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A maioridade e a prisão do filho caracterizam a desnecessidade de prestação de

No documento rdj104 (páginas 118-125)

apelação cível

2. A maioridade e a prisão do filho caracterizam a desnecessidade de prestação de

alimentos, tendo em vista que o alimentando está sendo mantido pelo Estado, não sendo necessário o pagamento da pensão alimentícia. Além disso, existe a possi- bilidade de exercer atividade remunerada intramuros, nos termos do artigo 29 da Lei de Execução Penal, o que poderá assegurar a satisfação de suas necessidades materiais, bem como o resgate de sua dignidade (art. 28 LEP).

Apelação Cível do Réu desprovida. Apelação Adesivo do Autor provida.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Angelo Canducci Passareli – Relator, João Egmont – Revisor, Sebastião Coelho – Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Sebastião Coelho, em proferir a seguinte decisão: conhecer. Rejeitar preliminar.

Negar provimento ao recurso da parte ré. Dar provimento ao recurso adesivo da parte autora. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 26 de março de 2014.

relatório

Trata-se de Apelação Cível interposta contra a sentença de fls. 212/214, oriunda do Juízo de Direito da Sexta Vara de Família da Circunscrição Judiciária de Brasília, proferida em sede de Ação de Exoneração de Alimentos proposta por C. R. C. O. em face de A. D. O., a quem foi dado Curador Especial (art. 9º, II, do CPC), por meio da qual o MM. Juiz julgou parcialmente procedente o pedido para reduzir os alimentos para 8% (oito por cento) dos rendimentos brutos do genitor, deduzidos os descontos compulsórios.

Diante da sucumbência mínima do Réu, condenou o Autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em R$ 800,00, observando- se o art. 12 da Lei 1.060/50.

Em razões de Apelação (fls. 226/230), o Réu alega que sua prisão em estabelecimento carcerário e sua maioridade não são causas extintivas da obrigação alimentar.

Assevera que utiliza a renda proveniente da pensão para adquirir frutas, bolachas, material de higiene e itens de primeira necessidade.

Sustenta que necessita da pensão para suprir suas despesas, uma vez que está preso, acrescentando que sua genitora está acometida de inúmeras doenças, sem condições de contribuir no seu sustento.

Afirma que, em razão da sua condenação judicial, nunca terá condições de ocupar um lugar no mercado de trabalho.

Requer, por fim, o restabelecimento dos alimentos no total de 10% (dez por cento) dos rendimentos do genitor.

Sem preparo, em razão da concessão da gratuidade de Justiça (fl. 40).

O Autor, ao tempo em que apresentou contrarrazões (fls. 243/246), postulando o desprovimento do Recurso, interpôs Recurso na forma Adesiva, às fls. 239/242, requerendo a exoneração dos alimentos, ao argumento de que, além de o filho ter atingido a maioridade, encontra-se preso, argumentando que sua sobrevivência é custeada pelo Estado.

Destaca que paga pensão alimentícia para a genitora do alimentando no total de 13% (treze por cento) dos seus rendimentos.

Requer o conhecimento e provimento do recurso, reformando-se a sentença para exonerá-lo da obrigação alimentar.

Sem preparo, em razão da concessão da gratuidade de Justiça à fl. 189.

O Réu apresentou contrarrazões às fls. 266/271, suscitando, em preliminar, a intempestividade do recurso interposto pelo Autor. No mérito, que seja conhecido e negado provimento à Apelação interposta na forma adesiva.

O ilustre representante do Ministério Público manifestou-se às fls. 278/287, oficiando pelo conhecimento dos recursos e provimento da Apelação interposta pelo Autor, reformando-se a sentença para exonerá-lo da pensão alimentícia. Alternativamente, seja mantida a redução.

É o relatório.

votos

Des. Angelo Canducci Passareli (Relator) – Conheço da Apelação Cível interposta

pelo Réu, uma vez que presentes os pressupostos de admissibilidade, e aprecio a preliminar por ele suscitada em contrarrazões recursais, de intempestividade do recurso interposto na forma Adesiva pelo Autor.

O exame dos autos revela que a preliminar não merece guarida.

Com efeito, segundo o artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça Eletrônico.

In casu, a decisão que recebeu a Apelação do Réu e intimou o Autor/Apelado para responder ao recurso foi disponibilizada no DJe no dia 13/06/2012, quarta-feira (fl. 237), considerando-se publicada em 14/06/12 (quinta-feira). Por sua vez, a contagem do prazo de 15 dias (art. 500, I, do CPC) se iniciou no dia 15/06/12, sexta-feira, e findou-se em 29/06/12, sexta-feira. Assim, como o recurso foi protocolizado em 29/06/2012 (fl. 239), não há que se falar em intempestividade. Rejeito a preliminar.

No mérito, pretende o Réu, nesta instância revisora, a reforma da decisão de Primeiro Grau, para seja restabelecido o patamar dos alimentos no total de 10% (dez por cento) dos rendimentos do genitor.

Por sua vez, o Autor postula a exoneração dos alimentos, ao argumento de que o filho atingiu a maioridade e encontra-se preso.

Analiso, simultaneamente, as razões recursais de ambas as partes.

Compulsando o quadro fático-probatório dos autos, verifico que o alimentando conta, atualmente, com 23 anos (fl. 08), goza de boa saúde, não está frequentando nenhuma instituição de ensino, e, além disso, encontra-se preso, e os documentos acostados aos autos comprovam que ele responde a várias ações penais, por diversos roubos com emprego de arma, dentre outros crimes (fls. 288/314). Cumpre esclarecer que o mero alcance da maioridade não tem o condão de, por si só, afastar o direito de perceber os alimentos. Nesse caso, o fundamento passa a ser o dever de mútua assistência que se encontra no poder familiar.

Todavia, consoante bem ressaltado pelo ilustre representante do Ministério Público, “não há demonstração de que a manutenção da pensão alimentícia é de fundamental importância à sua sobrevivência, tendo em vista que suas necessidades básicas são custeadas pelo Estado” (fls. 284/285).

Além disso, os presos podem exercer atividade laboral, sendo certo que eles são remunerados por esses trabalhos, nos termos do art. 29 da LEP, o que serve, até mesmo, como remissão da pena, posto que a Lei de Execução Penal prevê que para cada três dias de trabalho o condenado abaterá um dia da sua pena. Eis o teor desse dispositivo:

“Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário-mínimo.”

Noutro giro, o genitor arca com a pensão para sua ex-esposa, no montante de 13% dos seus rendimentos brutos (fl. 259), e, ainda, para outro filho, nascido depois da fixação dos alimentos para o Réu e sua mãe, no valor de 10% (fls. 30/31).

Ora, se a pessoa que postula a exoneração de alimentos trabalha auferindo rendimentos, em média, no valor de R$ 1.996,27 (mil novecentos e noventa e seis reais e vinte sete centavos – fl. 186), não é justo sacrificar o seu sustento, para manter um filho de 23 anos de idade, jovem e que goza de boa saúde.

Sobre o tema, trago à colação os seguintes julgados desta egrégia Corte de Justiça,

in verbis:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORI- DADE CIVIL. SÚMULA 358 DO STJ. NÃO COMPROVADA A NECESSIDADE. ALI- MENTANDO RECOLHIDO EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL.

Em regra, a prestação de alimentos aos filhos cessa no momento em que estes completam a maioridade civil, tendo em vista que a partir desse fato passam a ser os titulares de direitos e obrigações em sua plenitude. Raras são as situa- ções em que os genitores são compelidos a arcarem com os alimentos, após a maioridade dos filhos.

A exoneração da pensão alimentícia não se opera automaticamente, quando o filho completa 18 (dezoito) anos de idade, haja vista que tal exoneração depende de decisão judicial, garantindo-se o direito do filho de se manifestar sobre a possibilidade de prover seu próprio sustento. (Súmula 358, STJ). Tendo em vista o recolhimento do alimentando em estabelecimento prisional, o custeio com sua subsistência passou a ser responsabilidade do Estado, de forma que, ao menos enquanto estiver segregado, ausente a necessidade dos alimentos.

Não se desincumbindo o alimentando do ônus de provar a real necessidade de que seu genitor continue a prestar-lhe alimentos, a improcedência do pedido é medida que se impõe.

Agravo de instrumento conhecido e não provido.”

(Grifou-se – Acórdão 475636, 20100020154791AGI, Relator: ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 19/01/2011, Publicado no DJE: 03/02/2011. Pág.: 146 – grifei)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORI- DADE E PRISÃO DO FILHO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. POSSIBILIDADE. 1. Além da maioridade, a prisão do filho caracteriza a verossimilhança das ale- gações do autor/pai, de que o filho está sendo mantido pelo Estado, não sendo necessário o pagamento da pensão alimentícia.

2. Negou-se provimento ao agravo de instrumento.”

(Acórdão 623384, 20120020164589AGI, Relator: SÉRGIO ROCHA, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 12/09/2012, Publicado no DJE: 02/10/2012. Pág.: 112)

Em conclusão, além da maioridade, a prisão do filho caracteriza a desnecessidade de prestação de alimentos, tendo em vista que o alimentando está sendo mantido pelo Estado, não sendo necessário o pagamento da pensão alimentícia.

Ademais, existe a possibilidade de exercer atividade remunerada intramuros, nos termos do artigo 29 da Lei de Execução Penal, o que também se mostra hábil a proporcionar a satisfação de suas necessidades materiais, bem como o resgate e a manutenção de sua dignidade (art. 28 da LEP).

Com essas considerações, nego provimento à Apelação Cível interposta pelo Réu e dou provimento ao recurso interposto pelo Autor, para reformar a sentença e exonerá-lo da pensão alimentícia. Inverto os ônus da sucumbência, devendo, contudo, serem respeitadas as disposições da Lei 1.060/50, em virtude da concessão da gratuidade de Justiça ao Réu (fl. 40).

É como voto.

Des. João Egmont (Revisor) – Com o Relator. Des. Sebastião Coelho (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Conhecer. Rejeitar preliminar. Negar provimento ao recurso da parte ré. Dar provimento ao recurso adesivo da parte autora. Unânime.

apelação cível

2011011170845-7

Relator – Des. Flavio Rostirola Primeira Turma Cível

ementa

Civil. Indenização. Danos morais. Publicação de matéria em sítio eletrônico e re-

produzida em periódico. Jornal de circulação nacional. Liberdade de expressão exercida com excessos. Informação não fidedigna. Ofensa caracterizada.

No documento rdj104 (páginas 118-125)