quando as pessoas, consciente ou inconscientemente, julgam que o líder é capaz de resolver os seus problemas e ir de encontro às suas necessidades, quando é visto como um símbolo das suas normas e quando a imagem que transmite, é congruente com os seus mitos e lendas” (p. 11).

Nas escolas este processo de influência recíproco entre líderes e liderados envolve ideais partilhados e também papéis relacionados com obrigações morais. Do mesmo modo que professores, pais e alunos, têm papéis relacionados com obrigações morais, também a liderança, deverá cumprir com as suas obrigações morais relativas ao seu papel de líder.

As raízes da liderança escolar estão fundamentadas nas responsabilidades do líder, como suprir as necessidades da escola como instituição de acordo com os seus propósitos, defendendo a integridade institucional da escola. Nesse sentido, o líder de uma escola, para cumprir eficazmente os seus papéis e tarefas de liderança executiva, deverá ter em consideração o seguinte: adequar visões partilhadas de acordo com todos os intervenientes educativos através de uma voz moral. Potenciar o consenso dos ideais da escola acerca do seu funcionamento e ligações morais entre papéis e responsabilidades, respeitando sempre as diferenças e estilos individuais. Favorecer a aplicação de acordos escolares relativos a procedimentos estruturantes que possibilitem o integral cumprimento dos comportamentos e objectivos escolares definidos. Motivar os subordinados satisfazendo as suas necessidades elementares psicológicas e culturais, para que as suas vivências escolares sejam eficazes e de pleno significado. Dar o apoio necessário, organizando, definindo, mobilizando recursos e procedimentos, mantendo a escola a funcionar eficazmente. Ultrapassar dificuldades e

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 147 barreiras, impeditivas da concretização dos compromissos, potenciando recursos e apoios para a concretização dos mesmos. Dar carácter à escola, pelo seu envolvimento principal de acordo com a modelação de valores, pensamento, palavras e acções. Ser um líder supervisor, atendendo a uma visão geral, para que a escola cumpra os seus desígnios através da razão e, caso seja necessário ajudar a que esse desiderato seja almejado.

Deste modo, podemos afirmar que a liderança escolar tem como objectivos definir um rumo e exercer influência com finalidades educativas centradas nas aprendizagens dos alunos, desenvolvendo conhecimentos académicos, competências e aprendizagens de regras, e valores sociais relevantes.

Como explicita Meier (1992), as decisões são tomadas de acordo com o ambiente de cada sala de aula, duração das aulas ou número de visitas de estudo. Os professores decidem em conjunto os conteúdos pedagógicos e a avaliação. Ensinam o que julgam ser relevante. Trabalham em grupo, desenvolvendo sistemas de avaliação para os alunos, famílias… os quais representam valores e crenças mais próximas da realidade quanto possível.

A liderança de uma escola tem que ser entendida especialmente como uma função e não como um cargo, embora esteja ligada a posições de autoridade formal deverá abarcar um leque de funções que podem ser desempenhadas por várias pessoas de acordo com todo o tecido escolar. Os líderes de uma escola são os elementos que potenciam e exercem influências para se concretizarem as finalidades da escola.

De facto, a melhoria da liderança educativa edifica-se através de estudos estruturados e científicos. O que há conhecimento é que a liderança de escola é melhor sucedida, quando centrada no ensino e aprendizagem, sendo justificável, mas não suficiente para uma melhoria sustentada de escola.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 148 2.1. Liderança baseada na pedagogia

Um dos factos mais relevantes das tarefas de liderança baseia-se no papel da supervisão como fundamental, para as tarefas da liderança, quando os líderes escolares exercem um tipo de liderança baseada numa concepção pedagógica. O termo liderança como um modo pedagógico não é muito utilizado, e quando acontece refere-se especialmente à instrução, plano de estudos ou ensino. Contudo o termo liderança como pedagogia, tem raízes históricas muito antigas e de grande abrangência, que urge fazer uma viagem histórica.

Como nos refere Max Manen (1991),

“o termo pedagogo deriva do grego e refere-se não só ao professor, mas ao escravo atento ou guardião cuja função era levar (agogos) o rapaz (paides) à escola …. O adulto tinha a tarefa de acompanhar a criança, de estar com a criança e de cuidar da criança. O pedagogo deveria certificar-se que a criança se mantinha longe de problemas e se comportava adequadamente. Este é o tipo de “guia” que frequentemente caminha atrás da pessoa guiada. O escravo ou pedagogo estava presente como in loco parentis” (p, 37).

Neste contexto, o trabalho do pedagogo quer ele fosse um professor ou outra pessoa qualquer, era o de proporcionar um ideal de protecção e orientação à criança, definindo um papel partilhando com os seus pais na sua ausência. Pelo facto de este papel ser relevante, para o desenvolvimento da criança e interesses gerais dos pais, teria de implicar uma forma implícita de liderança. De acordo com Max Manen (1991, p. 38), “a ideia grega original de pedagogia associava também o significado de guiar, no sentido de acompanhar e viver com a criança, de modo a direccionar e cuidar da vida dele ou dela”.