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Recurso conhecido e provido.

No documento rdj104 (páginas 190-200)

ii – do recurso da autora

4. Recurso conhecido e provido.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Waldir Leôncio Lopes Júnior – Relator, J.J. Costa Carvalho – Revisor, Sérgio Rocha – Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador J.J. Costa Carvalho, em proferir a seguinte decisão: dar provimento. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 12 de março de 2014.

relatório

Cuida-se de recurso de apelação interposto por J.M. DA C. e R.R.G.C. contra a r. sentença de fls. 219-220, por meio da qual o MM. Juiz singular, nos autos da ação cominatória ajuizada em desfavor de DISTRITO FEDERAL, julgou extinto o feito, sem resolução do mérito, por falta de interesse de agir, nos termos do art. 267, VI, do CPC. Sem custas e sem honorários advocatícios.

Inconformados, em suas razões recursais (fls. 238-240), alegam os apelantes que o fornecimento das vagas na Instituição Lar dos Velhinhos não está atendendo às suas necessidades, haja vista que vêm sofrendo diversos constrangimentos como troca de seus pertences entre os internos e de venda no bazar beneficente da instituição, sem a anuência deles. Aduzem que a extinção do feito, com resolução de mérito, dar-lhes-á segurança jurídica para que possam solicitar nova pesquisa à SEDEST quanto à ocorrência de duas vagas em outra instituição de longa permanência conveniada com o DISTRITO FEDERAL ou, alternativamente, que o réu arque com os custos em instituição particular ou filantrópica não conveniada, mantendo sempre a unidade conjugal.

Requerem o provimento do apelo para seja reformada a sentença, a fim de extinguir o processo com resolução de mérito.

Sem preparo, em razão da gratuidade de justiça. Contrarrazões às fls. 252-254.

A il. Procuradoria de Justiça apresentou parecer oficiando pelo conhecimento e pelo provimento do recurso (fls. 266-269).

É o relatório.

votos

Des. Waldir Leôncio Lopes Júnior (Relator) – Presentes os pressupostos de ad-

missibilidade, conheço do recurso.

Trata-se de ação cominatória, com pedido de antecipação de tutela, ajuizada por J.M. DA C. e R.R.G.C., representados por A.G.M. DA C., em desfavor de DISTRITO FEDERAL, objetivando a disponibilização de vaga em instituição de longa permanência conveniada ou que o réu arque com os custos em instituição particular ou filantrópica não conveniada, mantendo-se a unidade conjugal. Segundo consta dos autos, os autores contam com mais de oitenta anos e ambos possuem problemas de saúde que os impossibilitam de cuidar de si e dos afazeres domésticos. O casal possui uma única filha, a Sra. A., que tem dificuldades físicas, psicológicas e financeiras para cuidar dos pais.

Requereram que o Distrito Federal fosse compelido abrigá-los em instituição de longa permanência conveniada ou a arcar com uma instituição particular.

Às fls. 96-97, foi deferido o pedido de antecipação de tutela para que o Distrito Federal fornecesse aos autores auxílio emergencial no valor de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais) e cesta básica por seis meses, avaliação clínica e prescrição de medicamentos, bem como atendimento psicossocial até que a SEDEST – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda disponibilizasse abrigo ao casal idoso.

Às fls. 203-214, os autores juntaram documentos informando que foram acolhidos pela Entidade Obras Assistenciais Centro Espírita Irmão Jorge – Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes, em 4/3/2013.

O MM. Juiz singular julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, por falta de interesse processual, com fulcro no art. 267, VI, do CPC.

Inconformados, apelam os autores, sustentando existir interesse processual na demanda, pois necessitam do provimento judicial para terem título executivo contra o apelado. Aduzem que a extinção do feito, com resolução de mérito, dar-lhes-á segurança jurídica para que possam solicitar nova pesquisa à SEDEST quanto à ocorrência de duas vagas em outra instituição de longa permanência conveniada com o DISTRITO FEDERAL ou, alternativamente, que o réu arque com os custos em instituição particular ou filantrópica não conveniada, mantendo sempre a unidade conjugal.

Esse é o resumo da lide no que necessário. 1) Interesse processual

O interesse de agir assenta-se no binômio necessidade-utilidade na busca da prestação jurisdicional que, no caso, é o fornecimento de abrigo aos autores idosos em instituição de longa permanência.

Embora, em 23/3/2011, assistente social ligada ao CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Taguatinga da SEDEST – Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal tenha concluído pela necessidade e urgência de abrigamento do casal, com unidade conjugal (parecer de fls. 62-63), tal procedimento somente foi efetivado após o deferimento da antecipação de tutela, pela qual o MM. Juiz a quo determinou ao Distrito Federal que fornecesse auxílio emergencial, no valor de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais), e cesta básica por seis meses, avaliação clínica, prescrição de medicamentos, bem como atendimento psicossocial até que lhe fossem disponibilizadas vagas em instituição de longa permanência.

O acolhimento em abrigo, efetivado em 4/3/2013 (fls. 206-214), não elimina o interesse processual dos autores, uma vez que o provimento jurisdicional definitivo, de mérito, mostra-se útil e necessário para que a medida concedida liminarmente seja confirmada e não perca a sua validade, conferindo-se segurança jurídica à situação dos idosos.

A propósito, assim já decidiu este egrégio Tribunal:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COMINATÓRIA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO PELO ESTADO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA E CUMPRIDA. FEITO EXTIN-

TO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO. CAS- SAÇÃO DA SENTENÇA. APLICAÇÃO DO ART. 515, §3º, DO CPC. JULGAMENTO DO MÉRITO.

Não se controverte que o interesse de agir surge da necessidade e da utilidade da postulante de obter, através do processo, a proteção ao direito material, que, no caso, é o fornecimento de medicamento imprescindível ao tratamento ao qual está submetida, visando evitar eventuais surtos que agravariam sua situação, com a evolução da doença a estágios irreversíveis.

O cumprimento da antecipação de tutela deferida não faz desaparecer o inte- resse de agir.

Em se tratando de matéria exclusivamente de direito e estando a ação em con- dições de imediato julgamento, impõe-se a aplicação da norma do art. 515, §3º, do CPC.

O fornecimento do medicamento ocorreu somente após a citação, ou seja, quando o réu havia sido constituído em mora, patenteado-se, pois, o interesse de agir da recorrente. Portanto, a cassação do decisum é medida que se impõe. É dever do Estado garantir o direito à saúde, fornecendo tratamento ao cida- dão que, por ser hipossuficiente, não tem condição de arcar com os custos dos medicamentos prescritos para o caso.

(Acórdão 618982, 20100110680472APC, Relator: CARMELITA BRASIL, Revi- sor: WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 12/9/2012, Publicado no DJE: 18/9/2012. Pág.: 124) (grifo nosso)

2) Mérito

Embora deva ser cassada a r. sentença, não é caso de determinar o retorno dos autos à Instância monocrática para julgamento, mas de aplicação do § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil, porquanto já suficientemente instruído o feito. O art. 230 da Constituição Federal preceitua que os cuidados aos idosos são um dever do Estado:

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua digni- dade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos trans- portes coletivos urbanos.

Por sua vez, o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003, impõe ao Poder Público a efetivação de políticas públicas ao lado da família, da comunidade e da sociedade, para amparar, de modo global, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (art. 3º).

No que tange à moradia, é determinada “a priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência” (inciso V do parágrafo único).

Assim, em casos em que a família não tenha condições, deve o Estado prestar assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência, tal como prevê o art. 37 do estatuto:

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.

§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência

será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, aban- dono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família.

§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a man-

ter identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente.

§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de

habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei. (grifo nosso).

No caso dos autos, o relatório técnico emitido por assistente social do CREAS (fls. 62-63) relata que os idosos não têm condições de morar sozinhos. Ambos possuem mais de 80 anos, sendo que o Sr. J. apresenta problemas de diabetes e a Sra. R. apresenta Alzheimer. Constatou-se que a renda deles é insuficiente para arcar com as custas de um cuidador e que a Sra. A., única filha do casal, faz tratamento para depressão e não consegue lidar com os cuidados da vida diária dos pais “já que se encontra física e psicologicamente abalada frente à situação psíquica dos idosos que é bastante instável”.

Concluiu a assistente social, após alguns anos de acompanhamento da família, pela necessidade e urgência de abrigamento do casal em instituição de longa permanência, garantindo a manutenção do vínculo entre os idosos “por entender ser dever do estado assegurar todas as oportunidade (sic) e facilidades na garantia da proteção à pessoa idosa”.

Tal relatório, aliado a todo o conjunto probatório constante dos autos, corrobora a necessidade de acolhimento do pleito.

4) Conclusão

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e DOU-LHE PROVIMENTO para cassar a r. sentença e, de acordo com o § 3º do art. 515 do CPC, JULGAR PROCEDENTE o pedido inicial, confirmando a antecipação de tutela anteriormente deferida, para condenar o Distrito Federal a manter os autores em instituição de longa permanência conveniada ou arcar com os custos de instituição particular ou filantrópica não conveniada, mantendo-se a unidade conjugal, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Deixo de condenar o DISTRITO FEDERAL em custas processuais, com base no art. 4º da Lei 9.289/96, isentando-o, ainda, dos honorários advocatícios, em virtude de estarem os autores litigando sob o patrocínio da Defensoria Pública (Súmula 421 do STJ).

É o meu voto.

Des. J.J. Costa Carvalho (Revisor) – Com o Relator. Des. Sérgio Rocha (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Dar provimento. Unânime.

apelação cível

2007011113863-4 Relator – Des. Fernando Habibe Quarta Turma Cível

ementa

Apelação cível. Interrupção do fornecimento de energia elétrica. Morte de aves

em granja. Dano material comprovado. Responsabilidade objetiva da concessio- nária. Dano moral inexistente.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Fernando Habibe – Relator, Arnoldo Camanho de Assis – Revisor, Antoninho Lopes – Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Cruz Macedo, em proferir a seguinte decisão: negar provimento aos recursos, unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 18 de dezembro de 2013.

relatório

Apelam ambas as partes (101-108/111-115) contra sentença (93-99) da 4ª Vara da Fazenda Pública condenatória ao pagamento de R$ 3.240,30, para indenizar dano material consistente na morte de 1.543 aves, ocasionada pela falta de climatização da granja em razão da demora do restabelecimento da energia (8 horas), após o rompimento de um cabo de tensão.

A ré alega, preliminarmente, cerceamento de defesa, em razão do indeferimento do envio de ofício à ANEEL para confirmar as informações prestadas em contestação sobre a continuidade do fornecimento de energia (FIC, DIC, DMIC), no mês de abril de 2007.

Sustenta, ainda: a) a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor; b) a inexistência da responsabilidade civil objetiva, pois não praticou qualquer ilícito; c) a observância dos indicadores de continuidade individuais determinados pela ANEEL; d) que o fato do autor ter indicado, por reclamação, o local exato para a reparação do cabo de tensão não significa a possibilidade de preceder a outros pedidos; e) que em seus cadastros a unidade do autor não consta como granja, nem há a informação de que existam equipamentos elétricos para manter a produção de aves; f) que caberia ao autor precaver-se de eventuais infortúnios, adquirindo um gerador ou qualquer outro equipamento de emergência para garantir a refrigeração da granja.

Em contrarrazões, o apelado (autor) defende o acerto da sentença (120-123). Em seu apelo, o autor almeja a condenação por dano moral, pois a demora no restabelecimento da energia gerou sentimentos de insegurança e intranquilidade. Embora intimada (119), a apelada (ré) não ofereceu contrarrazões (133).

votos

Des. Fernando Habibe (Relator) – A sentença da lavra do MM. Juiz Arnaldo Correa

Silva responde suficientemente às razões de ambas as partes, inclusive a prelimi- nar de cerceamento de defesa, motivo pelo qual valho-me dos seus fundamentos, com a vênia devida:

”(...).

Trata de feito que se processou pelo rito ordinário, o qual deve ser julgado antecipadamente porque a prova é documental. Com relação ao pedido da ré para oficiar à ANEEL, ele deve ser indeferido uma vez que a tese a respeito da descontinuidade do fornecimento foi apresentada na contestação, quando eventual regulamentação a respeito deveria vir com a defesa e/ou pelo menos ficar demonstrado negativa daquela Agência Reguladora em fornecer a infor- mação. Não sendo assim, a diligência requerida se mostra protelatória, a qual indefiro.

Ademais, é de observar nos autos, que lá em abril de 2007, quando da cor- respondência enviada à ré pelo SINDIAVES (fls. 23/26), ela já sabia que vi- riam ações de indenização, tendo feito referência da norma na resposta de 04.06.2007 (fls. 31). Não é só isso, defendeu tal tese na contestação apre- sentada em 18.12.2007 e teve tempo bastante para providenciar todas as in- formações que queria e/ou mostrar a recusa, só que ao invés de trazer o que pretende com a especificação de provas, pediu a dilação, o que indefiro. No que se refere à preliminar de ilegitimidade, na verdade se trata apenas de mera adequação do nome da ré, isto em razão de sua desverticalização. O CNPJ indicado na inicial (fls. 02) é o mesmo que a ré pediu para regularizar (fls. 42), de modo que deve apenas ser feita a correção do nome, já que ambas são CEB. Com relação ao mérito da questão, entendo que os pedidos da parte autora devem ser julgados procedentes.

Não há dúvidas de que o autor tem a qualidade de consumidor, sendo que a ré defendeu a tese de que as normas protetivas do Código de Defesa do Consu- midor não se aplicariam ao caso em comento, por não ser o autor considerado consumidor final. Aqui é de se aplicar a norma do art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, haja vista ser o autor consumidor por equiparação.

É incontroverso nos autos que a ré fornecia energia elétrica para a propriedade do autor, que houve falta de fornecimento de energia naquele dia 02.04.2007 por quase 08 horas, decorrente do rompimento de um cabo de alta tensão e que as aves do autor morreram. A ré defende a tese de que agiu corretamen- te porque o restabelecimento da energia se deu dentro do tempo fixado pela ANEEL e de que não haveria nexo causal entre a falta de energia e a morte dos animais.

Às fls. 23/28 temos a confirmação de que as mortes das aves se deram por cau- sa da falta de energia, é que sem a climatização das granjas deixou de ser feita e aí os animais morreram. Tivesse o fato acontecido apenas na granja do autor, até poderíamos entender que não teria sido a falta de energia que causou os danos, só que em 06 granjas milhares de aves morreram justamente porque é sabido que em tais empreendimentos a energia é algo essencial e insubstituí- vel. É que para a correta criação de frangos de granja para corte, os cuidados

No documento rdj104 (páginas 190-200)