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ABATEDOURO/FRIGORÍFICO

3.1.6 Abatedouro/Frigorífico Industrial

Na unidade produtiva abatedouro/frigorífico ocorre o abate do frango, e o processamento e a industrialização da carne de frango, representando, assim, o grande tronco da atividade avícola industrial. Em outras palavras, é exatamente em torno do abatedouro/frigorífico que se estrutura todo o complexo de produção da carne de frango e, nesse sentido, são os grandes abatedouros industriais (as empresas) que comandam a dinâmica de produção avícola no país.

Com a modernização do setor agropecuário, culminando na sua industrialização, diversos segmentos da produção alimentar se modernizaram e, nesse contexto, a indústria de carnes passou por profundas transformações com a instalação de modernos frigoríficos abatedouros de aves. (RIZZI, 1993). Essa unidade tem se constituído em uma das principais vantagens da avicultura industrial frente à produção não-empresarial, uma vez que possibilita à empresa suportar as crises de mercado, frente às oscilações de preço, estocando a produção.

A partir do processamento da carne de frango nos abatedouros/frigoríficos geram-se não só os frangos abatidos e cortes especiais congelados como também

produtos processados a exemplo dos salames, mortadelas, salsichas, empanados, entre outros, que por sua vez têm proporcionado uma agregação maior de valores à carne de frango, viabilizando, dessa forma, um ganho lucrativo maior.

Essas condições são inexistentes na avicultura desenvolvida nos moldes não-empresariais, pois a mesma não dispõe de mecanismos para proceder na agregação de valores ao seu produto e, dessa forma, estão constantemente vulneráveis às crises que atingem o segmento avícola.

No Brasil, embora a atividade avícola comercial tenha sido iniciada nas décadas de 1920 e 1930, o seu caráter industrial veio se consolidar no final dos anos 1950 quando, segundo Sorj et all (1982, p. 14):

começaram a ser estruturados novos galinheiros, com novos métodos de manejo, ao mesmo tempo em que o Instituto Biológico de São Paulo, entre outros, começou a ter uma intensa atuação no sentido da melhoria no combate às doenças e do controle sanitário em geral, juntamente com o surgimento das primeiras associações de avicultores e cooperativas.

As relevantes pesquisas genéticas, os progressos tecnológicos obtidos, a elevação do consumo da carne de frango bem como a capacidade de investimentos e gerenciamento e as políticas públicas destinadas para a avicultura, contribuíram para que esse segmento industrial alavancasse um vigoroso desenvolvimento, substituindo, em grande parte, a avicultura tradicional (de subsistência). Hodiernamente, embora ainda persista em algumas regiões brasileiras, a produção avícola em bases tradicionais tem sido marginalizada em relação à avicultura industrial por conta da baixa produtividade e qualidade, do incipiente controle sanitário, das quantidades e da regularidade exigida pelas agroindústrias processadoras que, por sua vez, constituem o centro da atividade avícola industrial desenvolvida no país. Essas condições caracterizam o incipiente poder de competitividade que assola esse tipo de produção avícola.

A atividade avícola industrial brasileira, que tem apresentado constantes crescimentos com perspectivas de se desenvolver ainda mais frente às condições internas e externas existentes, hoje tem sua produção controlada pelas grandes empresas agroindustriais do setor.

Através dos dados da tabela n° 15, verifica-se que, em 2004, as 12 maiores empresas avícolas no Brasil controlavam mais de 50% do abate de aves do

país, sendo que as duas primeiras (Sadia com 13,61% e a Perdigão com 11,77%), juntas, controlam mais de 25% do abate e da produção nacional de frangos.

Tabela n° 15

BRASIL: principais empresas de abatedouros - 2004

Empresa (cabeças) Aves Crescimento (%)* Participação (%)

1. Sadia SC-PR-MG-MT-RS 550.149.640 14,64 13,61 2. Perdigão SC-RS-PR-GO 475.596.089 11,27 11,77 3. Seara SC-RS-SP-MS 263.320.384 6,98 6,51 4. Frangosul RS-MS 231.503.059 -2,65 5,73 5. Avipal RS-MS-BA 187.653.021 -12,29 4,64 6. Dagranja PR-MG 114.056.368 19,08 2,82 7. Aurora SC-MS 86.227.916 -1,53 2,13 8. Diplomata PR-RS-SC 84.401.085 154,57 2,09 9. Penabranca SP 74.778.648 3,62 1,85 10. Copacol PR 62.029.390 9,91 1,53 11. Pif Paf MG 50.511.257 4,02 1,25 12. Sertanejo SP 47.193.539 -2,55 1,17 Total Parcial 2.227.420.396 - 55,1 Outros 1.814.935.382 - 44,9 Total Geral 4.042.355.778 - 100,0 Fonte: ABEF, 2004/2005 * Em relação ao ano de 2003

Nesse sentido, considerando o volume da produção avícola brasileira que, em 2005, foi de 4.042.355.778 cabeças, constata-se o forte grau de oligopolização no segmento avícola brasileiro onde um número reduzido de empresas controlam parte significativa do mercado de abate de frangos no país.

Rizzi (1993, p. 61) afirma que:

antes inexistentes em termos de processamento industrial, a avicultura passou a constituir o principal segmento da indústria de carnes, na qual se implantaram grandes empreendimentos oligopolizados e, integradoras, no sentido de que, não só passaram a integrar verticalmente a produção das atividades complementares ao abate como também a desenvolver um esquema contratual na criação de aves junto aos produtores agrícolas.

Dentro dessa perspectiva, observa-se que, embora não seja uma tendência homogênea, as agroindústrias avícolas são indústrias que integram verticalmente diversas etapas da produção avícola desde a produção de matrizes e pintos de um dia para corte até a ração e os processos de abate.

No Brasil, essa é uma tendência que se verifica principalmente nas grandes agroindústrias do setor e dessa forma constata-se que a avicultura de corte brasileira é caracterizada pela existência de uma estrutura altamente concentrada e verticalizada, onde as empresas controlam as diversas atividades da produção avícola, coexistindo com um expressivo número de pequenas e médias empresas que atuam em parte nas atividades avícolas (principalmente na criação e no abate).

No geral, a avicultura se caracteriza por ser uma das atividades de maior grau de modernização e integração produtiva exatamente pelo fato das agroindústrias controlarem as diversas atividades na produção avícola visando alcançar a eficiência econômica. Em outros termos, as empresas centralizam as várias etapas do processo produtivo desde a aquisição da matéria-prima até a comercialização e venda do produto final incorporando processos econômicos tecnologicamente diferenciados. Essa é na verdade a situação que caracteriza o desenvolvimento da avicultura industrial de corte desenvolvida no Brasil a partir da década de 1960 e que a cada dia ganha novos indicativos de expansão.