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douro suPErior

No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 68-71)

O património natural, profunda- mente marcado pelo rio Douro e seus afluentes (Côa, Sabor e Tua) e o patri- mónio cultural são recursos que poten- ciam o desenvolvimento deste território. Destacam-se o Alto Douro Vinhateiro e os Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa, no Parque Arqueológico do Vale do Côa, ambos classificados como Pa- trimónio Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Igualmente atrativo é o Parque Na- tural do Douro Internacional, com uma área de 85.150 hectares distribuídos pelos concelhos de Miranda do Douro, Moga- douro, Freixo de Espada à Cinta e Figuei- ra de Castelo Rodrigo.

Património

Gastronómico

O Douro Superior insere-se na Região Demarcada do Douro, apresentando, pois, condições propícias à produção vi- nícola, situando-se aí adegas e coopera- tivas que desenvolvem um trabalho de

qualidade na produção e divulgação dos vinhos da região, tendo-se realizado, em outubro de 2012, em Vila Nova de Foz Côa, o 1.º Festival do Vinho do Douro Superior.

Para além da vinha, a paisagem des- ta região é marcada pela presença das amendoeiras que, quando estão em flor, constituem um espetáculo de extraordi- nária beleza que pronuncia a primavera no Douro, constituindo uma atração para grande número de visitantes e turistas. A produção de amêndoa aqui é muito sig- nificativa, por exemplo, nos concelhos de Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, sendo os frutos de excelente qualidade e a

Amêndoa do Douro – DOP apresenta-se

como um ex libris da região. Trabalhadas e adoçadas, as amêndoas tornam-se o ingre- diente principal de variadas guloseimas, particularmente no caso de um doce típi- co desta região: a Amêndoa Coberta de

Moncorvo, produto artesanal de origens

remotas, e já premiado no século XIX em Paris. São feitas pelas chamadas “co- brideiras” e apesar de a sua confeção re- querer apenas dois ingredientes (miolo de

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amêndoa e uma calda de água e açúcar), implica muitos dias de trabalho.

A azeitona e o azeite deste territó- rio contribuem decisivamente para a ex- celência dos produtos agroalimentares locais. Aí se produz biologicamente o

Azeite de Freixo de Numão e a Azeito‑ na de Conserva Negrinha de Freixo que

obteve a classificação DOP. Esta azeitona tem “a polpa mais desenvolvida, é mais carnuda e com caroço mais pequeno”, o que a torna preferida para conserva.

A Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churra da Terra Quen- te, situada em Torre de Moncorvo, tem vindo a proteger a Ovelha de raça Churra, o seu leite e derivados e também o Quei‑

jo Terrincho que alcançou a qualificação

DOP.

Ao longo de várias gerações o princi- pal sustento de muitas famílias da Foz do Sabor, concelho de Torre de Moncorvo, foi a pesca de peixe do rio, cuja qualida- de e quantidade se deve à confluência dos rios Douro e Sabor. As Migas de Peixe

do Rio, inicialmente um prato de sub-

sistência, adquiriram fama e constituem

hoje uma mais-valia turística e económica para a região.

Os cogumelos de Mogadou- ro são, há décadas, tidos como um alimento natural utilizado na subsistência de muitas famílias. Mo- gadouro assume-se como a capital do cogumelo, tendo até um monumento em granito alusivo ao cogumelo e à micolo- gia.

Os espargos (Asparagus), planta que cresce espontaneamente, é conhecida desde tempos remotos pelas suas proprie- dades terapêuticas e gastronómicas. Nes- te território podem ser encontrados em olivais, junto aos muros e caminhos ou mesmo em terrenos abertos não cultiva- dos. Na primavera existe a tradição de “ir aos espargos”. Esta planta permite confe- cionar uma grande variedade de receitas, como por exemplo as Migas de espargos selvagens com ovos mexidos; os espargos selvagens com ovo, pão, cogumelos e tou- cinho fumado; a Sopa de espargos selva- gens, os espargos grelhados com presunto e a omeleta de espargos selvagens.

As Sopas de Tomate de Freixo de Espada à Cinta são uma receita ancestral, cujas origens e autoria são desconhe- cidas. Fáceis de preparar, substanciais, com ingredientes extraídos diretamente dos campos, as Sopas de Tomate foram um meio de subsistência em tempos di- fíceis. As sopas começaram por ser a merenda de eleição dos segadores que as transportavam em merendeiras para os campos e que as comiam, novamen- te, à ceia. Atualmente as sopas de toma- te de Freixo de Espada à Cinta consti- tuem uma referência na gastronomia freixenista.

Na gastronomia deste território de- verá salientar-se também a importância da caça, sobretudo o Arroz de Lebre com Couves, tradicional de Freixo de Espada à Cinta, bem como Lebrada com Feijão branco, Coelho Bravo guisado, Perdiz es- tufada com presunto, Guisado de Javali e Tordos Assados.

sabia que...

O Queijo Terrincho é produzido exclusivamente por leite de ovelha de uma raça específica – a Churra da Terra Quente. A área geográfica da sua produção abrange os concelhos de todo o Douro Superior. É um quei‑ jo curado, de pasta semimole branca e uniforme, ligeiramente untuosa, obtida por esgotamen‑ to lento da coalhada, após a coagulação do leite cru e puro. É um queijo de sabor suave, limpo e característico e mais forte quando envelhecido. É um alimento que invariavelmente entra na gastronomia portu‑ guesa apimentando o início das refeições.

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Entradas

Omelete de espargos

sILVESTRES

INGREDIENTES

1 molhinho de espargos selvagens

6 ovos Sal q.b.

Pimenta q.b.

Azeite q.b.

PREPARAÇÃO

Lavam-se os espargos, de seguida cor- tam-se em pedaços, deixando as cabeças inteiras.

Levam-se a ferver durante 2 ou 3 minu- tos em água com um pouco de sal. Depois escorrem-se bem num passador.

Batem-se muito bem os ovos com o sal e a pimenta, e adicionam-se os espargos, envolvendo muito bem.

Leva-se uma frigideira antiaderente ao lume com um pouco de azeite para aque- cer.

Quando estiver quente deitam-se os ovos, que se deixam prender, começando lentamente a enrolar a omeleta, deixan- do-a cozinhar enquanto se enrola.

Serve-se simples com um bom pão ou com uma salada de alface, só levemente temperada.

entradas

cogumelos

grelhados

INGREDIENTES

Cogumelos Sal Alho moído Azeite Vinagre

PREPARAÇÃO

Retira-se o pé do cogumelo.

No interior coloca-se sal, alho moído, azeite e vinagre.

Leva-se a grelhar.

Receita cedida pelo restaurante Kalifa Ok.

sabia que...

“O espargo é uma planta pertencente à família das liláceas, espontâneo em toda a bacia mediterrânica, conhecido desde tempos remotos pelas suas qualidades terapêuticas e diversidade gastronómica. Os seus rebentos, conhecidos como turiões, emergem diretamente do solo (na primavera). São a parte mais apreciada do espargo porque são tenros, carnudos e comestíveis.”

Nesta região o espargo pode ser encontrado junto das espargueiras que crescem nos olivais perto das oliveiras, junto aos muros e caminhos ou mesmo em terreno aberto que não esteja cultivado. Ainda hoje, pela primavera, se mantém a tradição de “ir aos espargos”.

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