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Recurso não provido.

No documento rdj104 (páginas 149-155)

ii – do recurso da autora

4. Recurso não provido.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Cruz Macedo – Relator, Fernando Habibe – Revisor, Arnoldo Camanho de Assis – Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador

Fernando Habibe, em proferir a seguinte decisão: negar provimento ao recurso, unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 26 de fevereiro de 2014.

relatório

Trata-se de recurso de apelação interposto por ASSOCIAÇÃO UNIFICADA PAULISTA DE ENSINO RENOVADO OBJETIVO – ASSUPERO em face da r. sentença proferida pelo Juízo da Quarta Vara Cível de Brasília (fls. 88/93) que, nos autos da ação de reparação de danos morais movida por C.F. DA S.S., julgou procedente o pedido para condenar a ré a pagar à autora o importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a título de indenização por danos morais, acrescidos de correção monetária, a partir da data da sentença, e de juros de mora de 1% (um por cento), a partir do evento danoso.

A requerida foi condenada ainda a arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação. Em suas razões (fls. 95/108), sustenta a apelante que as palavras proferidas pelo professor possuíam um tom anedótico e jocoso, o que não configura danos morais, além de ser a autora pessoa adulta que não pode se deixar abalar por situações como aquela descrita nos autos, mormente em se considerando tratar-se de palavras “comuns e corriqueiras na sociedade brasileira” (fl. 99).

Discorre sobre o longo tempo transcorrido desde o fato até a interposição da presente lide, alegando que tal fato demonstra que a autora não sofreu os danos morais descritos.

Prossegue aduzindo que os danos morais se caracterizam somente em constrangimentos acima da normalidade, o que não se comprovou na espécie. Colaciona precedentes jurisprudenciais que entende amparar sua tese.

Por fim, impugna o valor fixado na r. sentença a título indenizatório, sustentando ser exorbitante, em franca ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

Requer o provimento do recurso para que seja reformada a r. sentença, excluindo-se a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, ou, alternativamente, seja reduzido o montante arbitrado na condenação.

Contrarrazões às fls. 114/117, pugnando pela confirmação da r. sentença. Preparo regular à fl. 110.

É o relatório.

votos

Des. Cruz Macedo (Relator) – Presentes os pressupostos de admissibilidade, co-

nheço do recurso. Irretocável a r. sentença.

Com efeito, do conjunto probatório trazido aos autos, infere-se a ocorrência das ofensas verbais perpetradas pelo professor em desfavor da apelada, na presença de diversas pessoas, eis que se encontravam as partes em ambiente de ensino. Embora negue a recorrente, a testemunha demonstra que o professor proferiu diversas palavras de baixo calão referindo-se à apelada, de modo bastante ofensivo e em tom de voz alterado, conforme depoimento de fl. 73, restando, pois, indene de dúvidas o ato lesivo praticado pelo Requerido.

A dinâmica dos fatos, ao invés de corroborar com a tese da apelante – de que se tratava de palavras jocosas e anedóticas – demonstra somente o despreparo emocional do profissional para lidar com situações corriqueiras ao ambiente de ensino, principalmente em se tratando de revisão de prova, ao qual já deveria estar acostumado. Ora, é de sabença comum que um professor atuante, na qualidade de docente, deve estar preparado para lidar com diversas situações de stress, acima da normalidade.

Entendo que a autora agiu dentro de seu direito, ao pleitear a revisão da menção atribuída à sua prova, enquanto o professor, por sua vez, sem qualquer justificativa plausível, passou a proferir palavras de baixo calão, quais sejam: “Se você quer moleza, senta no pau do M., com todo respeito a ele, pois é meu chefe”, que

caracterizaram ato ilícito, estando presente, portanto, a obrigação de indenizar, nos termos do que dispõe a legislação.

Na espécie, tenho que restaram demonstrados os fundamentos suficientes à imposição do dever de reparar, caracterizados pela situação que infligiu à autora a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo da normalidade, interferiu no comportamento psicológico do indivíduo, causando aflições, angústia e desequilíbrio no seu bem estar, bem como o nexo de causalidade pela conduta do Réu.

O dano moral em si independe de prova. Presumem-se os danos morais experimentados pela Autora, cuja caracterização se satisfaz com a mera ocorrência do ato ilícito, não sendo necessária a demonstração efetiva do prejuízo.

Já se manifestou o c. STJ no sentido de que: “a jurisprudência desta Casa está consolidada no sentido de que na concepção moderna da reparação do dano moral prevalece a orientação de que a responsabilidade do agente se opera por força do simples fato da violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo concreto” (Resp 196.024-MG, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ 02.08.99). E mais. “Está assentado na jurisprudência da Corte que “não há falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam”. (Resp 204.786-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 12.02.2001).

Em casos análogos, assim decidiu esta Corte de Justiça:

“(...) A depreciação dos chamados ‘direitos da personalidade’, como móvel do reconhecimento do pedido compensatório moral, resta efetivamente demons- trada, haja vista que foram aviltadas as honras subjetiva e objetiva da parte recorrida, por força dos xingamentos, em público, que lhe foram dirigidos pelo recorrente. Não há como se rotular tais fatos de meros transtornos hodiernos, inerente à vida em sociedade, mesmo porque não é isso que se espera em situações desse jaez, em que a parte recorrente, tomada por raiva incontida, resolve se dirigir ao local de trabalho da recorrida e lhe propagar impropérios injustificados, evidenciando-se, desta feita, ato ilícito com potencialidade lesi- va suficiente a desarticular os seus vetores morais. (...) (20090310249502ACJ, Relator ARILSON RAMOS DE ARAUJO, PRIMEIRA TURMA RECURSAL DOS JUI-

ZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF, julgado em 30/08/2010, DJ 02/09/2010 p. 281)” [destaques não constantes do original]

“CIVIL. DANO MORAL. PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. INDENIZAÇÃO. 1. O em- prego de palavras de baixo calão afeta os sentimentos do ofendido, propor- cionando a esse um abalo emocional, eis que atinentes à honra subjetiva e a dignidade. 2. O quantum indenizatório para compensação de dano moral não se sujeita a regras preestabelecidas. Deve prevalecer o bom senso do julgador, atento ao binômio reparação-prevenção. Apelo provido. Unânime. (20010710101485APC, Relator VALTER XAVIER, 1ª Turma Cível, julgado em 19/05/2003, DJ 29/10/2003 p. 38)” [destaques não constantes do original]

A indenização do dano moral tem o caráter não só de compensar a dor, mas também de penalização e de prevenção para evitar a reincidência. Tal compensação deve ser fixada levando-se em conta a situação econômica das partes e a culpa do ofensor, bem como a repercussão do dano na vida do ofendido.

Conforme já me manifestei, entendo que a indenização por danos morais, como registra a boa doutrina e a jurisprudência pátria, há de ser fixada tendo em vista dois pressupostos fundamentais, a saber, a proporcionalidade e razoabilidade da condenação em face do dano sofrido pela parte ofendida, de forma a assegurar- se a reparação pelos danos morais experimentados, bem como a observância do caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o adequado exame das circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor e a exemplaridade – como efeito pedagógico – que há de decorrer da condenação. Nesse quadro, entendo que se mostra adequada a indenização fixada pela r. sentença no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), patamar que se mostra adequado a satisfazer a justa proporcionalidade entre o ato ilícito e o dano moral sofrido pela autora, subsumindo-se aos princípios acima descritos, eis que fixada em patamar equilibrado, prestando-se assim ao caráter compensatório e inibidor a que se propõe a ação de reparação por danos morais, nos moldes estabelecidos na Constituição.

Ressalte-se que não há falar em afastar a condenação ou mesmo reduzir o montante fixado em razão de a autora somente ter ajuizado a ação após dois anos do fato, eis que o Código Civil, em seu art. 206, § 3º, inciso V, lhe assegura o prazo

de 03 (três) anos para tanto, sem qualquer ressalva, sendo, portanto, descabida tal assertiva.

Desse modo, a r. sentença não está a merecer qualquer reparo.

dispositivo

Com tais fundamentos, nego provimento ao recurso, mantendo incólume a r. sentença.

É como voto.

Des. Fernando Habibe (Revisor) – Com o Relator. Des. Arnoldo Camanho de Assis (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Negar provimento ao recurso, unânime.

apelação cível

2012061003715-0

Relator – Des. Teófilo Caetano Primeira Turma Cível

ementa

Civil e processual civil. Ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de

danos. Parcelamento irregular do solo. Condomínio Alto da Boa Vista. Unidades. Comercialização. Situação em área de proteção permanente. Área de Proteção de Manancial – APM Mestre D’armas. Aquisição. Frustração. Realocação da unidade. Inviabilidade. Rescisão do negócio. Indenização. Perdas e danos. Compreensão. Alcance. Importe equivalente a unidade similar em condições de uso e fruição. Termo de Ajustamento de Conduta – TAC. Celebração pela vendedora. Descum- primento. Ação. Alcance restrito aos litigantes. Interesse público. Inexistência. Competência. Justiça comum. Litisconsórcio necessário. Inserção de outros condô- minos na relação processual. Descabimento. Provas. Desnecessidade. Julgamento antecipado. Agravos retidos desprovidos.

No documento rdj104 (páginas 149-155)