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Café irrigado Hectares 5.000 5.000 5.000 15.000

Algodão Hectares 15.000 15.000

Fumo Hectares 1.725 1.725 3.450

Fruticultura irrigada Hectares 6.500 6.500

Floricultura Hectares 30 30

Avicultura Produtores 600 600

Aquicultura Hectares 350 350

Caprino/ovino Produtores 800 800

Novilho precoce Produtores 300 300

Pecuária de leite Produtores 720 720

FONTE: BAHIA. Conselho Deliberativo do FUNDESE. Resolução n°. 004, de 28 de Julho de 2000

Quadro n° 3

BAHIA: distribuição dos recursos financeiros do Programa Agrinvest, 2000- 2002 RECURSOS FINANCEIROS (CRÉDITO RURAL)

FINANCIAMENTO (R$ 1.000,00) ATIVIDADE 2000 2001 2002 TOTAL Café Irrigado 53.600 53.600 53.500 160.700 Algodão 15.000 - - 15.000 Fumo 2.500 2.500 - 5.000 Fruticultura Irrigada 20.000 - - 20.000 Avicultura 25.000 - - 25.000 Floricultura 5.000 - - 5.000 Aquicultura 15.000 - - 15.000 Caprino/Ovino 20.000 - - 20.000 Novilho Precoce 20.000 - - 20.000 Pecuária de Leite 31.500 - - 31.500 TOTAL 207.600 56.100 53.500 317.200

FONTE: BAHIA. Conselho Deliberativo do FUNDESE. Resolução n°. 004, de 28 de Julho de 2000

Através do quadro n° 3, é possível observar o volume de recursos financeiros destinados à avicultura baiana (R$ 25 milhões). Dentre as atividades contempladas, a avicultura tem o terceiro maior volume de recursos, seguindo a cafeicultura irrigada (com R$160, 7 milhões) e a pecuária leiteira (R$ 31,5 milhões).

Segundo dados da Secretária de Agricultura e Reforma Agrária do Estado (SEAGRI), o Programa Agrinvest beneficiou cerca de 268 produtores, totalizando R$ 15.713.000,00, sendo que, deste total, R$ 1.620.000,00 foram destinados para o investimento de 27 avicultores no Município de São Gonçalo dos Campos10.

A utilização desse instrumento demonstra uma das vias de participação do poder público estadual no sentido de possibilitar, através da disponibilização de recursos financeiros, a expansão da avicultura de corte na Bahia.

Em 2001, através da Lei Estadual n° 7.980 de 12 de dezembro de 2001, foi instituído o Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração econômica do Estado da Bahia – DESENVOLVE.

Com esse instrumento o governo tem possibilitado às empresas industriais e agroindustriais a dilatação do prazo de pagamento, de até 90% (noventa por cento) do saldo devedor mensal do ICMS e também o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS devido.

No caso específico da avicultura, o referido programa apoiou, segundo a SEAGRI, os projetos de ampliação da Gujão Alimentos S.A. e a implantação da Avipal Nordeste S.A e da Mauricea Alimentos do Nordeste dentro do Estado da Bahia.

O que se observa é que tanto o AGRINVEST como o DESENVOLVE são programas que não foram criados para atender, especificamente, o setor avícola, ou seja, as suas finalidades extrapolam os limites da atividade avícola e se constituem como relevantes instrumentos de desenvolvimento dos principais setores da economia baiana. Entretanto, é preciso destacar que a avicultura tem se valido do uso destes instrumentos como forma de viabilizar, efetivamente, o processo de integração das cadeias produtivas e de comercialização da carne de frango no território baiano. Tal processo tem sido possível não só através da instalação de empresas de médio e de grande porte, a exemplo da Mauricea Alimentos do Nordeste e da Avipal Nordeste S.A., localizadas, respectivamente, nas microrregiões de Barreiras e de Feira de Santana, mas também vem sendo acompanhada de uma profunda transformação em suas bases produtivas que, modernizadas, passaram a produzir em moldes industriais. Evidentemente, essa modernização não ocorre de forma homogênea em todo setor avícola baiano, mas, já constitui uma realidade na

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Os dados disponibilizados pela SEAGRI, são insuficientes para permitir uma avaliação mais aprofundada dos impactos provocados na avicultura de corte baiana pela utilização deste Programa. Assim, não foi possível identificar os reais beneficiários deste programa e nem o cumprimento da meta estabelecida para a atividade avícola.

maior parte das unidades produtivas das principais áreas de produção avícola do Estado.

O importante a destacar neste momento é a constatação de que as funções exercidas pelo Estado não são apenas de caráter político, mas, também, de cunho econômico, fiscal e institucional, uma vez que essas funções constituem um dos mecanismos que o Estado possui para assegurar as condições econômicas de produção, na medida em que a instância econômica não possui todas as condições desta reprodução. (ALBA, 2002 p. 40).

Uma outra questão, que se refere à ação do Estado no sentido de promover a expansão da avicultura baiana, participando dessa forma do seu processo de territorialização, sendo, portanto, passível de destaque, diz respeito às políticas de proteção sanitária e também de isenção fiscal.

No primeiro semestre de 2006, em função da iminência de crescimento dos casos de doenças sanitárias a exemplo no New Castle e Influenza Aviária (gripe do frango) a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), através da Portaria n° 119 de 24 de Abril de 2006, proibiu a entrada, em todo Estado, de aves de descarte procedentes de outras Unidades da Federação. Entretanto, as maiores ações do Estado no sentido de viabilizar o desenvolvimento da avicultura industrial tem sido verificada no âmbito das políticas fiscais ao realizar mudanças nos mecanismos de tributação como forma de proteger a avicultura baiana, que, em determinados períodos do ano, era afetada pelo excesso de produção do Sul e Sudeste, inibindo o desenvolvimento desta atividade no Estado. (OLIVEIRA, 2004)

Neste sentido, o poder público estadual passou a incentivar a expansão do capital industrial na avicultura baiana exigindo, dos agentes que realizam a operação de entrada de aves vivas destinadas ao abate no Estado, a antecipação do ICMS (pagamento na fronteira) referente às operações internas subseqüentes com os produtos comestíveis.

Somado a tal medida, o governo estadual isentou do pagamento do ICMS as operações internas com insumos agropecuários como milho, soja e farelo de soja, e também as atividades avícolas, tornando a concorrência mais vantajosa para quem produz no Estado (OLIVEIRA, 2004).

A tabela n° 28 permite avaliar a situação tributária em que a produção avícola baiana encontra-se submetida, em comparação com alguns dos principais estados brasileiros que são destaque na produção avícola.

Tabela n° 28

Situação tributária da atividade avícola em alguns estados brasileiros - 2004 ICMS

Estados

vendas internas vendas externas (outros estados)

Bahia 0% 0% Ceará 7% 12% Goiás 12% 12% São Paulo 7% 7% * Paraná 7% 12% Santa Catarina 9% 12%

Fonte: Extraído de Oliveira (2004)

*(Exceto Regiões Sul e Centro Oeste = 12%)

O importante a reter nesta questão é o fato de que, na Bahia, a situação fiscal da atividade avícola tem dado um poder de competitividade e concorrência maior para as agroindústrias instaladas em território baiano. Assim, considerando que essa atividade, dentro do Estado da Bahia, é isenta da cobrança de ICMS, essas ações estatais tem sido fundamentais para possibilitar a atração de novos empreendimentos avícolas bem como a ampliação dos já existentes, viabilizando desta forma um processo de integração das cadeias produtivas e de comercialização da carne de frango.

A importância das ações do poder público estadual baiano no processo de territorialização da avicultura industrial é evidente, pois, a estrutura técnica e economicamente atrasada, que caracterizava essa atividade até os primeiros anos da década de 1990, vem sendo profundamente modificada a partir dos estímulos governamentais materializados através de políticas de atração de investimentos, a quais motivaram a instalação de modernos frigoríficos no Estado.

A relevância dessas ações dentro da dinâmica territorial das agroindústrias avícolas é explicitada quando, por exemplo, um dos Diretores da Gujão Alimentos S.A. afirma que:

a questão de isenção na cobrança de ICMS da carne de frango originária de dentro do Estado é o que permite hoje essas empresas baianas continuarem no mercado. Essa diferença hoje de ICMS que as empresas pagam ao entrar aqui, são maiores do que os lucros que as empresas locais têm. Então, se isso deixasse de existir teoricamente os nossos lucros deixariam de existir e nós estaríamos trabalhando no prejuízo. (Diretor da Gujão Alimentos)11

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Nesse sentido, considerando que tem se observado também a implantação de empresas avícolas oriundas de outros estados do país, o desempenho desse agente (o Estado) pode ser compreendido à luz da dinâmica da “guerra fiscal”, travada por estados e municípios no sentido de atrair cada vez mais investimentos para o seu território.

Segundo Cataia (2003, p. 401) “a guerra fiscal diz respeito às empresas que se valem das fronteiras para obter vantagens fiscais.” (p. 401). Ressalta-se que essa dinâmica não envolve exclusivamente empresas, pois, dela participa diferentes agentes mas, a participação neste processo tem sido uma das estratégias fortemente utilizadas por agentes empresariais que procuram se valer das vantagens oferecidas pelos diferentes espaços.

Santos (2001, p. 112) afirma que “as mudanças de localização de atividades industriais são às vezes precedidas de uma competição entre Estados e municípios pela instalação de novas fábricas e, mesmo, pela transferência das já existentes.” Nesta perspectiva, o resultado deste movimento é o estabelecimento de vários conflitos que revelam um jogo de interesses econômicos e políticos dos quais participam o poder público, grupos empresariais e outros agentes políticos.

Essa é uma tendência que vem sendo gerida dentro dos intensos processos de globalização que, por serem extremamente seletivos, tendem a estabelecer entre os lugares uma verdadeira competição cujas armas são as políticas de incentivos fiscais e oferta de infra-estrutura às empresas, e o grande prêmio é a instalação desta no território que apresentar as melhores condições para a sua sobrevivência no mercado.

No Brasil, a Constituição de 1988 concede maior autonomia político- administrativa e financeira aos estados e municípios e, no artigo 151° decreta que “É vedado à União: 10 - instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional

ou que implique distinção ou preferência em relação ao Estado, ao Distrito Federal ou ao município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país”. É, portanto, o artigo 1510 da Constituição Federal de

1988 que legitima a dinâmica da guerra fiscal, ou melhor, da guerra dos lugares no Brasil.

Segundo Cataia (2003), “a ‘guerra fiscal’ é um instrumento jurídico de uso difundido por todo território brasileiro.” (p.397). Assim, os programas e normas

estabelecidos pelo estado, em meio às estratégias estabelecidas pela guerra fiscal, revela-se como mais um recurso territorial cada vez mais presente como forma de normatização do território. A partir desse instrumento jurídico, os estados, e também os municípios, normatizam seu território e implantam infra-estruturas que acabam por integrar o conjunto dos recursos territoriais.

Assim, ao criar condições fiscais e tributárias favoráveis ao desenvolvimento interno da atividade avícola, o Governo do Estado da Bahia participa dessa “guerra” possibilitando não só a instalação de novos empreendimentos agroindustriais avícolas como também incentiva a modernização e ampliação dos já existentes. A guerra fiscal estabelecida entre estados e municípios tem se inserido na dinâmica dos recursos territoriais e, no caso específico da avicultura de corte, tem sido de extrema relevância na territorialidade dos agentes dessa atividade no Estado da Bahia.

Ao se utilizar de programas e projetos, concedendo incentivos fiscais e infra-estruturas para atrair empresas e alavancar a atividade avícola industrial, o poder público tanto estadual quanto municipal tem exercido a função de normatizar o território estabelecendo regras que integram o conjunto dos recursos territoriais.

O interessante a destacar na questão dos recursos territoriais envolvidos na dinâmica da avicultura de corte baiana é não há uma predominância deste ou daquele recurso pesando nas estratégias e ações das empresas avícolas instaladas na Bahia. São exatamente as condições territoriais criadas pela integração dos fatores (recursos territoriais) abordados anteriormente que têm orientado a dinâmica da territorialidade das empresas de avicultura de corte no Estado da Bahia.

No que tange à escala espacial dos Municípios de Conceição da Feira e São Gonçalo dos Campos, a dinâmica territorial da avicultura de corte tem sido expressivamente viabilizada pelos recursos anteriormente apresentados, mas, também, pelo que Storper (1994) chama de forças “não-econômicas”.

Segundo o referido autor,

é obvio que muitos sistemas de produção territorializados existem por motivos muito antigos de acaso histórico, as profundas raízes que os costumes de trabalho, especialização e conhecimento têm em particular com localidades ou instituições sedimentadas e seus efeitos na mobilização de recursos. (STORPER, 1994 p. 20-21)

As forças “não-econômicas” como a história, os costumes e as instituições constituem uma dimensão do processo de territorialização, pois, “muitos sistemas de produção sobrevivem porque parecem encarnar certas formas de eficiência econômica costumeiras e territorialmente enraizadas e especificas.” (p. 21).

Dentro da dinâmica de territorialização da avicultura de corte nos municípios que compõem a pesquisa, e considerando as colocações de Stoper (1994), há que se ressaltar, pelo menos, dois pontos que têm possibilitado o destaque dos referidos municípios no processo da atividade avícola: os seus históricos de desenvolvimento da avicultura e a estrutura fundiária dos mesmos.

No primeiro caso, o município de Conceição da Feira já desenvolve, desde a década de 1960, essa atividade e, mesmo sendo estruturada em bases não industriais, chegou a ser responsável por mais de 80% da produção avícola baiana.

Essa atividade inicialmente era desenvolvida por produtores independentes que destinavam sua produção para o mercado local, principalmente para os pequenos abatedouros artesanais instalados em toda a região. Posteriormente, a avicultura passou, ainda que de forma relativamente tímida, a ser desenvolvida também nos municípios próximos à Conceição da Feira, incluindo, entre eles, São Gonçalo dos Campos.

O que é importante neste momento é o fato de que, por ser a avicultura uma atividade que vem sendo desenvolvida a várias décadas, de forma mais efetiva, em Conceição da Feira e, ainda que de forma incipiente, em São Gonçalo dos Campos, esses municípios têm apresentado certa “experiência” no desempenho da atividade avícola dentro do Estado da Bahia.

Essa “experiência” tem sido fundamental no processo de expansão da avicultura de corte, pois, teria criado, nesses municípios, uma relativa estrutura voltada para o desenvolvimento da atividade avícola, ainda que essa viesse a ocorrer de forma técnica e economicamente atrasada.

Essas empresas se instalaram ou ampliaram suas estruturas nestes municípios como forma de aproveitar essa “experiência” histórica como fator positivo na implantação do sistema integrado de produção avícola. Essa é uma questão que também é ressaltada pelos agentes envolvidos no circuito produtivo da avicultura.

Desta forma, um dos diretores de uma das maiores agroindústrias avícolas do estado afirma que a expansão da avicultura em Conceição da Feira e São Gonçalo dos Campos:

é uma questão de tradição, né? Então... o núcleo, o pólo de produção avícola já era aqui na região de Conceição da Feira, antes de Barreiras se tornar um pólo de produção de grãos. Então, tradicionalmente as empresas nasceram aqui na região e foram crescendo e se desenvolvendo ao tempo em que Barreiras começou depois e aí foi se abastecendo e essas empresas já estavam estabelecidas, formadas aqui e não havia viabilidade de sair daqui para se instalar lá, próxima aos grãos, e ter que abandonar as estruturas já existentes. (Diretor da Gujão Alimentos S.A)

O segundo fator levantado, isto é, a estrutura fundiária, deve ser entendida na perspectiva da implantação do sistema integrado de produção avícola, pois, esse sistema tem como “perfil ideal” de integrado, o pequeno produtor, detentor de uma pequena propriedade e que utiliza a mão de obra familiar na exploração dessa propriedade.

Nessa perspectiva, como ficou evidenciado nos capítulos anteriores, tanto Conceição da Feira quanto São Gonçalo dos Campos tem suas estruturas fundiárias caracterizadas pela predominância de pequenas propriedades exploradas pela mão- de-obra familiar, o que é interessantíssimo para as empresas que adotam o sistema de produção integrada. Assim, somada à questão anterior, a estrutura fundiária desses municípios também tem funcionado como um atrativo, ou melhor, uma efetiva possibilidade, para expansão industrial da avicultura de corte a partir do sistema integrado de produção.

Na verdade, tanto o histórico de desenvolvimento da atividade avícola quanto à estrutura fundiária de Conceição da Feira e São Gonçalo dos Campos têm se constituído como um recurso territorial que tem influenciado na territorialidade da avicultura de corte através das agroindústrias avícolas no âmbito da escala do município.

A valorização desses dois recursos na territorialidade das agroindústrias avícolas no estado da Bahia é uma questão que dever ser melhor compreendida se considerada a partir da lógica de implantação do sistema integrado de produção avícola, pois, esse sistema se caracteriza pelo processo de transferência da responsabilidade de uma das etapas produtivas (a engorda do frango) para as mãos de produtores integrados às empresas.

Essa tarefa da produção integrada requer que esses produtores detenham certo conhecimento do processo de criação das aves e o fato de já apresentar um histórico de desenvolvimento da atividade avícola contribuiu para atrair novas

empresas avícolas (a exemplo da Avipal Nordeste S.A.) e para estimular a ampliação das empresas já existentes nesses municípios, implantando o sistema integrado de produção.

Da mesma forma, o perfil fundiário apresentado por São Gonçalo dos Campos, Conceição da Feira e outros municípios circunvizinhos é valorizado nas ações estratégicas das empresas avícolas que adotam o sistema integrado de produção.

Em termos gerais, é preciso deixar claro que o território não é um dado passivo, pois, principalmente no caso da avicultura de corte, os recursos territoriais têm influenciado decisivamente na territorialidade das agroindústrias avícolas instaladas no Estado da Bahia. Esses recursos têm revelado o papel ativo do território e têm atuado, na dinâmica da atividade avícola, de forma completamente articulada e nas mais diferentes escalas espaciais.

Essa é uma perspectiva que é revelada ainda mais no depoimento de um Gerente de outra empresa avícola instalada no Estado ao afirmar que:

o principal ponto que estimulou a empresa a se instalar aqui foi a isenção de ICMS no Estado da Bahia. E, mais precisamente na região de Feira de Santana, por ela logisticamente estar bem localizada, ou seja, próxima a Salvador. Também por questões ligadas à mão-de-obra, ou seja, o perfil do produtor avícola ideal é o perfil do pequeno produtor. Somando esses itens, eu acho que são fatores que favoreceram a implantação das unidades aqui. (Gerente da Avipal Nordeste S.A.)

Através do depoimento acima, é possível detectar a ressalva que é feita aos principais recursos territoriais e a forma como eles têm influenciado a territorialidade da empresa no Estado da Bahia.

Evidentemente que a influência de tais recursos não tem sido verificada apenas na atração de empresas como a Avipal Nordeste S.A. para o território baiano, pois, eles têm sido igualmente decisivos no processo de ampliação das unidades produtivas das empresas já existentes.

O importante a reter aqui é o fato de que esses recursos territoriais, indubitavelmente, constituem um dos pilares que norteiam os contornos da territorialidade dos agentes da avicultura de corte no território baiano. Nesse sentido, negligenciar o papel desses recursos significará o completo desconhecimento das especificidades territoriais e, ao proceder desta forma, estaríamos aceitando a idéia

de que o território constitui apenas o palco isotrópico onde simplesmente as coisas acontecem.

Há, porém, que se deixar claro também que, apesar de todos esses recursos territoriais persistirem e constituir elementos fundamentais na dinâmica territorial da avicultura de corte no Estado da Bahia e, mais especificamente, nos Municípios de Conceição da Feira e São Gonçalo dos Campos, é imprescindível que tome com ponto de partida o conjunto de ações e estratégias das agroindústrias avícolas. É, portanto, fundamental que se discuta a territorialidade destes agentes, pois, uma vez que as condições técnicas atuais permitem o deslocamento dos recursos produtivos de qualquer parte do globo, são os agentes da avicultura, e não simplesmente a atividade em si, que se territorializam. Para tanto, estes agentes se utilizam de estratégias e ações como forma de controlar pessoas, recursos e relações sobre uma área geográfica específica, definindo assim a sua territorialidade e o seu território.

5 TERRITORIALIZAÇÃO, TERRITORIALIDADE E O SISTEMA DE INTEGRAÇÃO