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A paisagem desta região é marcada

No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 73-76)

pela presença das

amendoeiras que,

quando estão em

flor, constituem

um espetáculo de

extraordinária beleza

que prenuncia a

primavera no Douro.”

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Caracterização

históricA E

Geográfica

O território de Terras de Basto corres- ponde à zona de intervenção do GAL PROBASTO – Associação de Desenvol- vimento Rural de Basto e integra os con- celhos de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira da Pena.

As Terras de Basto estão localizadas numa zona de transição entre o Litoral Norte e o Interior de Trás-os-Montes, sendo o rio Tâmega o principal elemento aglutinador do território. A água desem- penha um papel fulcral nas atividades rurais tradicionais, desde os vinhedos aos lameiros, mas também é importante pela beleza que confere à paisagem.

O setor primário continua a desempe- nhar um papel importante na economia deste território, representando a vinha, nas zonas de várzea, e a produção animal de raças autóctones, nas zonas de monta- nha, as principais atividades.

território

TErrAs dE bAsTo

Os concelhos que integram as Terras de Basto são uma sub-região vitícola da Região dos Vinhos Verdes, denominada sub-região de Basto.

Numa região onde perduram tradi- ções ancestrais, a terra ainda é medida em “carros de pão” e “pipas de vinho” que produz ou em “cabeças de gado” que ali- menta. Profundamente marcada pelo mi- nifúndio, as pessoas continuam a cultivar cereais e leguminosas, batatas e pequenas hortas familiares com frutas e legumes, destinados sobretudo ao consumo domés- tico.

Património

Gastronómico

A gastronomia das Terras de Basto é mar- cada pela existência de vários produtos certificados, como as carnes Barrosã –

DOP e Maronesa – DOP, o Cabrito das Terras Altas do Minho – IGP, o Mel das Terras Altas do Minho – DOP, os vinhos

verdes e outros não certificados, mas com grande tipicidade, como a broa (de milho e/ou de centeio), o anho e o fumeiro.

A Posta Barrosã e a Posta Marone‑

sa são confecionadas a partir dos bovinos

de raças homónimas. Estas raças autóc- tones são ainda hoje utilizadas para o trabalho (embora em menor número do

que antigamente) nas zonas de agricul- tura marginal e de montanha, onde estão perfeitamente adaptadas. Alimentam-se de pastos de montanha (urzes, carqueja, tojos, etc.) e, quando estes escasseiam, como no inverno, são colocadas a pastar em lameiros, sendo a alimentação refor- çada com feno produzido na exploração.

A carne de cabrito, muito saborosa e suculenta, de coloração avermelhada e sabor característico, devido à alimentação feita à base de leite materno, é tradicio- nalmente consumida em dias festivos, principalmente no Natal e na Páscoa. O seu preço relativamente elevado impede que as pessoas a consumam com maior frequência. Por outro lado, a sazonalidade dos cios não permite uma oferta contínua de carne de cabrito. O modo de produção extensivo (recorrendo a técnicas tradicio- nais), a especificidade das raças autócto- nes utilizadas (Bravia, Serrana e os seus cruzamentos) e a alimentação exclusiva à base de pastos de montanha contribuem para que este cabrito possua característi- cas únicas, que levaram à atribuição da classificação europeia da IGP Cabrito das

Terras Altas do Minho.

No setor da pecuária, há ainda a refe- rir como raça autóctone o porco Bísaro.

A Broa de Milho e/ou Centeio, cujo consumo tinha vindo a diminuir nas últimas décadas, tem sido novamente

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muito procurada nos últimos anos, o que originou um novo aumento de produção e de cultivo do milho. Para o facto terá contribuído o reconhecimento de que esta broa é muito mais saudável do que o chamado pão branco. Este aumento da procura contribuirá para a manutenção de métodos tradicionais de produção, presentes desde o cultivo do milho tra- dicional até à sua cozedura em fornos de lenha.

A broa tradicional é utilizada como acompanhamento de vários pratos, mas também na confeção de receitas como o

Bacalhau à Freixieiro. Sendo o bacalhau

muito apreciado nesta região, destaca-se igualmente o comummente designado

Bacalhau com Batata a Murro, muito

procurado nas Terras de Basto.

Os Milhos Ricos (ou simplesmen- te Milhos), mais comuns nos concelhos de Mondim e Ribeira de Pena, surgiram como forma de aproveitar o milho regio- nal existente em todas as casas agrícolas para, juntamente com o fumeiro produ- zido a partir da matança do porco, criar uma nova iguaria gastronómica.

O feijão amarelo, cultivado ances- tralmente no meio do milho regional, é utilizado na confeção de vários pra- tos, entre os quais se destacam o Cal‑

do Verde desta região e as Couves com Feijões.

A existência de abelhas nas armas do concelho de Mondim de Basto comprova a importância ancestral que o mel desem- penha nesta região, destacando-se o Mel de Montanha, cuja qualidade lhe permi- tiu ser reconhecido com a DOP Mel das

Terras Altas do Minho. A Rota do Mel,

realizada em maio, é já uma tradição na região, que consiste num passeio de bi- cicleta pelas zonas mais bonitas de Mon- dim de Basto.

Nas Terras de Basto produz-se igual- mente doçaria tradicional, destacando-se os doces de romaria – Cavacas, Rosqui- lhos, Rebuçados de Açúcar e Galhofas – e ainda o Pão de Ló, os Mexidos e o Leite-Creme Queimado.

No que se refere a práticas alimenta- res que acompanham as tradições locais não se pode deixar de referir a Festa das Papas realizada em anos alternados nos lugares de Samão e Gondiães (Cabeceiras de Basto), festa feita em honra do mártir S. Sebastião a 20 de janeiro.

Entre os vários eventos com potencial turístico destacam-se ainda a Agro-Basto em Cabeceiras de Basto, a Feira de Ar- tesanato e Gastronomia em Celorico de Basto, a Feira da Terra em Mondim de Basto e a Feira do Linho em Ribeira de Pena, que decorrem durante o verão e atraem milhares de visitantes de todas as regiões do país.

sabia que...

Os alimentos que irão ser servi‑ dos na Festa das Papas – a broa, as papas, o entrecosto e o vinho – são benzidos pelo Pároco, sendo que “com esta bênção se deseja obter um ano feliz para as colheitas e para a boa saúde do gado, bens essenciais à sobrevivência dos homens. Enquanto o pão é feito pelas afadigadas mulheres da aldeia nos dias que antecedem a festa, as papas são tarefa dos homens e confecionam‑se no dia da festa, ainda a noite se faz sentir. Em três enormes potes de ferro aquece‑se a água com sal e cozem‑se os nacos de entrecos‑ to ainda com o courato. Após a cozedura, retira‑se e reserva‑se, cozendo‑se na água que daí re‑ sulta a farinha de milho branco, que se vai mexendo de vez em quando. As papas ficam bem consistentes, ou não fossem papas… Prontas, estas retiram‑se dos potes com enormes conchas da sopa e enchem‑se malgas de barro vidrado, que se dispõem em mesas à espera de serem posteriormente benzidas.

Fonte: Isabel Fernandes, saberescruzados.wordpress.com

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sopaS

Caldo verde

com feijão

amarelo

INGREDIENTES

Couve‑galega cegada Feijão amarelo Batata Cebola Salpicão Azeite Sal

PREPARAÇÃO

Põe-se uma panela com água a ferver com a batata, a cebola e o feijão.

Depois de tudo cozido passa-se pelo passe-vite.

Acrescentam-se as couves e tempera-se com sal e azeite.

RITOS E HÁBITOS

O Caldo Verde, embora comum noutras regiões de Portugal, tem no Minho e zo- nas limítrofes uma grande tradição, como acontece nas Terras de Basto. Aqui, tradi- cionalmente, é feito com feijão amarelo, o feijão semeado no meio do milho regional destinado a broa.

peixe

Bacalhau à Freixieiro

INGREDIENTES

Bacalhau demolhado Cebola Alho Azeite Louro

Broa de milho (tradicional)

Ovos

PREPARAÇÃO

Numa caçarola de ir ao forno coloca-se a cebola cortada às rodelas, alho e louro.

Sobrepõe-se o bacalhau e rega-se com bastante azeite.

Leva-se ao forno previamente aquecido até alourar o bacalhau, retirando de vez em quando para regar com azeite.

Desfaz-se a broa e amassa-se com os ovos até fazer uma bola de massa.

A Broa tradicional é

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