• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.8 A PRODUÇÃO DA BANANEIRA

A produção da bananeira teve sua origem no continente asiático e se adaptou ao continente brasileiro. Vem tendo maior expressão nas regiões Nordeste e Sudeste. A bananeira é uma monocotiledônea herbácea, ou seja, a parte aérea da planta é cortada após a colheita. Dentre as variedades mais cultivadas e comercializadas, destacam-se as espécies

Musa acuminata e Musa balbisiana. E as cultivares mais difundidas no país pertencem aos

grupos prata (prata, pacovan, prata-anã); nanica – subgrupo Cavendish (nanicão, grand

naind); maçã (Mysore, Thap Maeo); e mulata (casca verde). Mas as variedades pertencentes

ao grupo prata ocupam aproximadamente 60% da área cultivada com bananeira no país (OLIVEIRA et al., 1999; SENA, 2011).

A bananeira é formada pelo caule suculento e subterrâneo (rizoma), cujo falso tronco é formado pelas bases superpostas das folhas, folhas grandes e flores em cachos que surgem em série, a partir do chamado coração, ou mangará. Por ser tipicamente de regiões tropicais, fisicamente ela exige calor constante, precipitações e umidades bem distribuídas, o que permite desenvolvimento, produção e produtividade. A planta pode apresentar um dossel14 com 1,8 m a 8,0 m, dependendo da variedade, e o cultivo demanda grande quantidade de água, de nutrientes, para obterem os resultados esperados ao longo do ciclo de crescimento e de produtividade (GLIESSMAN, 2009). A aplicação de nutrientes por meio de fertirrigação15 é uma das práticas agrícolas eficientes, desde que realizada por meio de técnicas e gestão ideal. Estima-se que uma bananeira com área foliar total em torno de 14 m2 consuma uma média de aproximadamente 30 litros de água/dia ensolarado e de baixa umidade relativa do ar; 20 litros/dia semicoberto e 15 litros dia nublado (BORGES et al., 2004; SENA, 2011).

Caso ocorra deficiência hídrica no plantio, isso comprometerá a produtividade e a qualidade do fruto. Contudo a bananeira, considerada de alta capacidade de resiliência, no sentido de ser planta permanente, procura resistir a certas deficiências nutricionais, restituindo ao solo parte dos nutrientes extraídos pela cultura por meio da massa vegetativa, uma vez que 66% desta retornam ao solo como cobertura morta – pseudocaules e folhas (MOLLISON; HOLMGREN, 1983). Estudos sobre o processo produtivo utilizando a cobertura morta apontam-no com maior conservação da umidade, superando em 180% a da cobertura do solo com vegetação natural e em 92% a do solo capinado manualmente (CINTRA, 1988).

A banana constitui o quarto produto alimentar mais produzido no planeta, precedido pelo arroz, trigo e milho (ROCHA et al., 2010). Essa fruta possui aceitabilidade de consumo

14

Corresponde à parte superior da planta, o limite da copa.

15

Técnica empregada na irrigação de bananeiras, por ser meio eficiente de nutrição, combinando dois fatores essenciais para o crescimento, o desenvolvimento e a produção: água e nutrientes.

em função de ser, de certa forma, higiênica, devido ao fato de a parte comestível – polpa – ficar exposta apenas no momento do consumo. Além de ser rica em potássio, açúcar natural e vitamina C dentre outras vantagens, destacam-se com um baixo preço unitário, que a torna um alimento acessível às pessoas de baixo poder aquisitivo, e alta empregabilidade, devido ao elevado manejo manual (ALVES, 1999).

Além disso, os agros irrigados de bananeira têm tido destaque mundial, a nível de produtividade e consumo. Visto que a produção de banana no ano de 2011 vem ocupando a segunda posição mundial, com 95.596 milhões ton./ha., sendo superada apenas pela da melancia, 100,7 milhões de ton./ha. Por seu potencial produtivo – estudos indicam que a produção poderá alcançar uma média de 100 ton./ha., nas próximas safras –, a banana poderá desempenhar papel estratégico na segurança alimentar e nutricional (POLL, 2011).

Embora a produção brasileira de banana, em 2011, tenha sido de 7.329.471 ton., a produtividade de 14,56 ton/ha., pode ser considerada baixa em relação à produtividade de países como Indonésia (59,7 ton./hec); Costa Rica (49,9 ton./ha.); Índia (37 ton/ha.); Filipinas (20,2 ton./ha.); China (26,4 ton./ha.) e Equador (35,3 ton./ha.), o consumo da banana vem apresentando dados satisfatórios (POLL, 2011; IBGE, 2012; IBRAF, 2011). Na medida em que ocupa a segunda posição mundial de consumo – aproximadamente 10,38 kg./hab./ano – em relação ao da laranja, primeira posição no consumo, com 12,83 kg/hab./ano (POLL, 2011). No Brasil, a média de consumo de banana in natura é de aproximadamente 26,02 kg/hab./ano, enquanto, na Europa, a média é de 9,0 kg/hab./ano (IBGE, 2012).

Em nível de escala regional, o Nordeste brasileiro destacou-se no ano agrícola de 2011 como o principal produtor, colhendo uma safra de 2.862.505 milhões de toneladas, o que recolocou o estado da Bahia como o maior produtor nacional, com 1.239.650 milhões de toneladas, posto ocupado por Santa Catarina na safra de 2010 (IBGE, 2012). Do montante produzido no Nordeste brasileiro, a Bahia, Pernambuco, o Ceará e o Rio Grande do Norte são, respectivamente, os estados que ocupam as quatro primeiras posições de produção de banana nos polos de fruticultura irrigada.

Assim, com a produção elevada regionalmente, a média de consumo pode ser considerada relevante, com isso tem contribuído para que a fruticultura da banana irrigada se fortaleça como grande fonte social, econômica, alimentar e ambiental, na medida em que gera emprego e renda; como alimento e energético – sódio, magnésio, fósforo e, especialmente, potássio, além de vitamina C, A, B2, B6 e niacina. Além de prover alimento básico para inúmeras populações, a banana tem excelente valor nutricional e é facilmente digerível. É também considerada responsável “pelo provimento de alimento adequado para crianças e

idosos, bem como para pessoas enfermas que sofrem de doenças intestinais” (SILVA NETO, 2011, p.1), a cobertura morta representa no meio ambiente uma fonte substancial de matéria orgânica, como os resíduos constituídos por toda a planta após a colheita do cacho, pelas folhas secas provenientes das desfolhas e pelo rizoma e as raízes que se decompõem, estimulando a proliferação de microrganismos e melhorando a aeração e a estrutura físico- química do solo (BORGES et al., 2004).

Na maioria dos agros irrigados, de diferentes formas de produção moderno e tradicionais o processo de manejo deve seguir etapas básicas como: a) preparo do solo – aração e gradagem –; b) densidade de plantio – quantificação de planta conforme variedade –; c) covas – formação de piquetes para a marcação das covas –; d) covamento – manual ou mecanizada –; e) mudas – seleção de mudas –; f) plantio – colocação de mudas na cova previamente adubada –; g) irrigação, fertirrigação e nutrição – disponibilização de água e nutrientes –; h) desbrota – controle de filhotes na touceira –; i) corte mangará – eliminação, quando formada a última penca, e desfolhamento das folhas descartadas –; j) quebra-ventos – proteção contra ventanias –; k) colheita – finalização do ciclo –, que pode variar de 80 a 110 dias após a emissão do coração (CINTRA, 1988; ALVES, 1999; ROSA JUNIOR et al., 2000; BORGES et al., 2004; SENNA, 2007).

Por fim, para a construção de uma agricultura irrigada que seja sustentável, deve-se compartilhar o entendimento da importância do uso racional dos recursos naturais como um elemento fundamental de qualquer estratégia de desenvolvimento, não só pela importância para as gerações presentes e as futuras, mas porque esses recursos são um dos ativos mais importantes para a vida planetária. Ademais, essa relação homem-natureza deve passar por processos avaliativos quanto ao índice de sustentabilidade de agros irrigados.