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No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 100-102)

utilização das terras destacam‑se as pro‑ duções de cereais para grão, os prados temporários e culturas forrageiras, as hor‑ tas familiares e a vinha.

A região tem ainda dois espaços que integram a Rede Natura, como Sítios de Importância Comunitária pertencentes à região biogeográfica mediterrânica: o Sí‑ tio do Rio Paiva (Vila Nova de Paiva) e o Sítio do Cambarinho (Campia – Vouzela) que alberga uma das maiores populações nacionais de loendros.

Neste território, encontra‑se um dos principais centros da rede urbana nacio‑ nal e regional, a cidade de Viseu, com fortes interdependências aos espaços en‑ volventes rurais ou pela força das dinâmi‑ cas urbanas que extravasam os limites da cidade, e se assumem cada vez mais como “rurbanos”. A realidade aqui encontrada é o exemplo evidente das novas lógicas de organização e funcionalidade dos padrões de apropriação humana, nas quais se en‑ contram exemplos como o rural indus‑ trializado, o rural não agrícola das áreas de segunda ou de primeira residência dos que trabalham na cidade, o rural profundo

onde tudo parece permanecer desde a ori‑ gem ou ainda o rural da base económica especializada.

Património

Gastronómico

No que se refere à produção animal, importa mencionar a Vitela de Lafões – IGP e o Cabrito da Gralheira – IGP.

Criado no concelho de São Pedro do Sul que faz parte da Serra da Gralheira, o famoso Cabrito da Gralheira tem uma car‑ ne firme, dura e muito resistente ao cor‑ te. A criação destes animais, em algumas aldeias, ainda é feita em comunidade e os mesmos alimentam‑se em prados espon‑ tâneos, constituídos por urzes, carquejas, giestas e tojos. As cabras são utilizadas para confecionar chanfana e o cabrito é geralmente assado no forno, recheado com as miudezas e com os enchidos da região. Tradicionalmente consumia‑se o cabrito nas festas do Natal e da Páscoa.

Igualmente famosa é a Vitela de La-

fões – IGP. A abundância de vegetação

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da zona é muito propícia à criação de gado bovino. A vitela de Lafões resulta do cruzamento das raças autóctones mi‑ randesa e arouquesa e, graças à vegetação e ao microclima, a carne é muito macia, saborosa e suculenta. Estes animais são criados em estábulos e alimentam‑se de leite materno, podendo o seu sustento ser complementado com feno, pastos verdes e concentrados à base de farinha de milho. As caraterísticas organoléticas da vitela de Lafões tornam‑na apetecível e presente em vários pratos tradicionais da região, com destaque para a Vitela Assada em forno de lenha, iguaria nacionalmente re‑ conhecida.

Outro prato confecionado com vitela é o Espeto à Lafões, sendo preparado da seguinte forma: a carne é passada por água e temperada com sal grosso. De seguida é colocada num espeto de ferro e assada em brasas de vides ou lenha de azevinho. À medida que a vitela vai assando, roda‑se o espeto e salpica‑se a carne com salsa mo‑ lhada em vinho branco. Para evitar que a carne perca a sua suculência, deve ser retirada do lume assim que estiver bem loura, acompanhando‑se posteriormente com batatas (fritas ou cozidas) e rodelas de cebola crua.

O concelho de Oliveira de Frades pri‑ ma pelo enraizamento do setor avícola, nomeadamente na criação de frangos do

campo, já que esta região possui carate‑

rísticas endógenas mais adaptáveis às exi‑ gências deste frango que integra marcada‑ mente a gastronomia do concelho.

Na vinicultura o Vinho do Dão –

DOC é um dos produtos de destaque,

inserido na Região Demarcada do Dão, à qual pertence o concelho de Viseu (parcialmente).

A área geográfica do vinho de Lafões correspondente à IGP Sub‑região “Terras de Lafões”, situa‑se ao longo do Vale do Vouga e abrange os concelhos de Olivei‑ ra de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela. Os vinhos brancos, com pouco álcool, são frutados, ricos em acidez málica e pos‑ suem características que os aproximam

dos Vinhos Verdes. Os vinhos tintos são cintilantes, encorpados, possuem elevada acidez fixa e o envelhecimento torna‑os suaves e aveludados.

A riqueza e qualidade dos produtos endógenos desta zona são a base dum vas‑ to e diversificado universo gastronómico. Este território apresenta uma vasta gama de variedades regionais de fruteiras das quais se destaca a Maçã Bravo de Esmol-

fe – DOP, produzida fundamentalmente

nos concelhos de Viseu, São Pedro do Sul e Vila Nova de Paiva. Esta maçã tem uma procura elevada e sobre ela têm sido de‑ senvolvidos vários estudos.

Referem‑se ainda os citrinos de Sejães e de Valadares (S. Pedro do Sul) e a Pêra

Passa de Viseu, preparada com a varie‑

dade de pêra de S. Bartolomeu que corre atualmente o risco de extinção.

Nas variedades de pão (de milho, de mistura, de centeio) destacamos a Broa

de Vil de Moinhos, tradicional em todo

o distrito de Viseu, mas fabricada sobre‑ tudo num local dos arredores desta cidade também denominado Vil de Moinhos.

Para além dos enchidos regionais, dos queijos de cabra e ovelha e do mel de Pen‑ dilhe (Vila Nova de Paiva), este território conserva ainda uma doçaria tradicio-

nal, com base em receitas antigas, como

o Leite‑creme, o Caldo de Abóbora com Leite, o Arroz‑Doce à Moda da Aldeia, o Pudim de Requeijão ou de Pão, as Papas de Milho e uma diversidade de bolinhos e pastéis tradicionais onde se incluem Cas‑ tanhas de Ovos de Viseu, Caçoilinhos do Vouga, Beijinhos, Cavacas, Pão de Ovos e Pastéis de Vouzela.

Referência especial merece a vila de Vouzela, situada na região de Lafões, perto de São Pedro do Sul e Oliveira de Frades, muito famosa pela sua doçaria, designadamente o Folar de Vouzela e, sobretudo, os Pastéis de Vouzela, com formato similar ao do charuto, recheados com doces de ovos enrolados numa massa extremamente fina, mais fina do que fo‑ lhas de papel de seda.

Sabia que...

O Folar de Vouzela – um bolo lêvedo, muito rico em ovos e gordura obtida por mistura de manteiga e banha, de forma alongada, dobrado e sobreposto a meio, sobre açúcar que derrete e carameliza no forno – era oferecido pelos afilhados aos seus padrinhos, por altura da Páscoa, recebendo em troca outras prendas.

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peixe

trutas de

escabeche

peixe

Migas com filetes

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