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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM DA PESQUISA

O método de abordagem da pesquisa é, nesta tese, entendido como um conjunto de etapas sistêmicas que foram realizadas sem se perder o fio condutor para a resposta à pergunta norteadora sobre sustentabilidade dos agros modernos de bananeira, em Ipanguaçu–RN.

3.1.1 Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa caracterizou-se como exploratória, na medida em que produziu conhecimentos a respeito dos níveis de sustentabilidade dos agros irrigados – modernos e tradicionais – e descritivos, uma vez que foram expostas características multidimensionais: ambientais, econômicas, sociais e políticos-institucionais. Sobre os meios, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, documental e de campo (VERGARA, 2010).

A bibliográfica corresponde aos levantamentos e à catalogação do referencial teórico-metodológico. Em seguida, foram realizadas leituras e fichamentos de livros, teses, artigos de revistas e referências eletrônicas, que serviram de instrumentos analíticos para a realização da investigação. Foram feitas pesquisas em bibliotecas públicas, como a Zila Mamede, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Setorial do Departamento de Geografia (UFRN), a Sebastião Fernandes, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Maria do Rio Grande do Sul (UFSM), a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Natal e a Setorial de Assu–RN.

Na pesquisa documental foram buscados, em documentos em e sites da Internet, dados relativos às variáveis do estudo – definição de indicadores. E a pesquisa de campo compreendeu as idas aos agros irrigado modernos e tradicionais para a realização de observação não participante, entrevistas, coletas pontuais, como registros fotográficos,

georreferenciamento, coleta de amostras de solo e de água para a composição dos dados primários. Nas idas a campo também foram contactados representantes dos agros irrigados, pessoas da região, conhecedoras do fenômeno objeto de estudo, pesquisadores e representantes de instituições públicas, de associações, de sindicatos e de entidades de classe rurais, o secretário municipal da agricultura do município, os extensionistas agrícolas regional e local da EMATER – Ipanguaçu – RN.

A pesquisa desta tese pode ainda ser classificada como quantitativa por terem sido coletados dados secundários, visando-se construir as características quantitativas dos agros irrigados de bananeira. Embora, na fase de análise das questões sociais e econômicas dos agros, tenham sido trazidos elementos qualitativos.

Considerando-se os objetivos, desenvolveu-se estudo de caso16de enfoque comparativo por se tratar de trabalho de campo – embora não experimental –, baseado em dados primários e secundários obtidos por diversos procedimentos (GIL, 2009; YIN, 2007, CAMPOMAR, 1991; PONTE, 1992). A pesquisa foi considerada comparativa na medida em que permitiu identificar similitudes e divergências de agros irrigados, atrelados a princípios da revolução verde (LAKATOS; MARCONI, 1996; GODOY, 1995). Assim, foi possível verificar, analisar, descrever e comparar o estado de sustentabilidade das diferentes formas de produção dos agros irrigados de bananeira distribuídos dentre a margem direita do rio Piranhas-Açu até a rodovia estadual RN–118, trecho do município de Ipanguaçu–RN.

3.1.2 Estratégia da pesquisa

Em complemento às fontes anteriormente citadas, optou-se, ainda, pela estratégia piloto para a realização das entrevistas estruturadas (GIL, 2009), na intenção de se obterem dados quantitativos a respeito dos agros estudados. Esses dados subsidiaram a construção das dimensões, com seus indicadores ambientais, econômicos, sociais e políticos-institucionais para, posteriormente, aplicar-se o instrumento de avaliação de sustentabilidade de agros irrigados sob a ótica do IDS (S³) e representados pelo biograma (SEPÚLVEDA, 2008).

Utilizou-se a entrevista estruturada por ela, contribuir de forma detalhada para a coleta de dados e de informações para a definição dos indicadores. Durante a elaboração da estratégia piloto, elaborou-se previamente o formulário básico de entrevista estruturada, abrangendo a caracterização das quatro dimensões a serem analisadas. As entrevistas foram

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distribuídas em 17 observações e mediadas pelo aporte teórico sobre sustentabilidade de agros irrigados (SEPÚLVEDA, 2008; GIL, 2009; COSTA, 2010), o que contribuiu, posteriormente, para a construção do instrumento de entrevista estruturada (Apêndice A).

O procedimento à identificação dos agros irrigados foi a técnica bola de neve (GODOY, 1996). A pesquisadora se dirigia às lideranças municipais ou representantes dos agros, de produção de bananeira irrigada, os quais indicava a localização de outros.

As observações não participantes tiveram início a partir do dia 04 de agosto de 2010, por ocasião das idas a campo, na microrregião do Vale do Açu, mais precisamente nos municípios de Açu, Ipanguaçu, Carnaubais e Alto do Rodrigues, com o objetivo de reconhecer a área, observando-se a logística de acesso de rodovias e estradas carroçáveis para contatos nos agros modernos e tradicionais; observar as diferenças ou ausência de diferenças do uso de tecnologias nas cultivares de banana; registrar, por meio de fotografia e georreferenciamento, alguns pontos de relevância a este estudo.

Na ocasião, foram feitos contatos com representantes de instituições públicas do Vale do Açu como: DIBA; DNOCS; IBGE-Açu; EMATER local de Açu, de Ipanguaçu, de Carnaubais e de Alto do Rodrigues, prefeitura local e respectivas Secretarias da Agricultura, do Meio Ambiente e da Ação Social; escolas locais além de instituições superiores IFRN- Ipanguaçu e UFESA. Selecionou-se, então, um agro irrigado de forma tradicional na comunidade de Santa Clara – Açu–RN, como laboratório da base de pesquisa do Núcleo de Estudos do Semiárido (NESA) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), câmpus Central–Natal. E, no câmpus do IFRN–Ipanguaçu, obteve- se orientações de agrônomos, de alunos de agroecologia e da coordenadoria de extensão como logística, a adentrar-se nas veredas, de agros irrigados de Ipanguaçu–RN.

Os contatos nos agros ocorreram de forma harmônica e com boa participação de todas as pessoas contatadas. Cada representante era convidado a participar da pesquisa, com plena garantia do anonimato, o qual poderia ser violado com a permissão do representante do agro, especificamente o uso de registro fotográfico, nesta tese. Não houve recusa por parte de nenhum dos representantes, tanto dos agros irrigados de forma de produção moderna quanto do tradicional, a colaborar com a pesquisa.

Contudo, considerando-se as limitações de disponibilidade de horário dos representantes dos agros irrigados, as entrevistas eram realizadas durante práticas do manejo, momentos esses que se fizeram importantes para observações não participantes, coleta de informações de dados, registros fotográficos e georreferenciamento. Algumas vezes as

entrevistas se prolongavam, fazendo-se necessário ter atenção com o: tempo da natureza – pôr do sol –, tempo do homem – repouso e a alimentação–, e cronograma desta tese.

Devido à distância de localização entre alguns agros, as entrevistas diárias possibilitava, na maioria das vezes, realizar dois contatos no período da manhã e três no da tarde. No horário do almoço e do jantar não se realizavam entrevistas, contudo, nesses momentos, acontecia observação não participante, registros fotográficos, atualização da caderneta de campo e dos formulários.

Foi utilizada a estratégia de entrevista piloto em três séries, somando-se oito entrevistas nos agros irrigados, o que auxiliou na formatação do instrumento da entrevista definitiva, da qual foram extraídos alguns pontos de relevância, tendo-se como base o biograma (SEPÚLVEDA, 2008), nos debates e discussões, com o orientador da tese e na base de pesquisa, NESA, sobre o instrumento de entrevista, mais precisamente, quanto à definição dos indicadores representativos para este estudo de caso.

A primeira série de entrevistas piloto foi realizada em dois agros tradicionais que utilizam desde tecnologias tradicionais até as modernas, nos dias 15 e 22/12/2011, na região do Vale do Açu-RN, com a participação de alunos e professor da base de pesquisa do NESA – PIBIC e PIBIT, do IFRN– Câmpus Central–Natal, objetivando conhecer agros modernos de bananeira, aplicar instrumento de entrevista piloto, coletar amostras de solo e água.

A segunda série de entrevista piloto foi realizada em um agro irrigado de forma de produção moderna, no dia 19/03/2012, em Ipanguaçu–RN, objetivando realizar primeiros contatos com representantes desse agro, para expor o projeto de doutoramento e justificar a importância da temática do estudo em prol da agricultura irrigada, sustentável; aplicar instrumento de entrevista piloto tendo especial cuidado na seleção ao dialogar com representantes que fossem legalmente autorizados para prestar informações fidedignas.

A terceira série de entrevista piloto foi realizada em cinco agros de forma de produção tradicional que utilizam desde técnicas e tecnologias tradicionais até modernas, entre os dias 17, 18 e 19/04/2012, em Ipanguaçu–RN, com os objetivos de (re)aplicar o instrumento de entrevista piloto, no qual foram feitos previamente alguns ajustes e adequações – registrar imagens e georreferenciar.

As séries de entrevistas piloto contribuíram para a realização de ajustes quanto à forma e ao conteúdo do instrumento de entrevista final, definir dimensões e indicadores, tomar decisão no que diz respeito aos mapeamentos dos agros, definir a unidade de avaliação, elaborar planejamento (financeiro, de deslocamento, de hospedagem, estratégias para a coleta de amostra de solo de água, laboratórios para análise e tempo de execução). Além disso,

nessas entrevistas, observou-se que, quando os responsáveis pelos agros do gênero masculino respondiam às indagações, estas adivinham com maiores detalhes e segurança o que tornava a informação mais robusta e fidedigna do que quando eram inquiridos os trabalhadores. Foi identificado, também, que a maioria dos proprietários não reside nos agros irrigados.