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Ovos

Ovos comerciais

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Da Granja Limoeiro saem os ovos destinados para a incubação. Todo processo de incubação da Avipal Nordeste é desenvolvido por uma empresa terceirizada – Globo Aves – que, também é encarregada de transportar os pintos (aves de corte) até os aviários dos produtores integrados, distribuídos por diversos municípios, em um raio de 100 km do abatedouro da Avipal Nordeste.

Nos galpões dos produtores integrados à empresa as aves chegam já vacinadas, com um peso médio de 50g, onde permanecem alojadas por um período que varia de 39 a 42 dias em processo de engorda. Durante o período de alojamento as aves recebem assistência técnica-veterinária da empresa e também alimentação balanceada cuja composição varia de acordo com a fase de crescimento. Após findar a etapa de engorda, as aves apresentam um peso médio de 2,5kg e são encaminadas para o abatedouro/frigorífico.

O abatedouro/frigorífico da empresa foi instalado, em 2001, no município de São Gonçalo dos Campos, onde os poderes públicos estatal e municipais atuaram no sentido de oferecer alguns incentivos fiscais e tributários (redução de IPTU, além da isenção de impostos por parte do Governo Estadual) e de infra- estruturas (concessão da área para construção do abatedouro) como forma de atrair investimentos na atividade avícola municipal. A estrutura desta unidade produtiva possui uma capacidade de abate de aproximadamente 140.000 aves por dia, sendo que há disponibilidade espacial para implantação de mais uma linha de produção que duplicaria a capacidade produtiva do abatedouro.

Atualmente, empregando cerca de 845 funcionários no abatedouro, a empresa abate uma média de 3.000.000 de frangos por mês, produzindo cerca de 7.000.000 de toneladas de carne de frango mensal. No abatedouro são produzidos frangos congelados (inteiro e cortes especiais) e também produtos industrializados como mortadelas e salsichas que são destinadas para o mercado nordestino, da Região Norte, Sul, Sudeste e, uma pequena parcela, para exportação.

Além da avicultura de corte, a estrutura da Avipal Nordeste, instalada no Estado da Bahia, engloba um núcleo de produção de ovos comerciais. As aves são encaminhadas do incubatório para a Granja Camundongo, localizada às margens da BR – 324, no município de Feira de Santana, onde a empresa emprega cerca de 78 pessoas. São produzidos nesta unidade cerca de 3,5 milhões de ovos por mês, destinados diretamente para a comercialização.

Na fábrica de rações, situada também às margens da BR-324, no município de Feira de Santana, são produzidas uma média mensal de 13.000 toneladas de rações que são destinadas às granjas de recria de matrizes (Granja Roçadinho), ao núcleo de matrizes e a produção de ovos férteis (Granja Limoeiro) e, principalmente, aos aviários dos produtores integrados da empresa. Nesta unidade produtiva é empregada a mão-de-obra de, aproximadamente, 196 pessoas.

O complexo avícola implantado pela Avipal Nordeste S.A. ainda não integrou verticalmente, no Estado da Bahia, todas as etapas do processo de produção avícola. Assim, a atual fase da avicultura de corte baiana vivencia a ampliação das articulações territoriais, fruto da territorialização da empresa Avipal nos municípios de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos. Essas articulações são engendradas a partir da etapa de produção (em seu sentido restrito) conforme evidenciado na figura n° 33.

Verifica-se que a cadeia de produção da carne de frango comandada pela Avipal na Bahia acaba por fortalecer as articulações territoriais entre esses dois municípios, a partir dos fluxos de produtos entre as unidades produtivas da empresa. É evidente também que são estabelecidas de novas articulações territoriais de São Gonçalo dos Campos e Feira de Santana com outras regiões da Bahia e do Brasil, uma vez que, as aves matrizes são adquiridas no Rio Grande do Sul e os grãos de soja e de milho, utilizados na fabricação da ração, são oriundos do oeste baiano (88%) e do Estado do Mato Grosso (12%).

Como foi constatado no quarto capítulo, os municípios de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos não possuem uma produção satisfatória de milho e, muito menos, de soja. Como explicar então a escolha dessa área para territorialização do complexo avícola da Avipal Nordeste?

A escolha da área para territorialização das unidades produtivas da Avipal revela que as estratégias territoriais da empresa valorizaram, entre outros aspectos, as vantagens locacionais apresentadas pela região de Feira de Santana. Essa localização facilita os fluxos comerciais entre as unidades da empresa e a distribuição nos grandes centros urbanos, além da proximidade com o principal porto marítimo da Bahia, o que reduziria os custos de exportação.

Neste sentido, as estratégias territoriais da Avipal guiam ações que visem estabelecer condições fundamentais para redução dos custos de produção, ampliando o ciclo de reprodução do capital almejado pelas empresas.

Ao acrescentar a dimensão das articulações territoriais costuradas no processo de comercialização da produção avícola das empresas instaladas nesses municípios, percebe-se que há uma complexidade maior em tais articulações, uma vez que estas passam a integrar espaços inseridos em uma escala espacial mais ampla, que extrapola os limites do Estado da Bahia. Este é um quadro que, possivelmente, se constrói no âmbito das três maiores empresas instaladas nos referidos municípios. Mas, dentre elas, a Avipal Nordeste S.A. é a que tem, pelo seu poder de competitividade, demonstrado maior eficiência na construção de uma complexa articulação territorial por intermédio de sua dinâmica de comercialização produtiva. As figuras n° 34 e n° 35 apresentam uma espacialização das principais articulações territoriais geradas com a comercialização da produção avícola da Avipal Nordeste S.A.

Na figura n° 34, é possível perceber que a partir do abatedouro da empresa (localizado em São Gonçalo dos Campos) se instala uma complexa rede territorial fruto da comercialização avícola que, num primeiro momento, tem envolvido diversos municípios baianos. O destaque aí têm sido os centros com maiores concentrações populacionais (Região Metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista entre outros) que têm gerado um volume de receita maior para a empresa.

Em um segundo momento, tais articulações territoriais envolvem uma escala espacial mais ampla, abarcando toda a Região Nordeste e alguns estados das demais regiões do País (figura n° 35). Ainda é constatado que uma parcela da produção avícola do abatedouro da empresa é destinada para a exportação (China, Chile e Hong Kong).

É exatamente esse quadro de articulações territoriais um outro fator que tem caracterizado as transformações ocorridas na territorialidade da avicultura de corte no Estado da Bahia.

Isso significa que a avicultura de corte baiana, que anteriormente era caracterizada pela sua incipiente eficiência econômica cuja comercialização era restrita aos municípios mais próximos de São Gonçalo dos Campos, Conceição da Feira e a Capital do Estado, hoje possui uma dinâmica técnica e econômica relativamente moderna que tem permitido uma ampliação das articulações territoriais em escala estadual, nacional e internacional.