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Evolução da Teoria sobre Liderança – Revisão da Literatura

1. Problema de la Investigación

1.1. Evolução da Teoria sobre Liderança – Revisão da Literatura

O objectivo deste ponto do trabalho é o de fazer uma revisão das teorias sobre liderança evidenciadas desde Carlyle até aos nossos dias, evidenciando aspectos relevantes das principais teorias e suas implicações nas instituições e nas organizações e em particulares neste estudo as instituições escolares.

O enorme interesse em estudar o fenómeno da liderança é o facto de identificar formas para a sua avaliação. Neste sentido, vários estudos tentaram identificar parâmetros, tais como, traços, habilidades, comportamentos, motivações, fontes de poder e características definidoras do processo de liderança, capazes de explicar as variáveis mais relevantes, que fazem identificar as actividades, que influenciam os seus seguidores. (Smith, 1994, Bergamini, 1994 & Koontz et al. 1986).

Apesar de todos os estudos estarem relacionados com o mesmo tema, a análise de cada um é diferenciada, no qual cada estudo realça o que julga serem as características os traços da sua personalidade. Outros salientam as características do líder partindo do seu próprio estilo, e recentemente os estudos os pormenores e as variáveis, em função do ambiente que determinam a eficácia do líder. Deste modo desde o início até aos nossos dias salientam-se três teorias fundamentais: teoria dos traços, dos estilos e situacionais.

A figura seguinte apresenta uma visão cronológica das teorias, associando-as aos quatro momentos do desenvolvimento das teorias de administração: Movimento Clássico, Movimento de Relações Humanas, Movimento Estruturalista e Movimento Contingencial (Abreu, 1982 & Escrivão Filho, 1995). Toda esta associação é extremamente importante dentro do contexto histórico, o entendimento das suas crenças em relação à natureza humana, valores culturais, posições políticas e sócio-económicas, como era entendida a questão da liderança.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 42 Evolução das Teorias de Administração

Movimento Clássico Movimento das Relações Movimento Estruturalista Movimento Contingencial 1900 1930 1955 1970 1985

Evolução das Teorias de Administração

Teoria dos Traços Teoria dos Estilos Teoria Situacional O líder já nasce com

características físicas e traços de personalidade (o líder é nato).

Pesquisa O que o líder é

O líder pode ser formado. A sua eficácia depende do seu estilo gerencial (autocrático ou democrático).

Pesquisa O que o líder faz

O líder pode ser formado. A sua eficácia depende do grupo, do seu estilo de gerenciamento e do ambiente.

Pesquisa Ambiente favorável

Figura 1 - Evolução das teorias de administração, fonte: Adaptação de Bergamini (1994) e Abreu (1982)

Apesar de ser um tema estudado desde a antiguidade, as questões cruciais do estudo da liderança, como a motivação, a inspiração, a sensibilidade e a comunicação continuam numa perspectiva que nos leva a 3000 anos atrás. Bergamini (1994) realça, que feito um estudo sobre os livros e artigos relativos ao assunto, poderá “concluir que não se sabe mais a respeito desse assunto hoje em dia do que se sabia quando toda a confusão teve início”. (Bergamini, 1994, p. 24).

A procura de alternativas fáceis, originou a produção e formação de líderes, como que se tratasse de uma mera mercadoria, vendida, para solucionar todos e quaisquer problemas organizacionais das instituições ou organizações, que originou o entrar num terreno ainda algo «escorregadio e ilusório» acerca de todas as questões que envolvem a problemática da liderança.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 43 A liderança é um assunto que sempre despertou interesse, que especulações à sua volta a remontam à A República de Platão e mesmo vários livros do Antigo Testamento, da Bíblia e a outros autores ao longo dos séculos, conforme refere Bergamini (1994).

A questão da função administrativa ligada às teorias científicas e clássicas da administração, em particular na segunda metade do século XIX, esteve efectivamente e intimamente ligada à gestão e à liderança. Contudo, embora trouxesse conceitos, tais como os benefícios da cooperação íntima da administração com os funcionários (Taylor, 1982, p. 134), e da necessidade de identificar um chefe para cada subordinado (Fayol, 1970, p. 149), não se verificando a vontade em analisar o papel do líder junto das equipas. Por outro lado, não houve a perspectiva de verificar a influência de líderes que não eram definidos como tal, mas apenas como chefes da instituição, pois os líderes informais não deveriam existir.

Defendia-se claramente que a função do chefe era de realizar o trabalho mental, enquanto os funcionários realizavam o trabalho físico e quotidiano. Logo, em contrapartida aquilo que Taylor (1982) afirmava sobre a criação de um relacionamento harmonioso entre o chefe e os funcionários, os chefes científicos deveriam ser obrigados a revelar a sua autoridade, caso não conseguissem cooperação voluntária, visto que esta cooperação é imposta leva à divisão entre aqueles que planificam e aqueles que realizam efectivamente.

Contrariando esta única forma de liderança assumida pelos chefes formais, apenas se verificou a partir da década de vinte, com o surgimento da teoria das relações humanas. Da observação comportamental dos grupos de trabalho, verificou-se que grupos similares, que realizavam as mesmas tarefas em condições e ambientes idênticos, identificavam rendimento de trabalho em função da observância verificada, ou seja do papel do chefe. O modo como mudava a característica do comportamento de liderança, também o modo como o termo liderança é observado, evolui em função da concepção de que é observada dentro da instituição ou mesmo nos grupos de trabalho. Do termo chefe, evolui-se para supervisor, para facilitador e sucessivamente tomou as características para pressupostos antagónicos entre as figuras de chefe e líder.

De acordo com Bryman (2004), neste processo de evolução o conceito de liderança realça quatro etapas distintas que são: a abordagem do traço pessoal, a abordagem do estilo, a abordagem contingencial, a abordagem da nova liderança.

Universidade de Granada – Departamento de Didática e Organização Curricular 44 Estas fases e as suas contribuições, para as definições de liderança foram as mais variadas ao longo das épocas e, em função do critério dos autores. Segundo Stogdill (1950, p. 4), “a liderança pode ser considerada como um processo de influenciar as actividades de um grupo organizado no esforço de estabelecer e executar metas”.

De acordo com Bryman (2004) a definição de Stogdill (1950) apresenta um trinómio influência-grupo-metas ou seja, o líder de ser capaz cumulativamente de incutir uma influência efectiva e decisiva nas tomadas de decisões dos colegas pares ou subordinados. Logo esta influência deve ser efectiva sobre um grupo relevante e não apenas sobre um individuo em particular e por fim a capacidade de levar esse grupo na direcção de metas específicas.

Neste contexto, verifica-se que o conceito de liderança foi evoluindo e ampliando-se do mesmo modo como as teorias da administração evoluíram, verificou-se que aspectos relacionados com a abordagem comportamental da década de vinte, e das abordagens decisórias e das biológicas ou matemáticas da década de quarenta (Guida, 1980).

A natureza da liderança e os seus encargos mudaram e aquilo que têm que fazer é gerir a complexidade, inovar e gerir a mudança. As estruturas organizacionais mudarm de hierarquias formais, passaram para organizações mais planas e equipas autogeridas, onde o modelo de «comandar e controlar» é menos significante, verificando um estilo mais virado para a autonomia e apoio mútuo e ainda a uma visão de respeito e cooperação.