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Profissional de Futuros Professores

6. Reflexão Final dos Mestrandos

6.1. Balanço Geral

Nas reflexões finais dos relatórios analisados, os mestrandos fazem um balanço muito positivo daquilo que foi o trabalho realizado referindo, em muitos casos, que ele constituiu, do ponto de vista da aprendizagem, uma experiência enriquecedora que trouxe contributos significativos para o seu desenvolvimento profissional:

Mais do que um desafio, este estudo constituiu, para mim, uma grande oportunidade de aprendizagem, por tudo o que pude observar e por tudo o que me levei a experimentar, tendo saído, por inúmeras vezes da minha zona de conforto, enquanto professora. (FP22-2015, p. 78)

Diversos mestrandos fundamentam estas perspetivas e, embora as aprendizagens que valorizam sejam diversas, num número significativo de relatórios enfatizam o seu duplo papel de professor e investigador, reconhecendo a importância da atividade investigativa para refletir sobre a própria prática. Convergem, por isso, nas suas ideias, quando consideram que a análise das práticas suporta a reflexão que conduz à aprendizagem, como refere FP25-2010: “o facto de ser simultaneamente professora e investigadora traduziu-se num momento importante de reflexão e de aprendizagem, pois (…) analisei e reflecti sobre as minhas aulas” (p. 90). Muitos dos mestrandos defendem, ainda, que este trabalho foi apenas um primeiro passo no seu percurso de desenvolvimento profissional e revelam vontade de aceitar novos desafios:

Foi um desafio aprender, ensinar e investigar simultaneamente. Foi uma experiência curta e que está longe de ser suficiente para o trabalho e os desafios que me esperam. (FP23-2012, p.81)

Além disso, pelo exemplo seguinte, podemos perceber que alguns mestrandos assumem que aprender a agir como um profissional reflexivo significa ser capaz de analisar o seu trabalho profissional, melhorar as suas próprias estratégias e práticas de ensino e assumir a responsabilidade de produzir novos conhecimentos acerca da educação:

Tendo em conta, que o objetivo de todos os professores é tornar as suas aulas num local de efetiva construção de conhecimentos, torna-se fundamental que todos os profissionais “parem” e reflitam sobre a sua prática e continuem a investir na sua formação, mantendo-se a par da divulgação de estudos deste tipo. (FP28-2014, p. 100)

6.2. Foco das Reflexões

Não estando explicitados, no guião para a elaboração do relatório, os aspetos sobre os quais deverá recair a reflexão final dos mestrandos, é natural que se observe diversidade no que respeita aos seus conteúdos, como expressa FP15-2015 quando afirma que “a realização deste trabalho fez-me refletir sobre vários aspetos, desde o estudo desenvolvido de cariz investigativo à intervenção letiva” (p. 115). Ainda assim, possivelmente reflexo do duplo papel de professor e investigador que os mestrandos assumem, os dois focos referidos nas reflexões finais dos relatórios analisados foram a intervenção de ensino e o estudo de cariz investigativo que nela se sustenta, com uma predominância do primeiro. Tal facto pode justificar-se por esta intervenção

de ensino ser um momento marcante no percurso académico dos mestrandos, sobretudo para aqueles que a experienciaram pela primeira vez e pela pouca experiência que ainda têm do processo investigativo.

A ideia que “uma etapa inerente de um momento de reflexão é o balanço das possíveis melhorias a fazer em intervenções futuras. Se não formos capazes de identificá-las muito provavelmente não aprendemos com a experiência desenvolvida” (FP23- 2012, p. 81) parece ser consensual, entre os mestrandos. Assumem, por isso, que “a reflexão é uma prática crucial para compreender melhor o modo como decorreram as aulas e simultaneamente aperfeiçoar a (…) performance de ensinar e de estar na sala de aula” (FP12-2011, p. 77) e dedicam uma parte significativa das suas reflexões finais às opções tomadas na intervenção de ensino referindo-se, com maior ênfase, às tarefas, às estratégias de ensino e ao papel do professor, como resume FP7- 2010 (p. 66):

A construção das tarefas, o facto de os alunos trabalharem em grupo, bem como a diferença entre as actividades do professor e do aluno, em que por norma se desenrolavam num ciclo resolução - discussão - síntese, face a uma aula de matemática usual, permitiu-me ganhar novas perspetivas sobre o ensino e o que pode ser o papel do professor.

A centralidade das tarefas na intervenção de ensino evidencia-se pelo número expressivo de relatórios que as mencionam, focando-se essa reflexão na sua seleção/construção e no modo como foram implementadas em sala de aula:

Tenho consciência que houve tarefas que deviam ser modificadas, pois eram demasiado abstractas para aquela turma, naquele nível de ensino, o que revelou a certa altura uma desmotivação por parte dos alunos. (FP24-2010, p. 105)

As discussões entre os alunos, no processo de resolução das tarefas, permitiram-me perceber que estabelecendo conexões com conceitos estudados, os alunos estavam a aprender pela própria actividade conceitos novos, o que me motivou para continuar a desenvolver este trabalho. (FP17-2010, p. 111)

Compreendi que a quantidade de tarefas a propor aos alunos numa aula não é o mais importante, mas sim a escolha de tarefas adequadas para gerar momentos de aprendizagem nos alunos. (FP1-2013, p. 112)

Há a destacar que “paralelamente à criação das tarefas esteve a planificação das aulas” (FP36- 2014, p. 85). É evidente, nalgumas reflexões que o referem, o forte apoio dos planos de aula ao trabalho desempenhado pelos mestrandos, preparando-os para intervir e dando-lhes segurança, sobretudo perante situações de sala de aula inesperadas que consideram serem frequentes:

Os planos de aula foram uma grande ajuda e serviram de orientação na minha lecionação. A planificação foi importante na medida em que nos orienta a gerir o tempo de cada momento da aula, de algumas notas importantes para o professor guiar a sua aula, seja no trabalho autónomo dos alunos ou discussões em turma. Ajuda-nos também para possíveis imprevistos que possam ocorrer em aula e para o professor sentir-se mais seguro e confiante. (FP31-2012, p. 80)

É verdade que não é um trabalho fácil, pois cada momento de cada aula foi cuidadosamente pensado, assim como várias estratégias dos alunos foram contempladas. Mas aquando da minha intervenção letiva, percebi a importância dos planos de aula pela maior segurança que me deram. (FP36-2014, p. 85)

Finalmente, a integração de recursos didáticos e a organização do trabalho em sala de aula mereceram também a reflexão da generalidade dos mestrandos, atendendo à novidade que constituíram para os seus alunos (FP35-2011) e às aprendizagens que proporcionaram (aos próprios mestrandos e aos seus alunos):

Com esta experiência constatei que a aprendizagem de Organização e Tratamento de Dados pode ser feita com recurso à Folha de Cálculo, e mais ainda, aprendi que, uma vez reunidas as condições essenciais para a realização deste trabalho, é possível desenvolver junto dos alunos verdadeiros momentos de reflexão sobre o trabalho realizado em sala de aula. (FP38-2011, p. 91)

Procurei formar grupos de alunos com afinidades mas relativamente heterogéneos do ponto de vista do sucesso na disciplina. Contudo, ao procurar afinidades penso que estimulei alguma falta de empenho em alguns pares. (FP28-2014, pp. 98-99)

É interessante notar, como no exemplo seguinte, a preocupação dos mestrandos com a promoção das aprendizagens dos alunos quando a destacam como principal objetivo para melhorar a sua prática letiva e reconhecem que têm que evoluir em diversos aspetos dessa prática:

Após um período de reflexão há sempre aspectos que podem ser reformulados no futuro, no sentido de proporcionar aulas mais ricas e dinâmicas, tendo sempre como principal intuito a aprendizagem dos alunos. (FP33-2010, p. 74)

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