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Daane, The Freedom of Cod, 24.

No documento Contra o Calvinismo Roger Olson.pdf (páginas 87-93)

Calvinismo puro e simples: o sistema TUUP

TEOLOGIA REFORMADA / RADICAL

77. Daane, The Freedom of Cod, 24.

Contra o Calvinismo

O “calvinism o” que sou contra e que me refiro é 0 “calvinismo rígido” da TULIP, quer seja infralapsariano ou supralapsariano. Tais diferencia- ções, se exam inadas de perto, não fazem diferença: am bas as visões farão que Deus seja, no melhor dos cenários, moralmente ambíguo e, no pior dos cenários, um monstro moral (apesar das alegações dos calvinistas do contrário!). Mais uma vez desejo enfatizar que não é

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livre-arbítrio que me preocupa, exceto o livre-arbítrio que é necessário

para proteger 0 caráter de Deus de ser impugnado. O que me preocupa, e eu deixarei explicitamente claro, é o ensino bíblico de que “ Deus é am or” (1 João 4.16).

Por favor, não rejeite isso como sendo superficial demais; irei des- compactar minha alegação de que 0 calvinismo rígido, 0 calvinismo que afirma a maioria ou todos os pontos da TULIP, contradiz diretamente que Deus é amor. Estou bastante consciente das objeções calvinistas de que

0 amor de Deus é diferente de nosso tipo de amor. Já ouvi isso inúmeras vezes. Enquanto há certa verdade nesta afirmação, ela é exagerada pela maioria dos calvinistas. Se 0 amor de Deus é absolutamente diferente de nossas mais elevadas e melhores noções de am or na medida em que as extraímos da própria Escritura (principalmente de Jesus Cristo), então 0 termo é simplesmente sem sentido quando em relação à Deus. Alguém pode também dizer que “ Deus é creech-creech” - uma afirma- ção vazia de sentido.

Conforme espero demonstrar, alguns calvinistas concordam comigo acerca da analogia entre a bondade e amor de Deus e nossas melhores e mais elevadas ideias de bondade e amor. Paul Hem, por exemplo, rejeita qualquer ideia de que a bondade e ao am or de Deus seja qua- litativamente diferente do nosso (uma vez que 0 nosso seja derivado da Escritura, claro). Entretanto, argumentarei, que até m esm o os que concordam comigo não podem explicar adequadam ente como a des- crição sua descrição da soberania de Deus, principalmente em relação ao pecado, mal e reprovação, é consistente com a bondade ou amor.

Calvinismo puro e simples: o sistema TULIP

Mais uma vez, eu sou contra o quê? Ao dizer “contra 0 calvinism o” eu quero dizer que me oponho a toda e qualquer sistema de crença que inclua 0 "U”,

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“L ” e o “I ” da TULIP. O “U” e ο “ I” sempre aparecem juntos

m esmo quando o “ L” é rejeitado. Eu me oponho mais energicamente ao “ L” , mas penso que ele seja necessariam ente conseqüência do “ U” e do “ 1” , então eu concordo com aqueles calvinistas que defendem que é inconsistente deixar 0 “L” de fora. A “flor” , por assim dizer, é danificada e fica irreconhecível ou irrecuperável ao tirar dela essa pétala!

Acredito também que a afirmação da eleição incondicional neces- sariamente implica na afirmação da reprovação, apesar da negação de alguns calvinistas. A reprovação é a “conseqüência lógica e necessária” da eleição incondicional a menos que alguém afirme a salvação universal. (Um exemplo disto é o grande teólogo reformado Karl Barth, que, acre- dito eu, afirmava 0 universalismo). Como não posso afirmar a salvação universal, julgo que a eleição incondicional seja, com sua necessária correlata, a reprovação, inaceitável pelo fato de ela impugnar o caráter de Deus como incondicionalmente bom.

A graça irresistível faz a m esm a coisa. Ela impugna a bondade de Deus. Se Deus chama e atrai pecadores irresistivelmente para si de ma- neira que eles escapam do inferno por que ele os domina e os regenera sem qualquer ato de livre-arbítrio da parte deles, então um Deus bom faria o mesmo para todos! Não estou contente em deixar a pergunta do “por quê” na esfera do mistério. Reconheço 0 mistério na revelação, mas não o que exige crença em uma vontade escondida ou secreta de Deus que faz dele um monstro moral. Somente um monstro moral recusaria salvar pessoas quando a salvação é absolutamente incondicional e uni- camente um ato de Deus que não depende do livre-arbítrio.

Quando digo que sou contra 0 calvinismo, então, me refiro às crenças principais do calvinismo geral, calvinismo puro e simples, na medida em que tais crenças são levadas às suas conclusões lógicas. Percebo que nem todos os calvinistas as levam a sua conclusão lógica; em

Contra o Calvinismo

vários estágios, no processo de raciocínio, certos calvinistas param e apelam ao mistério e recusam ser logicamente consistentes ao afirmar as conseqüências lógicas e necessárias de seu sistem a de crença. Não

sou contra eles ou ao seu calvinismo altamente modificado e atenuado! (E

isto é provavelmente o caso com a maioria das pessoas que eu conheço que se consideram calvinistas).

Todavia, dentro do movimento jovem , incansável e reformado do ne- ocalvinismo e entre seus mentores (as pessoas que eles leem e escutam e os consideram seus heróis), a maioria deles, em minha experiência, tem levado 0 calvinismo às suas conclusões lógicas - ou pelo menos caminharam bastante nesta direção. Há uma ousadia e até m esm o agressividade entre eles que eu não encontro entre a maioria dos cal- vinistas das gerações mais velhas. Eu sou contra qualquer calvinismo (e qualquer teologia) que impugne a bondade de Deus em favor da soberania absoluta, levando à conclusão que o mal, pecado e todos os horrores da história humana são planejados e tornados certos por Deus.

E a “ teologia reformada radical”? O que eu quero dizer com isso e por que a reputação de Deus precisa ser resgatada dela? Por teologia reformada radical eu quero dizer o m esmo que o calvinismo consistente descrito acima. Quero dizer 0 calvinismo extremado tão evidente em alguns palestrantes e escritores calvinistas e seus ávidos seguidores que inevitavelmente acabam por fazer de Deus o autor do pecado e do mal, ainda que a linguagem (ex. “autor”) seja ou não utilizada. O fato de John Piper preferir dizer que Deus “projeta” e “governa” 0 mal, não faz dife- rença quando 0 contexto necessariam ente implica que Deus quer que tal aconteça e 0 torna certo - principalmente quando se diz que isso é necessário para sua plena glorificação.

Para ser direto e sem rodeios, conforme diz 0 ditado, meu problema é primeira e principalmente com o determinismo divino que leva a repro- vação incondicional de Deus de certas pessoas para o sofrimento eterno no inferno para sua glória. Me oponho a qualquer ideia que, conforme

Calvinismo puro e simples: o sistema TULIP

0 velho ditado calvinista diz: “aqueles que se encontram sofrendo no inferno podem, ao menos, se confortar com 0 fato de que eles estão lá para uma maior glória de Deus”. Eu reconheço e livremente admito que poucos calvinistas diriam isso. Mas meu argumento é que eles deve- riam encontrar a coragem de dizer isso, pois isto está necessariam ente implícito pelo 0 que eles, de fato, falam. Explicarei e defenderei essa alegação em todo esse livro.

A teologia reform ada radical, então, é qualquer teologia que faz afirmações acerca de Deus que necessária e logicamente implicam que Deus é menos do que perfeitamente bom no mais elevado sentido de bondade encontrado no Novo Testamento e, principalmente, em Jesus Cristo, a mais completa revelação de Deus para nós. É o infralapsaria- nismo ou supralapsarianismo consistente, quer seja hipercalvinista ou

0 calvinismo normal, puro e simples.

Então, qual é a teologia reformada a qual não sou contra? Acho que terei de dizer que a única teologia reformada que não sou contra é a teologia reformada revisionista - o tipo que encontro em Sell, Berkhof, Daane e Kõnig (embora eu possa não concordar com tudo o que qualquer um deles ensine). É a teologia reformada que explicitamente rejeita um decreto divino de reprovação e que a usa de em basam ento para corajosamente rejeitar outras alegações calvinistas que necessariamente exijam a reprovação divina. É a teologia reformada que explicitamente rejeita 0 determinismo divino de cada evento único, sem exceção, não deixando espaço para 0 livre-arbítrio, e que utiliza isso como base para afirmar uma autolimitação divina e am orosa tal que Deus não é, de ma- neira alguma, responsável pelo sofrimento de inocentes no holocausto ou horrores semelhantes da história.

Creio que seja possível encontrar teologia reformada náo radical comumente entre pessoas reformadas e até m esm o entre alguns que se consideram calvinistas. Eles apelam ao mistério e não para decretos divinos que governam todos os eventos, incluindo a queda. Eles afirmam

Contra o Calvinismo

a soberania de Deus sem estendê-la ao pecado e ao mal exceto à medida em que Deus os permite (sem aquela permissão desejosa positiva falada por calvinistas consistentes e o teólogo reformado radical que fala acer- ca de Deus os tornado certos). Eles afirmam a eleição como a escolha graciosa e incondicional de um povo para 0 serviço sem a determinação incondicional dos destinos eternos das pessoas, incluindo algumas para o inferno. Eles são pessoas reformadas que concordam com Adrio Kõnig, ele próprio sendo de linhagem reformada, que escreveu:

Qualquer um que nivela em vagas generalizações ao tentar explicar tudo e todas as possíveis circunstâncias como a vontade de Deus sempre acaba na impossível situação de que há mais exceções do que regras, mais coisas que são inexplicáveis e que tais colidirão com 0 retrato de Deus que nos é dado em sua palavra, do que há confirmações confortantes de que ele está dirigindo tudo... Qualquer um que tentar utilizar a onipotência e providência de Deus para propor um plano divino preparado e meticuloso que está se desenrolando na história do mundo (L. Boettner) será sempre deixado com o problema que outros crentes podem não ser capazes de discernir 0 Deus de amor no atual curso dos eventos do mundo... Deve ser afirmado enfaticamente que... as Escrituras não apresentam 0 futu- ro como algo que materializa [sic] de acordo com um “plano” , mas de acordo com o pacto... Há muitas coisas angustiantes que acontecem na terra que não são a vontade de Deus (Lucas 7.30 e todos outros pecados mencionados na Bíblia), que são contra sua vontade, e que se originam do pecado incompreensível e sem sentido no qual nós nascemos, no qual a maior parte da humanidade vive, e no qual Israel persistiu e contra a qual até mesmo ‘os mais santos hom ens’ lutaram todos os seus dias... Tentar interpretar todas estas coisas por meios do conceito de um plano de Deus, cria dificuldades intoleráveis e dá surgimento á mais exceções do que a regularidades. Mas a objeção mais importante é que a ideia de um plano é contra a mensagem da Bíblia uma vez que 0 próprio Deus se torna implausível, se 0 que ele com poder combate, e pelo qual ele

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sacrificou seu próprio Filho, foi, contudo, de algum jeito, parte e parcela de seu conselho eterno 78.

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