• Nenhum resultado encontrado

A Imperiosa Necessidade O Labor Organizativo do Estágio Pedagógico e do MEEF

Profissional de Futuros Professores

3. A Relação entre a Escola e a Universidade no MEEF

3.2. As Práticas de Formação

3.2.2. A Imperiosa Necessidade O Labor Organizativo do Estágio Pedagógico e do MEEF

As reuniões de agrupamento são momentos em que a coordenação do estágio pedagógico procura, de certo modo, organizar e regular a ação coletiva dos orientadores. Deste modo, na quase totalidade destas reuniões é possível identificar rotinas que passam pela partilha de incidências relativas ao funcionamento geral do estágio pedagógico e dos núcleos de estágio em particular. Para além da regulação das práticas através de procedimentos administrativos e organizativos, procura-se estimular a apresentação das ocorrências e desenvolvimentos das atividades de cada núcleo de estágio. Não parecendo existir uma estratégia explícita para o modo como estas apresentações devem ocorrer, parece estar implícito que ela seja feita inicialmente pelo professor cooperante, por se tratar do orientador que acompanha de modo mais próximo e continuado o desenrolar das atividades de formação dos estagiários, secundado pela intervenção do orientador de faculdade. Estes momentos das reuniões acabam por ser entendidos como um contributo para o envolvimento coletivo na dinâmica do estágio pedagógico,

(m)uitíssimo importante quer para a qualidade do estágio como já disse anteriormente e para os orientadores é decisivo, primeiro porque é um contributo imenso para nos situarmos no que estamos a fazer, para aferirmos critérios comuns para o funcionamento, depois porque estabelece o ponto de partida comum para a discussão de outras questões relevantes... (OE-DL)

Estes momentos de organização da ação coletiva permitem, igualmente, colocar no seio do grupo os aspetos que não estão a decorrer como desejado, analisá-los em conjunto e, se for caso disso, tomar decisões coletivas, quer seja sobre o funcionamento das áreas gerais do estágio pedagógico, quer seja por referência a algum incidente crítico que possa estar a ocorrer em algum dos núcleos,

...nós às vezes identificamos alguns aspetos que consideramos que não estão a correr tão bem e percebemos que é necessário tomar ali mesmo as decisões muito concretas sobre o funcionamento de algumas das áreas do estágio, estou-me a lembrar concretamente de decisões que tomamos em relação à área de Investigação e Inovação Pedagógica ou ainda outras que tomámos em relação ao desporto escolar. (OF-SF)

Estas decisões têm um reflexo imediato na forma como todo o processo formativo acaba por decorrer no ano letivo em questão, mas o que parece ser de realçar é o facto de as decisões serem tomadas por todos, em situação de paridade entre orientadores de escola e de faculdade, permitindo que a informação chegue a todos em simultâneo e a possível aplicação das resoluções seja percebida e ratificada por todos.

Contudo, a promoção do pensamento e da ação coletiva nas reuniões de agrupamento onde se concentra uma agenda centrada prioritariamente nas questões organizativas do estágio pedagógico, é também merecedora de críticas e reparos à dimensão por vezes repetitiva que esses momentos podem assumir:

...penso que acaba por haver algumas questões que são recorrentes. Por exemplo, numa reunião fala-se num determinado problema, porque se calhar nem todos os orientadores estão a olhar para os mesmos aspetos da mesma forma, e que depois, numa próxima reunião, volta a surgir o problema, às vezes um bocadinho como se estivéssemos a falar pela primeira vez sobre o assunto e portanto, penso que acaba por não, essa síntese que se procura fazer das conclusões das reuniões, penso que por vezes acabar por não passar para as práticas e acaba por ser pouco consequente (...). Portanto, por vezes acaba por discutir-se a mesma coisa como se da primeira vez se tratasse. Portanto acho que se faz um bom trabalho mas podia ser mais rentabilizado. (OF-SF)

A justificação para estas dificuldades em rentabilizar o trabalho que se realiza nas reuniões de agrupamento é concentrado nas alterações ao estatuto e condições para o exercício da atividade de orientação, que condicionam o tempo disponível para esse mesmo acompanhamento como era efetuado antes da criação dos mestrados em ensino no âmbito do Processo de Bolonha.

E, portanto, os tempos de reunião entre nós nos agrupamentos diminuíram, o que é uma desvantagem, é um aspeto negativo, mas também compreendo que tenham diminuído. Não se pode estar a pedir o esforço às pessoas de ir como se ia antes à faculdade, todos os meses, ou mais, sem termos nenhuma hora destinada a esse efeito. (…) A falta de disposição dos orientadores fez com que diminuíssemos o número de horas que passamos em reuniões, entre nós. (OE-RJ)

O facto de o corpo de orientadores e professores cooperantes ter vindo a estabilizar é outro motivo apontado para que possa estar a existir uma certa acomodação no funcionamento das reuniões de agrupamento e no modo como estas possam estar a ocorrer de forma mais rotineira,

[Antes], fazíamos análise documental, por grupo, toda a gente junta para discutir os aspetos fracos e fortes do documento, o que é que falta, em que caminho é que se deve ir; houve há uns anos atrás e mas depois foi desaparecendo, provavelmente porque, nessa altura, havia menos formação das pessoas que estavam de novo e isso requeria algumas atenções mais particulares à formação. Se calhar agora, não são tão necessárias. E as reuniões tornaram-se mais de gestão corrente. Com informações,

depois cada um fala dos seus estagiários; segue-se a ordem de trabalhos. É preciso perceber que estamos mais certos e afinados no nosso trabalho, os critérios estão muito mais aferidos o que permite passar para outro nível, um outro nível de reflexão conjunta. (OF-JN)

Existe ainda uma outra componente presente nas reuniões de agrupamento e que diz respeito à partilha de opiniões acerca do funcionamento do próprio MEEF. A assunção de reciprocidade entre os professores cooperantes, os orientadores da faculdade e a coordenação do estágio pedagógico manifesta-se também na análise e discussão de assuntos que, quer nos normativos, quer nas práticas mais correntes, se encontram prioritariamente circunscritas às estruturas universitárias. As relações de reciprocidade são estimuladas, pela coordenação do EP e do MEEF, desde o primeiro momento e a partilha de conhecimento e de experiências é, por isso mesmo, encarada como uma fonte de conhecimento a ter em consideração no desenvolvimento e melhoria das atividades do estágio pedagógico, mas também do próprio desenvolvimento de todo o curso de Mestrado. É nessa perspetiva que em algumas reuniões de agrupamento os professores cooperantes são chamados a pronunciar-se acerca da estrutura e dos conteúdos da formação inicial (no 1.º e 2.º ciclo) e das possíveis repercussões que esta tem na forma como os estagiários chegam preparados às suas escolas. Como nos diz um professor cooperante,

...várias vezes somos consultados sobre a nossa opinião sobre a formação inicial que tem sido dada aos estagiários. Nem sempre verificamos que haja mudanças ao nível do 1.º ciclo de formação relativamente ao feedback que nós vamos dando, mas também nos é perguntado várias vezes o que é que mudaríamos e que situações é que poderíamos alterar na formação inicial. E acho que deveríamos ter mais influência e devíamos ser mais ouvidos, nós os orientadores, sobre as questões ligadas à formação inicial dos estagiários. (OE-RJ)

A este propósito, na perspetiva dos orientadores de faculdade existe uma necessidade de partilha mais efetiva, não com os colegas das escolas - professores cooperantes, mas antes, com os colegas de unidades curriculares do próprio curso de MEEF,

...gostava que nas reuniões de agrupamento estivessem presentes, a discutir os temas, outros professores de outras disciplinas do curso, ou que falem de avaliação, ou que falem de estratégias de ensino, professores da FMH do 1.º ciclo ou do 2.º ciclo que conversassem connosco sobre os temas, os temas de interesse na escola e, em conjunto, poderíamos ter bons momentos de debate, discussão, troca de opiniões. (OF-PC)

O desejo de estender a todo o corpo docente do mestrado a discussão e partilha em torno da formação dos estudantes, não só legitima a importância de uma ligação entre a universidade e as escolas cooperantes já existente, mas simultaneamente parece constituir-se como um estímulo à

Documentos relacionados