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ALTERNATIVAS À ELEIÇÃO INCONDICIONAL/REPROVAÇÃO

No documento Contra o Calvinismo Roger Olson.pdf (páginas 190-200)

Sim para a eleição; nao para a dupla predestinação

ALTERNATIVAS À ELEIÇÃO INCONDICIONAL/REPROVAÇÃO

Felizmente, Wesley não deixou 0 assunto apenas nisso; ele ofereceu uma alternativa à doutrina que ele cham ava de “ blasfêm ia”. Sua alterna- tiva é 0 arminianismo clássico, que não é o que a maioria dos calvinistas pensa. Geralmente a situação é apresentada como uma situação definida entre ou isso ou aquilo: ou salvação por obras de justiça ou salvação por eleição incondicional. Assim como todos os verdadeiros arminianos

109. Ibid.

110. Wesley, “ Free Grace,” 554. 111. Ibid., 555.

112. Ibid. 113. Ibid., 556.

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clássicos, Wesley afirmava como o início seu primeiro princípio: “Tudo o que for bom no homem ou for feito pelo homem, Deus é o autor e o realizador disso” 1'4. Contrário ao que muitos pensam , Wesley, como um arminiano clássico, afirmava que a salvação é inteiramente da graça

e que não possui nenhuma relação com

0

mérito do homem:

[A salvação] é livre em todos a quem ela é dada. Ela não depen- de de qualquer poder ou m érito no hom em , não depende em nível nenhum , nem no todo, nem em parte. Ela não depende de m odo nenhum nem das boas obras ou justiça do recebedor; nem de nada que ele tenha feito ou qualquer coisa que ele seja. Ela não depende de seus em penhos. Ela não depende de sua boa disposição, bons desejos ou boas intenções; pois todas estas coisas derivam da graça livre de Deus " 5.

Todavia, Wesley não acreditava que essa posição de “graça livre” acerca da salvação exigisse a eleição incondicional. Para ele, a salvação é dada por Deus à pessoa que livremente responde ao evangelho com arrependimento e fé, que não são dons de Deus ou “boas obras” , mas respostas humanas ao dom de Deus da graça preveniente. Ele afirmava 0

pecado original, incluindo a depravação total no sentido de incapacidade espiritual. Mas ele também afirmava 0 dom universal de Deus da graça preveniente ou capacitadora que restaura a liberdade da vontade: “ O próprio poder de ‘trabalhar juntamente com Ele’ veio de Deus” " 6. Este pode trabalhar juntamente com Deus para a salvação (que é inteiramente obra de Deus) é simplesmente a graça convidativa, iluminadora e capa- citadora que Deus implanta em um coração humano em razão de seu am or e em razão da obra de C risto '"7. Mas esta graça é resistível, não irresistível. Ela é dada em certa medida para todos. A eleição é simples­

114. Ibid., 545. 115. Ibid.

116. Wesley, “ Predestination Calmly Considered,” 230. 117. Ibid., 232 33 ־ .

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

mente a presciência de Deus de quem livremente receberá esta graça para a salvação (Rm. 8.29) " 8. A reprovação é simplesmente a rejeição do homem desta graça e a presciência de Deus disso.

Wesley pergunta aos calvinistas e aqueles tentados a se juntar a eles pelo fato deles parecerem fazer de Deus mais glorioso: “ De que maneira Deus recebe mais glória ao salvar o homem irresistivelmente do que ao salvá-lo como agente livre, através de uma graça que pode ser coope- rada ou resistida?” 119 Para Wesley, a salvação do homem como agente livre faz com que Deus seja mais glorioso, pois tal não exige que Deus odeie ninguém ou que trate ninguém de maneira injusta. Para Wesley, a glória de Deus jaz em seu caráter moralmente perfeito mais do que em sua unicausalidade - algo que ele rejeita como impróprio para Deus, considerando 0 mal no mundo.

Alguém que trabalhou sobre o problema de Romanos 9 e outras pas- sagens acerca da eleição sem concluir que elas exijam crença em uma predestinação incondicional e individual é o erudito bíblico arminiano William Klein, autor de The New Chosen People. Nesta obra ele realiza um estudo detalhado das línguas originais de passagens bíblicas que são reivindicadas como dando suporte à predestinação individual para

0 céu ou para 0 inferno e conclui que “ os escritores do Novo Testamento lidam com a eleição salvífica, primeiramente, se não exclusivamente, em termos cooperativos” '20. Sua conclusão teológica sistemática é que “ Deus escolheu a igreja como um corpo em vez de pessoas em específico que populam 0 corpo” 121. Klein encontra base para esta visão em toda a Bíblia, mas, principalmente, menciona 2 João 1 e 13 .

118. Ibid., 210. 119. Ibid., 231.

120. William Klein, The New Chosen People (Eugene, OR; W ipf & Stock, 2001), 257. 121. Ibid., 259.

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Ainda mais básico que a eleição corporativa, todavia, de acordo com Klein, é a eleição de Deus de Jesus Cristo: “Cristo é 0 Escolhido de Deus, e a igreja é escolhida nele” '22. As duas coisas estão intrínseca- mente ligadas. Ele faz uso de Romanos 5 onde Paulo fala sobre “Adão” e “Cristo” como representantes e, em um sentido, como personalidades corporativas '23. Romanos 9, então, pressupõe esta ideia de uma unida- de corporativa, que Klein diz que está pressuposta em todos os lugares no mundo do pensamento bíblico 124. Assim como 0 “ primeiro Adão” representa a humanidade caída em Romanos 5 e na m esm a passagem “Cristo, o novo Adão” , representa a nova humanidade, assim em Ro- manos 9 “Ja có ” representa 0 povo de Deus e “ Esaú” não representa 0

povo de Deus. De acordo com Klein, então, como alguém se torna uma das pessoas eleitas? “Assim como Israel tornou-se o povo escolhido de Deus quando Deus escolheu Abraão e Abraão respondeu com fé, assim a igreja encontra sua eleição em unidade com Cristo, ou seja, em sua igreja e, assim, torna-se um eleito”. “ Exercer a fé em Cristo é entrar em seu corpo e tornar um dos ‘escolhidos’ ” '26.

Aqui será útil, quase necessário, citar 0 Klein extensivamente, pois várias passagens em seu livro resumem muito bem a principal alternativa à visão calvinista rígida da eleição e salvação. É uma afirmação breve da teologia arminiana clássica:

Q uando se trata da provisão da salvação e a d eterm in ação de seus benefícios e bênçãos, a linguagem dos escritores neotestam entários é dom inante. Deus decretou, em sua soberana vontade, prover a salva- ção e então ele estabeleceu Jesus para garantir a salvação através de sua vida h u m an a e ressurreição (Hb. 10.9-10). Ele planejou estender 122. Ibid., 260.

123. Ibid., 262. 124. Ibid., 260-61. 125. Ibid., 264. 126. Ibid., 265.

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

sua misericórdia ao seu povo e de endurecer e punir os que não ere׳· em. Ele predestinou ou predeterminou o que os que creem gozarão por virtude da posição deles em Cristo. Podemos traçar a salvação e tudo o que ela abarca unicamente ao beneplácito da vontade de Deus.

A vontade de Deus não determina especificamente as pessoas que receberão a salvação. A linguagem de “querer” abrange a todos, não

um número seleto. A vontade de Deus não é restritiva; ele quer que todos sejam salvos. Todavia, as pessoas só podem obter a salvação nos termos de Deus. Embora Jesus deseje revelar Deus a todos, apenas os que vêm até ele em fé encontram Deus e a salvação que ele oferece. O fato de que alguns falham em encontrar a salvação, tal só pode ser atribuída a indisposição deles de acreditar - à preferência deles por seus próprios caminhos ao caminho de Deus. Se Deus deseja a salvação para todos, ele quer (no sentido mais forte) dar vida aos que acreditam. Estas duas coisas não são incompatíveis. Elas colocam a iniciativa em Deus por prover a salvação e a obrigação das pessoas em recebê-la nos termos de Deus - fé em Cristo. Deus fez mais do que meramente prover a salvação; ele “atrai” as pessoas (Jo. 6.44) de sorte que elas vêm à Cristo. Na verdade, as pessoas vêm à Cristo porque Deus as capacita (Jo. 6.65). Entretanto, estas ações de atrair e capacitar não são seletivas (apenas alguns são escolhidos para ela) e nem são irresistíveis. A crucificação de Jesus foi o meio de Deus de atrair todas as pessoas à Cristo (Jo. 12.32). Foi a provisão de Deus para sua salvação. Todos podem responder a proposta de Deus, mas eles devem fazer de maneira que depositem sua confiança em Cristo. Uma vez que Deus atrai a todos pela Cruz e ele deseja que todos se arrependam de seus pecados e encontrem a salvação, não é a vontade de Deus que determina precisamente quais pessoas encontrarão a salvação. Embora Deus certamente saiba quem estes serão, e embo׳ ra ele os escolheu como um corpo em Cristo, as pessoas devem se arrepender e acreditar na vontade de Deus para que seja feito” 127. Alguém pode dizer: “ Bem, tudo está bem, exceto - que isso faz de Deus menos glorioso!” A resposta certa é: “ De que m aneira?” O crítico pode dizer: “ Ela limita a Deus” A resposta é: “ Deus não é soberano so״ bre sua soberania? Deus não pode limitar-se para dar livre-arbítrio para as pessoas? Se Deus, ao tornar a salvação dependente das decisões das

127. Ibid., 281 82 ־.

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pessoas for totalmente em basado na própria escolha voluntária de Deus, como isso pode ser menos glorioso? A cruz foi m enos gloriosa porque ela não foi uma demonstração de poder e força ou majestade, mas de servilidade sofredora? Talvez seja 0 caso que a visão da glória de Deus do calvinista rígido seja em basada em uma noção humana de glória?”

Um teólogo que coloca a ideia da autolimitação de Deus em uso para falar acerca da grandeza e bondade de Deus, incluindo a eleição

condicional de pessoas, é Jack Cottrell, autor de muitos livros de teologia

arminiana. Como muitos outros críticos do calvinismo rígido, ele defende que a eleição incondicional e reprovação levam ao determinismo e, desta forma, distante do livre-arbítrio e de um Deus de amor e compaixão. O Deus do calvinismo, ele assevera, é um cuja soberania é marcada pela unicausalidade e incondicionalidade128. À luz do pecado, mal e sofrimento inocente da história e, principalmente à luz da realidade do inferno, tais coisas são inconsistentes com a bondade de Deus. Um Deus soberano unicausal e incondicional seria 0 autor do mal e de tudo isso. A única forma de evitar isso, Cottrell corretamente argumenta, é acreditar na autolimitação divina e uma tal além do que os calvinistas geralmente permitem. De acordo com Cottrell:

Deus limita a si m esm o não apenas por criar um m undo com o tal, mas tam bém e ainda mais longe pelo tipo de m undo que escolheu criar. Ou seja, ele escolheu fazer um m undo que é relativamente independente dele... Isso significa que Deus criou os seres hum anos com o pessoas com um poder inato de iniciar ações. Quer dizer, 0 hom em é livre para agir sem que seus atos precisem ser predeterminados por Deus e sem coa- ções simultâneas e eficazes de Deus. Em termos simples, é permitido ao hom em exercer seu poder de livre escolha sem interferência, coerção ou preordenação. Ao não interferir em suas decisões a menos que propósitos especiais exijam, Deus respeita tanto a integridade da liberdade que ele concedeu aos seres humanos quanto à integridade de sua própria escolha soberana de, em primeiro lugar, criar criaturas livres '29.

128. Jack Cottrell, “The Nature of Divine Sovereignty” em The Grace of God, The Will of Man, ed. Clark H. Pinnock (Grand Rapids: Zondervan, 1989), 106 - 7.

129. Ibid., 108.

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

Claro, Cottrell não é 0 primeiro teólogo a pensar isso. Tal pensamento pode ser encontrado, por exemplo, no teólogo reformado suíço Emil Brunner (e Cottrell cita Brunner como fonte). Todavia, Cottrell explica a ideia de autolimitação divina clara e concisamente e a defende bem como necessária a fim de entender como Deus é soberano e, entretanto, não está deterministicamente no controle de tudo, 0 que levaria direto à dupla predestinação e, deste modo, minimizaria, isso se não destruir, a bondade de Deus.

Ao criar, em especial, este mundo com sua liberdade humana conce- dida por Deus para se rebelar e pecar, Deus obrigou-se a reagir apenas em certas situações e não em outras. Isso não significa, de maneira nenhuma, uma diminuição de sua soberania, pois ela é uma expressão

de sua soberania! De acordo com Cottrell, e eu concordo com ele, en-

quanto isso pode não ser ensinado de maneira explícita nas Escrituras,

0 conceito está pressuposto em toda a Bíblia. Por exemplo, na narrati- va bíblica Deus se entristece, abranda, promete e reage, e todas estas são expressões de condicionalidade, 0 que sugere limitação voluntária. Deus obviamente concedeu aos seres humanos um grau de liberdade até m esm o para machucá-lo e frustrar sua vontade (apenas até certo ponto, claro). Deus perm anece onipotente e onisciente e ele é, portanto, totalmente habilidoso e capaz de responder a quaisquer coisas que as pessoas livres façam e da maneira mais sábia para preservar seu plano e realizar os fins que ele decidiu.

Uma área que discordo levemente do Cottrell é que ele declara que nesta autolimitação Deus retém o “controle soberano”. Ao passo que rejeita o determinismo, ele diz que “ Deus perm anece completamente em

controle de tudo” , pois “a menos que Deus esteja em total controle, ele

não é soberano” '30. Isso me parece, a priori, uma afirmação (totalmente pressuposta) e não, de fato, assegurada por sua própria sugestão de au- tolimtação divina. Um Deus que náo exerce 0 poder determinista não está

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totalmente em controle. Prefiro dizer que Deus está “no comando, mas não no controle”. Parece-me que “completamente em controle de tudo” sugere algo que nem eu ou o Cottrell acreditamos - determinismo divino.

Afinal de contas, 0 contexto da afirmação de Cottrell acerca da autoli- mitação divina é a doutrina de eleição (pelo menos na fonte em que cito aqui). Se alguém disser que Deus está “completamente em controle de tudo” e isso inclui quem será salvo e quem não será, este ensinamento não é 0 que Cottrell ou qualquer outro não calvinista acredita. Se vam os explorar a idéia de autolimitação divina para evitar a dupla predestinação, devemos também descartar 0 conceito de controle total, caso contrário estam os tirando com uma mão tudo o que demos com a outra.

Neste momento algum leitor calvinista (ou outro) pode estar se descabelando e gritando (figurativamente falando): “ E esse negócio de livre-arbítrio? O que é livre-arbítrio? O Edwards já não provou que o livre-arbítrio sequer existe, exceto no conceito de fazer de acordo com

0 motivo mais forte?”. Cottrell e outros críticos do calvinismo rígido ape- Iam para 0 livre-arbítrio mesmo até ao ponto de dizer que ele limita a Deus (ou, melhor colocado, Deus permite que 0 livre-arbítrio limite suas ações). Para Edwards e a maioria dos calvinistas, claro, o livre-arbítrio não limita a Deus, pois Deus controla até m esm o as decisões e ações de livre-arbítrio dos seres humanos.

Mas isso leva diretamente ao determinismo divino - algo que muitos calvinistas negam, mas sem sem proveito nenhum. Afinal de contas, como Deus pode controlar ou até m esmo governar as decisões e ações humanas a m enos que ele transmita os motivos? Eles são, afinal de contas, os que controlam as decisões e ações. Isso faz de Deus a fonte do pecado e do mal, pois estes se originam e jazem dentro dos motivos (ou 0 que Edwards cham ava de disposições).

Quero levantar a questão do livre-arbítrio em sua forma calvinista (compatibilista) e sua forma não calvinista (não-compatibilista) no capítulo 7 (sobre a graça irresistível). Por agora nos basta dizer que eu admito que 0

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

livre-arbítrio libertário (a vontade não totalmente governada por motivos e capaz de agir de maneira contrária ao que age) é, de certa forma, misterioso, mas eu não penso que ele seja impossível ou ilógico. Muitos filósofos pen- sam o mesmo. E eu realmente penso que, juntamente com Cottrell, Wesley e outros não calvinistas citados aqui, que sem a liberdade libertária, que pressupõe soberania divina autolimitadora, todos nós caímos de novo no determinismo divino com todas as suas conseqüências lógicas e necessárias.

Portanto, qual mistério é melhor? Com qual a pessoa pode viver? O mistério de como Deus é bom apesar de sua preordenação e deter- minação do pecado, mal e sofrimento inocente assim como também 0

sofrimento eterno dos réprobos (que são réprobos pelo projeto e controle de Deus), ou 0 mistério de onde vêm as escolhas livres libertárias? Eu me preocupo mais em preservar e defender a reputação de Deus como incondicionalmente bom do que resolver 0 problema do livre-arbítrio.

Quero terminar este capítulo acerca da eleição incondicional (e sua correlata necessária, a reprovação) ao apelar para certos textos específicos da Bíblia. Vamos olhar mais uma vez para João 3 .16 . Todo mundo conhece o versículo de cor. Ele diz que Deus am a o “ m undo”. Os calvinistas ou não acreditam que o mundo se refira a todos, sem exceção, ou eles dizem (assim como o Piper) que Deus am a até m esm o os não eleitos em certos sentidos. Ambas as explicações de João 3 .1 6 falham em fazer sentido. A melhor exegese crítica de João 3 .1 6 significa “toda a raça hum ana” 131. Até m esm o alguns calvinistas não conseguem concordar com seus companheiros calvinistas que nesta passagem a palavra “ m undo” refere-se apenas aos eleitos. Todos eles reconhecem muito bem 0 que a interpretação que limita “ m undo” a apenas algumas pessoas de todas as tribos e nações faria com os outros versículos no evangelho de João que mencionam a palavra “m undo”.

131. Por exemplo, A. T. Robertson conforme citado por Jerry Vines, “ Sermon on John 3:16,” em Whosoever Will: A Biblical-Theological Critique of Five-Point Calvinism, ed. David L. Allen and Steve W. Lemke (Nashville, TN: Broadman & Holman, 2010), 17.

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Quanto aos calvinistas que pensam que Deus am a “ 0 mundo todo” , mas não do m esmo jeito, este am or é muito estranho e dificilmente se encaixa no contexto de João 3 .16 . “ Pois Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condenar 0 mundo, mas que este fosse salvo por meio dele” (3.17). Se “m undo” no versículo 16 significa todas as pessoas, então 0

versículo 1 7 claramente diz que Jesus veio para salvar a todos (ou dar a todos essa possibilidade). Tal entendimento contradiz a interpretação de Piper e de outros que reivindicam que Deus am a os não eleitos (in- clusos no “ m undo” no versículo 16), pois ele certamente não enviaria Jesus para salvar os não eleitos! Ambas as interpretações calvinistas de João 3 .1 6 acabam por ser impossíveis. O versículo perm anece como um monumento contra a eleição incondicional e seu necessário lado sombrio da reprovação.

Concluindo, 0 que dizer de 1 Timóteo 2.4, que diz que Deus quer que “todos os hom ens” sejam salvos e onde o grego não pode ser inter- pretado de nenhuma outra forma a não ser como se referindo a cada pessoa sem exceção? Afinal de contas, a m esm a palavra grega para “ todos” é utilizada em 2 Timóteo 3 .1 6 para dizer que “ toda” a Escritura é inspirada. Se a palavra não significar literalmente “ todos” em 1 Ti- móteo 2.4, então ela também não significa “toda” em 2 Timóteo 3 .1 6 (“ toda a Escritura é inspirada”). 1 Timóteo 2.4 (que não está sozinho em universalizar a vontade de Deus pela salvação, mas está, pelo menos, aberta à qualquer outra interpretação) perm anece lado a lado de João 3 .1 6 como um texto prova contra a eleição incondicional, que, exceto no caso do universalismo, necessariam ente inclui a reprovação.

capítulo 6

No documento Contra o Calvinismo Roger Olson.pdf (páginas 190-200)