• Nenhum resultado encontrado

PESQUISA DE CAMPO COM PEDAGOGAS(OS) EM FORMAÇÃO LEITURA DO DESENHO

Apresentamos o questionário/roteiro utilizado na leitura do desenho animado com as(os) pedagogas(os) em formação:

1. O que você pode falar desse desenho? 2. Tem história/narrativa? Qual? 3. Onde se passa a história/narrativa? 4. Tem personagens/atores? Como são?

5. O que pensa quando vê? O que passa pela sua cabeça? 6. Onde no vídeo você enxerga o que faz pensar isso? 7. Esse desenho é bom ou ruim?

8. Você gostou desse desenho? 9. O que não gostou?

10. Quais linguagens utiliza? (Visual - imagem, linguagem verbal escrito, a moda, a paisagem / Sonora - música, linguagem verbal oral, ruídos) 11. É possível perceber no desenho algum tipo de oposição (ideias

contrárias/contraditórias)?

12. As imagens são simétricas ou assimétricas? 13. Que tipos de formas encontramos nesse desenho? 14. As cores são variadas ou há predominâncias? 15. Há verbal escrito?

16. Temos som? Que espécie? Ruído, música...

17. Esse som faz diferença na visualização desse desenho?

18. No desenho há relação entre imagem e som? O que mais chama a atenção – som ou imagem?

19. Tem alguma outra característica que gostariam de ressaltar? 20. Qual o conteúdo desse desenho? Do que ele fala ou quer falar? 21. O que esse desenho provoca em você? (sentimento)

22. Para que propósito foi criado esse desenho? (informativo, entretenimento, reflexão)

23. De onde vem esse desenho? (canal de televisão, internet, meio pelo qual chega até nós)

24. Como foi feito? Técnicas utilizadas?

25. É fácil de achar? É bastante visto e conhecido?

26. Como chega até nós? (só quando procuramos ou quando não estamos procurando)

27. Alguém já conhecia esse desenho? De onde?

28. Esse desenho é diferente daqueles que vemos no nosso cotidiano? Por quê? 29. É atual ou antigo?

30. Você levaria para escola esse desenho? De que forma? 31. Esse desenho vai fazer parte do seu repertório? 32. O que é leitura de imagem para você?

Pesquisadora: O que vocês acharam do desenho?

Aluna: Maravilhoso.

Pesquisadora: O que vocês podem falar desse desenho?

Aluna: Maravilhoso.

Aluna: Ele é muito legal porque trabalha com Illuminati, teoria da conspiração, com monstros... Eu gosto dele, porque eu via com meu irmão, tem todos os episódios no Netflix. Nós vimos todos e ele adorava, era muito legal. Tinham vários episódios da Mabel e do laço de amizade que os dois irmãos têm, eles estão sempre se protegendo. É um desenho muito divertido, diverte tanto as crianças como os mais velhos.

Pesquisadora: Alguém não conhecia o desenho?

A maioria diz que não conhecia.

Aluna: Me lembrou Rick e Morty, uma outra série que também tem esse caráter científico, tipo de muitas aventuras, alienígenas, eu acho que é um desenho mais para adultos. Eu gosto muito desse desenho (Gravity Falls), acho que inclui várias faixas etárias. A fotografia é a mesma da animação, muito colorida, tem muitos elementos diferentes, que visualmente chamam muito a atenção

Pesquisadora: Tem história/narrativa? Qual?

Aluna: Acho que é sobre uma crise da adolescência. A expectativa da menina de chegar ao ensino médio e ela fala: “Eu achei que seria como High School Musical”. É forte, e eu me identifiquei inclusive, porque o ensino médio é realmente um momento muito difícil na vida das pessoas em geral. E eu acho que ela vive um dilema muito grande ali e esse final do mundo se conecta muito com esse fim de fase para eles. Em muitas passagens me lembrou a narrativa da Jornada do Herói, tem que passar por esse momento, superar esse momento. Acho que é disso, de uma crise de identidade.

Aluna: Eu a vi muito mais pensando no futuro, no ensino médio, querendo ir para o ensino médio e ele parece muito mais que se pudesse pular para faculdade... sei lá. Então, ela estava pensando muito mais no futuro para o ensino médio e ele para depois disso.

Aluna: Eu acho que tira o desenho daquela forma muito infantilizada e traz para assuntos científicos, mudança de etapas... Até as palavras... A forma como ele borda os temas não é tão infantil. Também mostra uma realidade das crianças que têm muito mais acesso às informações, às tecnologias. Que essas palavras não soam tão estranhas porque elas já têm essa familiaridade desde muito cedo.

Aluna: Isso é verdade, porque logo no começo aparecia essas palavras tipo Illuminati e eu perguntava para o meu irmão o que era e ele sabia me responder. Ele me dava uma super aula sobre aquilo e depois me falava o quanto eu era desatualizada.

Aluna: Mesmo que ele não soubesse, quem sabe ele soube pelo desenho? É o respeito com a criança de apresentar assuntos novos. E por que ela não pode aprender pelo desenho?

Pesquisadora: Tem personagens/atores? Como são?

Aluna: Eu queria comentar isso, a questão de gênero, pois é bem demarcado. No quartinho, o cantinho dela rosa o dele azul. Ele é o aventureiro e sai com o tio para fazer as experiências e ela fica ali naquela agonia organizando a festinha. Por que não os dois saírem para salvar o planeta? E outra coisa que eu observo é esse imaginário coletivo dos ET’S, que eles querem destruir o planeta Terra. Acho que muitos seres humanos são ET’S. A nossa galáxia é muito enorme para achar que não tem outros seres vivos existindo e que eles são maldosos. Gerando esse imaginário na criança, e ela cresce com isso.

Aluna: Essa questão do gênero, quando nós vamos vendo é que percebemos algumas coisas. Mas é só nesse episódio que a Mabel é assim, nos outros ela extrapola. Ela é corajosa e muito mais pirada que o Dipper.

Aluna: Mas por outro lado deu para perceber que não aparece pai e mãe na história. Pesquisadora: Onde vocês acham que é Gravity Falls?

Alunas: Uma cidade imaginária.

Pesquisadora: Vocês acham que não é real? Aluna: Acho que pode.

Aluna: Existe essa cidade?

Aluna: Talvez o desenho tenha se baseado em alguma cidade que tenha várias lendas.

Pesquisadora: O que vocês entendem do episódio?

Aluno: Acho que tem duas coisas ali, uma eles querem fazer a festa de aniversário que é uma coisa bem real e corriqueira e tem o tio e o menino querendo salvar o mundo. São duas coisas opostas. São duas coisas que ocorrem que tiram a atenção da pessoa que está assistindo. São duas realidades diferentes.

Aluna: Queria dizer que o episódio é bem frenético. Eu ando optando por coisas que me deem aquele tempo de respiro. Se tudo for ação, tudo for explosão fica com a tensão alta. Precisa desse descanso para a criança.

Pesquisadora: Esse desenho é bom ou ruim?

Alunas: É bom!

Aluna: Dá vontade de continuar... Aluna: É bom porque prende a atenção. Pesquisadora: É bom para quem? Aluna: Para todo mundo.

Aluna: Para quem quer se divertir

Aluna: Para quem quer mergulhar em mil teorias. Tem uma legião de fãs adultos que vão atrás, porque é cheio de

easter eggs nesse desenho. Eles vão atrás de coisas muito profundas. E é legal essa questão da alegoria, da

metáfora, que são dois fins de mundo. É o fim do mundo que fica mais alegórico, mais lúdico para criança que é o Dipper contra o Bill, mas tem a Mabel que é o fim da infância. Eu acho que ele é muito bom, mas não funciona sozinho, para a criança conhecer só ele não é interessante.

Pesquisadora: Vocês notaram se tem alguma música?

Aluna: Tem!

Pesquisadora: O que chama mais a atenção – imagem ou som?

Aluna: A imagem chama mais atenção. Aluna: O som está ali para compor.

Pesquisadora: Todos acham que é a imagem. A maioria balança a cabeça positivamente.

Pesquisadora: Teria diferença se víssemos sem som? Todas falam que sim.

Aluna: O som faz parte.

Aluna: O som acelera quando precisa, ele vai dando o tom.

Pesquisadora: Há verbal escrito?

Aluna: Tem. Aluna: Nos convites. Aluna: No calendário.

Aluna: Na mensagem na escola.

Pesquisadora: Esse verbal ajuda a compreender o desenho? Aluna: Ele traz algumas mensagens.

Aluna: Para atentar para alguns detalhes. E compor a história.

Aluna: A criança que sabe ler vai entender algumas coisas a partir dali.

Pesquisadora: Algo que vocês queiram ressaltar do desenho?

Aluna: As palavras estavam escritas em inglês.

Pesquisadora: Como vocês acham que foi feito o desenho?

Aluna: Acho que tem uma parte física, mas é tudo digitalizado, feito em animação.

Aluna: Trabalha bem mais com 2D do que com 3D. Acho que isso dá um tom mais leve quando é 2D do que com 3D. Eu tenho uma cara torta para 3D.

Aluna: Mas quando entra o 3D fica muito mais emocionante. Nossa, eu adoro as cenas que tem 3D, não por causa do 3D, mas por causa da mudança de um para o outro.

Aluna: Tudo em 3D é meio pesado e meio chato.

Pesquisadora: Esse desenho é diferente daqueles que vemos normalmente? Ou vocês acham que ele tem muitas semelhanças com desenhos que já vimos na TV aberta, na internet?

Aluna: Esse final de semana eu estava vendo pica-pau, bateu uma saudade da infância, e agora vendo esse é muito diferente. A narrativa do pica-pau é tipo eles fazendo travessuras para lá e para cá. E esse tem todo um simbolismo, um texto todo complexo, tem essa coisa do ritmo que é muito mais acelerado. Porque o pica-pau na minha época eu já achava mais aceleradinho, mas essa aí, muito mais.

Aluna: Eu não sei se é porque eu cresci vendo os desenhos dos anos 90, mas realmente esse tem todo um simbolismo a questão da história, da narrativa é mais bem construído. Mas para mim, eu acho que tem um pouco de estímulos demais. Eu não conseguiria, porque é demais. Eu acho muito em termos de som, de velocidade, mas em termos de mensagem eu acho legal. Não sei se não pode causar algum tipo de ansiedade, eu sempre penso por

esse lado. Também é outro público, não dá para comparar com a minha infância, porque hoje em dia as crianças estão muito mais abertas a esse tipo de estímulo.

Aluna: Eu também percebo isso que ela falou, penso que isso podia ser um filme, não precisava ser uma animação. Aluna: Desenho já não é mais só para crianças, já perdeu essa conotação. O que é ótimo, é um respeito para com a intelectualidade da criança. Não precisa mais ser bobinho ou uma coisa escrachada, pode ter um simbolismo por trás.

Aluna: Mas ao mesmo tempo eu acho que isso sinaliza muito uma mudança cultural da nossa sociedade. Aluna: Para quem tem uma crítica formada é legal.

Aluna: Também tem essa coisa de usar o audiovisual para espairecer. Como assim? Você está recebendo influência direta ali, tem várias coisas para interpretar. Com você relaxa fazendo isso? Porque você está processando isso, mesmo que inconscientemente.

Pesquisadora: Vocês levariam para escola esse desenho?

Alunas: Não. (Várias respondem que não) Aluna: Talvez fazer a crítica dele.

Aluna: Não, eu não levaria. A isso eles têm acesso nós como professores não temos que levar, nós temos que levar o que eles não têm.

Aluna: Mas e aí no caso na periferia, que ninguém tenha acesso a esse desenho.

Aluna: Leva Chico Buarque, leva a Arca de Noé, eles nunca vão ter acesso a isso. Pode ser que um dia eles tenham acesso a isso, mas a Arca de Noé talvez eles não tenham acesso.

Pesquisadora: Mais alguém não levaria?

Aluna: Eu não levaria, por tudo que eu falei antes, e também eu não sei para que faixa etária seria essa proposta. Eu não levaria, porque justamente como a colega falou eu acho que o mundo já está cheio de estímulos externos, e a qualquer lugar que tu vás hoje tu tens esse tipo de estímulo. Eu acho que a escola pode ser um lugar de resistência a esse tipo de coisa que eu acabo achando que é muito comercial. Eu acho que nós podemos trabalhar outros tipos de inteligência, tem tanta coisa para ser trabalhada. E isso eles vão ver em um outro momento, em um momento de lazer, em casa. Eu acho que trazer também para a escola é um exagero de estímulos. E eu acho que a gente não tem noção do que isso vai trazer no futuro.

Pesquisadora: Alguém tem opinião contrária?

Aluna: Eu acho que depende do contexto. Eu acho que tem contextos que isso poderia ser inserido... Acho que quando nós trazemos para dentro da sala para questionar, para conhecer eu acho que é válido, mas com contexto. De trabalhar em cima. Acho que para fazer uma análise estética disso. Acho que o professor tem que fazer intervenções que tragam reflexão crítica, que possibilitem outras interpretações. Quem sabe comparação entre esse desenho e desenhos muito antigos, quem sabe mudo, para eles mesmos se depararem com as diferenças desse material e refletirem sobre isso.

Turma 2

Pesquisadora: Alguém já conhecia o desenho?

Várias levantam a mão.

Pesquisadora: O que podemos falar desse desenho? Pesquisadora: Tem uma história?

Aluna: Não chamou minha atenção.

Pesquisadora: Como são os personagens desse desenho?

Aluna: Dois pré-adolescentes Aluna: Tinha o Tio e os amigos. Aluna: Os alienígenas.

Aluna: Desde o primeiro episódio esse desenho vai dando pistas, que são respondidas.

Pesquisadora: Essa história se passa onde?

Aluna: Em Gravity Falls

Pesquisadora: Vocês acham que Gravity Falls existe? Aluna: Acho que não.

Aluna: Por achismo, acho que não.

Pesquisadora: Esse desenho é bom ou ruim?

Aluna: Acho que é bom, dá vontade de ver mais.

Pesquisadora: Vocês viram se tem verbal escrito no desenho?

Aluna: Sim.

Aluna: Nas placas na cidade. Aluna: Dentro da nave os símbolos. Aluna: No quadro, aquele da escola.

Pesquisadora: Esse verbal escrito ajuda a compreender o desenho?

Aluna: Acho que ajuda.

Aluna: Não diria que ajuda a compreender, mas complementa.

Pesquisadora: Há formas diferentes nesse desenho, que não costumamos ver em outros?

Aluna: Sim, o formato do quarto das crianças. Aluna: O triângulo, o Bill.

Pesquisadora: O que chamou a atenção nele?

Aluna: O olho dentro, faz lembrar as mensagens subliminares.

Pesquisadora: No desenho há relação entre imagem e som? O que mais chama a atenção – som ou imagem?

Aluna: Complementa.

Aluna: Eu acho que a imagem se sobressai sobre o som. O som dá um sentimento prévio para a imagem, para compreender o que está acontecendo, o som mais ou menos te diz.

Pesquisadora: Tem alguma coisa que vocês gostariam de ressaltar sobre o desenho? Algo que vocês acharam interessante? Algum sentimento que o desenho tenha provocado em vocês?

Aluna: Eu fiquei com pena da menina, porque estava tudo premeditado para acabar com o mundo. Aluna: Acho que em algum momento todo mundo já sentiu o que ela sentiu ali, a mudança.

Pesquisadora: O desenho é igual ao que vemos normalmente?

Aluna: Diferente. Aluna: Diferente. Pesquisadora: Por quê?

Aluna: A ilustração é um pouco diferente de outros desenhos.

Pesquisadora: Vocês levariam esse desenho para sala de aula?

Aluna: Sim.

Aluna: Eu acho que eu ia chamar a atenção para trabalhar as formas, os sentimentos, linguagem com os elementos escritos que têm no desenho. Também os elementos de ciências, bullying.

Pesquisadora: Esse desenho vai fazer parte do repertório de vocês?

Aluna: Eu vou levar para ver!

Pesquisadora: O que é leitura de imagem para vocês?

Aluno: É se emocionar com as coisas.

Aluna: É percepção. Onde eu trabalho, no hospital, são idosos no paliativo. Aí a gente vai lá e pergunta, faz muito trabalho com revista com livros e tem muita gente que não sabe ler, aí eu mexo com eles: Não sabe ler imagens? Não existe só uma maneira de ler. Assim nós conseguimos envolver eles contando história com as imagens. É bem legal.