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6.1 LEITURA SEMIÓTICA DO LIVRO

6.1.3 Alguns apontamentos

No plano do conteúdo, vemos através das imagens a relação a quatro mãos entre a menina e seus pais, mais especificamente entre ela e seu pai. As imagens mostram que o carinho vai sendo construído através do tempo e, mesmo que o tempo passe, o carinho fica. Por meio das memórias, o carinho permanece e o tempo corre. Isso é evidenciado nas ilustrações e na escrita que despertam uma sensação de delicadeza a qual vai além da relação entre pai e filha, perpassando um modo de vida que transparece nas páginas em formato “widescreen”. Como um filme, uma história contada, aqui, parece narrada por uma filha que enxerga seu pai como um ser maior. No plano da expressão, vemos em várias páginas esse pai sendo retratado de forma maior que os outros personagens e objetos da página. Há, também, aproximações e afastamentos nas cenas, como se usasse o recurso da câmera em uma filmagem para enfocar o que interessa.

A história descreve não só a relação de carinho, mas também de proteção do pai para com essa filha. Além disso, ela revela a visão da criança pequena, que tem percepção diferente e enxerga as coisas ao seu redor muito maiores do que realmente são.

As cores bem marcadas de terra remetem a uma cidade do interior, sem asfalto, lugar simples, dadas as características que são mostradas da casa, do jardim e da paisagem. Uma paisagem que muitas vezes se apresenta de cor marrom, mas que também mostra o verde de paisagens bucólicas. Os tons de cores usados como fundo parecem compor as partes da vida desse pai e filha. No começo mais claro, na cor branca; no meio mais colorido, representado pelas cores azul, verde e pelo amarelo mais aberto e, no encaminhamento para o final, cores fechadas, fortes, como marrom e verde escuro. No final, as cores se abrem de forma tímida para um alaranjado, não tão vivo, mais esmaecido – a figurativização de um pôr do sol. As cores parecem ajudar a entender a intensidade de sentimentos envolvidos em cada parte do livro, junto com a passagem de tempo que também pode ser percebida nessa gradação de cores.

O amor dessa filha pelo pai transforma o olhar, que passa a narrar pequenas cotidianidades como feitos que orgulham essa pequena menina. A partir disso, podemos pensar na constituição do quadrado semiótico, uma representação visual das relações que perpassam a história (Figura 18).

Figura 16 - Quadrado semiótico do livro A quatro mãos

Fonte: Material elaborado pela pesquisadora (2019)

No quadrado semiótico construído a partir da análise do livro infantojuvenil A quatro

mãos, o par de termos contrários que encontramos foi a presença vs a ausência. Percebemos

essa oposição nas cenas mostradas pelo livro: a presença do pai na infância, durante o seu crescimento, e a saudade, que pode ser percebida quando no livro é mostrado um enterro, a visualização pela menina das memórias do pai. Além disso, no verbal escrito fala-se da passagem do tempo, mostrando na imagem uma tristeza da personagem do livro, dando a entender a ausência da presença de seu pai. Os termos subcontrários foram elencados como “não ausência” e “não presença”. Da relação dos termos presença vs não ausência resultou o sentimento de estar perto, mas não somente isso – poderíamos referir também um sentimento de proximidade, de convivência ou, mesmo, de encontro. Na relação entre os termos ausência

vs não presença entendemos ser o sentimento de saudade, ampliando esse entendimento

poderíamos dizer que é a tristeza, o não estar mais presente que poderia ser percebido como a morte. Nesse processo, encontramos os termos complexo como “solidão” e neutro como “companhia”. Esses termos encontrados resultam tanto da relação entre presença vs ausência, o termo complexo, quanto da relação não ausência vs não presença, o termo neutro “companhia”. Toda essa complexa relação dos termos encontrados pode ser vista nas páginas do livro.

PRESENÇA AUSÊNCIA

NÃO AUSÊNCIA NÃO PRESENÇA

ENCONTRO SAUDADE

COMPANHIA

TRISTEZA ALEGRIA

6.2. PESQUISA DE CAMPO COM PEDAGOGAS(OS) EM FORMAÇÃO - LEITURA DO LIVRO A QUATRO MÃOS

Apresentamos o questionário/roteiro utilizado na leitura do livro com as(os) pedagogas(os) em formação:

1. O que podemos falar desse livro? 2. Tem história/narrativa? Qual?

3. Onde (lugar) se passa a história/narrativa? 4. Tem personagens? Como eles são?

5. O que pensou logo depois da leitura do livro? 6. Onde no livro você enxerga o que faz pensar isso? 7. Esse livro é bom ou ruim?

8. Você gostou desse livro? 9. Do que não gostou?

10. Quais linguagens utiliza? (Visual - imagem, linguagem verbal escrito, a moda, a paisagem)

11. É possível perceber no livro algum tipo de oposição (ideias contrárias/ contraditórias)?

12. Que tipos de formas encontramos nesse livro – abstratas ou figurativas? 13. As cores são variadas ou há predominâncias?

14. As cores te dizem algo sobre esse livro? 15. As imagens ocupam todo o suporte? 16. Há verbal escrito?

17. Ele chama a atenção? Traz algum sentido a mais?

18. A imagem e a escrita se completam ou apenas uma ilustra a outra? 19. O que esse livro provoca em você? (sentimento)

20. Para que propósito foi criado esse livro? (informativo, entretenimento, reflexão) 21. Como foi feito? Técnicas utilizadas?

22. Esse livro é bastante visto e conhecido? Alguém já conhecia o livro? De onde? 23. Esse livro é diferente daqueles que vemos no nosso cotidiano? Por quê? 24. É atual ou antigo?

25. Você levaria para a escola esse livro? De que forma? 26. Esse livro vai fazer parte do seu repertório?

Antes de começarmos a leitura, apresentamos o livro e falamos sobre como o selecionamos, dando tempo para que pudessem ter contato com ele.

Turma 1

Pesquisadora: O que podemos falar desse livro?

Aluna: As imagens são bem expressivas. Pesquisadora: Em que sentido?

Aluna: Bem colorido, várias formas... Aluno: Parece ser feito com giz.

Aluna: Como aquele que tu passas o nanquim, aquela técnica, que dá para fazer com tinta guache. Tu vais raspando as partes. Mas eu acho que tem outras técnicas misturadas.

Pesquisadora: Todo mundo concorda? Ou não? Aluna: É, ela falou do pai alí.

Aluno: Ali no velório, é o pai dela que morreu? Aluna: A história é bem afetiva.

Pesquisadora: Tem história/narrativa? Qual?

Aluno: Acho que conta uma história. Pesquisadora: Qual história?

Aluna: Parece que as imagens contam mais história de vida da menininha do que as palavras escritas. As imagens que estão relatando a vida dela, os momentos.

Aluna: É o pai dela morreu? Pesquisadora: É? Tu achas? Aluna: Sim.

Aluna: A sensação que dá é que a mãe morreu e que ela mantém essa relação com o pai, dá essa sensação. Pesquisadora: Quem acha que a mãe morreu?

Vários levantam a mão.

Aluna: Agora eu acho que a mãe morreu. Pesquisadora: Quem acha que o pai morreu? Ninguém levanta a mão.

Aluna: Não sei, parece algo subjetivo, quando ela volta lá para dar o aceno, mas não sei, é uma interpretação muito individual.

Aluna: Mas nessa parte fala: Mas o tempo. E coloca ela no fundo e a mãe, como se mãe tivesse indo embora. E logo em seguida ela tapando o rosto e o velório. E a mãe já não aparece mais. A mãe aparece em um retrato no canto quando ela fala ali com o pai e logo em seguida só o pai.

Aluna: Aqui é ela (a menina), para mim, ao invés de ser a mãe. Pesquisadora: E por que você acha que ela está representada assim?

Aluna: Aqui fala do tempo, mas o tempo vai passando e as mãos vão passando também, vão indo embora. Essas marcas que essas mãos vão deixando, ela fala que modificam, mas jamais apagam os segredos, as lembranças ficam. As lembranças que essas mãos, de mãos dadas como começa o livro, ficam. E as marcas das mãos também. Aluno: Foi o pai que morreu, não foi a mãe.

Pesquisadora: O que faz vocês pensarem que alguém morreu? Aluna: O caixão e os buraquinhos na terra. (Risos)

Aluna: É que aqui no caixão dá uma sensação de que todo mundo vai morrer, está todo mundo reunido, todo mundo vai passar por isso.

Aluno: Parece dia dos finados. Ali tem vários caixões.

Aluna: Tem outras mãos que se vão. E outras mãos que vão vir. Aluno: Se o pai tivesse vivo ele seguraria o caixão.

Pesquisadora: Tem personagens? Como eles são? Tem algo marcante neles?

Aluna: O chapéu e a camisa.

Aluna: Eles são do campo. Fazenda, criação, eles são bem mais simples, mais humildes. Das marcas das mãos também mostra um homem capinando

Pesquisadora: Onde (lugar) se passa a história/narrativa? Onde é contada essa história?

Aluna: No interior. Na roça.

Pesquisadora: Por que você acha isso?

Aluna: Por conta da lavoura que aparece, do trem, uma coisa mais afastada do centro urbano. Aluno: Nordeste?

Pesquisadora: Vocês acham que é o Nordeste? Aluno: Estávamos pensando em Espírito Santo.

Pesquisadora: Então vocês acham que é no Brasil? Todo mundo ou alguém acha que pode ser em lugar diferente? Aluna: As histórias se repetem em todos os lugares, mas de maneiras diferentes.

Aluna: Pelo jeito como é pintado parece com o Nordeste. Aluno: Cores vivas.

Aluna: O tipo de pintura que tem lá, que eles fazem os cordéis. Parece assim. Talvez seja só a maneira de pintar a história, mas é que também remete ao lugar.

Pesquisadora: O que pensou logo depois da leitura do livro? Que sentimento ficou?

Aluna: Uma nostalgia, ela fala muito da infância com afeto, das memórias. Aluno: Acho que ela fala do pai presente.

Aluna: Um cuidado desde a infância do pai. O pai oferecendo acolhimento. Essas mãos parecem que acolhem o tempo todo, cuidam.

Pesquisadora: Esse livro é bom ou ruim?

Aluna: É bom, eu gostei.

Pesquisadora: Todo mundo gostou? Vários balançam a cabeça positivamente.

Pesquisadora: Tem alguma parte ou alguma coisa que vocês não gostaram?

Aluna: Acho que quando nós duas terminamos de ler, nós dissemos que bonito, parece que entendemos tudo. Só que agora que estamos conversando parece que não entendemos mais nada.

Aluna: Para mim ninguém morreu! Eu não senti isso de alguém morrer, de que alguém foi embora da história. Mas claro, o que está mais presente na história é o pai com a menina.

Aluna: Acho que esse livro não é um livro para fazer uma leitura rápida. Precisa fazer a leitura de imagem e tem muito detalhe colocado. Nós fomos lendo e folheando e aí, quando paramos para conversar, nós percebemos os detalhezinhos. Não é o tipo de livro que você apenas conta a história, é preciso passar nas mãos das crianças para elas poderem ver.

Aluno: E cada um pode interpretar de uma maneira.

Aluna: Os detalhes te ajudam a criar a narrativa da história, ou não.

Pesquisadora: É possível perceber no livro algum tipo de oposição (ideias contrárias/contraditórias)?

Aluna: Algo como o acolhimento, mas também o libertar.

Pesquisadora: As cores são variadas ou há predominâncias? As cores chamaram a atenção de vocês? O que mais chamou a atenção – as cores, a ilustração ou a história?

Aluna: As cores.

Aluna: Acho que tem bastante marrom. Aluno: Cores vivas.

Pesquisadora: E essas cores, elas provocam algum tipo de sentimento em vocês? Se sim, qual tipo?

Aluna: Por exemplo, nessa cena, onde tem outras mãos é um marrom, é escuro, lembra terra. Todo mundo vai para baixo da terra um dia, é uma leitura possível. É uma situação ruim, não é boa, ter que se despedir de alguém, todo mundo sabe que vai morrer, mas é uma situação ruim de se despedir. As cores aqui dão essa sensação, não é de alegria, pois a cor seria mais quente.

Aluna: De conforto.

Pesquisadora: Para que propósito foi criado esse livro? (informativo, entretenimento, reflexão)

Aluna: Talvez para expressar o que ela tenha passado ou sentido. Aluna: É de uma filha para um pai.

Pesquisadora: Alguém conhecia o livro?

Todos respondem que não.

Pesquisadora: Esse livro é diferente daqueles que vemos no nosso cotidiano? Por quê?

Todos balançam a cabeça positivamente.

Aluna: Acho que a complexidade de detalhes que nem mesmo nós percebemos em uma olhada só.

Pesquisadora: Vocês levariam para a escola esse livro? De que forma?

Aluna: Quando eu entender a história sim.

Pesquisadora: Esse livro vai fazer parte do teu repertório?

Vários respondem que sim.

Turma 2

Pesquisadora: O que podemos falar desse livro?

Aluna: Triste, mas traz uma mensagem de amorosidade, afetividade.

Pesquisadora: Para alguém foi diferente a leitura? (A turma estava bastante chocada com a morte precoce de uma professora do corpo docente da faculdade)

Aluna: Eu não achei triste, para mim é muito bonito. Porque é a trajetória da vida e todo mundo vai acabar passando e por mais que aconteçam coisas que te deixem triste, sei lá, no final, você sabe que vai dar tudo certo.

Pesquisadora: Tem história/narrativa? Qual?

Aluna: Sim, a história de uma vida de uma família sob o olhar da filha.

Pesquisadora: Onde (lugar) se passa a história/narrativa?

Pesquisadora: Enquanto eu faço essas perguntas, duas alunas que leram sobre a autora respondem às questões diretamente daquele texto.

Pesquisadora: Então sabendo que a autora e ilustradora é brasileira de Belo Horizonte eu pergunto: Onde vocês acham que a história se passa?

Aluna: Tem uma história mais de campo, mais rural. Pesquisadora: Por que vocês acham isso?

Aluna: Pelas ilustrações.

Aluna: Acho que eu poderia escrever essa história (riso de todos). A parte que eu mais gostei foi a do quintal, poderia ser eu naquela janela. Eu me criei em uma cidade pequena onde até os meus sete anos eu nem sabia que existia loja para comprar comida. Eu aprendi que tudo vinha da terra, a gente tinha que plantar para poder comer. O dia que eu entrei pela primeira vez em uma loja, eu fiquei fascinada – como que existe coisa que dá para comprar.

Pesquisadora: Tem personagens? Como eles são? Tem alguma coisa que chama a atenção neles?

Aluna: O que mais me chama a atenção é a relação de pai e filha, que ela foca. Ele está sempre vestido meio que igual, nas últimas páginas ele parece estar com a mesma roupa.

Aluna: A menina também passa essa impressão de estar sempre com a mesma roupa.

Aluna: Só tem um momento que ele não está com a mesma roupa, porque está de pijama listrado.

Aluna: Eu acho que o que ela quer retratar aí é a simplicidade. Mostra pelas ilustrações da casa e da roupa que eles não tinham muitos bens, mas eles tinham o bem mais precioso que era esse carinho entre a família. Eu acho que é isso que ela tenta mostrar quando ela repete as roupas. Essa pessoa mais simples.

Aluna: Uma coisa que me chama a atenção é a figura da mãe, que aparece só duas vezes no livro. E a mãe morre. Aluna: Eu entendi que era a mãe que morria também.

Aluna: Eu acho que era o pai que morria.

Aluna: Não, porque depois ele aparece bem velhinho no final. Aluno: Ninguém morreu.

Aluna: Eu acho que pai morre. Porque ela sempre conta mais com o pai, parece que tinha uma ligação mais forte com o pai.

Pesquisadora: Onde você enxerga no livro que o pai morre? Aluna: Eu imaginei, porque no livro poucas vezes aparece a mãe.

Aluna: Apesar que, depois desse desenho (onde tem as pessoas e o caixão), eu imagino que seja o pai. Aluna: Eu entendi que ela encontrou o pai depois.

Aluna: Ele veio buscar ela...

Aluna: Pode ter duas perspectivas essa história. Que podemos interpretar como a mãe morre e aí ela segue a vida dela em outro lugar e aí ela vai encontrar o pai dela sempre que possível, que continua morando no campo e sempre é uma alegria encontrar com esse pai que é sempre presente. E tem a perspectiva que ele morre, uma outra visão.

Aluna: Eu acho que é o pai que morre, porque ela foca o livro todo no pai. Eu acho que a menina dela se reencontra com o pai já velho.

Aluna: Nessa página aqui o pai dela está na mão dela e na outra ele continua ali. Ela está tipo pegando as lembranças, não que ele esteja vivo, ela está só lembrando.

Aluna: Podem ser lembranças que ela tenha do pai, porque tem uma parte que aparece ela crescendo sozinha e, no início, o pai estava junto, pode ser que ela tenha perdido o pai bem cedo e ela escreve um livro com as lembranças e as memórias que ela tem.

Pesquisadora: Esse livro é bom ou ruim?

Aluna: Para quem? Para criança? Eu já me imaginei contando essa história. Aluna: Mas aí eu acho que tem que cuidar.

Pesquisadora: Do que não gostaram?

Aluna: Eu não gostei das cores, me traz uma coisa muito pesada o livro. E eu não trabalharia com as crianças por causa disso.

Aluna: Ai, eu achei lindas as cores. Aluna: Eu achei lindo.

Pesquisadora: É possível perceber no livro algum tipo de oposição (ideias contrárias/contraditórias)?

Aluna: Acho que a questão dela do crescer, quando ela traz as memórias infantis. Não sei se chega a ser uma oposição.

Aluno: Um funeral ali. Acho que se fosse a mãe que tivesse morrido o pai estaria de xadrez ali. Aluna: Mas e cadê a mãe?

Aluna: Pode ser qualquer uma daquelas ali.

Pesquisadora: As cores te dizem algo sobre o livro?

Aluna: Que ele é triste.

Todos concordam que ele é triste. Aluna: Melancólico.

Pesquisadora: Alguém tem uma opinião diferente?

Aluno: Teria que ver os outros livros dela para ver com que cores ela trabalha.

Aluna: Fico pensando que talvez se não fossem essas cores talvez não contasse a história que ela queria contar. Porque tem felicidade na parte das plantas, mas na maior parte das vezes triste.

Aluna: Parece um lugar seco, sem vida. Aluno: Tem escrito fotos com PH, por quê? Aluna: É um álbum de fotos antigo.

Aluna: O jeito como é feita a pintura é que me deixou melancólica.

Aluna: Essa técnica de pintura parece aquela que você nos mostrou feita com nanquim ou guache.

Pesquisadora: Que técnicas e materiais nós conseguimos ver na ilustração?

Aluna: Giz de cera.

Pesquisadora: As imagens ocupam todo o suporte?

Aluno: Sim.

Pesquisadora: Há verbal escrito? Chama a atenção?

Aluno: É bem pequeno e dependendo da pessoa que vai ver talvez nem leia. Porque dá para entender a história só pelas imagens.

Pesquisadora: Não ter a parte escrita no livro faria diferença? Aluna: Acho que ilustração e imagem se complementam. Aluna: Eu acho que a ilustração chama mais a atenção.

Pesquisadora: Alguém ainda teria para falar algum sentimento que o livro deixou?

Aluna: Saudade.

Aluna: Também saudade. Aluno: Nostalgia.

Pesquisadora: Para que propósito foi criado esse livro? (informativo, entretenimento, reflexão)

Aluna: Para homenagear.

Aluna: Para contar a história dela. Aluna: Para deixar o pai dela vivo.

Aluna: Eternamente, porque o livro todo mundo vai lembrar. Pesquisadora: Alguém conhecia o livro?

Ninguém conhecia.

Pesquisadora: Vocês levariam o livro para escola? De que forma? Ou não levariam?

Aluna: Eu trabalharia com esse livro na EJA (Educação de Jovens e Adultos), com os adultos e os jovens, porque faria mais sentido. Com criança eu não sei, quem sabe acharia meio pesado.

Aluna: Eu acho que para a criança não faz sentido. Mais para adultos.

Aluna: Eu trabalharia porque ela é brasileira e eu sinto um pouco de falta disso.