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1. ESTRUTURA REGULATÓRIA PARA O PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DA

1.2 Quadro Institucional

1.2.8 Agência Nacional de Águas (ANA)

A Agência Nacional de Águas tem como missão implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos, bem como regular o acesso à água, promovendo seu uso sustentável em benefício da presente e das futuras gerações.

Merece especial atenção a importância assumida pela política pública como ferramenta capaz de promover e salvaguardar os recursos hídricos.

São vários os conceitos fornecidos pela doutrina52, entre eles:

Uma política pode ser considerada como um grupo de ações ou "não ações" em contraposição a decisões ou ações específicas. Este grupo de ações tem que ser percebido e identificado pelo analista em questão.53

Ou também:

Uma ação planejada do governo que visa, por meio de diversos processos, atingir alguma finalidade. Esta definição, agregando diferentes ações governamentais introduz a ideia de planejamento, de ações coordenadas. Entretanto, as ações classificadas como políticas públicas são realizadas por diferentes organismos governamentais, nem sempre articulados entre si.54

Importante, ainda, distinguir os conceitos de “política pública” e “decisão política”:

Uma política pública geralmente envolve mais do que uma decisão e requer diversas ações estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas. Já uma decisão política corresponde a uma escolha dentre um leque de alternativas, conforme a hierarquia das preferências dos atores envolvidos, expressando - em maior ou menor grau uma certa adequação entre os fins pretendidos e os meios disponíveis. Assim, embora uma política pública implique decisão política, nem toda decisão política chega a constituir uma política pública.55

E ainda:

Uma definição interessante de Política Pública, que bem atende às necessidades teóricas e práticas sobre o assunto ao reunir aspectos importantes fornecidos por outros conceitos, informa que: “as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade”.56

Note-se que as políticas, independentemente da segmentação (políticas econômicas, sociais, territoriais), podem guardar objetivos diversos e conversar entre si de acordo com os instrumentos a serem utilizados.

No que diz respeito ao planejamento nacional do governo sobre recursos hídricos, é apresentado um resumo objetivo e interessante sobre a “evolução da governança e as trocas de poder na gestão dos recursos hídricos no Brasil”, desde o início do século XX até a década de 2000, o qual pode ser encontrado no documento “Governança dos Recursos Hídricos no

52 AMARAL, Weber A. N. do; BRITO, Maria Cecília Wey de; ASSAD, Ana Lúcia Delgado; MANFIO, Gilson

Paulo. Políticas Públicas em Biodiversidade: Conservação e uso Sustentado no País da Megadiversidade. Disponível em:: http://hottopos.com/harvard1/politicas_publicasem_biodiversi.htm. Acesso em: 18/12/2016.

53 PAL, L.A. (1987) Public Policy Analysis: An Introduction. Methuen, Toronto. 273 p.

54 VIANNA JR. A. (1994). Populações, Territórios e Recursos Naturais. IEA - Instituto de Estudos Amazônicos

e Ambientais, 1994. Scielo Colombia.

55 RUA, Maria das Graças (Org.). O Estudo da Política: tópicos selecionados. Brasília: Paralelo 15., 1998. 56 SEBRAE MG. Políticas Públicas Conceitos e Práticas. Série Políticas Públicas, v. 7. 2008.

Brasil”57

, elaborado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico – OCDE e publicado em 2015.

Dentro do cenário nacional sobre a matéria, surge como marco a edição da Lei nº 9.433/97, por meio da qual foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que prevê a integração da gestão das águas com a gestão ambiental, e foi criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Note-se que, a partir da vigência da Lei nº 9.433/97, a bacia hidrográfica passou a se caracterizar como unidade territorial para implementação da Política de Recursos Hídricos, devendo sua gestão ser descentralizada e participativa, concedendo-se o direito de manifestação ao poder público, aos setores usuários e à sociedade civil.

A OCDE também reconhece que o “Brasil alcançou progressos notáveis na gestão dos recursos hídricos desde a adoção da Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos em 1997 e criação da ANA, em 2000. Essas conquistas definiram as bases de uma governança multinível, integrada e localizada dos recursos hídricos, em contraste com o modelo de desenvolvimento centralizado e tecnocrático do regime militar”.58

No entanto, o próprio documento acima referido observa a necessidade de importantes melhorias no planejamento do setor, se referindo à existência de “lacunas de governança multinível”.59

De fato, parece que ainda há longo caminho a ser trilhado pelo Estado para implantação de uma política pública eficiente e capaz de responder a tempo e a hora às mais variadas situações: ocorrência de secas intensas a enchentes pelo país, desastres ambientais, e o que mais se referir aos recursos hídricos.

Atualmente, perante a sucessão de crises enfrentadas pelo país no que se refere aos recursos hídricos, e mesmo considerando às predições – realistas60 ou pessimistas61 – sobre a escassez mundial de água, foi idealizado o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), de

57 OECD (2015), Governança dos Recursos Hídricos no Brasil, OECD Publishing, Paris. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1787/9789264238169-pt. Acesso em: 18/12/2016.

58 OECD (2015), Governança dos Recursos Hídricos no Brasil, OECD Publishing, Paris. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1787/9789264238169-pt. Acesso em: 18/12/2016.

59 OECD (2015), Governança dos Recursos Hídricos no Brasil, OECD Publishing, Paris. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1787/9789264238169-pt. Acesso em: 18/12/2016.

60 “Até 2030, o planeta enfrentará um déficit de água de 40%”. In: “Demand for water is expected to increase in

all sectors of production (WWAP, 2012). By 2030, the world is projected to face a 40% global water deficit under the business-asusual (BAU) scenario (2030 WRG, 2009). Relatório das Nações Unidas sobre o

Desenvolvimento de Água 2015: “Água para um mundo sustentável”, lançado no dia 20/03/2015 em Nova Déli, (Índia). (Tradução nossa). Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002318/231823E.pdf. Acesso em: 18/12/2016.

61 “[...] até 2025, dois terços da população mundial pode ser afetada pela crise de escassez de água.” Disponível

abrangência nacional, a ser realizado em parceria entre a ANA, o Ministério da Integração Nacional e o Banco Mundial62, no âmbito do Programa de Desenvolvimento do Setor Água (INTERÁGUAS).

Como objetivo, em um horizonte de 20 (vinte) anos, em 2035 o PNSH deve definir diretrizes, conceitos e critérios que permitam a seleção e detalhamento das principais intervenções estratégicas (barragens; sistemas adutores; canais; e eixos de integração) do país para: a) garantir oferta de água para o abastecimento humano e para o uso em atividades produtivas; e b) reduzir os riscos associados a eventos críticos (secas e inundações).

No que diz respeito ao caso concreto sugerido no presente trabalho, e considerando a importância de uma atuação articulada entre os órgãos e instituições setoriais e extrassetoriais com o intuito de viabilizar a implantação de um empreendimento hidrelétrico, “a garantia de disponibilidade hídrica necessária à viabilidade da UHE São Manoel é de responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA, e foi declarada por meio da Resolução n° 129, de 28 de março de 2011 e da Resolução n° 358, de 13 de agosto de 2012 (que alterou o Anexo I da Resolução n° 129/2011). 63