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JABOATÃO MORENO

5.3.3 A IMPLANTAÇÃO DO TREM METROPOLITANO

Na época do TRENSURB 1, ou dos projetos TRENSURB financiados pelo Banco Mundial, não havia recursos para financiar a construção do ramal Prazeres-Lacerda. Nas negociações com o Banco Mundial tentou-se incluir a construção do ramal Prazeres– Lacerda para viabilizar a Construção da Linha Centro, sem, no entanto, obter sucesso. De acordo com alguns entrevistados, os representantes da Missão do Banco Mundial foram categóricos ao afirmar que “vieram para tentar financiar o Metrô e não uma linha de carga”. “O Banco Mundial insistia em se implantar um terceiro trilho para carga, sob a alegação de

que tanto a movimentação de cargas como de passageiros eram pequenas e poderiam conviver bem”. Não se chegou a um consenso e o Banco Mundial se retirou do Projeto

Trensurb-Recife e não financiou a implantação do projeto. A preocupação dos técnicos

locais envolvidos no projeto não era simplesmente melhorar o sistema ferroviário de passageiros para adaptá-lo ao transporte de massa, mas sim associar ao projeto uma oportunidade de otimização da operação do sistema ferroviário de cargas e, conseqüentemente, promover uma melhoria na qualidade de vida dos bairros do centro do Recife, com a retirada da movimentação dos trens cargueiros do Centro. Assim, Recife perdeu o financiamento do Banco Mundial, mas evitou a permanência dos trens de carga no centro da Cidade. O projeto foi, então, executado com recursos oriundos de um financiamento de 425,7 milhões de dólares, obtidos pelo Governo Federal junto a bancos ingleses e alemães, e teve como executor federal um consórcio formado pela RFFSA e EBTU.

Diante da necessidade da criação de um órgão que se responsabilizasse pela etapa de implantação do Metropolitano do Recife, o Ministro dos Transportes determinou que a EBTU e a RFFSA se consorciassem e, desta forma, em 09 de setembro de 1982, foi criado o Consórcio do Trem Metropolitano do Recife (METROREC), através do Contrato EBTU n°. 140/82. À EBTU coube a responsabilidade de alocar recursos financeiros para a execução das atividades, ficando à cargo da RFFSA a cessão, para uso e administração do METROREC, das áreas de sua propriedade que fossem necessárias à implantação e de edificações, equipamentos, materiais e, ainda, a alocação de pessoal para consecução do objetivo. O Consórcio iniciou suas atividades no dia 03 de novembro de 1982 e as obras de construção do Metrô do Recife foram iniciadas no dia 17 de janeiro de 1983.

A administração do METROREC era exercida por um Conselho Curador e por uma Diretoria Executiva. O Conselho Curador, composto por um representante do Ministério dos Transportes, um da EBTU, um da RFFSA e, posteriormente, um da CBTU, enquanto que a Diretoria Executiva era constituída por um Presidente e dois Diretores. A última reunião do Conselho Curador teve lugar no dia 18 de dezembro de 1984. O Consórcio METROREC encerrou suas atividades, mas a marca METROREC continuou acompanhando a história dos sistemas de trens urbanos da RMR, como “nome fantasia” do sistema. Com a criação da Companhia de Trens Urbanos (CBTU), em fevereiro de 1984, o Consórcio METROREC foi absorvido por ela, transformando-se na Superintendência de Trens Urbanos do Recife (STU-REC), a partir de 01 de janeiro de 1985, conforme Resolução n°. 211 do Diretor Presidente da CBTU.

Havia uma clara determinação que o Sistema deveria ser inaugurado ainda no Governo do então Presidente Figueiredo, que se encerraria em março de 1985. Assim, para que o

cronograma de obras fosse cumprido, era necessário que as desapropriações da faixa destinada à implantação do ramal Prazeres-Lacerda fossem efetivadas antes mesmo da liberação dos recursos do empréstimo para a construção. Assim, garantidos os recursos para a construção, restava definir recursos para efetivar as desapropriações do ramal Prazeres – Lacerda, que deveriam anteceder as obras. As desapropriações para a construção do ramal Prazeres-Lacerda foram, então, realizadas com recursos do Projeto de melhoria da Linha Sul até o Cabo, que envolvia tanto os aspectos de construção quanto os de desapropriação necessários. De acordo com um dos entrevistados, apesar da Linha Sul não passar por Lacerda, o Termo de Referência para a realização dos serviços, após descrever todas as obras completava... “e todas as obras que por ventura existir entre

Recife e Lacerda”. Dessa forma, foi viabilizada a execução das desapropriações para a

construção do ramal.

O metrô teve sua construção iniciada em janeiro de 1983. A operação comercial do metrô iniciou-se em março de 1985, no trecho entre as estações de Recife e Werneck, seguido em 1986 pelo trecho Werneck/Coqueiral/TIP e concluído em dezembro de 1987, com a inauguração da estação de Engenho Velho, última a entrar em operação. Com o início da operação da estação Rodoviária do metrô, localizada anexa ao Terminal Rodoviário do Recife, ou Terminal Integrado de Passageiros (TIP), no Curado, iniciou-se, também, a integração entre os dois modos, metrô e ônibus interurbanos.

A implantação da Linha Centro do Metrô do Recife ocasionou investimentos da ordem de US$ 425,7 milhões, alocados durante os exercícios de 1982 a 1986. Para o desenvolvimento das atividades foram firmados 07 contratos de financiamento, sendo 5 em moeda, para pagamento de atividades desenvolvidas no país, e dois do tipo crédito ao fornecedor (“Suppliers Credit”), para pagamento direto de bens adquiridos do exterior.

a) Contratos em moeda

Os três primeiros contratos, no valor de US$ 102 milhões, US$ 60 milhões e US$ 15 milhões, foram firmados com um consórcio de bancos, tendo o Lloyds Bank International Limited como agente. O quarto contrato foi realizado com o WestLB International S.ª de Luxemburgo, sendo as remessas efetuadas na conta do credor no Westdeutsche Landesbank Girozentrale, no valor de DM 119.155.000 (cento e dezenove milhões, cento e cinqüenta e cinco mil marcos alemães). O quinto contrato em moeda, no valor de US$ 75 milhões, foi firmado também com um consórcio de bancos, liderados pelo Lloyds bank International Limited, de Londres.

Foram feitos dois contratos. Um, celebrado com o consórcio bancário, tendo como líder o Westdeutsche Landesbank Girozentrale, de Dusseldorf, para financiamento dos equipamentos de origem alemã, no valor de DM 103.828.661 (cento e três milhões oitocentos e trinta e oito mil seiscentos e sessenta e um marcos alemães). O outro contrato foi celebrado com o consórcio bancário tendo como líder o Lloyds Bank PLC, de Londres, para financiamento dos equipamentos de origem inglesa, no valor de Ł 48.908.643 (quarenta e oito milhões, novecentos e oito mil seiscentos e quarenta e três libras esterlinas).

c) Contrapartida Nacional

A fim de complementar o montante de recursos, previsto para o empreendimento, foi estabelecida uma contrapartida nacional no valor de US$ 13,6 milhões.