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Direitos e deveres dos sócios

No documento Direito Comercial (páginas 58-65)

atividade da empresaatividade da empresa

2.2 Atribuições dos Sócios

2.2.6 Direitos e deveres dos sócios

Em princípio, acreditamos que o sócio possui apenas o direito de participar dos resultados financeiros da sociedade de que participa. Mas todos os sócios, in- dependentemente do tipo da sociedade, possuem:

• direitos patrimoniais; • direitos políticos;

• direito de fiscalizar a administração da sociedade; • direito de retirada; e

• direito de preferência.

2.2.6.1 Os direitos patrimoniais

Toda sociedade, ao iniciar a sua atividade empresarial, conta ape- nas com o capital social que, contabilmente, é considerado um passi-  vo. Com o decorrer do exercício da atividade, que tem por finalidade úl-

tima gerar lucros, a sociedade passa a conquistar ativos que integrarão o patrimônio social.

 Após um exercício social9, os lucros acumulados no período terão seu des-

tino decidido pelos sócios. Comumente, estes recursos financeiros são distri- buídos proporcionalmente aos sócios. Porém, podem ser convertidos em ativo imobilizado, por meio de aquisição de bens que integrarão o patrimônio social.

 Assim, os direitos patrimoniais de sócio podem ser considerados:

• o recebimento de parte dos lucros acumulados em um exercício social; • a participação no patrimônio social, quando ocorrer extinção da socieda-

de, dissolução parcial ou retirada do sócio ou, nas sociedades anônimas, trans- formação de ações ordinárias ou preferenciais em ações de fruição.

Tanto a participação nos lucros do exercício como a participação no patri- mônio social serão proporcionais ao investimento realizado pelo sócio ao par- ticipar do capital social.

2.2.6.2 Os direitos políticos

 A sociedade, como toda pessoa jurídica, é uma entidade meramente ju- rídica, pois não possui existência física. Porém, dotadas de personali- dade jurídica, as sociedades exercem a atividade à qual está destina- da, adquirindo direitos e contraindo obrigações, ou seja, praticando negócios jurídicos.

Sabemos que os negócios jurídicos são atos de vontade. Como uma socieda- de não possui vontade própria, compete aos seus representantes decidir sem- pre por lograr os fins sociais.

Das decisões tomadas para a consecução dos fins a que se destina a socieda- de, algumas são tomadas pelo seu corpo diretivo, ou seja, aqueles que cuidam diretamente da administração social.

No entanto, outras decisões, pela repercussão causada aos interesses da so- ciedade, necessitam de ser tomadas por meio do consenso entre todos os só- cios, através de um órgão social denominado assembleia.

Os direitos políticos de sócio se referem justamente na faculdade de este participar ativamente nas decisões em favor da sociedade, com relação aos as- suntos que merecem tratamento em assembleia.

 Vale lembrar que os direitos políticos atribuídos ao sócio são regra, sen- do que, especificamente às sociedades anônimas, cabe a exceção, quando a lei permite à companhia emitir ações sem direito a voto, as chamadas ações preferenciais.

2.2.6.3 Direito de fiscalização

Em uma sociedade com a presença de poucos sócios, geralmente estes partici- pam da sociedade não apenas como investidores, mas como administradores e colaboradores diretos, portanto interados de todos os acontecimentos de in- teresse da sociedade.

Em outras sociedades, devido ao grande número de sócios e à complexida- de de sua atividade empresarial, podemos observar a presença de sócios admi- nistradores, aqueles que, além de integrarem o quadro social, participam de órgãos administrativos, como o conselho de administração e a diretoria.

Outros, menos interessados em participar ativamente da administração da sociedade, permanecem apenas como investidores. Pelo fato de estes não estarem diretamente ligados à administração da sociedade, é-lhes garantido o direito de fiscalização, que ocorre de duas maneiras: diretamente, quando os administradores devem prestar contas de sua gestão em assembleia-geral ordi- nária, e indiretamente, por meio de órgão social denominado conselho fiscal.

2.2.6.4 Direito de retirada

O direito de retirada possui tratamento constitucional, pois o art. 5o, XX, da Constituição Federal estabelece que “ninguém poderá ser compelido a asso- ciar-se ou a permanecer associado”.

 Vimos em aula anterior que a constituição de uma sociedade empresária é um ato de vontade, em que duas ou mais pessoas resolvem se unir para a explo- ração em conjunto de uma atividade empresarial. Da mesma forma, o sócio que não deseja mais participar da sociedade tem, como alternativa, negociar a sua participação ou retirar-se do quadro social.

 Assim, por ato unilateral de sua vontade, o sócio tem o direito de retirar-se do quadro social, ato denominado “recesso” ou “dissidência”, provocando o desligamento dos vínculos que os unem aos demais sócios e à sociedade.

O direito de retirada, por provocar alterações na sociedade, precisa ser exer- cido mediante o preenchimento de algumas condições que variam conforme o tipo societário.

2.2.6.5 Direito de preferência

O aumento está ligado ao aumento de capital social. Assim, uma sociedade já existente que queira aumentar seu capital social poderá emitir novas quotas ou ações para serem subscritas e integralizadas.

O direito de preferência é justamente a predileção dada aos sócios a subs- creverem as novas quotas ou ações emitidas em razão do aumento do capital social, antes de serem oferecidas a terceiros.

2.2.6.6 Responsabilidade do sócio e do administrador.

 Vimos em aula que as sociedades devidamente constituídas adquirem perso- nalidade tornando-se sujeito de direito com aptidão genérica para adquirir di- reitos e contrair obrigações.

Porém, por força da lei, todos os sócios têm responsabilidade sub- sidiária com relação às obrigações da sociedade. Este preceito está

contido no art. 1.02410  do Código Civil e no art. 59611  do Código de

Processo Civil.

 A responsabilidade subsidiária dos sócios importa em:

responder pelas obrigações da sociedade depois de exaurido o patrimônio social (art. 1.024 do Código Civil);

 valer-se do benefício de ordem, indicando bens livres e desembaraçados da sociedade para serem executados (art. 596 do Código de Processo Civil).

No entanto, dependendo da espécie societária com que uma sociedade foi constituída, seus sócios poderão ter sua responsabilidade subsidiária limitada ou ilimitada.

 As sociedades em nome coletivo são consideradas sociedades de respon- sabilidade ilimitada, pois seus sócios poderão ter todo o seu patrimônio par- ticular alcançado, em um processo de execução contra uma sociedade a qual pertence, se esta não possuir patrimônio suficiente para solver sua obrigação.

 Já os sócios de sociedades constituídas na forma de limitada e anônima te- rão suas responsabilidades subsidiárias limitadas a um determinado valor, não comprometendo a totalidade de seu patrimônio particular.

Por fim, as sociedades em comandita são consideradas mistas, pois pos- suem alguns sócios com responsabilidade ilimitada e outros com responsabili- dade limitada a um determinado valor.

ATIVIDADES

01. Assinale a alternativa correta.

a) Capital social é o montante de recursos financeiros a serem distribuídos pelos sócios na forma de dividendos.

b) O patrimônio da sociedade é resultante da soma das entradas realizadas pelos sócios ao constituírem a pessoa jurídica.

c) Sociedade empresária é a pessoa jurídica de direito privado que tem por objeto social a exploração de empresa.

d) As sociedades adquirem personalidade ao se cadastrarem perante a Secretaria da Re- ceita Federal.

10 Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.

11 Art. 1024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

02. O que é dispensável para a constituição de uma sociedade empresária? a) Contribuição econômica para a formação do capital social.

b) Contrato ou estatuto social. c) Pessoas maiores e capazes.

d) A definição da atividade empresarial a ser exercida pela sociedade.

03. Não constitui elemento do contrato de sociedade referido no Código Civil: a) o exercício de atividade econômica.

b) a partilha dos resultados.

c) a contribuição dos sócios consistente apenas em bens. d) a affectio societatis.

REFLEXÃO

Muitas vezes nos deparamos com conflitos entre sócios de uma determinada socie- dade empresária e, ao buscar a solução mediante a interpretação das cláusulas do contrato social, chega-se à conclusão de que o negócio jurídico celebrado entre os mesmos não possui previsão contratual para aquela determinada situação.

É prática comum, no cotidiano das

empresas, a realização dos contratos sociais escritos a partir de um modelo, até mesmo encontrado em páginas da internet.

Contudo, percebemos que cada item de um contrato social diz respeito a um ponto fun- damental que poderá ser questionado futuramente entre os sócios. Daí a importância de se ter o conhecimento de como é formado o conteúdo de um contrato social, para estabelecer os direitos e as obrigações entre os sócios que sejam adequados ao negócio a que estão dando início.  © K  H Z  /  D  R  E  A  M  S  T  I   M E  . C   O  M

LEITURA

ALMEIDA, Amador Paes. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 18. Ed. São

Paulo: Saraiva, 2010.

BULGARELLI, Waldirio. Questões de direito societário. São Paulo: RT, 1998.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REQUIÃO, Rubens.Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2.

GROSSI, Julio. A empresa tem personalidade jurídica?. Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 4080, 2

set. 2014. Disponível em:<http://jus.com.br/artigos/29414>. Acesso em: 18 fev. 2015. MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 4a ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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