• Nenhum resultado encontrado

Para SCHUMPETER (1982) a inovação é um fenômeno social de liderança: consiste em fazer o que nunca foi feito antes. E a introdução da inovação só ocorre porque existe um agente, denominado empresário inovador (o empreendedor). São as iniciativas destes empresários que destroem qualquer equilíbrio que possa ter se estabelecido ou que esteja em processo de se estabelecer.

Conforme SCHUMPETER (1982), o empreendedor (entrepreneur) é aquele que realiza novas combinações, constituindo-se no agente da inovação. Este agente deve ter

11

Isto é o que Marx coloca como ciclo econômico em que no período de crise, retração ou recessão, ocorrem as inovações técnicas, que objetivam a valorização do capital e aumento da taxa de lucro. O aumento da taxa de lucro puxa um novo ciclo de expansão/acumulação, que utiliza as inovações produzidas no período precedente, até que estas tendem a novamente esgotar a tendência de crescimento da taxa de lucro, quer devido à exaustão do Exército Industrial de Reserva, quer pela inexistência de taxas diferenciais de lucro conseguidas pelos empresários que, primeiro, utilizaram as inovações tecnológicas. 12

No caso do capitalismo oligopolizado a inovação, não está mais incorporada às novas firmas e, o progresso torna-se mais impessoal e a figura do administrador substitui a figura do empreendedor, fazendo com que as inovações sejam cada vez menos fruto de lideranças e iniciativas pessoais. No capitalismo oligopolizado, o sistema econômico torna-se mais instável à medida que a “causa” fundamental da instabilidade, os empreendedores, estaria nitidamente perdendo força.

capacidade de ação empreendedora, de previsão, iniciativa e liderança. A capacidade de identificação das oportunidades bem como de assumir responsabilidades e levar adiante um empreendimento, é característica determinante deste agente econômico.

O empreendedor, ou empresário inovador, enfrenta as dificuldades típicas daqueles que agem fora do senso comum, contido nas velhas condições e tradições estabelecidas. SCHUMPETER (1982) aponta os motivos que levam este agente econômico a assumir riscos e tomar atitudes que, de alguma forma podem gerar a condenação do grupo (social, econômico, intelectual, etc.) a que o agente pertence. Dentre estes motivos destaca-se a existência do sonho e determinação de fundar uma dinastia, deixando um legado; há destacada vontade de conquistar, de provar que é superior aos outros; há alegria de criar ou apenas de utilizar a própria energia em processos criativos (LEMOS, 1998).

Segundo SCHUMPETER (1982), a inovação acontece em dois casos: A inovação de produto:

• introdução de um novo produto. A inovação de processo:

• introdução de um novo método de produção; • abertura de um novo mercado;

• conquista de uma nova fonte de matéria-prima; • desenvolvimento de uma nova forma de organização.

Uma discussão que se dá acerca da inovação, relaciona-se ao contexto da “inovação de processo e inovação de produto”. Muitos são os produtos que surgem quase que diariamente, entretanto poucos são os novos processos, sejam máquinas e equipamentos ou métodos de gestão ou organização. Assim é muito mais comum encontrar inovações de produtos do que de processo e o que se questiona é quanto a inovação de produto realmente contribui para o desenvolvimento tecnológico.

Conforme ressalta ZAVISLAK (1995) esta discussão tem origem em uma importante frase de MARX (1985), segundo o qual “o que distingue uma época econômica de outra é menos o que se fabrica do que o modo como se fabrica, isto é, os meios de trabalho pelos quais se fabrica”. Assim, por este raciocínio, os ganhos

(econômicos, de produtividade, etc.), resultantes de um incremento técnico, advêm de inovações nos processos e não nos produtos.

Esta discussão entre “inovação de produto e inovação de processo” é extensa e complexa. O que se deve ter em mente é a diferença da dinâmica de uma e de outra, tanto da dinâmica do impacto, mas, sobretudo, da dinâmica de longo prazo. O surgimento de um novo produto pode revolucionar completamente a estrutura do produto geral de uma indústria e, neste sentido, a sua contribuição para o progresso técnico é fundamental. As inovações de produtos têm, na verdade, um papel de estímulo às inovações de processos (ZAWISLAK, 1995).

Entretanto, além da questão da figura do empreendedor e de sua capacidade em levar a cabo a iniciativa de adotar procedimentos e introduzir mudanças e inovações nos processos produtivos, esta atitude depende de outras variáveis.

Na atualidade, as características do cenário mundial regido pela dinâmica mercantil, que se defronta com mercados pequenos e saturados, induzem a uma contínua destruição criativa que exige dos sistemas produtivos, inovações constantes de seus produtos e serviços. Estas inovações incorporam tecnologias que provocam rupturas e que são consideradas estratégicas para a liderança no ramo de atuação das empresas que as desenvolvem e adotam.

O próprio empreendedor, tende a ponderar acerca da oportunidade e das expectativas que ele tem com relação a empreitada. Neste contexto, a decisão, e seu processo, no que se refere a escolha estratégica da adoção e introdução de qualquer mudança ou inovação, representa um ponto de interesse quando se estuda a questão.

A decisão, em sua essência, representa uma escolha realizada a partir de várias alternativas para uma dada questão. Assim, a tomada de decisão pode ser representada pelo processo de escolha entre os diversos cursos de ação para resolver um problema.

Para compreender o processo decisório é preciso considerar sobre a racionalidade que acompanha o agente a quem cabe tomar a decisão.

WEBER (1997), pioneiro nos estudos da racionalidade, tipifica a ação social dos agentes, distinguindo-a em: tradicional, afetiva, racional com respeito a meios-fins e racional com respeito a valores. Dentro desta tipificação das ações sociais, as duas últimas embasam os estudos da racionalidade de Weber.

Ainda segundo WEBER (1997), o conceito de racionalidade, num primeiro momento indica adequação dos meios aos fins visados, o que pode ter o significado de eficiência, ou seja, a determinação dos melhores meios para atingir mais eficientemente os fins a que se propõem as organizações. Num segundo momento, a racionalidade fornece o suporte à estrutura de dominação de forma a legitimá-la, isto é, a racionalidade com respeito a valores possibilita a legitimação de uma forma de dominação.

Para que exista uma decisão adequada deve existir um objetivo claro aos “decisores”, informações consistentes a respeito do contexto e da própria empresa, além do conhecimento das potenciais implicações decorrentes de cada uma das decisões possíveis (PORTO, 2000).

Por trás das etapas do processo decisório encontra-se o modelo de decisão a ser utilizado. De acordo com o grau de certeza nos potenciais resultados e na crença na existência de uma relação de causa e efeito, o “decisor” assume diferentes posturas. Assim a decisão caracteriza-se por um balizamento de fatores como o conflito, a incerteza e o risco (NUTT, 1993).

Também tem importância no processo de decisão, o nível hierárquico em que a decisão acontece. Desta forma, quanto mais alto o nível hierárquico em que a decisão ocorre, mais ampla pode vir a ser a sua abrangência. Assim, numa estrutura organizacional centralizada, as decisões são tomadas em nível elevado pelos altos administradores ou mesmo por uma só pessoa. Numa estrutura descentralizada, o poder de decisão é disperso por mais pessoas em níveis administrativos mais baixos.

Também tem influência no processo decisório a qualidade e a quantidade de informação que o agente possui. Esta informação que permitirá ao “decisor” realizar a escolha mais apropriada, tanto em uma decisão individual quanto em grupo (PORTO, 2000).

Sobretudo em condições de incerteza, o “decisor” torna-se mais dependente das informações existentes sobre a situação, o que pode levar a um contexto de insegurança em escolher uma alternativa que não se encontre dentro da tendência média de suas informações. Desta forma, o acesso à informação por parte do agente é base fundamental para o processo decisório.