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No documento Sabores Rurais Portugal (páginas 162-164)

Património

Gastronómico

O clima e o solo do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros são propícios ao aparecimento de flora única, de reco‑ nhecido interesse aromático e condimen‑ tar, que serve igualmente para a alimenta‑ ção dos caprinos da raça Serrana (ecotipo ribatejano) desta região. É a partir da carne destes animais que é confecionado o Cabrito de Torres Novas, uma especia‑ lidade deste concelho.

Outro dos produtos de referência obrigatória é o Figo de Torres Novas ou

Fruto dos Amores. São frutos pretos ou

brancos, designam‑se por lampos (maio e junho) e vindimos (julho e setembro).

O figo é consumido a qualquer hora do dia, por vezes acompanhado de pão. Também é utilizado como sobremesa ou como entrada, acompanhado por pre‑ sunto. É essencial para a preparação de Aguardente de Figo.

Todos os anos, em outubro, realiza‑se a Feira dos Frutos Secos e Passados em

Torres Novas e em Tomar, no âmbito da Feira de Santa Iria ou das Passas.

O solo calcário e o clima mediterrâ‑ nico deste território tornam‑no também bastante propício ao cultivo da oliveira. Os Azeites do Ribatejo – DOP são obti‑ dos do fruto Olea Europaea L., gorduras líquidas extraídas, por processos mecâni‑ cos, de azeitonas de olivais localizados no Ribatejo. Os azeites que integram a DOP Azeites do Ribatejo apresentam excelentes características, sendo de baixa e muito bai‑ xa acidez, ligeiramente espessos, frutados, com cor amarela ouro, por vezes ligeira‑ mente esverdeada.

Em Alcanena destacam‑se as Migas de

Bacalhau de Alcanena. Um prato outrora

consumido pelos mais pobres, sobretudo por agricultores, que as confecionavam com ingredientes oriundos da agricultura – batatas, azeite, alho, louro, coentros – e bacalhau que, em tempos mais recuados era mais barato e mais acessível na região do que a maioria dos peixes. Por volta das cinco da manhã as mulheres preparavam este prato e embrulhavam‑no posterior‑ mente em serapilheira, sendo degustado

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depois ao meio‑dia pelas pessoas que tra‑ balhavam na apanha da azeitona.

Nos tempos mais antigos, para a con‑ feção deste prato eram utilizadas panelas de ferro. Atualmente, a cozedura das ba‑ tatas e do bacalhau é feita numa panela de alumínio, abafando‑se posteriormente to‑ dos os ingredientes num tacho de barro.

O património gastronómico de Vila Nova da Barquinha é caracterizado pela sua diversidade de pratos. A história do concelho está intimamente ligada à ativi‑ dade piscatória, tendo no peixe do rio a principal fonte de sabores da sua gastro‑ nomia típica.

A fama dos vinhos do Ribatejo é ante‑ rior à fundação da nacionalidade. Devido à importância da vinha na economia ru‑ ral, bem como a diversidade das caracte‑ rísticas organolépticas dos seus vinhos e a qualidade que a terra e o homem lhes confere, a designação Ribatejo foi oficial‑ mente reconhecida como DOC.

A produção de vinhos na região do Ri‑ batejo Norte tem especial incidência em Tomar, Ourém e Torres Novas.

Refira‑se ainda o Mel do Ribatejo

Norte – DOP, que apresenta os seguin‑

tes subtipos: Serra d’ Aire, Albufeira do Castelo do Bode, Alto do Nabão. São méis com intenso aroma e sabor floral, com características organolépticas típicas da composição florística da vegetação das quatro regiões, bem como combinações muito enriquecidas em espécies caracte‑ rísticas da flora mediterrânica.

A doçaria desta região é rica e variada. Tomar tem uma longa tradição de doçaria de inspiração conventual, realizando‑se mesmo um evento designado “De Tomar e dos Conventos – Doçaria Tomarense”. Os doces mais conhecidos baseiam‑se nos fios de ovos e nos doces de ovos e alguns têm nomes curiosos como Beija‑me De‑ pressa e Doces de Cama, para além das

Fatias de Tomar, um ex libris do conce‑

lho, e dos mais famosos doces no país. A Tigelada é um dos doces característi‑ cos de Ferreira do Zêzere, podendo ser

Sabia que...

A produção de figo é uma ativi‑ dade bem enraizada e vital em toda a região de Torres Novas. Data do princípio do século XIX a implantação dos vastos figueirais de Torres Novas, como alternativa à vinha, muito dizimada pela filoxera. Face à boa adaptação ao meio, foi crescendo a importância socioeconómica desta cultura, originando costumes e tradições que ainda hoje têm boa expres‑ são. Gradualmente o figo fresco alcançou projeção na diversifi‑ cação de mercados, sendo hoje um fruto de eleição.

Sabia que...

O Vinho Medieval de Ourém tem a sua origem na fundação de Portugal, quando D. Afonso Henriques celebrou com os Monges de Cister, também conhecidos por monges agricultores, vários acordos, cedendo‑lhes terras para que fossem cultivadas. Pela sua influência em toda a região, estes monges terão transmitido aos Oureenses o seu método de produção de vinho. Este é um vinho palhete, “vinho branco pintado com uvas tintas”

consumida como sobremesa, bolo doce de boas‑vindas ou lanche.

Como forma de preservação e valori‑ zação desta iguaria realiza‑se anualmente, no início de fevereiro, no centro da vila, a Mostra da Tigelada, inserida na Feira Tra‑ dicional de S. Brás, organizada pela Junta de Freguesia de Ferreira do Zêzere.

Em Torres Novas, para além dos seus famosos figos, destaca‑se o Bolo de Cabeça, de formato específico e curioso.

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