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A Nota Promissória

No documento Direito Comercial (páginas 133-143)

Consumo e Títulos de Crédito

4.2 Atributos dos títulos de créditos

4.2.9 A Nota Promissória

Enquanto a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, porque através dela o sacador do título solicita ao sacado o pagamento de uma determinada quantia, a nota promissória é uma promessa de pagamento feita pelo próprio devedor, que se obriga, dentro de certo prazo, ao pagamento de um valor fixado do título.

 Assim, a nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra. Como é emitida pelo próprio devedor, ela passa a ser um título de crédito desde a sua emissão, e o seu beneficiário poderá cobrar o cré- dito a partir do seu vencimento.

Trata-se de um título classificado como autônomo, pois independe da inda- gação da causa que motivou a obrigação. Também podemos afirmar que a nota promissória é um título de modelo livre, pois não está vinculada ao um modelo predefinido. Vejamos um exemplo.

pagarei (emos) por esta única via de NOTA PROMISSÓRIA a,

Aos

ou à sua ordem, a quantia de Nota Promissória nº       A    v     a       l     i     t    s     a     :       N    o     m     e     :       C       P       F    :

vinte dias de dezembro de dois mil e doze

Pagável em Rio de Janeiro / RJ

Rio de Janeiro / RJ, 10 de fevereiro de 2010

Emitente Graciliano Ramos

CPF: 101.011.010-10

Endereço Rua do Comércio, 132

Rio de Janeiro / RJ

Machado de Assis

em moeda corrente nacional.

dez mil reais

Graciliano Ramos 

Quando a nota promissória é emitida, intervêm, necessariamente, duas pes- soas: o emitente que é o devedor, e o beneficiário, que é o credor. Além destes, sem as quais não haveria nota promissória, pode haver o avalista, que se obriga com o emitente, solidariamente, ao pagamento do título e o endossatário.

 A nota promissória está sujeita às mesmas normas aplicáveis às letras de câmbios e, por conseqüência, os requisitos essenciais da nota promissória são semelhantes aos da letra. São requisitos essenciais da Nota Promissória:

• a expressão “nota promissória”;

• a promessa incondicional, de pagar quantia determinada; • o nome do beneficiário da promessa;

• a data e local do saque; • a assinatura do sacador;

Cabe lembrar que, na falta de um dos requisitos supra, o título deixa de ser nota promissória, isto é, deixa de ser um título de crédito.

O pagamento da promissória será feito no tempo indicado no próprio títu- lo. Se não se determina o prazo para pagamento, entende-se que se trata de pro- missória à vista. Como são aplicadas todas as disposições da letra de câmbio à nota promissória, a prescrição é de três anos do credor contra o emitente e o respectivo avalista e, de um ano, a ação contra o endossante.

4.2.10 O Cheque

Cheque* é uma ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco e com a premissa de suficiente provisão de fundos depositados em conta-corrente de titularidade do sacador. A sua grande característica é o fato de ser uma ordem de pagamento à vista e, qualquer cláusula inserida no cheque com o propósito de alterar esta natureza, é considerada não-escrita e, portanto, ineficaz.

CONEXÃO

Para maiores informações sobre o uso de cheque, acesse: http://www.febraban.org.br/ar- quivo/servicos/dicasclientes/dicas3.asp

 A lei que regula o cheque é a Lei nº 7.357/85, chamada Lei do Cheque. É uma espécie de título de modelo vinculado, sendo que o cheque a ser utilizado é o formulário que é emitido pelo próprio banco. Embora seja de natureza vincula- da, a cártula de cheque deve conter os seguintes elementos:

• a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na lín-

gua em que este é redigido;

• a ordem incondicional de pagar quantia determinada;

• o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); • a indicação do lugar de pagamento;

• a indicação da data e do lugar de emissão; e

• a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes

especiais

 A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.

O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar auto- rizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito.  A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque.  A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento. Consideram-se fundos disponíveis: (i) os créditos constantes de conta-corrente bancária não subordinados a termo; (ii) o saldo exigível de conta-corrente contratual; e (iii) a soma proveniente de abertura de crédito.

Pode o sacado, a pedido do emitente, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. Este espécie é de- nominada cheque vistado. A aposição de visto obriga o sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do porta- dor legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais coobrigados.

O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à or- dem’’, é transmissível por via de endosso. O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-escrita qualquer condição a que seja subordinado.

O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado (banco). O aval é lançado no cheque e ex- prime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente. O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente. O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de trinta dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de sessenta dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.

Durante o prazo de apresentação, o emitente pode fazer sustar o pagamen- to, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante ra- zão de direito. Não cabe ao banco julgar da relevância da razão invocada pelo oponente.

O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso do título. O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco.

O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento espe- cial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança.

O emitente, ainda, pode proibir que o cheque seja pago em dinheiro me- diante a inscrição transversal, no anverso do título, da cláusula ‘’para ser cre- ditado em conta’’, ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode proceder a lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que  vale como pagamento. O depósito do cheque em conta de seu beneficiário dis-

pensa o respectivo endosso.

Prescrevem em seis meses, contados da expiração do prazo de apresenta- ção, a ação de execução para a cobrança do cheque. Pode o portador promover a execução do cheque contra o emitente e seu avalista e contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamen- to é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada so- bre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.

O credor do cheque sem fundos pode exigir do sacador a importância do cheque não pago, somados de juros legais e correção monetária desde o dia da apresentação, assim como as despesas que fez para o recebimento do crédito.

4.2.11 A Duplicata

 A duplicata é uma espécie de título de crédito que constitui o instrumento de prova do contrato de compra e venda. Assim, no ato da emissão da fatura de uma compra e venda mercantil a prazo, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação com efeito cambial.

 A duplicata é um título causal, pois se encontra vinculada à relação jurídica que lhe dá origem, ou seja, a compra e venda mercantil a prazo. Também é tí- tulo de forma vinculada, pois sua validade dependerá da observação de modelo adotado pelo sacador.

Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou série de dupli- catas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração pelo acréscimo de letra do alfabeto, em seqüência.

 A duplicata conterá:

• a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; • o número da fatura;

• a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; • o nome e domicílio do vendedor e do comprador;

• a importância a pagar, em algarismos e por extenso; • a praça de pagamento;

• a cláusula à ordem;

• a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-

-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial;

Observem um modelo de duplicata: Data de emissão: Endereço do vendedor: CNPJ: Dados relativos ao vendedor (logomarca) FATURA Nº VALOR POR EXTENSO Em

DATA DO ACEITE ASSINATURA DO SACADO VENCIMENTO VALOR DA DUPLICATA Nº DE ORDEM DA DUPLICATA Inscr. Est.: NOME DO SACADO: ENDEREÇO: PRAÇA DE PAGAMENTO: CNPJ: INSCR. EST.:

Reconheço (emos) a exatição desta duplicata de VENDA MERCANTIL na importância acima que pagarei (emos) a VENDEDOR ou à sua ordem na praça e vencimentos indicados.

 A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de as- sinada, ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate. O prazo para re- messa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão.

 A duplicata deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assi- nada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.

O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:

• avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou

não entregues por sua conta e risco;

•  vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercado-

rias, devidamente comprovados;

• divergência nos prazos ou nos preços ajustados.

É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio

título ou em documento, em separado, com referência expressa à duplicata. Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nele caracterizada.

No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias, diferenças de preço, enga- nos, verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados. Também é admissível reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assina- da pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais.

O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar o comprador.

 A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou de pagamento. O protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolu- ção do título.

O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. O porta- dor que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo de trinta dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas.

 A cobrança judicial de duplicata será efetuada através do processo de execu- ção, mediante a comprovação em juízo pelo credor da existência:

• de duplicata aceita, protestada ou não;

• de duplicata não aceita, contanto que, cumulativamente haja sido protes-

tada; esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e re- cebimento da mercadoria e; o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos permitidos em lei.

Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalistas, caberá o processo de execução independentemente da forma e as condições do protesto.

 A pretensão à execução da duplicata prescreve:

• contra o sacado e respectivos avalistas, em três anos, contados da data do

• contra endossante e seus avalistas, em um ano, contado da data do

protesto;

• de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 um ano, contado da

data em que haja sido efetuado o pagamento do título.

Por fim, vale informar que se aplicam as mesmas regras às duplicatas de prestação de serviço.

CONEXÃO

Para maiores informações sobre a Lei Uniforme de Genebra acesse o site: http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D57663.htm. Sobre a Lei 7357/85 - Lei do cheque consulte o site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7357.htm. E sobre a Lei 5474/68 - Duplicatas, consulte o site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5474.htm

ATIVIDADES

01. Qual a diferença entre publicidade enganosa e abusiva para o Código de Defesa do Consumidor?

02. Dentre as práticas abusivas, explique a chamada venda casada.

REFLEXÃO

As atividades empresariais exercidas pelas indústrias, comércios e pelas prestações de servi- ços, tem como um dos principais suportes para seus negócios, o uso do crédito. Este crédito normalmente decorre de operações de compra e venda a prazo, de empréstimos ou mesmo pagamentos através de cheques. Para a representação formal dos referidos créditos são utilizados documentos denominados de títulos de crédito.

Os títulos de crédito são de extrema utilidade para os negócios, pois promovem e faci- litam a circulação de créditos e dos respectivos valores a estes inerentes, além de propiciar segurança na circulação de valores.

LEITURA

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.

MAMEDE, Gladson.Títulos de crédito; de acordo com o Novo Código civil Lei nº 10.406, de 10-1-

2002. São Paulo: Atlas, 2003.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.

MAMEDE, Gladson.Títulos de crédito; de acordo com o Novo Código civil Lei nº 10.406, de 10-1-

2002. São Paulo: Atlas, 2003.

MARTINS, Fran. Títulos de crédito. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. v. 1.

REQUIÃO, Rubens.Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.

Contratos

No documento Direito Comercial (páginas 133-143)