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A rede hospitalar privada no Brasil e no município de São Paulo

cenário de saúde do Brasil, com um papel central no atual modelo adotado no país.

1.3.1 Hospitais gerais privados no Brasil e no município de São Paulo A rede hospitalar desempenha um papel importante no funcionamento do sistema de saúde. Um hospital é classificado de grande porte se conta com pelo menos 150 leitos. As Tabelas 8 e 9 apresentam dados do CNES-DATASUS (2012) sobre o número de hospitais gerais privados e leitos no Brasil e no município de São Paulo. Os números analisados representam as variações entre dezembro de 2007 e dezembro de 2012. Os hospitais gerais privados são classificados em função do modelo de propriedade: privado sem fins lucrativos e privados com fins lucrativos. Os hospitais da categoria sindicato foram englobados na categoria sem fins lucrativos.

A análise dos hospitais gerais privados sem fins lucrativos aponta no Brasil uma redução de 26 unidades, enquanto que no município de São Paulo ocorre um crescimento de nove de unidades. Por sua vez, a análise dos hospitais gerais com fins lucrativos no Brasil aponta uma redução de 164 unidades, enquanto que no município de São Paulo ocorre um aumento de quatro unidades.

No Brasil, os hospitais gerais privados sem fins lucrativos apresentam um aumento de 515 leitos, os destinados ao SUS diminuem em 2864 unidades, enquanto que os não destinados ao SUS aumentam em 3379 unidades. No município de São Paulo, os hospitais sem fins lucrativos apresentam um acréscimo de 1482 leitos. Nos leitos destinados ao SUS, ocorre uma redução de 266 unidades; os não destinados ao SUS aumentam em 1748. O número médio de leitos por hospital geral privado sem

fins lucrativos é de 90,80; o número médio de leitos SUS é de 64,22, e o número médio de leitos não SUS é de 26,57.

No município de São Paulo, o número médio de leitos por hospital é de 257,50, o número médio de leitos SUS é de 118,65 e o número médio de leitos não SUS é 138,86. Assim fica caracterizado o maior porte dos hospitais na cidade de São Paulo em relação à média nacional. Além disso, é caracterizada a priorização em novos investimentos para o atendimento à saúde suplementar e aos pacientes privados.

Tabela 8 – Caracterização dos hospitais gerais privados no Brasil

Variável Mês Variação entre

2007 e 2012 12/2007 12/2012

Número de hospitais gerais privados sem fins lucrativos no Brasil 1343 1317 Redução de 1,94% Número de hospitais gerais privados com fins lucrativos no Brasil 2107 1943 Redução de

7,78% Número de leitos nos hospitais gerais privados sem fins lucrativos no

Brasil

119062 119577 Aumento de 0,43% Número de leitos SUS nos hospitais gerais privados sem fins lucrativos no

Brasil

87443 84579 Redução de 3,28% Número de leitos não SUS nos hospitais gerais privados sem fins

lucrativos no Brasil 31619 34998 Aumento de 10,69%

Número de leitos nos hospitais gerais com fins lucrativos no Brasil 110286 100856 Redução de 8,55% Número de leitos SUS nos hospitais gerais com fins lucrativos no Brasil 54212 38382 Redução de

29,2% Número de leitos não SUS nos hospitais gerais com fins lucrativos no

Brasil 56074 62474 Aumento de 11,4%

Fonte: DATASUS, 2012.

Tabela 9 – Caracterização dos hospitais gerais privados no município de São Paulo

Variável Mês Variação entre

2007 e 2012 12/2007 12/2012

Número de hospitais gerais privados sem fins lucrativos no município de São Paulo

19 28 Aumento de 47,36% Número de hospitais gerais privados com fins lucrativos no

município de São Paulo

81 85 Aumento de 4,94% Número de leitos nos hospitais gerais privados sem fins lucrativos

no município de São Paulo

5728 7210 Aumento de 25,87% Número de leitos SUS nos hospitais gerais privados sem fins

lucrativos no município de São Paulo

3588 3322 Redução de 7,41% Número de leitos não SUS nos hospitais gerais privados sem fins

lucrativos no município de São Paulo

2140 3888 Aumento de 47,6% Número de leitos nos hospitais gerais privados com fins lucrativos

no município de São Paulo

7419 7213 Redução de 2,78% Número de leitos SUS nos hospitais gerais privados com fins

lucrativos no município de São Paulo 351 224 Redução de 36,18% Número de não SUS leitos nos hospitais gerais privados com fins

lucrativos no município de São Paulo

7068 6989 Redução de 1,12%

Nos hospitais sem fins lucrativos, observa-se uma pequena redução de 1,94% no número de unidades para o Brasil, ainda que com um pequeno aumento de 0,43% no número de leitos. No município de São Paulo, observa-se um significativo aumento de 47,36% no número de unidades, e um crescimento de 25,87% em leitos.

No Brasil, os leitos destinados aos SUS apresentam uma redução de 3,28%, enquanto que os não destinados ao SUS apresentam um aumento de 10,69%. No município de São Paulo, os leitos destinados ao SUS apresentam uma redução de 7,41%, e um significativo aumento de 47,6% em unidades não destinadas ao SUS.

Nos hospitais com fins lucrativos, observa-se uma redução de 7,78% no número de unidades para o Brasil, e uma redução de 8,55% no número de leitos. No município de São Paulo, observa-se um aumento de 4,94% no número de unidades, enquanto que os leitos foram reduzidos em 2,78%.

No Brasil, os leitos destinados aos SUS apresentam uma redução de 29,2%, enquanto que os não destinados ao SUS apresentam um aumento de 11,4%. No município de São Paulo, os leitos destinados ao SUS apresentam uma significativa redução de 36,18%, e uma redução de 1,12% nos leitos não destinados ao SUS. Os dados indicam estratégias favorecendo o atendimento aos pacientes não SUS.

De acordo com a ANS (2012), 1.453 hospitais gerais no Brasil atendem aos planos privados de saúde, distribuídos em 56 unidades na Região Norte, 209 no Nordeste, 683 no Sudeste (sendo 326 no estado de São Paulo), 354 no Sul e 151 no Centro-Oeste. As internações hospitalares – com 38% do total –, são as maiores despesas assistenciais das operadoras (médico-hospitalares) de planos privados de saúde. Na sequência estão as despesas com exames (20,5%) e consultas (18%).

Os planos coletivos de saúde representam em torno de 80% do total das receitas dessas operadoras. O relatório da Agência aponta que a taxa de internação de beneficiários é de 13,0% e a média anual de consultas por beneficiário é de 5,6. Esses números estão acima dos apontados pelo IBD para toda a população do país (atendimento SUS e não SUS).

Consideradas as mudanças no perfil demográfico da população brasileira, o crescimento da saúde suplementar e o crescimento nos investimentos hospitalares para atendimento de pacientes fora do SUS, fica evidente a importância da saúde

suplementar no sistema de saúde brasileiro e do relacionamento dessas organizações com os segurados, médicos e hospitais.

Hospitais privados do município de São Paulo têm feito grandes investimentos na expansão da capacidade de atendimento. Ferreira Júnior (2011) considera que esse movimento é relacionado não apenas ao atendimento da demanda, mas também ao crescimento em ganho de escala e viabilização de investimentos; manutenção de custeio dos recursos; manutenção de padrões de qualidade, e competitividade de mercado.

Parece importante acompanhar o alcance desse crescimento e verificar se ele poderá conduzir à formação de redes hospitalares regionais ou nacionais, corroborando, de fato, a maior competitividade dessas organizações.

1.3.2 Receitas dos maiores hospitais gerais privados

O relatório “Hospitais Privados – Valor Análise Setorial” publicado pelo Valor Econômico (2012, p. 55) apresenta um panorama sobre os perfis de hospitais privados. Essas organizações vêm realizando significativos investimentos, principalmente em ampliação e modernização das suas instalações. Outros investimentos são direcionados à capacitação e treinamento dos profissionais; renovação e atualização da tecnologia da informação; aquisição de imóveis para a ampliação das áreas dos hospitais; compras de equipamentos e novas tecnologias, e inovação e pesquisa. As principais fontes de financiamento para investimentos são recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES.

O setor hospitalar está em processo de concentração, o mesmo ocorrendo entre as empresas operadoras de seguros e planos de saúde. Os hospitais independentes procuram aumentar seu poder de negociação junto às fontes pagadoras (planos de saúde e laboratórios) por meio de aquisições, modernização e ampliações. Em contrapartida, as operadoras investem em hospitais próprios para reduzir custos.

De acordo com os dados da Tabela 10, é possível observar que os três maiores hospitais privados em receitas são a Rede D´Or (com fins lucrativos), o Albert Einstein (sem fins lucrativos) e o Sírio-Libanês (sem fins lucrativos). As

receitas desses hospitais são bem maiores do que as dos demais, o que pode indicar tendência de concentração de mercado e oportunidades de eficiência resultantes do ganho de escala.

As receitas geradas dependem de uma série de fatores, tais como: representatividade das fontes pagadoras (empresas operadoras de seguros e planos de saúde de, pacientes privados, SUS); produtos e serviços (assistenciais e não assistenciais) ofertados; posicionamento tecnológico; além dos acordos efetuados com as empresas operadoras de seguros e planos de saúde, e podem envolver preços diferenciados pagos por pacotes de serviços especiais, reputação do hospital, políticas de qualidade e resultados diversos de desempenho. Dessa forma, o número de leitos de maneira isolada não é suficiente para estabelecer as receitas.

Tabela 10 – Hospitais Privados, Valor Análise Setorial Hospital privado

(com, ou sem fins lucrativos)

Receitas 2010 (milhões R$)

Leitos instalados 2010

Rede D´Or 2100,0 3000

Hospital Albert Einstein 1100,0 (Líquidas) 577

Hospital Sírio-Libanês 776,4 372

Hospital A. C. Camargo 396,0 (Líquidas) 320

Hospital Oswaldo Cruz 377,1 273

Grupo de Saúde Bandeirantes 352,5 810

Hospital Santa Catarina 333,9 379

Hospital 9 de Julho 300,0 288

Hospital Samaritano 258,7 211

HCor – Hospital do Coração 252,0 237

Hospital Nossa Senhora de 250,0 285

Hospital Matter Dei 201,3 339

Casa de Saúde São José 195,6 250

Hospital Santa Paula 156,0 198

Hospital Monte Sinai 83,5 326

Hospital Vera Cruz 61,7 152

Vitória Apart Hospital 57,8 217

Hospital Santa Genoveva 33,1 145

Fonte: Valor Econômico, 2012.

Os hospitais gerais privados podem exercer um amplo conjunto de atividades, como promoção de saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, reabilitação, monitoramento e gestão de doenças crônicas. As estratégias dos hospitais envolvem decisões sobre a amplitude do portfólio de serviços; o que deve

ser desenvolvido internamente; as atividades que devem ser terceirizadas, e o desenvolvimento de alianças estratégicas com organizações concorrentes. Os relacionamentos com outros prestadores de serviços de saúde merecem especial atenção, pois estes podem corroborar o encaminhamento de pacientes aos hospitais. É importante compreender as estratégias de relacionamento dos hospitais gerais privados com os consumidores e as organizações; as percepções de valor, as avaliações e comparações entre hospitais concorrentes, e como são desenvolvidas as interações e prestados os atendimentos.