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NÃO HÁ A SUSCITADA INCOMPATIBILIDADE ENTRE O ART 412, OU MESMO O ART 413, AMBOS DO CÓDIGO CIVIL, E O ART 109 DA LEI 9.613/1998, VEZ

No documento rdj104 (páginas 104-110)

apelação cível

3. NÃO HÁ A SUSCITADA INCOMPATIBILIDADE ENTRE O ART 412, OU MESMO O ART 413, AMBOS DO CÓDIGO CIVIL, E O ART 109 DA LEI 9.613/1998, VEZ

QUE NÃO SE VISLUMBRA O CONFLITO DE NORMAS. NOTE-SE QUE NÃO SE ESTÁ EXCLUINDO A MULTA DECORRENTE DO NÃO RECOLHIMENTO DO VALOR REFERENTE À UTILIZAÇÃO DE OBRAS MUSICAIS, E SIM A LIMITANDO, COMO BEM VEIO POR DISCIPLINAR O CÓDIGO CIVIL, SOB PENA DE SE DAR AZO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA SOCIEDADE EM TELA, PONTO ESTE RECHAÇADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO. 4. APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO NÃO PRO- VIDOS. SENTENÇA MANTIDA.”

(Acórdão 278754, 2005071001186-5 APC, rel. Des. FLAVIO ROSTIRO- LA, 1ª Turma Cível, julgado em 18/07/2007, publicado no DJE Seção 3 de 23/08/2007, p. 89, grifos inexistentes no original).

Esse também o entendimento da e. Corte Superior:

“AGRAVOS REGIMENTAIS NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO AUTO- RAL. INDENIZAÇÃO. MULTA DO ART. 109 DA 9.610/1998. DECISÃO AGRAVADA. MANUTENÇÃO.

1 – Não pode o Poder Judiciário fixar o valor dos direitos autorais. Os titulares ou suas associações, que mantêm o ECAD, é que podem fixar os valores para a cobrança dos direitos patrimoniais decorrentes da utilização das obras inte- lectuais, como decorre da disciplina positiva. Precedentes.

2 – A aplicação da elevada multa prevista no artigo 109 da Lei 9.610/1998 demanda a existência de má-fé e intenção ilícita de usurpar os direitos auto- rais, o que não se pode extrair do acórdão recorrido, no caso dos autos. 3 – Agravos Regimentais improvidos.”

(AgRg no AREsp 233232/SC, rel. Min. SIDNEI BENETI, 3ª Turma, julgado em 18/12/2012, publicado no DJE de 04/02/2013, grifos inexistentes no original).

Na hipótese dos autos, está demonstrada a existência de má-fé, haja vista os encarregados pela campanha eleitoral da candidata ao Governo do Distrito Federal possuírem conhecimento da existência da obra musical e de sua autoria, já que haviam participado do referido almoço na churrascaria, no qual o apelado expôs a composição, e que, mesmo sem qualquer autorização deste ou sequer avisá-lo a respeito, utilizaram a obra para execução pública em carro de som contratado para a campanha eleitoral, havendo, no caso, ofensa deliberada ao direito do autor (fl. 335). Assim, comprovada a autoria da obra musical e o uso desta em campanha eleitoral, seria necessária a prévia autorização, por meio de expressa e escrita cessão de direitos por parte do compositor, para sua utilização em execução pública e uso em campanha. Diante disso, posto não autorizado, o uso foi indevido, cabendo a aplicação das penalidades da Lei dos Direitos Autorais.

Desse modo, correta a aplicação da multa do art. 109 da Lei 9.610/98, por ter sido realizada a execução musical em desacordo com o disposto no art. 68 do mesmo diploma, devendo a condenação ser mantida.

Quanto ao valor fixado (15 vezes), observa-se que está aquém do valor consignado na lei, qual seja, vinte vezes o valor que deveria ser originariamente pago pela obra. Por outro lado, observa-se a possibilidade de redução do valor imposto a título de multa apenas quando este se mostra excessivo e desarrazoado, e não proporcional em relação ao caso concreto, o que não se verifica no presente processo, devendo também ser mantido o valor fixado a título de multa.

Em relação ao pedido de reforma da r. sentença quanto à condenação por danos morais, este também não merece prosperar, pois, conforme já assentado alhures, houve o uso indevido de obra musical de autoria do apelado, o que consubstancia violação a direito moral do autor, ensejando, portanto, a compensação pelo dano sofrido.

Quanto à indenização a título de danos morais em decorrência de violação aos direitos do autor, a jurisprudência também consagra essa possibilidade e assim se manifesta:

“APELAÇÃO – DIREITO AUTORAL – FOTOGRAFIA – DANO MORAL RECONHECIDO – DANO MATERIAL NÃO DEMONSTRADO – MAJORAÇÃO DO DANO MORAL ACO-

LHIDA PARCIALMENTE. 01. HÁ OFENSA NO DIREITO AUTORAL, A REPRODUÇÃO DE RETRATOS OU DA IMAGEM, FEITOS SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AU- TOR. 02. “A SIMPLES CIRCUNSTÂNCIA DE AS FOTOGRAFIAS TEREM SIDO PUBLI- CADAS SEM A INDICAÇÃO DE AUTORIA – COMO RESTOU INCONTROVERSO NOS AUTOS – É O BASTANTE PARA RENDER ENSEJO À REPRIMENDA INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS”. (RESP. 750.822/RS, MIN. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJE: 01-03-2010). 03. A MAJORAÇÃO É MEDIDA QUE SE IMPÕE EM RAZÃO DA AM- PLITUDE DA DIVULGAÇÃO INDEVIDA DO MATERIAL FOTOGRÁFICO, INCLUINDO PERIÓDICOS, JORNAIS E OUTDOORS. 04. RECURSO DA PARTE RÉ PREJUDICA- DO. E, DA PARTE AUTORA, PROVIDO PARCIALMENTE. UNÂNIME.”

(Acórdão 483661, 2003011005475-7 APC, rel. Des. ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível, julgado em 17/02/2011, publicado no DJE de 28/02/2011, p. 103, grifos inexistentes no original).

“DIREITO AUTORAL. OBRAS FOTOGRÁFICAS PUBLICADAS SEM INDICAÇÃO DE AUTORIA. DANO MORAL. EXTENSÃO DO CONSENTIMENTO DO AUTOR DA OBRA. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07.

1. Afigura-se despiciendo o rechaço, uma a uma, de todas as alegações dedu- zidas pelas partes, bastando ao órgão julgador que decline as razões jurídicas que embasaram a decisão, não sendo exigível que se reporte de modo especí- fico a determinados preceitos legais.

2. O acórdão recorrido chegou à conclusão de não haver provas suficientes que indicassem a existência de acordo verbal. Com efeito, inviável a averigua- ção da existência de acordo verbal entre as partes, porquanto tal providência encontra óbice na Súmula 07 do STJ.

3. A dúvida quanto aos limites da cessão de direitos autorais milita sempre em favor do autor, cedente, e não em favor do cessionário, por força do art. 49, inciso VI, da Lei 9.610 de 1998.

4. A simples circunstância de as fotografias terem sido publicadas sem a indi- cação de autoria – como restou incontroverso nos autos – é o bastante para render ensejo à reprimenda indenizatória por danos morais.

5. O valor da condenação por danos morais (R$ 15.000,00) deve ser mantido, uma vez não se distanciar dos parâmetros praticados por esta Corte.

6. Recurso especial não conhecido.”

(REsp 750822/RS, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, 4ª Turma, julgado em 09/02/2010, publicado no DJE de 01/03/2010, grifos inexistentes no original).

No que se refere ao valor arbitrado para os danos morais, em que pesem as insurgências das partes, a sentença não merece qualquer reparo neste tocante, uma vez que o juiz foi prudente e preciso na fixação do valor da indenização compensatória dos danos morais.

Acerca do tema, é pacífico que, apesar da falta de critérios objetivos para fixação da indenização por danos morais, esta deve ser pautada pela proporcionalidade e razoabilidade, de sorte que a quantia definida, além de servir como forma de compensação pelo dano sofrido, deve ter caráter sancionatório e inibidor da conduta praticada.

Nesse sentido, além da análise do evento causador do dano, a condenação deve se amparar nas circunstâncias do caso, na capacidade econômica do ofensor e no efeito pedagógico da condenação, servindo como desestímulo à prática de novas condutas lesivas, sem que se caracterize o enriquecimento sem causa para a autora.

Diante desse quadro, a indenização no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixada na sentença, revela-se ponderada e adequada para satisfazer aos parâmetros mencionados.

Sobre o tema, vale conferir os seguintes julgados:

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – LEGITIMI- DADE PASSIVA AD CAUSAM – NEGATIVA DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO – QUANTUM INDENIZATÓRIO MAJORADO

[...] 3. Para o arbitramento do valor da indenização por danos morais devem ser levados em consideração o grau de lesividade da conduta ofensiva e a capaci- dade econômica da parte pagadora, a fim de se fixar uma quantia moderada. [...]..”

(Acórdão 532785, 20100110113286APC, Relator SÉRGIO ROCHA, 2ª Turma Cível, julgado em 31/08/2011, DJ 08/09/2011 p. 80, grifos inexistentes no original).

“APELAÇÃO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. TRATAMENTO DE SAÚDE. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR DO DANO MORAL. [...]

- O valor da indenização por dano à esfera moral do indivíduo comporta juízo subjetivo, eis que inexistentes parâmetros objetivos previamente estabelecidos. - Ao fixar o quantum dos danos morais, deve o Juiz cuidar para que não seja tão alto, a ponto de proporcionar o enriquecimento sem causa, nem tão baixo, a ponto de não ser sentido no patrimônio do responsável pela lesão.

- Negou-se provimento ao recurso.”

(Acórdão 533723, 20070111396190APC, Relator LÉCIO RESENDE, 1ª Turma Cível, julgado em 08/09/2011, DJ 15/09/2011 p. 80, grifos inexistentes no original).

“DIREITO DO CONSUMIDOR. ADMINISTRADORA DE PLANO DE SAÚDE EM GRU- PO. NECESSIDADE DE CIRURGIA DA COLUNA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO. RECUSA INDEVIDA. DANOS MORAIS. [...]

3. O quantum indenizatório fixado a título de danos morais deve atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando, no caso con- creto, a extensão e a gravidade do dano, a capacidade econômica do agente, além do caráter punitivo-pedagógico da medida. Mantido o valor arbitrado pela sentença.

4. Apelo improvido. Sentença mantida.”

(Acórdão 599868, 20120110083907APC, Relator ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS, 4ª Turma Cível, julgado em 27/06/2012, DJ 12/07/2012 p. 136, grifos inexistentes no original).

Ante o exposto, CONHEÇO das apelações, mas NEGO-LHES PROVIMENTO. É como voto.

Des. Alfeu Machado (Revisor) – Com o Relator. Desa. Leila Arlanch (Vogal) – Com o Relator.

decisão

Conhecer e negar provimento a ambos os apelos, unânime.

apelação cível

2013011040638-0 Relator – Des. Getúlio de Moraes Oliveira Terceira Turma Cível

ementa

Civil. Processo civil. Apelação cível. Obrigação de fazer. Indenização. Danos mo-

rais. Condomínio. Corte no fornecimento de luz por inadimplência. Impossibilida- de. Exercício arbitrário das próprias razões. Ônus sucumbenciais. Art. 21 CPC.

No documento rdj104 (páginas 104-110)