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Modalidades dos contratos empresariais

No documento Direito Comercial (páginas 149-164)

Contratos empresariais,

5.1 Princípios dos contratos

5.1.2 Modalidades dos contratos empresariais

Segundo o artigo 481 do Código Civil, pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar- lhe certo preço em dinheiro.

Quanto à estrutura, a compra e venda é um contrato oneroso (porque ambas as partes obtêm vantagem econômica), translativo (porque é instrumento para a transferência e aquisição da propriedade), bilateral ou sinalagmático (prestações correspectivas porque cada parte assume respectivamente obrigações) e geral- mente comutativo (no momento de sua conclusão, as partes conhecem o conteúdo de sua prestação) (VENOSA, 2004).

A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço (art. 482, CC). Também, a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório (art. 483, CC).

5.1.2.1 Da Fiança

Segundo o artigo 818 do Código Civil, pelo contrato de fiança, uma pessoa ga- rante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.

 A fiança deve ser realizada por escrito, por instrumento público ou particu- lar, no contrato principal, ou em separado (GONÇALVES, 2007), não se admi- tindo, porém, qualquer interpretação extensiva.

5.1.2.2 Do mandato

Segundo o artigo 653 do Código Civil, opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem po- deres para, em seu nome, praticar atos ou admi- nistrar interesses.

 As partes são chamadas de mandante e man- datário. O mandante outorga poderes para que o mandatário realize negócios em seu nome. O mandato se opera através de uma procuração, que poderá ser pública ou particular.

Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do ou- torgante (art. 654, CC). O instrumento particular

   ©    R    O    B    E    R    T    K    N    E    S    C    H    K    E     |   D    R    E    A    M    S    T    I    M    E .    C    O    M

deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos (parágrafo primeiro).

Poderá ocorrer o substabelecimento, conforme disposto no artigo 655 do Código Civil, podendo o mesmo ser com ou sem reserva de poderes.

O mandato pode ser realizado de forma expressa ou tácita, e ainda, verbal ou escrito. Porém, não se admite mandato verbal, quando o ato deve ser cele- brado por escrito.

5.1.2.3 Características do Mandato

São características do mandato (GONÇALVES, 2007):

a) contrato personalíssimo ou intuitu personae  – se baseia na confiança,

lealdade e probidade do mandatário;

b) consensual – se aperfeiçoa com o consenso das partes;

c) não solene – é admitido o mandato tácito e o verbal;

d) gratuito (em regra) – se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a

retribuição prevista em lei ou no contrato (parágrafo único, art. 658, CC); e) unilateral (em regra) – gera obrigações somente para o mandatário;

O mandato poderá ser em termos gerais ou específicos para um ou mais ne- gócios. O mandato em termos gerais, só confere poderes de administração (art. 661, CC). Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos (parágrafo primeiro).

O mandato com poderes especiais só autoriza a prática de um ou mais ne- gócios jurídicos especificados na procuração, sem possibilidade de estendê-lo por analogia (GONÇALVES, 2007).

5.1.2.4 Da responsabilidade das partes

Segundo o artigo 663 do Código Civil, sempre que o mandatário estipular negó- cios expressamente em nome do mandante será este o único responsável. Po- rém, o mandatário ficará pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante.

O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi come- tida, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato (art. 664, CC).

Para maiores informações sobre o Código Civil, o aluno poderá acessar o site www.pla- nalto.gov.br, onde o mesmo encontrará na íntegra a Lei 10.406/02 (Novo Código Civil)

5.1.2.5 Das obrigações do mandatário

São obrigações do mandatário (GONÇALVES, 2007):

a) agir em nome do mandante, dentre dos poderes conferidos na procuração;

b) aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a inde- nizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabele- cer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente (art. 667, CC);

c) prestar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhes as van- tagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja (art. 668, CC);

d) apresentar o instrumento do mandato às pessoas, com quem tratar em nome do mandante;

e) concluir o negócio já começado. Neste caso, embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora (art. 674, CC).

5.1.2.6 Das obrigações do mandante São obrigações do mandante:

a) satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na confor- midade do mandato conferido e adiantar a importância das despesas necessá- rias à execução dele, quando o mandatário lhe pedir (art. 675, CC);

b) pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execu- ção do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa (art. 676, CC);

c) ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes;

5.1.2.7 Da extinção do mandato

Segundo o artigo 682 do Código Civil, cessa o mandato:

I. pela revogação (por parte do mandante) ou pela renúncia (por parte do mandatário);

II. pela morte ou interdição de uma das partes;

III. pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes ou o mandatário para os exercer;

IV. pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. 5.1.2.8 Franquia ou “Franchising”

 A franquia é um contrato pelo qual um comerciante detentor de uma marca ou produto (chamado de franqueador), concede o seu uso a outra pessoa (cha- mada de franqueado), mediante uma remuneração, e lhe presta serviços de or- ganização empresarial. Esse contrato especial está previsto na Lei n. 8.955/94 (GONÇALVES, 2007).

Segundo o artigo 2º da Lei n. 8.955/94, franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvi- do ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

Trata-se de um contrato oneroso, pois, envolve uma determinada remune- ração e, bilateral, pois, envolve duas partes: o franqueador, que é a pessoa que cede a sua marca, seus produtos e serviços; e o franqueado, que é a pessoa que adquire o direito de comercializar esta marca, produtos e serviços.

5.1.2.9 Obrigações das partes

5.1.2.9.1 Franqueador 

Em primeiro lugar, cabe ao franqueador, estabelecer a forma de instalação e operação de sua marca e produtos, bem como tem a obrigação de prestar orien- tações e assistências durante o prazo de duração do contrato.

Essa orientação abrange: a) o contrato de engineering, pelo qual o franquea- dor planeja e orienta a montagem do estabelecimento do franqueado; b) o ma- nagement, relativo ao treinamento dos funcionários e à estruturação da admi- nistração do negócio; c) o marketing, pertinente às técnicas de colocação dos produtos ou serviços junto aos seus consumidores (GONÇALVES, 2007).

Segundo o artigo 3º da Lei n. 8.955/94, sempre que o franqueador tiver interes- se na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interes- sado em tornar-se franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações:

• histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do

franqueador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem como os respectivos nomes de fantasia e endereços;

• balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos

aos dois últimos exercícios;

• indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envol-

 vidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionan- do especificamente o sistema da franquia ou que possam diretamente vir a im- possibilitar o funcionamento da franquia;

• descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das ativida-

des que serão desempenhadas pelo franqueado;

• perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, ní-

 vel de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;

• requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na

administração do negócio. Especificações quanto ao:

• total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implanta-

ção e entrada em operação da franquia;

•  valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução e

•  valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas

• informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos

pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as res- pectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam;

• relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfran-

queadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone.

Com relação ao território, onde deverá ser estabelecida a franquia, dispõe ainda o artigo 3º, inciso X, da Lei 8.955/94, algumas especificações, tais como:

a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre deter- minado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz e

b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações.

5.1.2.9.2 Franqueado

Quanto ao franqueado, cabe ao mesmo, arcar com os custos e despesas com a instalação e operação do seu estabelecimento (GONÇALVES, 2007).

5.1.2.10 Características

Podemos destacar duas características principais em um contrato de franquia: a) contrato atípico – as cláusulas de um contrato de franquia possuem características diferenciadas, em razão por exemplo, da marca, do produto ou serviço oferecido;

b) autonomia relativa – o franqueado possui uma autonomia como em- presário, não havendo entre as partes, qualquer vínculo empregatício. Porém, esta autonomia é relativa, já que, o empresário deverá cumprir as regras estabe- lecidas no contrato.

5.1.2.11 Extinção da Franquia

 A franquia poderá extinguir-se (GONÇALVES, 2007): a) pelo término do prazo contratual;

b) por inadimplemento de uma das partes; c) por distrato;

5.1.2.12 Arrendamento mercantil (leasing)

O contrato de arrendamento mercantil ouleasing, como é mais conhecido, en-

contra-se previsto na Lei n. 6.099/74. Segundo o artigo 1º (parágrafo único), de referida lei,

considera-se arrendamento mercantil, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurí- dica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arren- datária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta.

O contrato de leasing tradicional envolve três agentes: o arrendante ou arrenda- dor, que é a empresa de leasing, pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade anônima e fiscalizada pelo Banco Central; o arrendatário, indivíduo que pretende ad- quirir um bem móvel ou imóvel; e o fornecedor do bem, que consiste no vendedor do bem, encomendado pelo arrendatário ao arrendador (VENOSA, 2004).

O arrendatário é quem escolhe o bem a ser arrendado, mas é o arrendador quem o adquire, celebrando contrato de compra e venda com o vendedor. Ao final do prazo estipulado, o primeiro poderá optar por: a) adquiri-lo pelo valor residual; b) restituí-lo ao arrendador ou c) renovar o contrato, sendo que, neste caso, a prestação será menor, porque as inicialmente contratadas foram fixa- das para um bem novo (GONÇALVES, 2007).

Para conhecer os demais artigos da Lei n. 6.099/74 (Lei do Arrendamento Mercantil), o aluno poderá acessar o site www.planalto.gov.br.

Segundo o artigo 5º da Lei n. 6.099/74, os contratos de arrendamento mer- cantil conterão as seguintes disposições:

1. prazo do contrato;

2. valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superio- res a um semestre;

3. opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário;

4. preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for estipulada esta cláusula.

O contrato de arrendamento mercantil pode ter por objeto, bens móveis ou imóveis.

5.1.2.13 Características

Trata-se de um contrato bilateral e sinalagmático, pois, envolve obrigações de ambos os contrantes; oneroso, pois, envolve o pagamento de prestações; con- sensual, entretanto, não exige uma forma determinada; de execução diferen- ciada, pois, oferece três opções ao final do contrato; e pessoal (VENOSA, 2004). 5.1.2.14 Espécies de arrendamento mercantil

Temos duas espécies de arrendamento mercantil (GONÇALVES, 2007):

I. Leasing  financeiro (financialleasing ou leasing  puro): é aquele que en-

 volve as três partes: a) a arrendatária, que é quem indica o bem a ser comprado e que fará uso do objeto mediante pagamentos periódicos, com opção final de compra, devolução ou renovação; b) a empresa arrendadora, que é quem com- pra o bem e o aluga à arrendatária e c) a empresa fornecedora do bem, de quem a arrendadora adquire o objeto.

II. Leasing operacional (ou renting ): é uma espécie de leasing em que o

objeto já pertence à empresa arrendadora, que o aluga à arrendatária e assume os riscos da coisa, sofrendo a sua absolência.

5.1.2.15 Obrigação das partes

O arrendatário tem a obrigação de pagar o preço periódico ao arrendador, além da obrigação de conservar e proteger o bem que pertence a outrem, salvo o des- gaste natural de uso. Quanto ao arrendante, o mesmo deve garantir a posse mansa e pacífica do bem ao arrendador, no prazo de vigência do contrato (VE- NOSA, 2004).

5.1.2.16 Extinção do Arrendamento mercantil

 A extinção do contrato de arrendamento mercantil poderá ocorrer pelos se- guintes motivos (GONÇALVES, 2007):

a) término do prazo convencionado, momento em que o arrendatário rea- lizará uma das três opções acima descritas;

b) inadimplemento de qualquer uma das partes; c) distrato;

d) falência da empresa arrendadora.

   ©    M    N    O    V    E    L    O     |   D    R    E    A    M    S    T    I    M    E .    C    O    M 5.1.2.17 Alienação Fiduciária

 A alienação fiduciária encontra-se regulamentada nos arts. 1.361 a 1.368 do novo Código Civil e no Decreto – Lei n. 911/69.

Segundo o art. 66º do Decreto – Lei 911/69,

a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tor- nando-se o alienante ou devedor em possuidor direto ou depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.

Na alienação fiduciária em garantia, temos a transferência do domínio do bem dado como garantia para o credor (fiduciário), que lhe tem a posse indire- ta, ficando o devedor (fiduciante), com a posse direta. O domínio e posse indire- ta da coisa funcionam como garantia do pagamento da obrigação a que acede. Não se dá a tradição do objeto. O direito do adquirente, neste caso fiduciante, resolve-se com a satisfação da dívida garantida (VIANA, 2008).

O bem, que se encontra na posse direta do fiduciante, é considerado uma modalidade de garantia real, visto que, há um empréstimo e o bem é dado como garantia do pagamento da dívida.

Segundo a Súmula 28 do Superior Tribunal de Justiça, o contrato de aliena- ção fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimô- nio do devedor.

5.1.2.18 Características

Segundo o artigo 1361, parágrafo primeiro, do Código Civil, constitui-se a pro- priedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento pú- blico ou particular, que lhe serve de título no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor ou em se tratando de veículos, na repartição compe- tente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.

O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá (art. 1362, CC): a) o total da dívida, ou sua estimativa;

b) o prazo, ou a época do pagamento; c) a taxa de juros, se houver;

d) a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indis- pensáveis à sua identificação.

5.1.2.19 Direitos e obrigações das partes

 Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário (art. 1363, CC):

• a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza; • a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.

Não poderá o fiduciante (devedor), dispor do bem alienado, porque este não mais lhe pertence, mas sim ao fiduciário. Tem também o fiduciante, o dever de entregar o bem, no caso de inadimplemento da sua obrigação, sujeitando-se às penas impostas ao depositário infiel (VIANA, 2008).

 Vencida a dívida e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou ex- trajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu cré- dito, das despesas de cobrança e a entregar o saldo, se houver, ao devedor (art. 1364, CC). Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante (art. 1366, CC).

Terá, porém, o fiduciante, direito ao saldo remanescente, após a venda do bem e o pagamento das despesas, se houver.

Quanto ao fiduciário, cabe (VIANA, 2008):

a) respeitar o direito de uso regular do fiduciante;

b) restituir o domínio do bem gravado, após o pagamento do financiamento;

c) responder por perdas e danos, quando se recusar a dar quitação; d) exercer a posse indireta do bem e seu domínio;

e) reivindicar o bem alienado em caso de inadimplência do fiduciante. f) Da busca e apreensão

 A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais garantidas por alie- nação fiduciária facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as obrigações contratuais, independentemente de aviso ou notificação  judicial ou extrajudicial (parágrafo terceiro, art. 2º, Dec. Lei n. 911/69).

O Proprietário Fiduciário ou credor poderá requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será con- cedida Iiminarmente, desde que comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor (art. 3º, Dec. Lei n. 911/69). Porém, neste caso, poderá o fiduciante pur- gar a mora, se tiver pago 40% do preço financiado.

Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito (art. 4º, Dec. Lei n. 911/69).

5.1.2.20 Seguro

O artigo 757 do Código Civil, traz o conceito de contrato de seguro, dis- pondo que, “pelo contrato de segu- ro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, rela- tivo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”.

O contrato de seguro gera obri- gações para ambas as partes: para o segurado, as de pagar o prêmio, não agravar o risco do contrato e cumprir as demais obrigações previstas no contrato; para o segurador, a de efetuar o pa- gamento da indenização prevista no contrato. Por isso, é chamado de contrato bilateral ou sinalagmático (GONÇALVES, 2007).

Trata-se também, de um contrato oneroso, pois, envolve o pagamento de determinada quantia, por ambas as partes e aleatório, porque o segurado as- sume uma obrigação certa e determinada, que consiste no pagamento de uma mensalidade, e o segurador, assume uma obrigação incerta, pois, dependerá da ocorrência ou não de um dano (ou sinistro).

O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do res- pectivo prêmio (art. 758, CC).

5.1.2.21 Dos riscos

Um dos principais elementos característicos do contrato de seguro é o risco, ou seja, a possibilidade de ocorrer ou não o evento contra o qual se quer ga- rantir o segurado (COELHO, 2009). Nesse sentido, o risco constitui o objeto do contrato.

Diante disso, segundo o artigo 763 do Código Civil, não terá direito a inde- nização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

   ©    Y    U    L    I    Y    A    B    E    L    E    N    K    O    V    A     |   D    R    E    A    M    S    T    I    M    E .    C    O    M

Não obstante, salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o ris- co, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio (art. 764, CC).

Quanto às informações existentes no contrato de seguro, o segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circuns- tâncias e declarações a ele concernentes (art. 765, CC).

Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio ven- cido (art. 766, CC). Vale ressaltar, porém, que, neste caso, se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio (parágrafo único).

O segurado também perderá o direito à garantia se agravar intencionalmen- te o risco objeto do contrato (art. 768, CC).

O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo in- cidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de

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