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Das práticas comerciais

No documento Direito Comercial (páginas 112-117)

Consumo e Títulos de Crédito

4.1 Conceito de consumidor

4.1.9 Das práticas comerciais

Práticas comerciais são os procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utilizadas pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de seus produtos e serviços até o destinatá- rio final (GRINOVER, 2007).

4.1.10 Da oferta

 As divulgações do produto ou do serviço, bem como das suas propriedades e dos seus preços caracterizam a informação ou publicidade com o fim de atrair os consumidores para adquiri-los. São as formas de divulgação ou informação os anúncios veiculados por qualquer meio, as embalagens dotadas de modelos ou figuras indutivas ao consumo, as bulas, ou invólucros, os manuais de ins- trução e quaisquer tipos de prospectos que propaguem as propriedades ou as

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 vantagens apresentadas pelo que é ofertado (GAMA, 2008).

Segundo o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qual- quer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços ofereci- dos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Nesse sentido, a partir de 11 de março de 1991, toda oferta relativa a produ- tos e serviços vincula o fornecedor ofertante, obrigando-o ao cumprimento do que oferecer. Aliás, em caso de descumprimento da oferta, pode o consumidor, inclusive, exigi-la do fornecedor por meio de execução específica, forçada, da obrigação de fazer. E a característica marcante da oferta é dirigir-se a uma gama indeterminada de consumidores (NUNES, 2009).

CONEXÃO

Para maiores informações sobre o Código de Defesa do Consumidor, acesse o site www. planalto.gov.br. Lá o aluno encontrará além do CDC, outras leis esparsas referentes às rela- ções de consumo.

 Vale ressaltar que equiparam-se aos consumidores todas as pessoas deter- mináveis ou não, expostas à publicidade, nos termos do artigo 29 do Código de Defesa do Consumidor.

4.1.10.1 Requisitos da oferta

Segundo o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas carac- terísticas, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de vali- dade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Sendo a oferta o momento antecedente da conclusão do ato do consumo, deve ser precisa e transparente o suficiente para que o consumidor, devidamente informado, possa exercer o seu direito de livre escolha. Assim, as informações de-  vem ser verdadeiras e corretas, guardando correlação fática com as característi- cas do produto ou serviço, redigidas em linguagem clara, lançadas em lugar e for- ma visíveis. Além disso, devem ser escritas em língua portuguesa. Devem incluir sobre os elementos que interessam ao consumidor para fazer sua escolha, como características e dados técnicos (qualidade, quantidade, composição, preço, ga- rantia, prazos de validade, origem, além de outros) e potencialidade danosa (ris- cos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores) (ALMEIDA, 2009). 4.1.10.2 Da responsabilidade do fornecedor

 A regra básica nesse tema é que aquele que oferta está obrigado a cumprir a obrigação nos termos propostos. É o chamado princípio da vinculação, aco- lhido plenamente pelo CDC (art. 30). Da oferta, duas consequências derivam para o fornecedor: (a) passa a integrar o contrato e (b) obriga ao cumprimento da obrigação subjacente, porquanto a aceitação do consumidor aperfeiçoou o círculo obrigacional e a relação de consumo (art. 30). Sem esquecer que o forne- cedor é solidariamente responsável pelos atos de seus empregados, prepostos, agentes ou representantes (art. 34) (ALMEIDA, 2009).

4.1.10.3 Da oferta de componentes e peças de reposição de produtos importados Segundo o artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.

Não obstante, mesmo após cessar a produção ou importação do produto, o fabricante (na fabricação), e o importador (na importação), ainda devem cumprir o dever de assistência com peças e componentes. Só que tal obriga- ção não é ad eternum . De duas, uma: a lei ou regulamento fixa um prazo máxi-

mo, ou o juiz, na sua carência, estabelece o período razoável de exigibilidade do dever. Em todo caso, deve-se sempre levar em conta a vida útil do produto (GRINOVER, 2007).

4.1.10.4 Da oferta ou venda por telefone ou reembolso postal

Segundo o artigo 33 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.

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Essa exigência do art. 33 do CDC visa assegurar ao consumidor a informação correta sobre o fabricante do produto e permitir-lhe poder exercer, quanto a este, os seus direi- tos, quer no tocante às peças de reposição e às garantias, quer no tocante aos vícios e defeitos que o produto apresente (GAMA, 2008).

4.1.10.5 Da responsabilidade solidária

Segundo o artigo 34 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), o fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

Este dispositivo legal é da mais alta relevância. Não são poucos os casos em que o consumidor lesado fica totalmente impossibilitado de acionar o fornecedor – beneficiário de um comportamento inadequado de um de seus  vendedores – sob o argumento de que estes não estavam sob sua autoridade,

tratando-se de meros representantes autônomos. Agora, a voz do represen- tante, mesmo o autônomo, é a voz do fornecedor e, por isso mesmo, o obriga

(GRINOVER, 2007).

4.1.10.6 Da recusa do cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade

Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apre- sentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha (art. 35 do CDC):

I. exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apre- sentação ou publicidade;

II. aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III. rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmen- te antecipada, monetariamente atualizada, e perdas e danos.

Sem dúvida alguma, a responsabilidade dos arts. 30 e 35 é objetiva, pois seu texto em nada alude à culpa do anunciante, razão pela qual não pode o intér- prete agregá-la, muito menos num contexto em que, seja pela vulnerabilidade da parte protegida (o consumidor), seja pelas características do fenômeno agre- gado (a publicidade), o Direito, antes mesmo da interferência do legislador, já se encaminhava na direção da objetivação da responsabilidade civil. Em outras palavras, “a publicidade será exigível ainda que sua inexatidão não se deva à culpa ou dolo do anunciante (GRINOVER, 2007).

Segundo ainda as palavras da autora Ada Pellegrini Grinover (2007), visível, então, que nos regimes jurídicos modernos de proteção do consumidor, como o CDC brasileiro, o equívoco inocente (= não culposo) não exclui a responsabi- lidade civil do fornecedor. Assim, por exemplo, se o fabricante se equivoca com

uma fórmula ou design e lança seu produto no mercado com uma desconfor- midade (de todo indesejada por ele), ainda assim é responsabilizado, havendo dano.

4.1.11 Da oferta e da publicidade e as cláusulas abusivas no

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