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Recurso desprovido.

No documento rdj104 (páginas 184-190)

ii – do recurso da autora

3. Recurso desprovido.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Mário-Zam Belmiro – Relator, Nídia Corrêa Lima – Revisora, Getúlio de Moraes Oliveira – 1º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Mário-Zam Belmiro, em proferir a seguinte decisão: conhecer. Negar provimento ao recurso. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 9 de Abril de 2014.

relatório

Cuida-se de recurso de apelação (fls. 78/83) interposto de sentença (fls. 74/76) prolatada pelo MM. Juiz de Direito da Segunda Vara de Família e de Órfãos e

Sucessões da Circunscrição Judiciária do Gama que, nos autos da ação de alimentos ajuizada por J.N. em desfavor do filho I.N.M., julgou procedente o pedido para condenar o réu a pagar alimentos à autora no valor correspondente a 10% (dez por cento) dos seus rendimentos brutos, deduzidos os descontos compulsórios. Em suas razões de apelo, o réu suscita preliminar de nulidade de sentença por falta de citação dos demais irmãos em litisconsórcio necessário. No mérito, alega ser incapaz de contribuir sem prejuízo do seu próprio sustento e ressalta que, embora a requerente necessite, possui renda mensal de R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais).

Contrarrazões apresentadas às fls. 85/88, pugnando pelo desprovimento do recurso.

O ilustre representante ministerial oficiou, em parecer (fls. 93/97), pelo não provimento do apelo.

É o relatório.

votos

Des. Mário-Zam Belmiro (Relator) – Conheço do recurso, presentes os requisitos

legais.

Cuida-se de apelo interposto em face da r. sentença prolatada nos autos da ação de alimentos, por meio da qual o douto julgador monocrático julgou procedente o pedido para condenar o réu a pagar alimentos à autora no valor correspondente a 10% (dez por cento) dos seus rendimentos brutos, deduzidos os descontos compulsórios.

Em suas razões de apelo, o réu suscita preliminar de nulidade de sentença por falta de citação dos demais irmãos em litisconsórcio necessário. No mérito, alega ser incapaz de contribuir sem prejuízo do seu próprio sustento e ressalta que, embora a requerente necessite, possui renda mensal de R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais).

De início, analiso a preliminar de nulidade da r. sentença por falta de citação dos demais irmãos do réu, ora apelante, em litisconsórcio necessário, e concluo que a preliminar não tem cabimento, haja vista que a citação dos demais filhos para compor a lide é facultativa.

In casu, o polo passivo é opção exclusiva do demandante dos alimentos que, por sua vez, arca também com o ônus de ter selecionado quantia inferior de obrigados, pois poderia demandar em desfavor de todos.

Assim, fica jungido à possibilidade daquele que acionou possuir possibilidade de prestar alimentos.

Ainda mais, a fim de justificar a faculdade do litisconsórcio, os filhos não possuem entre si vínculo de obrigação solidária determinada por lei ou contrato em relação ao sustento dos genitores.

De sorte que rejeito a preliminar de nulidade da r. sentença por falta de citação dos demais irmãos em litisconsórcio necessário.

No mérito, melhor sorte não socorre o apelante, porquanto ficou demonstrada a necessidade da alimentada e a possibilidade do alimentante.

Conforme consignado na r. sentença, a autora tem mais de 63 (sessenta e três) anos e possui gastos elevados com medicamentos, enquanto o réu tem capacidade contributiva, uma vez que exerce a função de agente de saneamento (fl. 39), embora tenha o rendimento líquido comprometido com diversos empréstimos em benefício próprio.

De mesma conclusão, merece destaque, permissa venia, trecho do bem elaborado parecer ministerial, verbis:

O acervo probatório evidenciou que o apelante realmente é servidor público, contudo recebe renda bruta mensal em torno de R$ 2.965,48 (fls. 28, 69), sen- do que também logrou comprovar que paga alimentos para a filha do primeiro casamento no importe de 15% dos seus rendimentos.

Em sua defesa, o recorrente assinala que formou nova família e possui gastos de plano de saúde consigo mesmo – ressaltando que se trata de pessoa com

deficiência visual – e com os enteados, arcando também com outras dívidas contraídas em prol do lar.

Com efeito, a necessidade da genitora é incontestável. Os seus rendimentos no valor de R$ 450,00 são apenas um pouco mais que a metade de um salário- -mínimo.

Nessa esteira, não há como negar o dever de prestação de alimentos do filho que possui capacidade financeira para colaborar com genitora que já figura em idade avançada, incapaz de prover o próprio sustento e propensa a todas as enfermidades decorrentes da velhice.

O estudo sobre a existência da obrigação, por óbvio, deve partir da lei, e, nesse sentido, o art. 1.694 do Código Civil é expresso quanto a existência do dever alimentar entre pais e filhos que deles necessitam para a sobrevivência, verbis: Art. 1696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

Pois bem. Considerando a ponderação do binômio necessidade-possibilidade, observa-se que a sentença não merece reparos, porquanto o valor da pres- tação alimentícia reverenciou, prudentemente, tanto as necessidades da ali- mentada bem como a capacidade financeira do alimentante para adimplir a obrigação sem causar-lhe instabilidade financeira.

Em linhas gerais, a questão é que o direito civil busca no dever de solidarieda- de entre os ascendentes e descendentes, a segurança e estabilidade das rela- ções pessoais e familiares, sem olvidar o fato de que a própria razão de ser da família se funda em laços afetivos e de proteção.

Por oportuno, não é demais registrar que o apelante, filho da alimentada, tra- ta-se de pessoa com deficiência visual, filho este – que como disse a recorrida – demandou cuidados especiais durante o crescimento pelas limitações físicas. Destarte, não se pode negar que o resultado deste cuidado materno projeta- -se, nitidamente, na vida social e profissional do recorrente que, não obstante todas as limitações, hoje é independente, pai de família, provedor de um lar e

servidor público, pessoa suficientemente capaz de auxiliar materialmente a genitora nesta fase da vida.

Observa-se o entendimento desta Casa:

DIREITO CIVIL – AÇÃO DE ALIMENTOS – MÃE IDOSA PLEITEIA EM DESFAVOR DA FILHA MAIOR – LAÇO SOCIOAFETIVO SUPRIDO NA INTEGRALIDADE PELA AVÓ MATERNA – ART. 1695 E 1696 DO CÓDIGO CIVIL – ALIMENTOS DEVIDOS – CONTRIBUIÇÃO QUE ASSEGURE A SUBSISTÊNCIA MÍNIMA DA AUTORA – SI- TUAÇÃO DE PENÚRIA – SALÁRIO-MÍNIMO, VALOR ADEQUADAMENTE FIXADO – RECURSO ADESIVO E DE APELAÇÃO DESPROVIDOS.

1 – Nas relações de parentesco, o art. 1.695 do Código Civil prevê que os ali- mentos são devidos quando quem os pretende não tem condições de prover a própria subsistência e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los. 2 – O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensi- vo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros, conforme prevê a dicção do art. 1696 da Lei Civil. 3 – Certifica-se que a genitora, 1ª Apelante, menciona que vem passando por sérias dificuldades, sem meios financeiros para satisfazer suas necessidades básicas, como alimentar-se e vestir-se.

4 – O dever de alimentar surge da mera comprovação do parentesco, não po- dendo ser elidida pela filha, mesmo tendo comprovado que durante toda a sua vida foi a avó quem lhe supriu os laços afetivos, psicológicos e materiais. Todavia, sua especificação deve atender o binômio necessidade de quem os pleiteia e possibilidade financeira da pessoa obrigada.

5 – Com fulcro na contribuição que assegure a subsistência mínima da auto- ra, vejo que o patamar estipulado na r. sentença em 1 (um) salário-mínimo mostra-se adequado, visto que não houve qualquer cuidado da genitora para promover a criação e formação da sua única filha, conforme se depreende do extenso acervo probatório contido nos autos.

6 – Recurso adesivo e de apelação desprovidos. Unânime.

(Acórdão 709740, 20060110542066APC, Relator: ROMEU GONZAGA NEIVA, Revisor: ANGELO CANDUCCI PASSARELI, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 04/09/2013, Publicado no DJE: 11/09/2013. Pág.: 124).

Nesses termos, comprovada a privação dos bens necessários pela mãe do apelante, idosa de 63 (sessenta e três anos), bem como a possibilidade do recorrente para contribuir com 10% (dez por cento) dos seus rendimentos brutos, abatidos os descontos compulsórios, sem reparos a r. sentença recorrida que o condenou a prestar alimentos à genitora.

Forte em tais fundamentos, nego provimento ao recurso. É o meu voto.

Desa. Nídia Corrêa Lima (Revisora) – Com o Relator. Des. Getúlio de Moraes Oliveira (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Conhecer. Negar provimento ao recurso. Unânime.

apelação cível

2011011128105-6 Relator – Des. Waldir Leôncio Lopes Júnior Segunda Turma Cível

ementa

Ação cominatória. Internação de casal de idosos em instituição de longa perma-

nência. Antecipação dos efeitos da tutela. Deferimento e cumprimento. Subsistên- cia do interesse na obtenção de decisão de mérito. Sentença extintiva. Cassação. Recurso dos autores provido. Pedido julgado procedente.

No documento rdj104 (páginas 184-190)