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Outros Contratos Empresariais

No documento Direito Comercial (páginas 164-170)

Contratos empresariais,

5.1 Princípios dos contratos

5.1.3 Outros Contratos Empresariais

Quanto aos contratos empresarias é importante destacar sua característica principal: todas as pessoas que ocupam o seu polo ativo como o polo passivo da relação jurídica tem em sua motivação contratual relações empresariais, distinguindo-se dos contratos cíveis em geral que envolvem as demais pes- soas que não empresários (Nascimento, 2014). Quanto a temática contratos

empresariais é bom registrar que há o debate acirrado para definir se os con- tratos empresariais merecem uma teoria própria ou se submetem a teoria dos contratos em geral. Não vamos nos alongar nesta discussão, porque é descabi- da para os objetivos colimados neste trabalho.

Dito isso, passaremos a considerar breves noções além dos contratos em- presariais já vistos, outras modalidades, sem a pretensão de querer levar a te- mática a sua exaustão.

5.1.3.1 Compra e Venda Mercantil

Nascimento (2014) faz alguns apontamentos interessantes sobre essa modalidade:

contratos de Compra e Venda Mercantis, diferentemente dos contratos de compra e venda gerais, são caracterizados por conter pessoa jurídica que pratique atividades co- merciais na posição de vendedor. Por outro lado, assim como nos contratos de compra e venda gerais, nos contratos mercantis a perfeição é alcançada com o acordo entre as partes sobre preço, forma de pagamento e objeto do contrato. O objeto pode constituir grande quantidade de mercadoria, hipótese em que o contrato será caracterizado como compra e venda em atacado ou poucas unidades de uma mesma mercadoria, hipótese em que o contrato será considerado varejista. O preço, por sua vez, pode ser pago à vista ou a prazo conforme seja combinado entre comprador e vendedor

5.1.3.2 Contrato de agência ou de representação comercial

Nascimento (2014) define o contrato de agência ou de representação comercial como sendo:

instrumento pelo qual uma das partes (representante comercial autônomo) se obriga, em localidade delimitada, a obter pedidos de compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pela outra parte (representado ou preponente). Na representação comer- cial, não há, em regra, vínculo societário e/ou empregatício entre o representado e o repre- sentante comercial autônomo, sendo esta a principal característica desse tipo de contrato.

5.1.3.3 Contrato de Distribuição

Esta modalidade contratual tem a sua previsão estabelecida através do artigo 710 do Código Civil Brasileiro, o qual prescreve:

Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos

Em linhas gerais uma determinada pessoa realiza negócios em nome de ou- tra de certos negócios mediante retribuição numa região determinada, e tendo em seu poder as coisas a serem negociadas.

5.1.3.4 Contrato de Comissão Mercantil

Nascimento (2014) define o contrato de comissão mercantil como sendo:

 vínculo contratual em que um empresário (comissário) se obriga a realizar negócios mercantis por conta de outro (comitente), mas em nome próprio, assumindo, portanto, responsabilidade pessoal pelos atos praticados.

5.1.3.5 Contrato de Mútuo

O contrato de mutuo financeiro tem a sua previsão no artigo 586 do Código Ci-  vil Brasileiro, o qual prescreve:

O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutu- ante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

No mutuo há a transferência efetiva da coisa fungível ( que pode ser substi- tuída por outra da mesma espécie e em mesma quantidade) a ser restituída ao mutuante na mesma quantidade e espécie a qual recebeu ( Nascimento, 2014).

5.2 Recuperação judicial

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Não obstante as empresas sejam constituídas para gerarem lucros àqueles que buscam pela remuneração do capital que investiram, em algumas circuns- tâncias e situações poderão apresentar problemas que levem a contabilizar prejuízos ao invés de lucro.

Entrementes, em algumas circunstâncias é possível que se proceda a re- cuperação dessas empresas, cujo efeito prático é preservar as suas atividades, beneficiando sobremaneira toda a sociedade: trabalhadores, consumidores e o próprio Estado (Mamede,2009). Assim, é inegável a função social que as em- presas desempenham diante de toda a nossa economia.

 Diante do enorme interesse público sobre o tema, o Estado criou meca- nismos que possibilitam a recuperação dessas empresas a fim de impedir os malefícios que a falência normalmente reproduz.

Tanto a recuperação judicial e extrajudicial, assim como a falência foram regulamentadas através da Lei 11.101/05.

Logo em sua introdução o legislador preocupou-se em esclarecer quem es- taria fora do seu alcance:

Art. 1o – Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falên- cia do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Art. 2o Esta Lei não se aplica a:

I – empresa pública e sociedade de economia mista;

II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outra entidades legalmente equi- paradas às anteriores.

Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

Com efeito, conforme se observa estão fora do alcance do comando norma- tivo as empresas públicas e sociedade de economia mista; instituição financei- ra púbica e privada; cooperativa de crédito; consórcio; entidade de previdência complementar; sociedade operadora de plano de assistência a saúde; socieda- de seguradora; sociedade de capitalização e outras que possuem regulamenta- ção própria na hipótese de insolvência.

Destarte, falência e recuperação judicial são procedimentos exclusivamen- te aplicáveis aos empresários (no caso de firma individual) e sociedades empre- sárias (firma social).

O objetivo da recuperação judicial não é outro senão manter em plena ati-  vidade a fonte produtora, emprego dos trabalhadores e atender também aos in- teresses dos credores (Mamede,2009). É a ilação que se faz pela leitura do artigo 47 do citado diploma legal:

A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise eco- nômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a pre- servação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

Outrora havia instituto semelhante que procurava a plena recuperação das nossas em- presas denominado por concordata, cuja legislação veio a ser revogada e sendo suce- dida pelo instituto da recuperação judicial.

 Ao contrário do que se pensa, o objetivo da recuperação judicial não é a pre- servação do empresário, ou sociedade empresária e nem do seu interesse eco- nômico, mas sim, conforme já dito, manter a sua função social.

O plano de recuperação permite ao devedor desde prazos especiais e mais elásticos para pagamento das obrigações vencidas e vincendas (tempo maior e sem a incidências de juros e correção monetária), além de cisão, alteração de controle societário, etc.., conforme regulação do artigo 50:

“Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, incorporação, fusão ou transforma- ção de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; III – alteração do controle societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; VI – aumento de capital social; VII – trespasse ou arrenda- mento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios emprega- dos; VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X – constituição de sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XIII – usufruto da empresa; XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores mobiliários; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.

§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua subs- tituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. § 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.”

No documento Direito Comercial (páginas 164-170)