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Negou-se provimento aos apelos.

No documento rdj104 (páginas 125-129)

apelação cível

5. Negou-se provimento aos apelos.

acórdão

Acordam os Senhores Desembargadores da 1ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Flavio Rostirola – Relator, Teófilo Caetano – Revisor, Simone Lucindo – Vogal, sob a presidência da Senhora Desembargadora Simone Lucindo, em proferir a seguinte decisão: conhecer dos apelos e negar provimento, unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 9 de abril de 2014.

relatório

Na instância de origem, M. DAS G.L. ajuizou ação de indenização por danos morais contra PLURAL EDITORA E GRÁFICA LTDA.

Narrou a Autora, na inicial, que, na qualidade de servidora pública federal, em exercício do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, atuou no acompanhamento e fiscalização da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio de 2009, ficando responsável apenas pela distribuição, transporte e entrega do “Kit Enem/2009”, que foi encaminhado às escolas antes da realização das provas pelos estudantes.

No entanto, o sucesso na entrega dos kits não foi repetido no exame, porquanto, por erro da parte ré houve vazamento do conteúdo das provas, fato trazido à tona pela imprensa brasileira. A ré teria, então, na tentativa de se defender, apresentado à imprensa carta endereçada ao Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção, na qual a demandante teria elogiado o sucesso da impressão e entrega de kits Enem/2009.

Argumenta que, ao agir assim, a ré, buscando afastar a culpa que lhe era imputada, apontou para todo o país que a autora teria chancelado as falhas ocorridas na produção da prova. Essa situação resultou em manifestas retaliações à Autora em seu órgão, tendo sido acusada de abuso de competência e relegada a serviços de menor envergadura, o que resultou em graves crises de fibromialgia e depressão.

De tal sorte, requereu a condenação da Requerida ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais).

Ao analisar a questão, a augusta magistrada da Nona Vara Cível da Circunscrição Judiciária de Brasília/DF julgou procedente o pedido da Requerente nos seguintes termos (fls. 272):

“Forte nessas razões, nos termos do art. 269, I, do CPC, resolvo o mérito e julgo procedente o pedido para condenar Plural Editora e Gráfica Ltda. à compensa- ção a titulo de danos extrapatrimoniais, no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), devidamente corrigido e atualizado monetariamente, conforme o INCC, desde o arbitramento (En. 362 da súmula do STJ) e com juros moratórios de 1% ao mês (art. 406, CC c/c art. 161, CTN), a partir do evento danoso (Enuncia- dos de súmula 43 e 54 do STJ).”

Inconformadas, ambas as partes apelam.

As razões de apelação da Requerida foram apresentadas às fls. 274/286, com o respectivo preparo à fl. 287. Defende a licitude de sua conduta, porquanto teria enviado apenas um trecho da referida carta, na qual sequer constava o nome da autora, nem lhe foi feita qualquer alusão. Outrossim, a publicação em jornal de alto renome se deu por terceiro, uma vez que a requerida somente deu causa à publicação em seu próprio site.

Esclarece, ainda, que ao fazer referência à aludida carta, pretendia a apelante deixar claro que o trabalho desempenhado pela empresa havia sido, então recentemente, elogiado pelo próprio Ministério da Educação. E tal referência era importante, pois no calor dos acontecimentos – descoberta da fraude nas provas ENEM – poderia ocorrer alguma ilação envolvendo o nome da apelante. Por cautela, então, pareceu à apelante ser imprescindível que fosse feita menção à carta do Ministério da Educação – sem qualquer referência a nomes – em que sua atividade anterior fora elogiada (fl. 279).

Apelação da Autora às fls. 288/292, com o preparo à fl. 293. Em suma, requer a majoração do quantum fixado a título de danos morais, ressaltando que a dimensão da ofensa foi nacional e teria levado a cabo sua reputação no órgão em que milita há décadas.

Contrarrazões da Autora às fls. 297/300 e da Requerida às fls. 302/311, oportunidade em que este repisa a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido.

É o relatório.

votos

Des. Flavio Rostirola (Relator) – Presentes os pressupostos de admissibilidade,

conheço dos recursos e passo a analisá-los conjuntamente.

Consoante exposto no relatório, cuida-se, na origem, de ação de indenização por danos morais ajuizada por M. DAS G.L. contra PLURAL EDITORA E GRÁFICA LTDA., em razão de suposta ofensa praticada na veiculação de matéria jornalística. Narra a Autora, na inicial, que, na qualidade de servidora pública federal, em exercício do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, atuou no acompanhamento e fiscalização da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio de 2009, ficando responsável apenas pela distribuição, transporte e entrega do “Kit Enem/2009”, que foi encaminhado às escolas antes da realização das provas pelos estudantes.

No entanto, o sucesso na entrega dos kits não foi repetido no exame, porquanto, por erro da parte ré houve vazamento do conteúdo das provas, fato trazido à tona pela imprensa brasileira. A ré teria, então, na tentativa de se defender, apresentado à imprensa carta endereçada ao Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção, na qual a demandante teria elogiado o sucesso da impressão e entrega de kits Enem/2009.

Argumenta que, ao agir assim, a ré, buscando afastar a culpa que lhe era imputada, apontou para todo o país que a autora teria chancelado as falhas ocorridas na produção da prova. Essa situação resultou em manifestas retaliações à Autora em seu órgão, tendo sido acusada de abuso de competência e relegada a serviços de menor envergadura, o que resultou em graves crises de fibromialgia e depressão. De tal sorte, requereu a condenação da Requerida ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais).

Por sua vez, a Requerida defende a licitude de sua conduta, sob o argumento de que teria enviado apenas um trecho da referida carta, na qual sequer constava o nome da autora, nem lhe foi feita qualquer alusão. Outrossim, a publicação em jornal de alto renome se deu por terceiro, uma vez que a requerida somente deu causa à publicação em seu próprio site.

Esclarece, ainda, que ao fazer referência à aludida carta, pretendia a apelante deixar claro que o trabalho desempenhado pela empresa havia sido, então recentemente, elogiado pelo próprio Ministério da Educação. E tal referência era importante, pois no calor dos acontecimentos – descoberta da fraude nas provas ENEM – poderia ocorrer alguma ilação envolvendo o nome da apelante. Por cautela, então, pareceu à apelante ser imprescindível que fosse feita menção à carta do Ministério da Educação – sem qualquer referência a nomes – em que sua atividade anterior fora elogiada (fl. 279).

No documento rdj104 (páginas 125-129)