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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 Políticas de Educação à Distância

A conjuntura das políticas educacionais no Brasil demonstra sua centralidade na hegemonia das idéias liberais sobre a sociedade. Isto revela que a educação se molda de acordo com os interesses e objetivos do capitalismo.

A estratégia liberal continua a mesma: colocar a educação como prioridade, apresentando-a como alternativa de “ascensão social” e de “democratização das oportunidades”. Por outro lado, a escola continua sendo um espaço com grande potencial de reflexão crítica da realidade, com incidência sobre a cultura das pessoas.

O ato educativo se constitui numa prática orientada para a formação específica de alunos de acordo com uma visão de mundo centrada na hegemonia de políticas seletivas. Isto é, políticas que priorizam a competição, as diferenças e a distribuição das pessoas de acordo com as classes sociais.

Como se sabe, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei n.º 9.394/96) foi, sem dúvida alguma, responsável por uma nova onda de debates sobre as políticas educacionais, sobre novos modelos de educação para o Brasil.

A sua maior incidência recaiu sobre as práticas desenvolvidas na sala de aula. Sobre a performance do professor e sua relação com o processo ensino – aprendizagem.

As regulações existentes nas políticas educacionais, a partir da LDB, formulam novos paradigmas de educação e, ao mesmo tempo, parecem interessadas em romper com o atual modelo de educação. Esta necessidade decorre da observação de que o atual modelo imposto pelas políticas educacionais anteriores não consegue mais responder às demandas do atual momento histórico da sociedade brasileira.

Como se sabe, a educação, nas sociedades modernas mais desenvolvidas, ocupa um lugar privilegiado. Recebe incentivo e busca fornecer aos alunos uma formação sincronizada com as expectativas do mercado atual.

Neste sentido, as políticas educacionais buscam essencialmente fornecer as regras necessárias para a formação adequada dos alunos. Por isso, os princípios estabelecidos pelas políticas educacionais incidem diretamente na sala de aula e no modelo de educação exigido pela sociedade.

Um dos principais reflexos das políticas educacionais na sala de aula é a prioridade demonstrada pelas instâncias superiores do governo ao ensino fundamental e, em segundo lugar, ao ensino médio. Esse interesse decorre da visão de que é preciso trabalhar melhor a base da escola para melhorar a qualificação dos alunos nos graus posteriores.

Por outro lado, também é política do governo brasileiro privilegiar projetos e programas que se desenvolvam com mais rapidez e que não exijam muitos gastos. Quanto mais baratos e rápidos forem os programas, melhor para as políticas educacionais postas em voga pelo Estado.

Neste sentido, as políticas educacionais também priorizam a formação dos profissionais da educação, buscando em particular oferecer cursos profissionalizantes e mais específicos.

Também é reflexo das políticas educacionais uma maior subordinação da escola e dos profissionais da educação às diretrizes impostas pelas instâncias superiores.

Outro problema conseqüente das atuais políticas no Brasil é a sua tendência à privatização do ensino. Embora o ensino privado seja uma realidade de longa data no país, atualmente há uma tendência a privatizar o ensino com a finalidade de minimizar a participação do Estado e priorizar a interferência do setor privado na condução das políticas educacionais.

Outro impacto sentido pela escola em decorrência das políticas educacionais é a necessidade política e de marketing dos governos de aumentar o número de matrículas sem o investimento necessário em infra-estrutura e na escola para comportar os alunos com suas reais necessidades.

Em conseqüência disto, há uma tendência em acelerar as aprovações para abrir vagas para as novas levas de alunos, sem oferecer um ensino de qualidade.

Por outro lado, constata-se também que a autonomia da escola é apenas administrativa, no que se refere à parte pedagógica e outros interesses como as avaliações dos livros didáticos, o desenvolvimento dos currículos, de programas e conteúdos, permanecem sobre o manto das instâncias superiores.

É preciso ainda dizer que os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) são ambíguos, pois se, por um lado, aparece uma preocupação com as questões sociais, ambientais, inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICS, presença dos temas transversais como proposta pedagógica, por outro, há todo um caráter de adequação ao sistema de qualidade total e a retirada da responsabilidade do Estado.

Diante da análise anterior, a atuação coerente e socialmente comprometida com a educação pública de qualidade social parece cada vez mais difícil, tendo em vista que a causa dos problemas está longe e, ao mesmo tempo, dispersa em ações locais. A tarefa de educar, em nosso tempo, implica conseguir pensar e agir localmente e globalmente, o que carece da interação coletiva dos educadores; segundo Paulo Freire, “o professor que não se preparar para intervir na discussão global, não é um ator coletivo”.

A verdade é que todos nós educadores, gestores, estamos vivenciando mudanças que afetam todos os setores da sociedade, inclusive a educação e a escola. Existem muitos indícios de que o sistema atual de ensino está desmoronando e cabe a nós educadores e gestores, juntos, encontrar caminhos novos para a formação de alunos para uma escola cidadã, capazes de desenvolver formas de vida em correspondência com a nova cultura da atual sociedade.

Portanto, cabe a todos nós educadores refletir sobre quais são as causas e consequências dessas políticas na e para a educação brasileira e como elas vêm sendo desenvolvidas no seio da sociedade e no interior da escola. Ora, parece-nos que as práticas educativas que são desenvolvidas nesse contexto não condizem com a realidade e necessidade de sua gente trabalhadora, operária: são dois mundos distantes, o mundo da escola e o mundo da vida diária que ainda se encontra fragmentado, provocando um alto índice de evasão, repetência, desistência e fracasso escolar.

A partir da Lei nº 5.692/1971, começou a surgir propostas de utilização de rádio, TV, correspondência, para atingir um maior número de alunos.

O Art. 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/1996) estabelece que a União incentive o desenvolvimento de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades, e regulamente os requisitos básicos necessários para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos à distância.

O Decreto-Lei nº 2.494/1998 veio regulamentar o Artigo 80 da LDB, definindo a compreensão (oficial) do que é EAD, da oferta, do credenciamento, da autorização e dos exames. Aborda a flexibilização, a autoaprendizagem e a mediação através de recursos didáticos e dos meios de comunicação em seu Artigo 1.

A Portaria nº 301/1998, que regulamenta o Decreto-Lei nº 2.561/1998, normatiza os procedimentos de credenciamento para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica à distância (www.mec.gov.br).

Outras legislações importantes:

● Portaria nº 641/1998 (autorização para cursos de graduação);

● Decreto nº 2.561/1998 (delegações de competência para a autorização de cursos à distância de instituições federais e de educação profissional tecnológica e credenciamento de cursos à distância para educação de jovens e adultos, ensino médio e educação profissional técnica);

● Portaria nº 2.253/2001 (introdução no currículo dos cursos superiores da oferta de disciplinas à distância);

● Decreto nº 5.622/200515 (revogou os Decretos nº 2.494 e nº 2.561); ● Portaria nº 4.361/2004 (revogou a Portaria nº 301/1998);

● Portaria no 4.059/2004 (trata da oferta de 20% da carga horária de cursos superiores na modalidade semipresencial).

Este é o estágio que estamos vivendo neste momento, neste curso. Iniciou na década de 90, e é apresentada por Taylor apud Aretio (2001) como a geração do Ensino por Internet. Segundo Moore e Kearsley (2007), em 1993, apareceu o primeiro navegador Web ou www (World Wide Web - que em português significa, “Rede de alcance mundial”).

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”para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação à distância como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”.

Vale ressaltar que com o acesso à internet, surgiram novos modelos de Universidades, como as universidades virtuais, a internet viabilizou a oferta de cursos na modalidade de EAD, e o número de estudantes de graduação nesta modalidade cresce a cada ano, considerando uma educação sem distância, onde permanece apenas a distância física entre os sujeitos que ensinam e aprendem. A internet também viabilizou a comunicação de professor para aluno, aluno para professor e entre alunos, independente da distância existente. Hoje, podemos nos conectar à Internet, dialogar via texto escrito e/ou áudio, acessar informações On-

line conversar com pessoas, ou em grupos maiores, vendo e ouvindo os

interlocutores pelo computador. É importante lembrar que muitas pessoas ainda não têm acesso à internet, mas este é um caminho que juntos precisamos trilhar, lutando juntos por este direito, independente do bairro, município, estado ou país em que vivemos. Fazemos parte de uma grande rede e, para aprendermos a nos relacionar com ela e por ela, aprendendo e ensinando, devemos estar conectados.

O desafio a todos os educadores e pesquisadores tem sido, portanto, o de buscar propostas de EAD ricas em comunicação e aprendizagem, discutir e examinar as diversas questões presentes no contexto dos projetos de EAD, tais como: a operacionalização dos cursos à distância; critérios, regras, percentual mínimo de presença dos alunos; construção do material didático impresso em conjuntos com recursos tecnológicos; formação dos professores orientadores e tutores; domínio dos meios atuais de informação; utilização das tecnologias; diálogo entre aluno e professor; formas de avaliação e controle; corpo docente especializado; atividades presenciais em grupos; oportunizando assim, a comunicação entre alunos, professores e tutores; e assegurar as linhas de investigação sobre o tema - Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – (ANFOPE16, 1999).

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Conforme a ANFOPE (2001): “Pensar a modalidade de educação à distância é, sobretudo, considerar os projetos de educação continuada de caráter emergencial, no sentido de atender nas diferentes regiões a demanda de professores leigos e ao mesmo tempo possibilitar a qualificação dos docentes para atuar em EaD”.