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Política nacional das relações de consumo

No documento Direito Comercial (páginas 101-105)

Consumo e Títulos de Crédito

4.1 Conceito de consumidor

4.1.2 Política nacional das relações de consumo

O artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), traz os direitos básicos do consumidor, os quais estudaremos neste capítulo, em tópicos próprios. 4.1.2.1 Proteção à vida, saúde e segurança

Segundo o artigo 6º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor, são direitos básicos do consumidor, a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.

Têm os consumidores e terceiros não envolvidos em dada relação de con- sumo incontestável direito de não serem expostos a perigos que atinjam sua incolumidade física, perigos tais representados por práticas condenáveis no fornecimento de produtos e serviços (GRINOVER, 2007).

Adotou a nossa lei o princípio do RECALL, em que o fornecedor é obrigado a recolher os produtos que se mostrem perigosos e deve efetivar a contrapropaganda quando esta é feita de maneira indevida, em especial quanto aos riscos que podem ser acar- retados pelos produtos e serviços. De outro modo, o Juiz pode, no interesse da saúde pública ou da incolumidade pessoal dos consumidores, ordenar medidas frente aos produtos nocivos ou perigosos (GAMA, 2008).

4.1.2.2 Educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos

 A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações, também são direitos básicos do consumidor (art. 6º, II, CDC).

É primordial que o consumidor seja educado para o consumo, para que au- mente o seu nível de consciência e possa enfrentar os percalços do mercado. Educação formal é aquela incluída nos currículos escolares, e informal a que deriva dos meios de comunicação social. Objetiva-se dotar o consumidor de co- nhecimentos acerca da fruição adequada de bens e serviços, de tal sorte que possa ele, sozinho, optar e decidir, exercendo já agora um outro direito, o de liberdade de escolha entre os vários produtos e serviços de boa qualidade colo- cados no mercado (ALMEIDA, 2009).

4.1.2.3 Direito de informação

Segundo o artigo 6º, inciso III, do Código de De- fesa do Consumidor, são direitos básicos do con- sumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composi- ção, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.

O fornecedor está obrigado a informar no ró- tulo do produto, ou antes da realização do serviço, todas as informações úteis e necessárias, a respeito do produto ou serviço ofertado.

Todo o produto ou serviço ofertado deve estar acompanhado de folheto ex- plicativo sobre a forma de se utilizar ou consumir, visando a não permitir erros por parte do consumidor. Ao consumidor devem ser reveladas as formas cor- retas de como fazer o consumo, sem que deixe de aproveitar todas as qualida- des do que lhe é oferecido e sem que seja levado a uso inadequado. Os dizeres devem ser impressos na língua nacional, com caracteres bem legíveis para não ensejar confusão (GAMA, 2008).

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4.1.2.4 Publicidade enganosa e abusiva

São direitos básicos do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comercias coercitivos ou desleais, bem como contra práti- cas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. (art. 6º, IV, CDC).

 A publicidade enganosa é aquela capaz de induzir o consumidor a erro, en- quanto que a publicidade abusiva é aquela que agride os valores éticos e morais de uma sociedade. Porém, estudaremos com maiores detalhes estes dois tipos de publicidade, ainda neste capítulo, em um tópico próprio.

4.1.2.5 Cláusulas contratuais abusivas

Segundo o artigo 6º, inciso V, do Código de Defesa do Consumidor, são direi- tos básicos do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabe- leçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos superve- nientes que as tornem excessivamente onerosas.

Neste inciso, o legislador procurou defender o consumidor contra cláusulas contratuais abusivas, que possam lhe trazer prejuízo de grande monta. Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor, traz um capítulo próprio (capítu- lo VI), quanto às cláusulas contratuais abusivas, em especial, em se tratando dos chamados contratos de adesão, ou seja, aqueles contratos elaborados de forma unilateral, em que o consumidor é obrigado a aderir às cláusulas contra- tuais, sem a possibilidade de negociação quanto às mesmas. Ex.: Os contratos bancários.

 Além da informação que o contratante – fornecedor deve prestar ao con- sumidor – contratante potencial (art. 46), prevê-se claramente a interpretação mais favorável ao consumidor, na hipótese de cláusula obscura ou com vários sentidos (art. 47). Fica ainda definitivamente consagrada entre nós a cláusula

rebus sic stantibus  (revisão do contrato), implícita em qualquer contrato, so-

bretudo nos que impuserem ao consumidor obrigações iníquas ou excessiva- mente onerosas (GRINOVER, 2007).

4.1.2.6 Direito à indenização

Segundo o artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor, são direi- tos básicos do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimo- niais e morais, individuais, coletivos e difusos.

É assegurado como direito do consumidor o ressarcimento do prejuízo so- frido, seja patrimonial ou moral, individual, coletivo ou difuso, pois, do contrá- rio, não haverá efetividade da tutela (ALMEIDA, 2009).

4.1.2.7 Acesso à Justiça

São direitos básicos do consumidor o acesso aos ór- gãos judiciários e administrativos com vistas à pre-  venção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a prote- ção jurídica, administrativa e técnica aos necessita- dos (art. 6º, VII, CDC).

 Ao direito à indenização está diretamente ligado o direito de acesso à Justiça e à Administração, vias nas quais poderá ser pleiteado e obtido o respectivo res- sarcimento. E nesse acesso à Justiça está incluída a “facilitação da defesa de seus direitos”, ou seja, deve o Estado remover os entraves ou criar mecanismos que torne mais fácil a defesa do consumidor em juízo, certo de que a própria lei já indica dois desses meios: a inversão do ônus da prova no processo civil, obedecidas as condições legais, e a Assistência Judiciária (ALMEIDA, 2009)

CONEXÃO

Para maiores informações sobre os Tribunais de Justiça e os direitos básicos do consumidor, acesse o site ww.tj.sp.gov.br

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4.1.2.8 Inversão do ônus da prova

Segundo o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor são di- reitos básicos do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a crité- rio do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

4.1.2.9 Prestação dos serviços públicos

Por fim, é um direito básico do consumidor também a adequada e eficaz pres- tação dos serviços públicos em geral (art. 6º, X, CDC).

Quando aqui se tratou do conceito de fornecedor, ficou consignado que tam- bém o Poder Público, como produtor de bens ou prestador de serviços, remune- rados não mediante a atividade tributária em geral (impostos, taxas e contribui- ções de melhoria), mas por tarifas ou “preço público”, se sujeitará às normas ora estatuídas, em todos os sentidos e aspectos versados pelos dispositivos do novo Código do Consumidor, sendo, aliás, categórico o seu art. 22 (GRINOVER, 2007).

No documento Direito Comercial (páginas 101-105)