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3. PERCURSO METODOLÓGICO: CONSTRUINDO/AFERINDO AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA INTERATIVIDADE

3.1 Á guisa da Metodologia

3.1.1 Ambiente da Pesquisa

A fim de alcançar os objetivos deste trabalho, tornou-se necessário definir o percurso metodológico a ser seguido, frente à realidade apresentada.

A presente pesquisa foi realizada com a Turma do Curso de Especialização para Gestores no âmbito de Educação na modalidade à distância, oferecido pela Universidade Federal da Paraíba, entidade renomada com a missão precípua de promover um ensino à distância de qualidade, assegurando o acesso e permanência dos alunos na Universidade, formando assim cidadãos críticos capazes de agir na transformação da sociedade.

3.1.2. A Metodologia

A metodologia adotada nesse trabalho tem uma preocupação com o processo, enquanto construção dos caminhos a serem trilhados em busca do conhecer, reconstruir, pensar, fazer. Demo (1989) explica que pesquisar não se trata de copiar a realidade, mas de reconstruí-la conforme os nossos interesses e esperanças e para isto é preciso construir caminhos, e não modelos prontos ou receitas que impedem a criatividade inerente ao ser humano ou destroem o desafio dessa construção.

Refletindo sobre esse pensamento, apresenta-se a questão do método. Qual metodologia seguir para solucionar tantos questionamentos e indagações da pesquisa?

A metodologia permite o emprego das mais especiais qualidades do sujeito, porque exprime ou põe em movimento sua atividade e capacidade pensante, o desvelamento do espírito. Isso porque só o pensamento é capaz de transformar o próprio pensamento, admitir e ultrapassar modos estabelecidos de ver o mundo, superar condições imediatamente insuperáveis, reconhecer e admitir erros, integrar contradições em potencialidades construtivas. O método é, ao mesmo tempo, atividade pensante do sujeito e arte, pois expõe a maneira de agir ou conduzir a razão, conjugar diferentes conhecimentos, assumir idéias e ações. (MORIN

A pesquisa constituiu-se numa análise descritiva, exploratória e interpretativa que permite uma maior compreensão de uma realidade específica, de um processo no qual se pode investigar os elementos mais pertinentes a partir de uma visão histórica e de uma descrição dos seus pontos mais relevantes.

Segundo Yin (2005), o estudo descritivo-exploratório como uma estratégia de pesquisa pode ser utilizado de modo exploratório, visando levantar questões e hipóteses para futuros estudos por meio de dados qualitativos; ou descritivo buscando associações entre variáveis, normalmente com evidências de caráter quantitativo. Ainda para o autor citado, na observação participante o pesquisador tem um papel na situação que estuda ou participa das atividades relacionadas com ela.

A pesquisa participante, à semelhança da pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e participantes do fenômeno ou situação investigada. Assim, pesquisador e participantes envolvem-se criando elos de confiança, fator essencial para enriquecimento do estudo da pesquisa em evidência.

3.1.3. Caracterização da Pesquisa

O presente estudo caracteriza-se por ser de natureza qualitativa, já que, no entendimento de vários autores, como Minayo (2008), as pesquisas qualitativas se aplicam ao estudo da história, das relações, das representações, das percepções resultantes das interpretações que os humanos fazem a respeito do universo em que vivem. “Caracteriza-se pela empiria e pela sistematização progressiva do conhecimento até a compreensão lógica interna do grupo ou do processo em estudo”.

Nessa abordagem, Richardson (2008, p.90), considera que

A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

Segundo Ludke e André (1998), esta abordagem leva em consideração o contato direto com o objeto investigado e a participação direta das pessoas envolvidas.

Dentro da abordagem qualitativa, combinar-se-ão as estratégias do estudo de caso.

Os Estudos de Caso em Educação aparecem em manuais de metodologia de pesquisa das décadas de 1960 e 1970 com sentido restrito: estudo de uma unidade, seja ela um professor, uma escola ou um grupo de alunos.

O estudo de caso consiste no aprofundamento de um caso particular ou de vários casos de forma a obter dados ordenados e críticos de uma experiência, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor ações de transformação. O caso estudado é tomado como unidade significativa do todo e, por isso, suficiente para aprofundar um julgamento fidedigno e, quando necessário, propor uma intervenção. O estudo de caso refere-se ao estudo com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os aspectos. Entretanto, é limitado, pois se restringe ao caso que estuda, não podendo ser generalizado.

É uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados. (YIN, 2005, pp.32-33).

Para Chizzotti (2008), os estudos de caso visam explorar um caso singular, bem delimitado e contextualizado, para realizar uma busca circunstanciada de informações sobre um caso específico.

Para Trivinõs (1992 apud Lakatos; Marconi 2003, p.247), o Estudo de Caso “é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente”.

No estudo de caso, a realidade é analisada sob a perspectiva, não havendo, contudo uma única que seja a mais verdadeira. Para Ludke e André (1998, p.17) “[…] o estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele simples e específico. [...] O caso pode ser similar a outros, mas, ao mesmo tempo, distinto, pois tem um

interesse próprio, singular, [...]”. Quando queremos estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de caso.

De acordo com Bodgan & Birklen apud Chizzotti (2008), o investigador desenvolve um modelo descritivo que englobe todas as instâncias do fenômeno e autorize a apresentar, didaticamente, as lições aprendidas ou as descobertas feitas a partir do caso estudado.

Para Gil (2002), entende-se por estudo de caso, o “estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”.

Assim, o ambiente natural no qual o fenômeno a ser estudado será inserido é visto como fonte direta dos dados da pesquisa e o pesquisador pode ser entendido como instrumento chave, na medida em que é o responsável por realizar a ligação do fenômeno em questão com este ambiente real.

Ainda para André (2008, p.33), o Estudo de Caso apresenta vantagens, tais como: fornecer uma visão profunda e integrada de uma unidade; capacidade de retratar situações da vida real sem prejuízo de sua complexidade; potencial de contribuição aos problemas da prática educacional etc.

São trabalhos essencialmente descritivos. Existe a preocupação em estudar o processo dos fenômenos pesquisados, não apenas os resultados e o produto deles decorrentes. Tendem a analisar as informações obtidas indubitavelmente, uma vez que não partem de hipóteses a priori e, por isso, especialmente nas pesquisas qualitativas fenomenológicas, “os significados, a interpretação, surgem da percepção do fenômeno visto num contexto”.

A percepção essencial, principalmente nos trabalhos com enfoque fenomenológico, é com o significado que os fenômenos pesquisados assumem para os indivíduos.

Além disso, o caráter da pesquisa é de natureza empírica, já que baseia- se em fundamentação teórica cuja aplicação se verifica numa realidade. Quanto aos fins é do tipo exploratório e descritivo. Exploratório, já que apresenta como objetivo tornar o problema mais explícito. De acordo com Selltiz et al., 1967, p.63 in Gil (2002), na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem:

• Levantamento bibliográfico;

• Entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado;

• Análise de exemplos que estimulem a compreensão.

O estudo é também descritivo por apresentar “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, o estabelecimento de relações entre variáveis”. (GIL, 2002, p. 46).

3.1.4. A Coleta de Dados

As informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa são provenientes do processo de coleta realizado nas atividades durante todo o curso. Assim, os dados obtidos foram analisados para servir de base para a investigação, levando em conta os três níveis presentes na pesquisa: os indivíduos, os grupos e o ambiente organizacional.

Para Gil (2002), o processo de coleta de dados pode ser compreendido como uma atividade que é feita mediante o concurso dos mais diversos procedimentos. Os mais usuais são: a observação, a análise de documentos, a entrevista e a história de vida. Geralmente, utiliza-se mais de um procedimento.

No presente estudo, optamos pela coleta de dados primários através de observação e da aplicação de questionário que, na argumentação de Gil (2002, p. 90), entende-se como um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo entrevistado.

Vale ressaltar que todos os questionários foram enviados e respondidos virtualmente. Além disto, recorremos a outras formas associadas a essas tais como: entrevistas virtuais com os professores cursistas para verificar suas expectativas e opiniões sobre tema pesquisado, “A interatividade no ambiente virtual de aprendizagem Moodle na perspectiva das representações sociais: estudo de caso”, também foram enviadas mensagens pelo correio eletrônico, para verificar a interatividade e participação dos professores cursistas.

Para Richardson, (2008, p. 190),

Os questionários não estão restritos a uma quantidade determinada de perguntas, nem a um tópico específico (...); é responsabilidade do pesquisador determinar o tamanho, a natureza e o conteúdo do questionário, de acordo com o problema pesquisado e respeitar o entrevistado como ser humano que pode possuir interesses divergentes dos do pesquisador.

3.1.5. Análise dos Dados

Para o tratamento das representações sociais da interatividade foi utilizada a análise interpretativa dos dados textuais produzidos pelos sujeitos investigados, já que esta se constitui num conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter classes ou categorias, quantitativas ou não, que permitem a interferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens (BARDIN apud TRIVINÕS, 1982, p.161).

Para Bauer (2008), os pesquisadores sociais têm a tendência de subestimar materiais textuais como dados, mas a World Wide Web (www) e os arquivos on-line criaram uma grande oportunidade para os dados em forma de textos.

Justifica-se a utilização da análise interpretativa dos dados textuais, já que nas pesquisas de natureza qualitativa é comum que seja gerado um grande volume de conteúdos, sendo necessária a sua organização, pela decomposição e classificação.

3.2. Captando as Representações Sociais da Interatividade