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3. INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA

3.6 Assuntos transversais

3.6.3 Agregando as dimensões

A procura por uma medida agregada de qualidade de vida que consolide todas as dimensões é considerada muitas vezes como o principal objetivo de pesquisa e discussão sobre estes indicadores. O relatório da Comissão Stiglitz defende que tal visão é limitada e ilusória, uma vez que conseguir uma medida abrangente de qualidade de vida é mais difícil que sintetizar o que já temos hoje em uma única medida. Além disso, a agregação só pode ser realizada por meio de julgamentos de valor que são controversos.

O debate inclui desde aqueles que acreditam que os dados devem ser disponibilizados com as dimensões separadas, a fim de o usuário final decidir como vai considerá-los, até aqueles que defendem fortemente uma medida única, sintética de qualidade de vida. Para o relatório da Comissão, trata-se de uma discussão difícil. Enquanto deixar as dimensões abertas para consideração do público pode fazer com que o indicador perca impacto político e social (a comparação com o PIB é inevitável, uma vez que esse possui uma medida única de fácil assimilação), sintetizá-las num único indicador pode gerar debates que coloquem em questão a neutralidade deste indicador.

Não obstante, as diversas possibilidades de agregação das dimensões da qualidade de vida devem fornecer respostas a diferentes questões:

1. A sociedade está indo bem? Responder esta questão requer agregar informação da pontuação média de vários indicadores entre os domínios da qualidade de vida.

2. As pessoas estão vivendo bem? Esta questão coloca a ênfase nas condições de cada indivíduo na sociedade. Responder esta questão requer agregar indicadores de qualidade de vida no nível individual, e então sintetizar esta informação no nível nacional.

3. As pessoas estão felizes com suas vidas? Nesta questão, a ênfase está nas experiências “hedônicas” das pessoas. Responder esta questão requer agregar várias experiências “hedônicas” de cada pessoa, e então encontrar uma síntese apropriada para o país como um todo. 4. As pessoas estão satisfeitas com as suas vidas? Esta questão foca nos

julgamentos feitos pelos indivíduos sobre a vida deles como um todo. Responder esta questão requer medidas agregadas de satisfação das pessoas.

5. As pessoas possuem a qualidade de vida que elas querem? Esta questão mantém o foco da análise no indivíduo, e requer informação sobre quanto ele estaria disposto a sacrificar em uma dimensão de sua

qualidade de vida para obter um outro nível numa outra dimensão (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.207).

Trata-se de questões diferentes, mas todas elas relacionadas à qualidade de vida. Enquanto as duas primeiras questões estão mais ligadas ao conceito das capacidades, as duas seguintes referem-se à abordagem de bem-estar subjetivo. Já a última questão está vinculada à teoria das alocações justas. A relevância de cada uma delas vai depender primordialmente do contexto e das escolhas teóricas de cada abordagem. A saída encontrada pelo relatório da Comissão para escapar do debate em relação a uma medida única de qualidade de vida é desenvolver diversos indicadores sintéticos, sendo que cada um deles focaria numa das questões apresentadas: “Isto iria preservar a neutralidade, ao mesmo tempo que forneceria dados consistentes e suficientes para o debate político” (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.208). Outra solução seria oferecer indicadores com parâmetros que possam ser alterados pelos usuários, em especial aqueles que contêm julgamentos de valor.

Quanto aos métodos de agregação, temos:

a) Agregação pelas médias entre domínios: O primeiro método de agregação consiste na formação de um índice composto pela combinação das médias de cada uma das dimensões de cada país. O peso para cada uma das dimensões pode ser feita por meio da indicação de especialistas sobre quais aspectos possuem maior importância, ou através de uma abordagem mais subjetiva, conforme supracitado, que leva em conta as preferências típicas ou médias da população (o que pode ser feito por meio de um processo participativo). A principal vantagem é a simplicidade e a pouca necessidade de dados, comparado com os outros métodos. O Índice de Desenvolvimento Humano, baseado em apenas três dimensões (educação, expectativa de vida e renda), é um exemplo de aplicação desta metodologia. A sua simplicidade também gera benefícios na comunicação do índice para o público em geral. Tal característica, por exemplo, é considerada um dos determinantes do sucesso do IDH. No entanto, esta abordagem tem suas limitações. Uma delas é que o agente representativo gerado no índice pode diferir muito das situações encontradas por vários indivíduos da região medida (assunto já discutido quando tratamos da desigualdade). Este problema pode ser atenuado se a desigualdade é tratada como um componente específico do índice, mas ainda sim perdem-se informações sobre indivíduos que acumulam diversas

vantagens (ou desvantagens). Outra limitação diz respeito às ponderações das dimensões que, para fins de resultado final do indicador, implicitamente funcionam como fatores de substitubilidade entre as dimensões. No caso do IDH, por exemplo, podemos verificar quanto vale um ano de expectativa de vida em termos de dólares no PIB per capita, algo bastante questionável. Outro ponto levantado é que, dependendo de como é feito o índice, se algumas dimensões variam mais que outras, estas de maior variação acabam por “mandar” no movimento do indicador em geral. Por exemplo, os países desenvolvidos, em que as dimensões de saúde e educação estão próximos do nível máximo da escala do IDH, os movimentos no índice terminam sendo calcados basicamente pela variação do PIB per capita. Finalmente, normalmente os pesos atribuídos para cada dimensão são fixos, o que não espelha necessariamente a variação que pode existir entre regiões em relação à importância relativa de cada dimensão. b) Agregação dos indicadores no nível individual: o segundo método de

agregação consiste em primeiro agregar as diversas dimensões da qualidade de vida ao nível individual para, depois, calcular a média da amostra. Os fundamentos desta abordagem são próximos aos da metodologia anterior, só que ela “trata a pessoa como unidade de preocupação moral” (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.210). Além das mesmas vantagens características da metodologia anterior, esta forma de calcular a média permite analisar as correlações entre os subdomínios, por apresentar informações de distribuição conjunta de vários atributos entre os indivíduos. Apesar desta vantagem adicional, este tipo de metodologia é pouco utilizado porque exige várias informações por indivíduo, enquanto que na primeira metodologia são necessários apenas dados mais gerais. Quanto às limitações, são basicamente as mesmas comentadas na agregação de médias das dimensões, com a diferença que a escolha dos pesos de cada componente se torna mais crítica, pois aqui tratamos de índices individuais.

c) Agregação com base nas experiências de prazer das pessoas: o que está por trás desta abordagem é a ponderação das diferentes experiências em suas dimensões variadas, por uma unidade padrão comum, que é a intensidade das experiências prazerosas que elas causam. Desta forma, representa uma perspectiva diferente do significado de bem-estar. Assim como nas metodologias

anteriores, existem várias formas de ponderar a importância de cada domínio, sendo a mais difícil a ponderação individual de cada dimensão.

d) Agregação pela abordagem da equivalência: conforme mencionado na seção sobre indicadores que se baseiam na abordagem econômica do bem-estar, a agregação pela abordagem da equivalência se utiliza da noção de renda equivalente, aquela que torna o indivíduo indiferente entre duas situações que envolvem diferentes aspectos não monetários da qualidade de vida. Os pontos fortes desta abordagem se concentram em evitar, pelos menos em parte, os problemas de adaptação. Isto porque se trata de uma classificação ordinal, de forma que a redução de aspirações, por exemplo, não causará alternância de posições entre cada um dos cenários. No entanto, da mesma forma como ocorre nos índices de bem-estar subjetivo, este método não corrige a avaliação das preferências individuais quando estas são afetadas pela adaptação (o relatório da Comissão Stiglitz cita como exemplo a preferência que as pessoas podem ter por comidas baratas, porém pouco saudáveis). A ordenação se mantém a mesma, mas isso não significa que as escolhas sempre levam a uma melhor qualidade de vida, e corrigir este problema envolveria julgamentos de valor sobre o que é bom para as pessoas. Além disso, esta abordagem apresenta outras limitações, sendo uma delas a suposição de que as pessoas possuem preferências bem definidas sobre os vários aspectos da vida. Ao longo de todo este trabalho vimos que isto dificilmente corresponde à realidade. Outra limitação importante é que os cenários definidos envolvem escolhas arbitrárias de quais dimensões seriam incluídas e como elas seriam apresentadas. Essas dificuldades fazem com que o relatório da Comissão afirme que “se não se confiar nas preferências imediatas dos indivíduos e decidir-se por procurar seguir as suas preferências mais profundas, uma metodologia mais refinada pode ser necessária, e isso ainda não foi desenvolvido” (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.214). Além de tudo isso, mesmo que as pessoas tenham perfeita informação perfeita e que os cenários sejam unanimemente bem construídos, várias pesquisas mostram que as pessoas cometem erros sistemáticos na hora de atribuir uma renda equivalente.

Sumarizando, as diferentes abordagens de agregação respondem a diferentes questões. O que é reforçado aqui é a necessidade de desenvolver dados mais

sistemáticos, a fim de tornar tais indicadores mais utilizáveis no desenho de políticas públicas.

3.7. Conclusão

A qualidade de vida é um conceito multidimensional e pode ser interpretada de diversas formas. Mas, de maneira geral, sabe-se que há muitos fatores além da renda que afetam positivamente ou negativamente a qualidade de vida das pessoas. Além disso, as metodologias hoje existentes para converter tais fatores em parâmetros de unidades monetárias têm encontrado barreiras para a aplicação prática das teorias elaboradas até o momento. Desta forma, medidas não monetárias ganham papel de destaque na formação de indicadores de qualidade vida. O relatório da Comissão Stiglitz enfatiza que tais indicadores não substituem os indicadores econômicos convencionais, mas sim trabalham em conjunto com estes para levantar mais possibilidades de ação política. Isto quer dizer que a contabilidade monetária também é importante, mas muitos, como Viveret (2006) já a vêem como um subconjunto de indicadores que orientam finalidades maiores que a simples medida de atividade econômica (mesmo que esta sofra os ajustes necessários comentados no capítulo anterior), neste caso, o desenvolvimento sustentável.

Por isso, tem sido defendido que tais pesquisas de qualidade de vida sejam incluídas nas estatísticas padrão de países e, sempre que possível, das comunidades. Hoje já é possível obter dados confiáveis e significativos sobre o bem-estar subjetivo. Nas três diferentes perspectivas (avaliação da vida, presença de sentimentos positivos e negativos) é possível capturar o resultado agregado de vários determinantes que vão muito além da renda. Sob este ponto de vista, consideramos que o sentimento de bem- estar e a felicidade são os objetivos fins dos indivíduos.

Por outro lado, temos que considerar a capacidade de adaptação das pessoas, e isto nos leva a analisar também as condições objetivas e as oportunidades disponíveis para elas. Baseado no que foi discutido no primeiro capítulo, se acreditarmos que o processo de desenvolvimento humano não difere, em termos de dinâmica, de outros tipos de desenvolvimento, temos sempre que levar em consideração as condições básicas para autonomia das pessoas. As possibilidades que o indivíduo tem para

interagir com a sociedade, e a sua capacidade de realizar aquilo que gostaria, impactam diretamente no desenvolvimento, e por isso muitos analistas consideram que tais indicadores objetivos são mais importantes que o bem-estar subjetivo. Para estes indicadores, o relatório da Comissão Stiglitz recomenda o desenvolvimento de padrões estatísticos, principalmente nos campos em que a estatística ainda é pouco desenvolvida, como por exemplo, nos dados sobre como as pessoas gastam seu tempo. A prioridade seria desenvolver dados regularmente colhidos que, sempre que possível, apresentem padrões que permitam a comparabilidade entre regiões e ao longo do tempo.

No momento da padronização das estatísticas, é muito importante que estas sejam capazes de capturar as informações sobre a desigualdade das experiências. Isto porque a avaliação média pode destoar inclusive do que está acontecendo com a maioria da população. Quanto maior a possibilidade de desagregação dos dados, maiores as possibilidades de se fazer análises específicas para grupos demográficos, regiões etc. A disponibilidade de dados desagregados e informações sobre distribuição conjunta facilitaria a identificação e análise, por exemplo, de como as dimensões se reforçam umas as outras.

A desagregação dos dados também é muito importante para melhorar a produtividade sistêmica de um território. Comunidades podem ter acesso aos resultados dos indicadores de sua própria região, ampliando desta forma sua autonomia para agir. A participação democrática dos cidadãos também depende de que eles possuam informações corretas e completas sobre seus estados nos indicadores.

Alguns autores afirmam que o nível de informação proposto permitiria a tomada de decisões numa forma similar ao desejado pelo pensamento neoclássico, isto é, teríamos informações que possibilitassem que os investimentos de esforços e recursos fossem realizados naqueles pontos que gerassem maior impacto na qualidade de vida das pessoas. A diferença é que o retorno não estaria na quantidade de renda produzida, mas sim na elevação do bem-estar dos indivíduos. No meu ponto de vista, esta seria uma forma, portanto, de sujeitar a eficiência alocativa da economia neoclássica a objetivos maiores, e normativos.

Um dos maiores desafios para os indicadores de qualidade de vida é o desenvolvimento de uma medida escalar única. A forte demanda por este tipo de indicador está relacionada à forma como ele é aceito politicamente e entendido pelo público. Afinal, é fundamental que o indicador consiga se legitimar. O sucesso do PIB,

do IDH e mais recentemente da Pegada Ecológica sugerem que os chamados indicadores sintéticos são mais facilmente aceitos pelo público em geral. O relatório da Comissão Stiglitz, neste caso, deixa o desafio para as agências estatísticas, uma vez que, como vimos, o assunto é complexo.

Vimos, neste capítulo, indicadores de qualidade de vida que, propositalmente, focam na situação presente dos indivíduos. A necessidade de indicadores que considerem as gerações futuras e suas oportunidades é assunto do próximo capítulo.

4. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 4.1. Introdução

Da mesma forma que há uma diversidade de pontos de vista a respeito da qualidade de vida, o conceito de sustentabilidade é entendido de formas muito diferentes. Além da heterogeneidade de visões sobre o desenvolvimento, que afeta a percepção sobre o que é a sustentabilidade, este conceito apresenta uma complexidade adicional relacionada às projeções de futuro que são necessárias para a sua aplicação. Sem nenhuma surpresa, encontramos uma grande variedade de indicadores de sustentabilidade. Como o relatório da Comissão Stiglitz coloca: “o problema nesse campo não é a falta de ideias. O problema é, antes, compreender por que parece tão difícil propor alguns índices federativos que permitam uma percepção compartilhada sobre se as nossas economias são sustentáveis ou não” (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.233).

Para entender com maior detalhe o desafio imposto pelo conceito da sustentabilidade no desenvolvimento de indicadores, apresentaremos primeiramente os diversos formatos nos quais tais indicadores podem ser apresentados. Enquanto alguns deles sequer apresentam uma visão clara do que é a sustentabilidade (como é o caso dos painéis), outros apresentam posições conflitantes entre si. Serão discutidos também desafios gerais que a ideia de sustentabilidade impõe, os quais incluem a forma de encarar as projeções de futuro e as questões de sustentabilidade global ou transnacional.

Finalmente, discutiremos os motivos para que a visão de estoques e seus fluxos seja a forma recomendada por boa parte da literatura como o ponto de partida para nortear o desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade.

4.2. Dashboards

Os dashboards ou painéis de controle consistem numa coleção extensa de indicadores e dados que podem ter relação direta ou indireta com o progresso sócio- econômico e com a sustentabilidade. Estas coleções podem juntar os mais diversos tipos de dados e é por isso que a heterogeneidade é uma característica marcante deste grupo.

Por exemplo, o relatório de 2009 sobre o desenvolvimento sustentável na União Européia produzido pela Eurostat contém mais de 100 indicadores diferentes. Enquanto alguns destes painéis incluem dados mais gerais, como o crescimento do PIB, outros consideram informações bem mais específicas, como o percentual de fumantes na população (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009). Essa heterogeneidade também denota a falta de uma definição clara do que consiste a sustentabilidade, ou, no mínimo, do que é necessário para se atingir a sustentabilidade.

Apesar de estar em linha com a ideia de desenvolvimento sustentável por apresentar medidas tanto de desenvolvimento como de sustentabilidade, Veiga (2010) argumenta que os dashboards devem ser encarados como uma ótima base de dados, mas não como indicadores. O autor destaca que tais painéis ferem quatro dos princípios de Bellagio: “a) não garantem comunicação eficiente; b) dificultam ampla participação; c) dificilmente podem orientar visão e metas” (Veiga, 2009, p.422), além de não apresentar um conjunto explícito de categorias que liguem perspectivas e metas a indicadores.

De fato, o relatório da Comissão Stiglitz ressalta que o esforço no desenvolvimento de tais painéis contribui muito para a estruturação de dados, atualização dos mesmos e geração de informações passíveis de comparação internacional. Isto quer dizer que, se não puderem se considerados como indicadores, pelo menos servirão com fonte de dados importante para eles. Especialmente se adotarmos o conceito de sustentabilidade forte, a produção de dados dos mais diversos é fundamental. Conforme comentado no primeiro capítulo, é importante fazer distinção dos diferentes tipos de capital natural, como por exemplo, entre os recursos renováveis, os não renováveis, e o capital natural crítico. Assim, o acompanhamento das variações nestes tipos de bens torna-se decisivo. Por isso, o relatório afirma que “é preciso admitir que a complexidade seja muitas vezes inevitável” (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.237).

Além disso, se levarmos em conta o conceito de produtividade sistêmica do território, necessariamente precisamos de medidas específicas para cada território, e os painéis feitos sob medida atendem a este requisito de captar tal complexidade: “visar à simplificação extrema e uma harmonização forçada significaria abandonar essa vantagem comparativa do método”, afirma o relatório da Comissão (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009, p.237), em defesa destas medidas. No entanto, sua mensagem final é

que tais painéis devem se manter tão concisos e estruturados quanto possível, e que para isso é fundamental uma melhor definição do significado da sustentabilidade.

4.3. Índices compostos

Assim como os índices compostos descritos no capítulo referente à qualidade de vida, estes índices ponderam vários componentes a fim de agregá-los para produzir um único resultado. Basicamente, estes índices informam sobre o nível de uma determinada medida, como a qualidade ambiental atual ou a pressão sobre recursos naturais, mas não informa se tal nível é sustentável ou não (STIGLITZ, SEN e FITOUSSI, 2009); não há um limite pré-definido que diz se as condições atuais estão na trajetória da sustentabilidade. Exemplos conhecidos deste tipo de indicador incluem o Índice de Sustentabilidade Ambiental (ESI em inglês) e o Índice de Desempenho Ambiental (EPI em inglês), desenvolvidos por pesquisadores de Yale e Columbia. Ambos trabalham com as mesmas 76 variáveis, mas as consolidam de formas diferentes (VEIGA, 2010).

Veiga (2010) argumenta que do ponto de vista estatístico tais indicadores são altamente passíveis de questionamento, uma vez que, por exemplo, acabam por agregar medidas objetivas com medidas subjetivas. Por isso, o relatório da Comissão afirma que estes indicadores são na verdade apenas bons convites para se aprofundar nas análises e resultados dos diversos componentes que os compõe. Este, por exemplo, foi um dos principais argumentos para que o Relatório de Desenvolvimento Humano fosse acompanhado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (GADREY e JANY-