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3.2 Tipos de certificações mais comuns no setor agroindustrial e agroalimentar

3.2.7 Certificações de caráter ambiental

3.2.7.6 Outras certificações de caráter ambiental

As certificações de caráter ambiental, discutidas até aqui, se constituem nas mais importantes na medida de sua abrangência no que se refere a número de empreendimentos certificados e reconhecimento alcançado fora de seus territórios de

origem, seja por suas características e objetivos. Neste contexto, suas características e campo de atuação foram bastante detalhadas, sobretudo a certificação de produtos orgânicos. Entretanto é preciso destacar que existe uma infinidade de outras certificações de caráter ambiental de uso mais regionalizado, com características particulares ou objetivos específicos. A título de complementar julga-se interessante ao menos citá-las, dando um breve quadro de sua utilização.

Os sistemas de certificação ambiental de produtos são voluntários e entre eles pode-se citar:

Green Seal: Sistema privado em uso nos EUA. È um sistema de

avaliação ambiental de produtos, que considera o conceito “do berço ao túmulo”25. Implantado em 1990.

Green Cross: Sistema privado americano. O produtor, por iniciativa

própria, faz a avaliação ambiental dos produtos e embalagens.

Eco Mark: Sistema japonês não oficial de certificação de produtos e

serviços. Implantado em 1989.

Blue Angel (Blau Engel ): sistema alemão de certificação ambiental de

produtos com mais de 20 anos de existência. Implantado em 1978.

Environmental Choice: Sistema oficial canadense para certificação de

produtos, baseado no sistema alemão Blue Angel. Implantado em 1988. • Eco-Label : modelo proposta pela UE para certificação ambiental de

produtos no bloco econômico, adotado a partir de março de 1992.

Estes certificados ambientais possuem uma característica em comum, pois identificam produtos e serviços menos prejudiciais ao meio ambiente que seus similares com a mesma função. Por conta disto são denominados “selos de aprovação” constituindo-se em programas de certificação ambiental bastante requeridos devido as suas características: sua abrangência pode ser restrita a um produto, ou ampla, englobando a matéria-prima, o processo e o produto. Seguindo a estrutura convencional, esses tipos de certificação outorgam, com base em critérios previamente definidos, o uso de um selo aos produtos e serviços julgados menos prejudiciais ao meio ambiente

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Conceito surgido no início da década de 90, quando tem início a discussão sobre a atribuição da responsabilidade ao setor produtivo pelos efeitos ambientais de seus produtos e subprodutos, desde a obtenção da matéria-prima até a disposição final do mesmos como resíduos.

do que produtos ou serviços comparáveis. Entretanto, os critérios de outorga do selo podem ser periodicamente revistos e modificados, tornado o sistema mais severo e restritivo (NAHUZ, 1995).

Alguns dos sistemas mencionados já estão a bastante tempo implantados e operam segundo os princípios gerais dos selos de aprovação, tendo algumas características em comum: uma abordagem inicial simples, abrangência ampla (grande número de famílias de produtos), direcionamento ao mercado interno e freqüentemente ao mercado de consumo.

O Blue Angel alemão é tido como um dos sistemas mais adequados e de maior credibilidade. O selo só é fornecido após um exaustivo processo de avaliação conduzido pela Agência Federal de Meio Ambiente, onde os produtos são avaliados por cientistas e órgãos de proteção do consumidor, e na maioria dos casos, o processo demora anos até a concessão do selo. O Blue Angel só é concedido para produtos que:

• Quando comparados com outros produtos são totalmente similares em termos de função;

• Quando em todas as fases de sua produção, incluindo o uso racional de matérias- primas, é garantida a não agressão ao meio ambiente;

• Distinguem-se de seus similares pelo elevado grau de não agressividade ambiental;

• Não têm reduzidas pelo uso, suas características especiais ambientais e de segurança.

Por não levar em conta o ciclo de vida do produto, o selo Blue Angel não foi considerado na rotulagem ambiental elaborada pela UE, mas é o sistema de maior credibilidade na Europa.

A utilização desta classe de selos é irrestrita podendo ser utilizada em qualquer classe de produtos, inclusive nos agroindustriais e agroalimentares. Entretanto, seu uso é mais expressivo em produtos manufaturados e semimanufaturados.

SÍNTESE DO CAPÍTULO

O capítulo se inicia com uma discussão sobre a utilidade da padronização dos produtos agroindustriais e alimentícios nas transações de compra e venda, uma vez que pode proporcionar uma uniformização de atributos e termos envolvidos.

Discutiu-se também a crescente utilização de selos e certificados pelo setor como agente diferenciador de produto. Também se discutiu o papel destes selos e certificados no que tange à minimização de assimetrias informacionais entre os agentes da transação, assimetrias estas relacionadas a atributos de difícil mensuração presentes em alguns produtos deste setor.

O capítulo se encerra com a apresentação dos principais certificados e selos adotados pelo setor agroindustrial e agroalimentar, destacando-se os certificados de caráter ambiental, classe onde se enquadra o selo de produto orgânico.

Destacou-se que a produção de alimentos orientada pelas premissas da produção orgânica exige que sejam introduzidas mudanças no sistema produtivo tradicional, sobretudo no que tange ao processo produtivo agrícola, procurando enquadrar a atividade produtiva dentro de preceitos que se baseiam em fundamentos estreitamente relacionados com a definição de agricultura sustentável.

Dentro deste contexto, no capítulo seguinte será discutido o que se propõe como modelo de desenvolvimento sustentável, sobretudo do ponto de vista de uma agricultura sustentável.

No caso da produção de alimentos, e mais especificamente da produção agrícola, é relevante a inter-relação dos processos produtivos com os recursos naturais seja como usuário ou como depositário. A disseminação no país do modelo definido por ROMEIRO (1998) como “modelo euro-americano de modernização agrícola”, conhecido como modelo de produção convencional, aliada a política de subsídios para o setor, conduziram à difusão do uso da mecanização e ao incremento do uso de agroquímicos. Estas condições, ao longo dos anos, provocaram fortes impactos sobre os processos ecológicos que dão sustentação à atividade agrícola, alterando não só as condições de todo ecossistema, mas também a qualidade de vida das comunidades locais envolvidas.

É dentro deste contexto, portanto, que está inserida a questão da agricultura sustentável como uma proposta de produção agrícola que esteja afinada com as proposta do desenvolvimento sustentável regional.

Assim, a chamada agricultura alternativa surge, então, como uma tentativa de se resgatar antigos métodos de produção agrícola, que, de certa forma, preservam fundamentos que podem ser relacionados com a definição de agricultura sustentável.

Uma análise das premissas destes modelos alternativos de produção agrícola permite destacar um comprometimento com as premissas da sustentabilidade, entretanto estes modelos constituem alternativas ao modelo convencional de produção, estando longe, entretanto, de serem modelos definitivos de produção. EHLERS (1994) destaca que os sistemas sustentáveis ideais seriam, provavelmente, um novo padrão produtivo que combinaria práticas e princípios alternativos e convencionais e ainda novos conhecimentos científicos, provenientes de pesquisa agroecológica e da experiência dos agricultores.

De qualquer forma a análise e conhecimento destes métodos alternativos de produção agrícola são de fundamental importância na discussão da sustentabilidade da agricultura atual, constituindo as bases para a reflexão acerca das alternativas

disponíveis para a implementação de desenvolvimento sustentável efetivo de uma cidade, região ou país.