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Apelação conhecida e parcialmente provida.

No documento rdj104 (páginas 110-118)

apelação cível

4. Apelação conhecida e parcialmente provida.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Getúlio de Moraes Oliveira – Relator, Otávio Augusto – Revisor, Silva Lemos – 1º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Mário-Zam Belmiro, em proferir a seguinte decisão: conhecer. Dar

parcial provimento ao recurso. Unânime., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 8 de janeiro de 2014.

relatório

Adoto o relatório da r. sentença de fls. 144/145, in verbis:

A.G.D. e E. DE P.F. ajuizaram ação de obrigação de fazer cumulada com inde- nização em desfavor de CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO BONAPARTE HOTEL RESI- DENCE, partes qualificadas nos autos, alegando, em síntese, que residem no apartamento 306, mas não pagaram as taxas dos meses de janeiro e feve- reiro de 2013 e foram notificados em 18/2/2013 para pagamento sob pena de suspensão dos serviços na unidade; que foram novamente notificados em 21/3/2013 de que teriam de pagar a dívida em 24 horas e como não houve pagamento no dia 22/3/2013 foram suspensos os serviços, inclusive energia elétrica, o que gerou vários transtornos; que o réu tem outras medidas para buscar a satisfação do seu crédito; que a suspensão do serviço gerou dano moral.

Ao final requer a antecipação da tutela para determinar o imediato restabele- cimento do fornecimento de energia elétrica, citação e a procedência do pedi- do para condenar a ré a reparar o dano moral.

A petição inicial veio acompanhada dos documentos anexados às fls. 17/68. Indeferiu-se o pedido de antecipação da tutela (fl. 70).

Agravo de Instrumento (fls. 74/86), cuja liminar foi concedida (fls. 88/90). A ré ofereceu contestação (fls. 104/123) argumentando, em resumo, que o serviço de energia elétrica não integra as despesas comuns rateadas entre os condôminos, pois são individualizadas pelo condomínio e cobrada de cada uma das unidades; que os demais condôminos não podem ser compelidos ao pagamento das despesas do vizinho inadimplente; que a suspensão dos ser- viços foi deliberada em assembleia de 30/3/2005; que não há ilegalidade na

suspensão do serviço; que não há dano moral e o valor pretendido é exorbitan- te; que os autores estão litigando de má-fé.

Foram anexados os documentos de fls. 124/130.

Réplica às fls. 138/142, em que os argumentos da contestação foram rechaçados. É o relatório.

Acrescento que o MM. Juiz julgou improcedente o pedido dos Autores e os condenou ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 800,00 (oitocentos reais).

Recorrem os Autores (fls. 147/157).

Reiteram, em síntese, que: a) o Condomínio não oportuniza aos condôminos o pagamento somente da taxa de energia, embora o valor correspondente venha descriminado no boleto mensal devido pelos moradores; b) há outras formas de se obter a quitação da cota condominial, que não a autotutela, esta consubstanciada pelo corte de energia elétrica e vedada pelo Ordenamento Jurídico; c) estão presentes os requisitos instituídos pelos artigos 927 e 186 do Código Civil. Ao final, requerem o provimento do recurso para que a r. decisão monocrática seja reformada, restabelecendo-se, em definitivo, o fornecimento de energia na unidade habitacional dos Autores, além de fixar a indenização pelos danos morais que alegam terem suportado.

Preparo comprovado à fl. 159.

Recurso recebido no duplo efeito (fl. 161). Contrarrazões apresentadas às fls. 168/179. É o relatório.

votos

Des. Getúlio de Moraes Oliveira (Relator) – Presentes os pressupostos de admis-

sibilidade, conheço do recurso.

Trata-se de apelação interposta por A.G.D. E OUTROS diante da r. sentença que, nos autos da Ação Cominatória c/c Indenização por Danos Morais, julgou improcedente os pedidos formulados na petição inicial e condenou os Autores ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 800,00 (oitocentos reais).

Alegam os Recorrentes, em síntese, que: a) o Condomínio não oportuniza aos condôminos o pagamento somente da taxa de energia, embora o valor correspondente venha descriminado no boleto mensal devido pelos moradores; b) há outras formas de se obter a quitação da cota condominial, que não a autotutela, esta consubstanciada pelo corte de energia elétrica e vedada pelo Ordenamento Jurídico; c) estão presentes os requisitos instituídos pelos artigos 927 e 186 do Código Civil.

Ao final, requerem o provimento do recurso para que a r. decisão monocrática seja reformada, restabelecendo-se, em definitivo, o fornecimento de energia na unidade habitacional dos Autores, além de fixar a indenização pelos danos morais que alegam ter suportado.

Tenho que assiste parcial razão aos Apelantes.

Com efeito, não é facultado ao condomínio interromper o fornecimento de energia elétrica para obrigar o condômino a adimplir dívidas referentes às taxas condominiais, pois tal conduta configura exercício arbitrário das próprias razões. Ao Recorrido compete cobrar a dívida pelas vias ordinárias, sem se valer de qualquer medida coercitiva que suspenda o fornecimento do serviço tido como essencial, como no caso dos autos.

Some-se a tal fato que, em se tratando de débito de natureza condominial, a obrigação é de natureza propter rem, ou seja, se vincula ao imóvel, de modo que tem o Apelado uma garantia e privilégio que certamente o colocam em situação privilegiada na cobrança e execução destas verbas.

Nesse sentido, já se posicionou esta Corte:

CONDOMÍNIO. CORTE NO FORNECIMENTO DE LUZ POR INADIMPLÊNCIA. IM- POSSIBILIDADE. PROPORCIONALIDADE.

INTERESSE DE AGIR. FORMA DE COBRANÇA. ATO INTERNA CORPORIS. RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA TEMÁTICA COM O RECURSO PRINCIPAL.

1. Não é lícito ao condomínio interromper os serviços de fornecimento de ener- gia por dívida da unidade em face da existência de outros meios legítimos de cobrança de débitos não pagos. É ilegítima a conduta em análise por configu- rar uma verdadeira hipótese de autotutela, medida excepcional ante o mono- pólio da jurisdição nas mãos do Estado-Juiz.

2. A jurisprudência caminha no sentido de coibir sanções, que, por via oblíqua, objetive o pagamento de tributo, gerando a restrição a direitos. Se o Poder Judiciário vem glosando atitudes assemelhadas adotada reiteradas vezes pela Administração Pública, com muito mais razão, deve impedir que o particular atue de forma desarrazoada.

3. A subordinação do recurso adesivo, previsto no art. 500, inciso III, do Códi- go de Processo Civil, é a de existência e de juízo de admissibilidade positivo do recurso principal. A lei não exige que a matéria objeto do recurso adesivo esteja relacionada com a do recurso principal, sendo descabida a existência de vinculação de mérito entre os dois recursos.

4. A única forma que tem o autor da ação para ver resolvido o problema posto é através da tutela estatal. Sendo necessária e útil a providência jurisdicional solicitada com a adequação do meio utilizado para obtenção da tutela, está presente o interesse processual.

5. A forma de cobrança realizada pelo condomínio, taxa principal de forma separada com a despesa de fornecimento de luz, é matéria que não constitui objeto passível de análise na via eleita, porquanto não cabe ao judiciário in- vadir assunto interna corporis. Trata-se de ato de competência administrativa privativa da assembleia-geral.

6. Agravos retidos conhecidos e não providos. Rejeitada a preliminar de falta de interesse de agir do autor. Negou-se provimento à apelação principal e ao recurso adesivo. (Acórdão 414104, 20080110139164APC, Relator: FLAVIO ROSTIROLA, Revisor: VERA ANDRIGHI, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 25/03/2010, Publicado no DJE: 13/04/2010. Pág.: 102)

“DIREITO CIVIL. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIMENTO. ARTIGO 4ª DA LEI FEDERAL 1.060/50. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACOLHIMENTO DA INSTÂNCIA A QUO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. CON- TRATO DE ARRENDAMENTO. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. (...)

Ao constatar o inadimplemento, cabe ao credor recorrer às vias judiciais a fim de ter o seu crédito satisfeito, a fim de que sua conduta não se constitua como exercício arbitrário das próprias razões. Apelação conhecida e parcialmente provida. Recurso adesivo conhecido e parcialmente provido.”

(20050110958490APC, Relator ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, julgado em 01/08/2007, DJ 30/08/2007 p. 108).

Todavia, entendo que não há danos morais a serem indenizados.

O corte na energia elétrica ocorreu em razão do comportamento indevido dos Recorrentes, os quais descumprem a obrigação de pagar as cotas do condomínio de modo reiterado, conforme prova documental elencada. Desse modo, não lograram demonstrar qualquer violação a direito da personalidade, passível de reparação civil.

A jurisprudência deste TJDFT é uníssona neste mesmo ponto, in verbis:

“(...) DANOS MATERIAIS, MORAIS E LUCROS CESSANTES (...) PEDIDO IMPROCEDENTE (...)

2 – Desses mesmos fatos não se extrai o ato ilícito que necessariamente deve informar o dano moral. ‘O dever de indenizar representa por si a obrigação fundada na sanção do ato ilícito’ (cf. Yussef Said Cahali. Dano moral. 2ª edição RT. 1.998/p. 37), sendo improcedente o pedido de indenização a esse respeito. 3 – Para a reparação por dano moral não basta a comprovação dos fatos que contrariaram o autor. É preciso que deles decorra ofensa aos direitos funda- mentais. O que se permite indenizar não é o dissabor experimentado nas con- tingências da vida, mas as invectivas que aviltam a honra alheia, causando

dano efetivo (...).” (ACJ 2003.01.1.026546-0. Relator: Antoninho Lopes. Publi- cação no DJU em 30/04/2004. p. 189).

DIREITOS CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO. INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. ARTIGOS 130 E 131 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONDOMÍNIO. INADIMPLEMENTO DE CONDÔ- MINO. CORTE DE ENERGIA ELÉTRICA. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. DANOS MORAIS. VIOLAÇÃO A DIREITO FUNDAMENTAL. INEXISTÊNCIA. Nos termos do artigo 130, do Código de Processo Civil, cabe ao magistrado, “de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à ins- trução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protela- tórias.” Ademais, segundo preceitua o artigo 131, do CPC, “o juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos au- tos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.”

Ao constatar o inadimplemento, cabe ao credor recorrer às vias judiciais a fim de ter o seu crédito satisfeito, a fim de que sua conduta não se constitua como exercício arbitrário das próprias razões.

Para se cogitar dano moral, é indispensável a ofensa à personalidade, a lesão aos direitos fundamentais capaz de causar sofrimento. Isso porque o dano mo- ral somente pode ser fixado quando houver lesão a um dos direitos fundamen- tais, ocasionando sofrimento ao indivíduo.

Agravo retido conhecido e não provido. Apelação conhecida e não provida. (Acórdão 475702, 20090410022872APC, Relator: ANA MARIA DUARTE AMA- RANTE BRITO, Revisor: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 19/01/2011, Publicado no DJE: 03/02/2011. Pág.: 178)

Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso, apenas para que seja restabelecido, em definitivo, o fornecimento de energia elétrica na unidade habitacional dos Autores.

Os ônus decorrentes dos honorários de sucumbência deverão ser partilhados entre as partes, pois, consoante dispõe o artigo 21 do Código de Processo Civil, “se

cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas”.

É como voto.

Des. Otávio Augusto (Revisor) – Com o Relator. Des. Silva Lemos (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Conhecer. Dar parcial provimento ao recurso. Unânime.

apelação cível

2011011082833-0 Relator – Des. Angelo Canducci Passareli Quinta Turma Cível

ementa

Direito civil e processual civil. Preliminar de intempestividade do recurso. Rejei-

ção. Ação de exoneração de alimentos. Maioridade civil. Alimentando recolhido em estabelecimento prisional. Sentença reformada.

No documento rdj104 (páginas 110-118)