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PinhAl intErior Sul

No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 136-138)

nhal Maior, cuja área foi já considerada a maior mancha contínua de pinheiro bra‑ vo da Europa, é um território reclinado sobre a albufeira do Zêzere, Tejo e Ocre‑ za, homogéneo na morfologia e no clima.

A paisagem é constante e marcada por pinhal, serra e água. Em termos económi‑ cos, o território encontra‑se muito ligado à floresta, com especial destaque para o setor da madeira e para os setores agroa‑ limentares. Beneficiando de uma posição estratégica (o centro geodésico de Portu‑ gal situa‑se no Picoto da Melriça em Vila de Rei), o território tem vindo a atrair visitantes, pelo que o turismo surge cada

território

PinhAl intErior Sul

vez mais como uma atividade económica complementar. Ao nível de património natural, existem inúmeras praias fluviais como Açude Pinto, Álvaro, Cambas, Al‑ deia Ruiva, Fróia e Malhadal.

Património

Gastronómico

A pastorícia e os produtos agroalimen‑ tares daí derivados sempre tiveram um papel relevante neste território. “Das ca‑ bras, na posse de quase todas as famílias, os agricultores aproveitavam: as crias para venda ou, mais recentemente, para servi‑ rem de repasto pelos casamentos e outros tempos festivos; o leite para beberem, nem sempre, e para o fabrico artesanal de queijos. Quando velhas ou maninhas as cabras eram abatidas e consumidas, em épocas especiais e em tempo de festa. (…) Das ovelhas, para além dos borregos, do leite e da carne, utilizavam a sua lã (…) A sua carne, como a de cabra, tinha um pa‑ pel importante nos batizados, casamentos e outras festas, religiosas ou profanas.”

Destaca‑se no concelho de Oleiros o famoso Cabrito Estonado cuja confeção demora três dias. Trata‑se de uma receita típica de cabrito assado no forno de lenha, com a particularidade de o cabrito não ser previamente esfolado, mas estonado, de‑ signação que advém de se extrair “o que está à tona”, ou seja, é‑lhe tirado o pelo mas mantendo a pele que fica estaladiça. Assim, o cabrito não perde gordura e a carne fica mais suculenta e mais saborosa.

Infelizmente, as exigências específicas da confeção desta iguaria são incompatí‑ veis com algumas normas recentemente estabelecidas, o que coloca em perigo a preservação desta longa tradição. Tradi‑ cionalmente, é muito consumido na Pás‑ coa.

As pessoas que possuem cabras e/ou ovelhas aproveitam também o respetivo leite para consumo próprio, por vezes para doces e para fazer queijos. Os queijos eram secos sobre uma tábua numa casa

fresca e escura para não ficarem olhados por dentro. Depois de bem secos eram colocados em pequenos potes de barro chamados asados, cobertos com azeite ou só abafados. Também se comiam frescos. O queijo cabreiro, fabricado artesanal‑ mente, é outro ex libris destes concelhos. O melhor queijo é produzido nos meses mais frios, altura em que existem melho‑ res pastagens e o leite de cabra é mais rico.

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Neste território quase toda a família criava pelo menos um porco que era ali‑ mentado com castanha, restos de comida e produtos da horta.

O concelho de Mação destaca‑se em atividades como a olivicultura, a vinha, a caprinocultura e a apicultura. É conheci‑ da como a “Terra dos 3 Ás” – Água, Ar e Azeite. As condições climáticas des‑ te concelho são propícias à produção de

enchidos e presuntos, produzindo‑se em Mação 70 por cento de todo o presunto nacional.

O bucho de porco recheado é um pra‑ to característico desta região, que na Bei‑ ra se fazia sobretudo para consumir du‑ rante a festa da matança, e noutras regiões do país costumava guardar‑se no fumeiro. Hoje são poucas as famílias que continu‑ am a matar o porco e a fazer o bucho, mas há pessoas que querem manter a tradição e projetam construir pequenas unidades de produção de bucho. A receita varia de localidade para localidade.

Também a gastronomia de Proen‑ ça‑a‑Nova é marcada pela caprinocultura e pela agricultura. De entre as especiali‑ dades gastronómicas do concelho (como, por exemplo, a Sopa de Peixe, o Bucho

Recheado, a Cacholada, as Morcelas de

Erva‑doce, a Salada de Almeirão com Batata Cozida, os Nabos com Feijão, ou as Couves com Broa) é forçoso destacar a excelente Tigelada de Mel que é a rainha da doçaria local.

Na gastronomia de Vila de Rei pode‑ mos encontrar muitos dos pratos mais emblemáticos da zona de Pinhal Maior, mas devemos salientar o Bacalhau à Vila de Rei, o Bacalhau à Cobra, o Achigã

Grelhado ou Frito, o Cozido à Vila de

Rei, o Arroz Doce e o Pudim de Vila de Rei, rico em amêndoa e gemas de ovos, e as Broas de Mel.

Os peixes dos rios são muito aprecia‑ dos e com eles se prepararam diversas receitas como saborosas sopas, peixe sim‑ plesmente frito ou de escabeche, grelhado e a cabidela de lampreia.

O vinho callum é exclusivo de Oleiros e provém de uma casta estabelecida ao longo das margens da Ribeira de Oleiros. Trata‑se de um vinho branco, com baixo teor alcoólico e muito ligeiro, frequente‑ mente comparado ao vinho verde.

A Aguardente de Medronho da Sertã pode ser servida como digestivo e é pro‑ duzida em alambiques locais, aproveitan‑ do a existência abundante de medronhei‑ ros na região.

Sabia que...

“As carnes do porco sabiamente preparadas eram, parcimonio‑ samente, consumidas ao longo do ano, tanto em refeições do dia a dia, como nos repastos cerimoniais, como casamentos, batizados e trabalhos agrícolas especiais. Os presuntos, quando havia muita boca para sustentar, eram vendidos ou trocados por mantas de toucinho, trazidas pelos almocreves e toucinhei‑ ros, vindos, especialmente, do concelho de Mação e do Alto Alentejo. Também alguns traba‑ lhadores que iam para as ceifas no Alentejo levavam consigo toucinho para poderem trazer trigo que serviria para confecio‑ nar o pão que se devia consumir em tempo de festa. “

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peixe

Achigã

grelhado

peixe

Arroz de

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