• Nenhum resultado encontrado

4. REGULAÇÃO

4.1. AS NORMAS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DO SUJEITO

4.1.1. A proteção do sujeito migrante trabalhador no âmbito da

Instituída em 1919, no final da Primeira Guerra Mundial, na Parte XIII do Tratado de Versalhes (28 de junho de 1.919)227, a Organização Internacional do Trabalho nasce sob o “sentimento de justiça e humanidade”, no campo do reconhecimento do vínculo estreito entre a paz universal e as condições laborais como alicerces da justiça social, bem como do liame intrínseco entre as regulamentações dos países na busca de um regime de trabalho “realmente humano”.228 Entre as prioridades na melhoria da proteção

226 ILO. Fair Migration: setting na ILO agenda, 2014. Disponível em: <

http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_norm/---relconf/documents/meetingdocument/wcms_242879.pdf >

227 Ratificado pelo Brasil em 10 de dezembro de 1919 e Promulgado pelo Decreto nº 13.990 de 12 de janeirio de 1920. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D13990.htm>

228 O preâmbulo da Parte XIII do Tratado de Versalhes, ao criar a “Organização do Trabalho”, dispõe: “Visto que la Sociedad de las Naciones tiene por objeto establecer la paz universal, y que tal paz no puede ser fundada sino sobre la base de la justicia social; Visto que existen condiciones de trabajo que implican para un gran número de personas la injusticia, la miseria y las privaciones, lo que engendra un tal descontento que la paz y la armonía universales son puestas en peligro, y atento que es urgente mejorar esas condiciones: por ejemplo, en lo que concierne a la reglamentación de las horas de trabajo, a la fijación de una duración máxima de la jornada y de la semana de trabajo, al reclutamiento de la mano de obra, la lucha contra la desocupación, la garantía de un salario que asegure condiciones de existencia convenientes, la protección de los trabajadores contra las enfermedades generales o profesionales y los accidentes resultantes del trabajo, la protección de los niños, de los adolescentes y de las mujeres, las pensiones de vejez y de invalidez, la defensa de los intereses de los trabajadores ocupados en el extranjero, la afirmación del principio de la libertad sindical, la organización de la enseñanza profesional y técnica y a otras medidas análogas; Visto que la no adopción de un

dos trabalhadores, o Tratado estabelece a “defesa dos interesses dos trabalhadores ocupados no estrangeiro”.

O Pacto da Sociedade das Nações, na primeira parte do Tratado de Versalhes, em seu art. 23, dispõe sobre o compromisso dos países de

“assegurar e manter condições de trabalho equitativas e humanas para o homem a mulher e a criança”, não apenas nos seus próprios países, mas também naqueles “aos quais se estendam suas relações de comércio e indústria”.229 Delineia-se, portanto, desde o final da Primeira Guerra, a íntima conexão entre as normas trabalhistas, os acordos comerciais e a paz mundial como instrumentos essenciais à justiça social.

Antes mesmo do final da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), em 1944, antecipando em quatro meses a assinatura da Carta das Nações Unidas em 1946230 e em quatro anos a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948231, foi assinada a Declaração referente aos fins e objetivos da OIT (Declaração de Filadélfia) na 26ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho, posteriormente anexada à Constituição da OIT (aprovada na 29ª reunião da Conferência realizada em Montreal no Canadá em 1946232). A Declaração de Filadélfia confirma a vinculação necessária entre a paz e a justiça social e elege quatro princípios norteadores e inspiradores da atuação da OIT:

régimen de trabajo realmente humano es un obstáculo puesto a los esfuerzos de las demás naciones deseosas de mejorar la suerte de los trabajadores en sus propios países; Las altas partes, contratantes, movidas por sentimientos de justicia y humanidad, tanto como por el deseo de asegurar una paz mundial duradera, han convenido en lo que sigue: […] (In: Tratado de Paz de Versailles (1919), disponível em < https://www.dipublico.org/1729/tratado-de-paz-de-versalles-1919-en-espanol/> Acesso em: 28. Jan. 2018).

229

http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/segurancapublica/PACTO_DA_SOCIEDADE_DAS_NACOES.pdf

230 Promulgada pelo Brasil pelo Decreto º 19.841 de 22 de outubro de 1945 <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm>

231 Disponível em: < http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>

232 http://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/hist%C3%B3ria/lang--pt/index.htm

a) o trabalho não é uma mercadoria; empregados discutam, em igualdade, com os dos Governos, e tomem com eles decisões de caráter democrático, visando o bem comum233.

A Declaração de Filadélfia revela nitidamente a preocupação da OIT com o reconhecimento ético do trabalho do sujeito migrante ao instituir, no conjunto das suas obrigações, o auxílio dos países na execução de programas que visem ao fomento da formação profissional, facilitação e proteção das transferências e migrações de trabalhadores e colonos, com a finalidade de

“dar a cada trabalhador uma ocupação na qual ele tenha a satisfação de utilizar, plenamente, sua habilidade e seus conhecimentos e de contribuir para o bem geral”.234. Conferência proclama solenemente que a Organização Internacional do Trabalho tem a obrigação de auxiliar as Nações do Mundo na execução de programas que visem: a) proporcionar emprego integral para todos e elevar os níveis de vida; b) dar a cada trabalhador uma ocupação na qual ele tenha a satisfação de utilizar, plenamente, sua habilidade e seus conhecimentos e de contribuir para o bem geral; c) favorecer, para atingir o fim mencionado no parágrafo precedente, as possibilidades de formação profissional e facilitar as transferências e migrações de trabalhadores e de colonos, dando as devidas garantias a todos os interessados;

d) adotar normas referentes aos salários e às remunerações, ao horário e às outras condições de trabalho, a fim de permitir que todos usufruam do progresso e, também, que todos os assalariados, que ainda não o tenham, percebam, no mínimo, um salário vital; e) assegurar o direito de ajustes coletivos, incentivar a cooperação entre empregadores e trabalhadores para melhoria contínua da organização da produção e a colaboração de uns e outros na elaboração e na aplicação da política social e econômica; 21 f) ampliar as medidas de segurança social, a fim de assegurar tanto uma renda mínima e essencial a todos a quem tal proteção é necessária, como assistência médica completa; g) assegurar uma proteção adequada da vida e da saúde dos trabalhadores em todas as ocupações; h) garantir a proteção da infância e da maternidade; i) obter um nível adequado de alimentação, de alojamento, de recreação e de cultura; j) assegurar as mesmas oportunidades para todos em matéria educativa e profissional.”

< http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/decent_work/doc/constituicao_oit_538.pdf>

todas as normas standards de proteção internacional do trabalho235. São elas:

1. Convenções relativas aos princípios de direitos fundamentais do trabalho estabelecidos na Declaração Internacional da OIT de 1988; 2. Convenções e Recomendações de aplicação geral, incluindo convenções sobre consulta tripartite e governança sobre inspeção e política do trabalho.

A Declaração Internacional da OIT de 1988 erigiu os princípios e direitos fundamentais do trabalho “expressados e desenvolvidos sob a forma de direitos e obrigações específicos em convenções que foram reconhecidas como fundamentais dentro e fora da Organização”236.

São oito as Convenções que estabelecem as normas standards de princípios e direitos fundamentais à concretização do trabalho decente: 1.

Convenção nº 87237 sobre Liberdade de Associação e Proteção do Direito de Organização Coletiva; 2. Convenção nº 98238, sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva relativas à liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; 3. Convenção nº 29239 sobre Trabalho Forçado ou Obrigatório; 4. Convenção nº 105240 sobre Abolição do Trabalho Forçado, referentes à eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório; 5. Convenção nº 182241 sobre Piores Formas de Trabalho Infantil;

6. Convenção nº 138242 sobre Idade Mínima para Admissão, concernentes à

235 International standards for the protection of migrant workers. In: Labour Migration Highlights nº 7. Disponível em < http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/---migrant/documents/publication/wcms_384864.pdf >

236 http://www.ilo.org/public/english/standards/declaration/declaration_portuguese.pdf

237 Não ratificada pelo Brasil.

238 Aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 49 de 27.8.1952 e promulgada pelo Decreto

33.196 de 29.6.1953. Disponível em <

http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235188/lang--pt/index.htm> consultada em 03.2.2018.

239 Aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 24 de 29.5.1956 e ratificada pelo Decreto nº

41.721 de 25.6.1957. Disponível em <

http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235021/lang--pt/index.htm> consultada em 03.2.2018.

240 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 20 de 30.4.1965 e promulgada pelo Decreto nº 58.822 de 14.7.1966. Disponível em http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235195/lang--pt/index.htm

241 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 20 de 30.4.1965 e promulgada pelo Decreto nº 58.222 de 14.7.1966. Disponível em < http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235195/lang--pt/index.htm>

242 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 179 de 14.12.1999 e promulgada pelo Decreto nº

4.134 de 15.2.2002. Disponível em <

http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235872/lang--pt/index.htm>

abolição efetiva do trabalho infantil; 7. Convenção nº 100243 sobre Igualdade de Remuneração de Homens e Mulheres Trabalhadores por Trabalho de Igual Valor; 8. Convenção nº 111244 sobre Discriminação em Matéria de Emprego e de Ocupação. No que tange ao trabalho forçado, as Convenções nºs 29 e 105 são complementadas pela Recomendação nº 203 sobre Trabalho Forçado (medidas suplementares), bem como pelo Protocolo de 2014 sobre a Convenção nº 29 sobre Trabalho Forçado.

Nessa mesma linha de aplicação ao trabalhador migrante das normas standards de proteção ao trabalho digno, a OIT afirma a importância das Convenções e Recomendações de aplicação geral, incluindo as que se referem à consulta tripartite e à governança sobre inspeção e política do trabalho. São elas: Convenção nº 81245 sobre Inspeção do Trabalho na Indústria e no Comércio; Convenção nº 94246 sobre Cláusulas de Trabalho em Contratos com Órgãos Públicos; Convenção nº 95247 sobre Proteção ao Salário; Convenção nº 121 sobre Indenização de Acidente de Trabalho; Convenção nº 122248 sobre Política de Emprego; Convenção nº 129 sobre Inspeção do Trabalho na Agricultura; Convenção nº 131249 sobre Fixação de Salários Mínimos, Especialmente nos Países em Desenvolvimento; Convenção nº 144250 sobre Consultas Tripartites sobe Normas Internacionais do Trabalho; Convenção nº

243 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24 de 29.5.1956 e promulgada pelo Decreto nº 41.721 de 25.6.1957. Disponível em < http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235190/lang--pt/index.htm >

244 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 104 de 24.11.1964 e promulgada pelo Decreto nº

62.150 de 19.1.1968. Disponível em <

http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235325/lang--pt/index.htm>

245 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24 de 29.5.1956 e promulgada pelo Decreto nº 41721 de 25.6.1957. Disponível em <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235131/lang--pt/index.htm>

246 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 20 de 1965 e promulgada pelo Decreto nº 58.818 de 14.7.1966. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235183/lang--pt/index.htm>

247 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24 de 29.5.1956 e promulgada pelo Decreto nº 41.721 de 25.6.1957. Disponível em: < http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235183/lang--pt/index.htm>

250 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 6 de 1º.6.1989 e promulgada pelo Decreto nº 2.518 de 12.3.1998. disponível em <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236116/lang--pt/index.htm>

149 sobre Pessoal de Enfermagem; Convenção nº 155251 sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores; Convenção nº 167252 sobre Segurança e Saúde na Construção; Convenção nº 172 sobre Condições de Trabalho em Hotéis e Restaurantes; Convenção nº 176253 sobre Segurança e Saúde nas Minas;

Convenção nº 183 sobre Proteção à Maternidade; Convenção nº 184 sobre Segurança e Saúde na Agricultura.

Além das normas internacionais relativas aos princípios e direitos dos trabalhadores instituídos pela Declaração de 1988, a OIT possui quatro instrumentos específicos de proteção do trabalho do sujeito migrante: 1.

Convenção nº 97254 sobre Trabalhadores Migrantes (Revista); 2.

Recomendação nº 86 sobre Trabalhadores Migrantes (Revista); 3. Convenção nº 143 sobre as Imigrações Efetuadas em Condições Abusivas e sobre a Promoção da Igualdade de Oportunidades e de Tratamento dos Trabalhadores Migrantes; Recomendação nº 151 sobre Trabalhadores Migrantes.

A Convenção nº 97, de 1949, entrou em vigor no plano internacional em 1952 e no ordenamento jurídico brasileiro em 1966, resultado da revisão da Convenção nº 66 sobre os Trabalhadores Migrantes de 1939, que falhou em atrair ratificações255, não alcançando vigência no plano internacional. Ocupa-se da migração regular256 e exclui expressamente de sua aplicação aos trabalhadores fronteiriços, trabalhadores marítimos, artistas e profissionais liberais que entram no país por curto período.

251 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 2 de 17.3.1992 e promulgada pelo Decreto nº 1.254 de 29.9.1994. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236163/lang--pt/index.htm>

252 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 61 de 18.4.2006 e promulgada pelo Decreto nº 6.571 de 22.11.2007. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236245/lang--pt/index.htm>

253 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 62 de 18.4.2006 e promulgada pelo Decreto nº 6.270 de 22.11.2007. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236694/lang--pt/index.htm>

254 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 20 de 1965 e promulgada pelo Decreto nº 58.819 de 14.7.1966. Disponível em < http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235186/lang--pt/index.htm>

255 ILO, General Survey, p. 23,

256 Art. 11 — 1. Para os efeitos da presente Convenção, a expressão ‘trabalhador migrante’

designa toda pessoa que emigra de um país para outro com o fim de ocupar um emprego que não será exercido por sua própria conta, e compreende qualquer pessoa normalmente admitida como trabalhador migrante.

Essa norma internacional confirma a preocupação da OIT com a facilitação da saída, viagem e recepção de trabalhadores migrantes;

fornecimento de serviços médicos adequados no momento de saída e de chegada; igualdade de tratamento entre estrangeiros e nacionais quanto à remuneração, duração de trabalho, horas extraordinárias, férias remuneradas, restrições do trabalho a domicílio, idade de admissão no emprego, aprendizagem e formação profissional, trabalho das mulheres e dos menores;

organização e representação sindical; habitação; seguridade social (acidentes de trabalho, enfermidades profissionais, maternidade, doença, velhice, morte, desemprego, encargos de família); ações judiciais.

Por outro lado, a Recomendação nº 86 de 1949 resulta da revisão da Recomendação sobre os trabalhadores migrantes de 1939. Destacam-se, entre as propostas da OIT, os procedimentos para o recrutamento, introdução e colocação257 de trabalhadores migrantes; a importância do acesso a informação e aconselhamento gratuitos aos trabalhadores migrantes e suas famílias, prestadas por autoridades públicas e organizações voluntárias, bem como o interesse pelas informações prestadas pelos países membros ao organismo internacional sobre a sua legislação relativa à migração e suas alterações.

Já a Convenção nº 143, relativa às Migrações em Condições Abusivas e à Promoção da Igualde de Oportunidades e de Tratamento dos Trabalhadores Migrantes, foi adotada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho na sua 60ª Sessão, em Genebra, a 24 de junho de 1975, entrou em vigor na ordem internacional em 9.12.1978, e ainda não foi ratificada pelo Brasil258. Atualmente está em fase de discussão na Comissão de

257 Nos termos da Recomendação nº 86, entende-se por recrutamento a contratação de uma pessoa em um território por conta de um empregador de outro território, a promessa de emprego para uma pessoa em outro território, adoção de medidas relativas a essas duas operações, bem como a busca e seleção de emigrantes e os preparativos para a sua saída.

Por introdução compreende-se as operações efetuadas para preparar ou facilitar a chegada ou a admissão a um território de pessoas recrutadas; e por colocação as operações efetuadas para procurar facilitar o emprego das pessoas introduzidas no território.

258 A Convenção nº 143 da OIT não teve adesão expressiva por parte dos Estados-Membros., pois foi ratificada por penas 23 deles, dos quais apenas Itália, Noruega, Portugal e Suécia são países majoritariamente receptores de migrantes. Os demais são: Albânia, Armênia, Benin, Bosnia e Herzegovina, Burquina Faso, Camarões, Chipre, Guiné-Bisao, Kenya, Montenegro, Filipinas, San Marino, Sérvia, Slovênia, Tajiquistão, Macedônia, Togo, Uganda e Venezuela.

Direitos Humanos e Minorias – CDHM na Câmara dos Deputados259, tendo sido adotada com a finalidade de completar as anteriores Convenções nºs 97 e 111, destacando a vulnerabilidade dos trabalhadores migrantes ao tráfico ilícito ou clandestino de mão de obra; a omissão das distinções baseadas na nacionalidade na definição do termo “discriminação” constante da Convenção nº 111 sobre Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação (1958); a necessidade de igualdade de oportunidades e de tratamento dos trabalhadores migrantes em matéria de seguridade social, bem como para a íntima cooperação com as Nações Unidas na tratativa dos problemas relacionados à migração. Nessa perspectiva, reserva especial atenção à proteção contra os abusos provenientes de migrações clandestinas, emprego ilegal de migrantes e tráfico de mão de obra.

Os objetivos das Convenções nºs 97 e 143 são complementares e interdependentes, pois alicerçados nos princípios de igualdade de tratamento definidas naquela mas vão além, concentrando-se na importância da cooperação internacional, na concretização dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes, na proteção dos trabalhadores migrantes irregulares (Parte I) e na abrangência da igualdade entre nacionais e estrangeiros, notadamente quanto à igualdade de oportunidades (Parte II). Conforme informa a própria OIT:

Convenção nº 97 tem por finalidade assegurar a igualdade de tratamento ao trabalhador migrante em situação regular em relação aos trabalhadores nacionais, melhorar a cooperação entre os Estados-membro e fornecer orientação sobre medidas gerais de proteção e condições nas quais ocorrem a migração laboral.

Convenção nº 143 complementa essas disposições, com o objetivo de: a) prevenir imigração irregular, inclusive a contratação ilegal de trabalhadores migrantes; b) assegurar o respeito pelos direitos humanos de todos os trabalhadores migrantes, inclusive daqueles em situação irregular (Part I); e c) garantir a igualdade de oportunidade e tratamento aos trabalhadores migrantes em situação regular (Parte II)260

Ambas as Convenções, entretanto, tiveram pouca aceitação entre os Estados-Membros. Dos 187 países, apenas 47 ratificaram as Convenções nº 97 e 143. A partir dos relatórios enviados pelos próprios Estados-Membros e parceiros sociais, ao ensejo da pesquisa conduzida pela OIT sobre migração internacional, esse organismo registra algumas dificuldades encontradas pelos países na implementação dos instrumentos: equívocos na interpretação sobre as exigências de cooperação entre os países de origem, trânsito e destino;

flexibilidade na aprovação pelos países quanto à seleção das normas das Convenções segundo as circunstâncias nacionais não apreciadas pelos governos e associações de empregados e empregadores; legislação de alguns países impõe restrições quanto à igualdade de tratamento e de oportunidade dos trabalhadores migrantes, às vezes excluindo-os completamente da cobertura de proteção (por exemplo, quanto ao acesso a salário mínimo e à seguridade social) ou favorecendo os trabalhadores nacionais em determinadas situações (acesso ao serviço público); restrições em alguns países quanto à liberdade de associação e de negociação coletiva, bem como de filiação a sindicatos para trabalhadores migrantes; dificuldade na manutenção do direito de residência permanente para migrantes no caso de incapacidade para o trabalho (em alguns países é possível a permissão de residência para trabalhadores temporários pode ser cancelada no caso de perda do emprego).

Outro importante obstáculo à implementação dos instrumentos internacionais de proteção, informa a OIT, refere-se a grupos específicos de migrantes indígenas e jovens, bem como pertencentes a minorias raciais, étnicas, religiosas ou linguísticas. Essas categorias de trabalhadores migrantes, assim como os migrantes irregulares enfrentam risco especial de sujeição a condições abusivas de trabalho, impondo grandes desafios aos Estados-Membros. Trabalhadores de alguns setores específicos da produção também estão mais sujeitos à vulnerabilidade, como, por exemplo, na indústria on the conditions in which labour migration should take place. Convention No. 143 supplements these provisions, aiming: (i) to prevent irregular migration including the unlawful employment of migrant workers; (ii) to ensure respect for the basic human rights of all migrant workers, including migrant workers in an irregular situation (Part I); and (iii) to guarantee equality of opportunity and treatment to migrant workers in a regular situation (Part II).” (in ILO. General Survey, 2016, pp. 27-28).

eletrônica, cujos postos de trabalho temporário são atrativos aos migrantes, expondo-os, assim, a dificuldades de proteção no emprego e de exercício de direitos no ambiente de trabalho. Também os setores de pesca e de confecção de roupas constituem lócus de trabalhadores migrantes ilegais e vítimas de tráfico de pessoas, contexto que contribui para a sua sujeição a condições precárias e de maior vulnerabilidade à exploração261.

Entre as normas de proteção do trabalhador migrante, a OIT destaca Organização do Serviço de Emprego, trata da facilitação de um país a outro de

Entre as normas de proteção do trabalhador migrante, a OIT destaca Organização do Serviço de Emprego, trata da facilitação de um país a outro de