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A Tigelada é um dos doces característicos

No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 167-171)

Tigeladas

INGREDIENTES

Para 12 tigeladas: 500 g de açúcar 200 g de farinha de trigo 12 de ovos 1 l de leite

Raspa da casca de limão – opcional

PREPARAÇÃO

Mistura‑se o açúcar e a farinha.

Juntam‑se os ovos e bate‑se tudo muito bem batido num pote ou vasilha.

Antes de ir ao forno, junta‑se o leite.

Deita‑se tudo numas tigelinhas de bar‑ ro (não vidrado), previamente aquecidas e bem quentes.

Vai ao forno a cozer.

Retiram‑se estando loirinhas.

SUGESTÃO

Como gosto especial pode adicionar‑se canela ou limão.

Receita cedida pela J. F. Ferreira do Zêzere.

A Tigelada é um dos

doces característicos

de Ferreira do Zêzere,

podendo ser consumida

como sobremesa, bolo

doce de boas‑vindas ou

lanche.

Como forma de

preservação e

valorização desta

iguaria realiza‑se

anualmente, no início

de fevereiro, no centro

da vila, a Mostra da

Tigelada, inserida na

Feira Tradicional de S.

Brás.”

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Caracterização

histórica E

Geográfica

A Península de Setúbal corresponde à zona de intervenção do GAL ADREPES – Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal.

Localiza‑se na região de Lisboa e Vale do Tejo e integra os concelhos de Alco‑ chete, Moita, Montijo, Palmela, Setúbal e Sesimbra, enquadrados por diversas áreas naturais classificadas que lhe conferem uma enorme diversidade ecológica: Estu‑ ário do Tejo (a norte), Estuário do Sado e Serra da Arrábida (a sul), Lagoa de Albufeira (a oeste) e diversos corredores ecológicos que unem Canha à Marateca, estendendo‑se na direção de Sesimbra.

O território possui um enorme poten‑ cial agrícola, florestal e pesqueiro, que se reflete na existência de vários produtos emblemáticos como os vinhos DOC Pal‑ mela, DOC Setúbal (o famoso Moscatel de Setúbal), e IG Península de Setúbal, o queijo de Azeitão – DOP, a Maçã

território

PEnínSula dE SEtúbal

Riscadinha de Palmela – DOP, o mel, as

ostras de Setúbal e o peixe‑espada preto de Sesimbra.

Da forte herança cultural relaciona‑ da com as atividades agrícolas e piscató‑ rias, destacam‑se eventos como as feiras equestres e tauromáquicas dos concelhos de Alcochete, Moita e Montijo, a festa das Vindimas de Palmela, os Círios da Nossa Senhora da Atalaia e os Círios Marítimos de Setúbal e Sesimbra, que reforçam a atratividade do território.

A par do património arquitetónico – castelos de Palmela e Sesimbra, a Fortale‑ za de São Filipe em Setúbal, o Convento da Arrábida, o Santuário do Cabo Espi‑ chel – quintas, palácios e adegas conju‑ gam os encantos rurais com as artes e os ofícios tradicionais.

Património

Gastronómico

Em 1830, o beirão Gaspar Henriques de Paiva instalou‑se em Azeitão, para se dedicar à agricultura, levando consigo ovelhas leiteiras. Durante bastante tem‑ po passou a mandar vir todos os anos um queijeiro para produzir um queijo semelhante ao Queijo Serra da Estrela. A técnica de confeção foi transmitida às pessoas da terra, que passaram a aplicá‑la, tendo‑se criado assim o ex libris que é o

Queijo de Azeitão – DOP, cujas particu‑

laridades se devem às pastagens da Serra da Arrábida de que se alimentam as ove‑ lhas e à variedade de flor de cardo (Cyna-

ra Cardunculus L., espontânea no sul do

país) que se utiliza para coagular o leite. O Queijo de Azeitão, com a forma de um cilindro achatado, sem bordos defi‑ nidos, é pequeno, curado, possui crosta amarelada e pesa entre 100 e 250 g. Deve servir‑se à temperatura ambiente.

As Ostras de Setúbal são outro dos

ex libris da região. Refira‑se, a título de

curiosidade, que o poeta setubalense Ma‑ nuel Maria Barbosa du Bocage foi dos primeiros a solicitar concessões para a

exploração de ostras. Na região de Setú‑ bal, nos anos 50 do século XX, cerca de 2000 pessoas ainda viviam da apanha de ostras. Atualmente, as Crassostrea Angula-

ta, variedade de ostras do estuário do rio

Sado em Setúbal, recomeçam lentamente a regressar aos mais requintados restau‑ rantes de Portugal e França, onde pos‑ suem a designação de “Les Portugaises”. A tradição piscatória da vila de Se‑ simbra levou a que a Caldeirada de Se‑

simbra se tornasse uma das iguarias deste

concelho. Em tempos remotos cozinha‑ va‑se com “o peixe que houvesse” e esta caldeirada chegou mesmo a ser confecio‑ nada apenas com pata‑roxa e peixe‑espa‑ da. Atualmente cozinha‑se com amêijoas, tamboril, safio, raia e cherne.

O peixe‑espada preto de Sesimbra é uma das espécies com maior reconheci‑ mento nacional e cuja notoriedade tem crescido ao nível da gastronomia. A cap‑ tura é feita de forma artesanal e tradicio‑ nal, utilizando a técnica do Palangre de profundidade, uma forma de pesca, alta‑ mente seletiva onde se utiliza uma “caça‑ da” em corda e “pita” (fio de nylon) com anzóis e isco (sardinha ou cavala), sendo a maior parte dos indivíduos capturados com idade adulta.

A Sopa de Saramagos é confeciona‑ da a partir das folhas e do caule do sa‑ ramago, uma planta que nasce de forma

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espontânea e pertence à família das crucí‑ feras, cujas flores têm corola em forma de cruz, como o agrião. É conhecido noutras regiões do país também como rábano‑sil‑ vestre, rábano‑bastardo ou cabresto.

A produção, abate e transformação de suínos tem sido, ao longo dos anos, uma importante atividade económica no con‑ celho do Montijo. A ligação ao rio Tejo levou à criação de várias receitas que con‑ jugam a Carne de Porco com Enguias.

A criação doméstica de pombos (bor‑ rachos) era habitual no concelho de Pal‑ mela, tendo dado origem à receita de

Pombo Estufado, que era consumido so‑

bretudo em dias de festa. Atualmente há quem utilize pombo bravo para confecio‑ nar este prato.

Na doçaria merecem destaque as Tor‑ tas de Azeitão, os Barquinhos de laranja de Setúbal, os Esses de Azeitão, as Foga‑ ças de Palmela e Alcochete e a Farinha Torrada de Sesimbra.

A Fogaça de Palmela é o bolo tradi‑ cional da vila de Palmela. Era costume realizarem‑se romarias para obtenção de fundos para a realização da festa princi‑ pal nas quais, eram arrematados animais, produtos agrícolas e uns bolos designados por Fogaças, que eram cozidas em cima do borralho da lareira ou do forno.

Desde então, festeja‑se a 15 janeiro, na Igreja Paroquial de Palmela, o dia de Santo Amaro, cerimónia religiosa em que são benzidas as Fogaças. Estas cor‑ respondiam a promessas formuladas ao Santo variando a configuração do bolo em função da promessa, assim aparecendo

um pé, um coração, um animal ou um cacho de uvas. O produto da venda das fogaças revertia para o culto de Santo Amaro.

Importa ainda destacar a Maçã Ris‑

cadinha de Palmela que só cresce em

pomares na região envolvente a Palmela. É achatada e apresenta manchas caracte‑ rísticas na pele avermelhada, distinguin‑ do‑se pelo seu intenso aroma e paladar doce, sendo muito sumarenta e de textura macia. As características singulares deste fruto conferem atualmente o reconheci‑ mento da sua Denominação de Origem.

A abundância de plantas aromáticas (alecrim, murta, esteva, rosmaninho, to‑ milho e tojo, entre outras), aliada ao ca‑ ráter temperado dos invernos, oferece boas condições para a apicultura. O mel da Arrábida tem um sabor aveludado e muito característico, com propriedades terapêuticas, sendo um produto muito procurado.

Desde as grandes explorações domi‑ nadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses. A Re‑ gião da Península de Setúbal desdobra‑se em três denominações distintas: DO Pal‑ mela (Denominação de Origem Palmela), DO Setúbal (Denominação de Origem Setúbal) e Península de Setúbal (IG). A qualidade destes vinhos é comprovada através dos prémios obtidos em concur‑ sos nacionais e internacionais.

Sabia que...

Quando se fala na origem das Tortas de Azeitão tem de se referir obrigatoriamente Manuel Rodrigues, O Cego, que exercia as atividades de hospedeiro e aguadeiro ao domicílio na região de Azeitão. Graças às preciosas mãos de sua esposa D. Maria Albina, e de sua filha, tornou‑se um fabricante reputado de deliciosos bolos – os Esses, as Roscas e os Amores e as Tortas de Azeitão – que desde o princípio do século se tornaram conhecidos e passaram a ser mais um polo de atração da região.

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sopas

Sopa de

Saramagos

peixe

Caldeirada de Sesimbra

INGREDIENTES

1 molho de saramagos 200 g feijão branco 0,5 dl azeite Sal

PREPARAÇÃO

Escaldam‑se os saramagos previamente para lhes tirar o acre.

Coze‑se o feijão branco, juntam‑se os saramagos, o azeite e sal antes do feijão estar cozido para permitir que os sarama‑ gos cozam.

INGREDIENTES

1,2 a 1,5 kg de peixe (tamboril, safio, raia e cherne)

Amêijoas

2 cebolas

2 dentes de alho

2 tomates maduros de bom tamanho

1 pimento 1,5 dl de azeite 3 dl vinho branco 1 kg batatas 1 ramo salsa Louro

Sabia que...

Os saramagos eram utilizados noutros tempos, para fazer face à carestia de alimentos, tendo vindo a cair em desuso. Atualmente, contudo, assiste‑se a uma revalorização dos sa‑ ramagos, bem como de outras ervas espontâneas.

Nesta região, em particular no concelho da Moita, é utilizado em sopas, mas também na con‑ feção de esparregado.

PREPARAÇÃO

Colocam‑se as amêijoas no fundo do ta‑ cho e vão‑se pondo, às camadas, rodelas de cebola, de batata, de tomate, pimento às tiras e os peixes aos bocados depois de terem sido previamente amanhados, lava‑ dos e salgados.

Deita‑se o azeite e o vinho branco e dei‑ xa‑se cozer em lume brando, rodando o tacho, em vez de mexer, para não desman‑ char o peixe.

Quase no fim da cozedura junta‑se o ramo de salsa.

No caldo, depois de passado pelo passa‑ dor e acrescentando água, coze‑se a mas‑ sinha.

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