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A Interação e Interatividade no Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4. O Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA

2.4.1 A Interação e Interatividade no Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA

A teoria cognitiva construtivista de Piaget (1973) aponta a importância da interação entre o sujeito e o objeto no processo de aprendizagem e comunicação mediada por computador. Para Piaget, os conceitos de colaboração e autonomia estão diretamente relacionados, pois para que a autonomia se desenvolva é necessário que o sujeito seja capaz de estabelecer relações colaborativas. Neste sentido, acreditamos que o aprendizado acontece na interação dialética sujeito/meio social e por meio de um trabalho colaborativo.

Na comunicação on-line o termo interação aplica-se especificamente a uma ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre a comunicação, o diálogo, a troca de idéias. Diferentemente da educação tradicional em que a interação é face-a-face, na EAD a interação dar-se-á de forma indireta, mediatizada por algum veículo técnico de comunicação (telefone, e-mail, fórum, chat etc.).

A tecnologia hoje disponível permite a implementação de ambientes de intensa interação, possibilitando aos participantes agir criativamente, desenvolver as interações, favorecer a participação e o compartilhamento de experiências durante o processo de aprendizagem.

Nesses ambientes é que são propostas as atividades em que o professor e o aluno se comunicam, trocam experiências, interagem, percebe-se que todos têm que se expressar, interagir, desenvolver as atividades de forma colaborativa, provendo o feedback de suas atividades e representações, desde o aluno mais ousado ao aluno mais tímido.

As tecnologias interativas vêm evidenciando, principalmente na educação à distância, a importância e o significado daquilo que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação, a interação entre todos os que estão envolvidos nesse processo, tendo em vista uma abordagem sócio-construtivista-interacionista (VALENTE, MORAN e BELLONI, 2003). Segundo Azevedo (2003, p.64),

A sociedade requer sujeitos que saibam contribuir para o aprendizado do grupo do qual fazem parte, seja ensinando, respondendo ou perguntando. Uma das maiores dificuldades da EAD convencional está no chamado, “isolamento” do estudante, que não conta com o apoio e o estímulo de um grupo de pessoas que estão nas mesmas condições que ele, aprendendo as mesmas coisas e ajudando-se mutuamente a vencer as dificuldades neste aprendizado.

Percebe-se, portanto, que esta mudança comportamental dos alunos é resposta de uma sociedade individualista e individualizadora, em que cada vez mais o processo de socialização tem ocorrido com mais freqüência em atitudes “assépticas”, sem o convívio, mais à distância.

É importante que o aluno tenha a sensação de pertencer a um grupo, a uma instituição, para que possa sentir-se sempre motivado a se matricular num determinado curso à distância, mas sobretudo a levar até ao final e com sucesso o curso e a aprendizagem.

Segundo Harassim e colaboradores (1997), os maiores problemas apontados pelos alunos virtuais estão relacionados à sobrecarga de informações, carga de trabalho, responsabilidade, ansiedade em relação à comunicação assíncrona, dificuldade de navegar na internet, acompanhar os rumos de discussão. Estes problemas, que afligem a maioria dos participantes on-line, dificultam a participação dos usuários, mas não impedem a interação.

Conforme Pallof e Pratt (2004), se a única conexão que se tem com os alunos é aquela que se dá por meio das palavras em uma tela, é importante se levar em conta muitas questões que são ignoradas na sala de aula presencial. Se um aluno acessar um ambiente virtual de aprendizagem em que nada (nenhuma mensagem, nem atividade) ocorre, pode sentir-se desestimulado.

O objetivo maior dos ambientes de aprendizagem é maximizar as possibilidades de interação entre os participantes de um grupo a fim de que seja possível o desenvolvimento de ações compartilhadas, onde todos são simultaneamente professores-e-alunos. (FRANCIOSI, MEDEIROS e COLLA, 2003, p.129).

A interação, através das ferramentas de comunicação virtual, está em primeiro lugar num AVA. Todo o ambiente deve propiciar aos participantes a possibilidade de trocar idéias, de interagir, de auxiliar uns aos outros, de compartilhar suas dúvidas, incertezas e descobertas e de buscar informações que o auxiliem no seu processo de aprendizagem.

A interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de comunicação do que uma característica simples e unívoca atribuível a um sistema específico, não se limitando portanto às tecnologias digitais Levy (1999, p.82).

O papel do professor mediador nos ambientes virtuais não pode manter o mesmo paradigma do ensino presencial. O grande diferencial nessa mediação pedagógica é saber gerenciar toda a estrutura do ambiente virtual para propiciar maior interação entre os participantes. Não basta apenas criar um site e disponibilizá-lo no ciberespaço; no cenário educacional, a interatividade permitida pelas redes pode ampliar as condições de aprendizagem on-line quando ela está estruturada em uma base sólida de trocas, construção, cooperação, colaboração, afetividade, autonomia, inovação, criatividade, etc.

Enfim, é no cenário do AVA que toda comunicação síncrona ou assíncrona é permeada da mais profunda noção de diálogo, uma vez que é através deste que se dá a troca de conhecimento e a construção de significados no processo de ensino-aprendizagem. Disto decorre o uso das ferramentas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem.

A interatividade surge, dentro do espaço educacional, como um recurso eficiente para ampliar o processo ensino-aprendizagem e permitir ao aluno o desenvolvimento de competências e autonomias que favorecerão a sua aprendizagem, pressupondo ainda a possibilidade de os agentes professor/aluno interagirem com uma máquina para troca de informações. Num ambiente de educação à distância, as interações são fundamentais aos processos de aprendizagem, tanto as interações entre aluno-aluno quanto aluno-professor, que podem ocorrer de diversas formas, utilizando ou não a tecnologia, podendo ser virtual ou presencial. Só assim o processo do conhecimento é construído colaborativamente.

É fundamental esclarecer com precisão a diferença entre o conceito sociológico de interação – ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é encontro de dois sujeitos, que pode ser direta ou indireta (mediatizada por algum veículo técnico de comunicação, por exemplo carta, telefone); e a interatividade, termo que vem sendo usado indistintamente com dois significados diferentes em geral confundidos: de um lado a potencialidade técnica oferecida por determinado meio (por exemplo CD-ROM de consulta, hipertextos, jogos informatizados), e, de outro, a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina, e de receber em troca uma “retroação” da máquina sobre ele (Belloni, 2003, p. 58).

Para a autora, o conceito de interação é de cunho sociológico, num processo em que estão presentes pelo menos dois atores humanos que, por sua vez, se relacionam de forma síncrona ou assíncrona. Desta forma, interação difere de interatividade, uma vez que esta última se associa à possibilidade de o sujeito interagir através da máquina, de receber em troca uma “retroação” da máquina sobre ele. A interação, através das ferramentas de comunicação virtual, está em primeiro lugar num AVA, pois todo o ambiente deve propiciar aos participantes a possibilidade de trocar idéias, de interagir, de auxiliar uns aos outros, de compartilhar suas dúvidas, incertezas e descobertas e de buscar informações que os auxiliem no seu processo de aprendizagem.

Assim, a interatividade é vista como uma nova forma de interação técnica homem-máquina, de característica eletrônico-digital, oferecida por determinado meio (CD-ROM, consulta, hipertexto, jogos, ambientes virtuais, computadores etc.).

Entretanto, para Silva (2000, p. 19), a noção de “interatividade” não se refere apenas à relação homem-máquina, não é apenas uma troca, uma interação, uma fusão emissão-recepção, não se limita apenas a uma interação. A interatividade é a abertura para mais comunicação, troca e participação,

É disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre o usuário e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos (SILVA, 2003, p.20).

Segundo Lemos (2004), a interatividade é hoje em dia uma palavra de ordem no mundo das mídias eletrônicas. A noção de interatividade está ligada às novas mídias digitais.

Segundo Cavalcanti (2009), existe quatro tipos de interatividade na modalidade EAD: aluno/plataforma tecnológica, aluno/aluno, aluno/professor,

aluno/conteúdo e o reconhecimento desses quatro canais de interatividade bem como sua utilização da maneira correta ajudará o aluno a sentir que não está sozinho e a motivá-lo no processo de aprendizagem.

É neste cenário que a interatividade permitida pelas redes de comunicação pode ampliar as condições de aprendizagem em cursos na modalidade à distância, quando ela está estruturada em bases de troca, cooperação e colaboração, com o objetivo fundamental de promover a interatividade entre os participantes do processo ensino-aprendizagem . Assim, a interatividade é um novo conceito que envolve, além da ação do usuário frente à máquina, as relações mediatizadas que ocorrem entre as pessoas.