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3.2 Tipos de certificações mais comuns no setor agroindustrial e agroalimentar

3.2.1 Certificação de processos

Nesta classe de certificação a mais importante e conhecida é sem dúvida a rotulagem ISO proposta pela International Standartisation Organization, organização internacional, com sede em Genebra na Suíça, da qual fazem parte entidades de normatização do mundo todo e a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, representa o Brasil.

Composta de rígidas normas internacionais, divididas em diversas categorias denominadas série ISO 9000, é um conjunto de normas bastante conhecido e que goza de prestígio, sendo freqüentemente aplicadas em plantas industriais, não se tratando, portanto, de um certificado específico para o setor agroindustrial. Neste setor ele é mais freqüentemente aplicado às indústrias de alimentos.

Segundo os conceitos que regem a filosofia da qual se deriva estas normas, a qualidade de um produto é um conjunto de atributos que devem se adequar ao objetivo ou ao uso, satisfazendo necessidades estabelecidas ou implícitas do cliente. Por este ponto de vista o foco é todo colocado no cliente e, mais especificamente na cadeia de clientes que o produto tem ao longo de seu ciclo de vida, desde o projeto, fabricação, embalagem, transporte, estocagem e apresentação diante do consumidor final. Esta vasta variedade de finalidades que o produto apresenta ao longo de seu ciclo significa que o produto precisa possuir múltiplos elementos de adequação ao uso ao longo desse mesmo ciclo. Assim, cada um destes elementos é uma característica de qualidade que é a pedra fundamental com a qual a qualidade global do produto é construída.

Esta maneira de enxergar a qualidade tira o foco do produto, como sendo o agente detentor da qualidade e passa o foco para o processo de obtenção do produto. È este efetivamente o responsável pela qualidade do produto.

Visto de uma forma ampla, um processo é a transformação de uma série de entradas, que podem incluir ações, métodos e operações em saídas desejadas, na forma

de produtos, informações, serviços ou, em resumo, resultados. A saída de um processo é aquilo que é transferido para algum lugar ou para alguém – o cliente. Para produzir uma saída que atenda às necessidades do cliente é necessário definir, monitorar e controlar as entradas para o processo que, por sua vez, podem ter sido fornecidas como saída de um processo anterior. Desta forma, uma empresa é um processo e dentro dela existem vários outros processos, não só de manufatura como também processos de serviços, e estes processos podem, por sua vez, ser subdivididos em outros processos.

Este conceito de divisibilidade de um processo, que não é nenhuma novidade, permite controlar sistematicamente cada um deles separadamente, podendo desta maneira conduzir a um controle mais eficaz sobre o processo todo. Esta divisão permite a empresa fazer o que se chama de planejamento da qualidade, onde são definidas as características da qualidade do produto ou serviço em cada processo interno, de forma a garantir a qualidade final do produto ou do serviço. Estas características da qualidade do produto ou serviço é um conjunto de atributos definidos pela empresa, tendo sempre em vista a satisfação de seu cliente.

A meta de se introduzir a qualidade em todas as etapas do processo da empresa de tal forma que o produto ou serviço final, proveniente deste processo tenha a qualidade desejada, necessita que a empresa incorpore um Sistema da Qualidade confiável e que seja capaz de dar evidências concretas de que a empresa pode fornecer produtos ou serviços de forma confiável. Neste contexto, as normas da série ISO 9000 seriam, então, uma proposta de um sistema de qualidade que poderia cumprir este papel. As normas da série ISO 9000 são baseadas em dois conceitos básicos:

• Um Sistema da Qualidade. Este conceito estabelece a premissa de que se a produção e o sistema de gerenciamento estão certos, o produto e/ou serviço resultantes estarão certos. O Sistema da Qualidade estabelece um nível de qualidade e assegura que o sistema produz naquele nível de qualidade durante todo o tempo, em qualquer ocasião. O Sistema da Qualidade faz a qualidade, ao invés de procurar os erros através de inspeções.

• Avaliação por terceiros. Em lugar dos compradores individualmente tentarem fazer sua própria avaliação dos fornecedores, o Sistema ISO 9000 oferece uma avaliação por uma terceira parte, idônea e imparcial, na qual o mercado pode confiar.

Para obter o certificado, a empresa passa por uma avaliação externa dos padrões e procedimentos da qualidade, sendo posteriormente efetuadas auditorias periódicas a fim de assegurar a integridade do Sistema. A certificação e as auditorias são feitas por instituições credenciadas (RODRIGUES, 1998). Os procedimentos propostos pela série ISO 9000 envolvem conceitos relacionados com a manutenção, sanidade e limpeza das instalações e equipamentos industriais, controle da água no processo de produção, bio- segurança e capacitação da mão de obra.

Esta série de normas é constituída por um conjunto de cinco normas relacionadas com a segurança da qualidade, sendo duas consideradas documentos orientativos (ISO 9000 e ISO 9004) e três normas para fins contratuais pelas quais a empresa é certificada (ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003). Uma breve caracterização de cada uma destas normas é feita a seguir (RODRIGUES, 1998):

• ISO 9000 – norma que estabelece orientações, recomendações e diretrizes para o uso das demais;

• ISO 9001 – abrange o modelo de sistema de qualidade para a garantia de qualidade desde a etapa de desenvolvimento de produto (projeto), produção, instalação e manutenção do mesmo;

• ISO 9002 – garantia de qualidade para as etapas de produção, instalação e manutenção;

• ISO 9003 – modelo de sistema de qualidade para a garantia de qualidade na inspeção e ensaios finais;

• ISO 9004 - norma com diretrizes para a implantação da gestão da qualidade na empresa, servindo de guia geral para todas as organizações.

Além disso, estas normas prevêem toda uma documentação, como o Manual de Qualidade, procedimentos operacionais de garantia da qualidade, instruções de trabalho e registros de qualidade.

Como já foi comentado, este certificado goza de imenso prestígio em todos os setores produtivos e atualmente é mundialmente utilizado, fornecendo um quadro de referência para a garantia da qualidade, constituindo-se em um consenso sobre padrões de sistemas da qualidade praticados por vários países no mundo. À medida que a credibilidade desta série de normas se solidificou, a certificação acabou se tornando

uma vantagem estratégica para as empresas que são fornecedoras de produtos para outras indústrias, tanto nacionais quanto internacionais, uma vez que utilizam como critério de escolha de seus fornecedores aqueles que forem certificados, criando barreira aqueles que não possuem o certificado ( NASSAR, 1999), constituindo desta forma, uma espécie de oligopólio.