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Daane, The Freedom of God, 33 83 Ibid., 37.

No documento Contra o Calvinismo Roger Olson.pdf (páginas 183-188)

Sim para a eleição; nao para a dupla predestinação

TESTEMUNHAS CONTRA A DUPLA PREDESTINAÇÃO

82. Daane, The Freedom of God, 33 83 Ibid., 37.

84. Ibid., 39.

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

vação e condenação quando Deus decretou tudo isso desde 0 início 85. A análise de Daane do calvinismo rígido penetra bem em seu alicer- ce básico: a doutrina de Deus. “A fraqueza básica da teologia decretai parece ser precisamente seu entendimento do relacionamento de Deus com o m undo” 86. Esta teologia escolástica, ele corretamente argumenta, faz de Deus e 0 relacionamento de Deus com 0 mundo, não histórico, onde a Bíblia retrata Deus como entrando na história de maneira livre. “A possibilidade de levar a história a sério, como real e não m eramente aparente, é executada pela definição escolástica do decreto único” 87. Para a teologia decretai escolástica, ele diz, nada no mundo pode realmente afetar a Deus; tudo, incluindo 0 pecado e o mal e a condenação são determinados por Deus. O resultado, ele diz, é que a “ teologia decretai é uma profunda racionalização de tudo 0 que há” 89.

E mais, nessa teologia, 0 amor de Deus é realmente seu am or para ele m esmo e Cristo morreu para Deus em vez de pelo mundo 89. O pior de tudo, de acordo com Daane, esta teologia acaba por privar Deus de sua liberdade, tudo 0 que é, é o que deve ser - até m esmo para Deus.

Para Daane, a teologia reformada precisa recuar e levar a narrativa bíblica mais a sério que seu escolasticismo. O Deus da Bíblia realmente decreta algo; ele decreta “entrar na história ao sair de Si, de maneira criativa, para e adentro tanto da criação quanto da redenção”90 Daane diz que “ao criar o mundo, Deus condicionou a si mesmo, mas com esta condição - que ele continuasse sendo Deus” 91. Essa é a liberdade de

85. Ibid. 86. Ibid., 63. 87. Ibid., 86. 88. Ibid.. 81. 89. Ibid., 67. 92. 90. Ibid.. 149. 91. Ibid., 63 - 64. 195

Contra o Calvinismo

Deus; envolver a si m esmo no mundo, seu tempo e história, seu sofri- mento e dor, a fim de tomar a responsabilidade para si e, deste modo, redimir o mundo. O pecado, então, não é preordenado por Deus como o calvinismo rígido diz. Daane rejeita essa noção: “A teologia decretai é muito vulnerável em sua inabilidade em manter a gravidade do peca- do”92. Ele quer dizer que ela faz do pecado, assim como todas as demais coisas, uma questão de curso; ele é decretado e preordenado necessaria- mente por Deus e, portanto, não é algo, de fato, que se oponha a Deus.

Daane parece se mover em direção a uma teologia de Deus como assum indo riscos, em bora não chegue a se posicionar do lado arminia- no nem do teísmo aberto (a visão de que Deus não conhece 0 futuro de m aneira absoluta). Por que ele cam inha para essa direção? Porque ele leva a história a sério - a história bíblica de redenção que inclui Deus nela como muito envolvido em vez de pairando sobre ela como seu autor. Além do mais, ele leva o am or de Deus em Jesus Cristo muito a sério; ele leva a liberdade de Deus muito a sério não como sua liberdade de ser afetado pelo mundo, m as sua liberdade para ser afetado pelo mundo.

E concernente à eleição? Se Daane é “ reform ado” , ele deve explicar a eleição. E ele explica. Daane a chama de eleição incondicional. Mas ela é a eleição incondicional de Deus de Jesus Cristo e seu povo, Israel e a igreja. Não é a aceitação incondicional de Deus de algumas pessoas para a salvação e a correspondente rejeição de outros para a condenação. “A Bíblia nada fala de uma doutrina de eleição isolada e individualista” 93. E ela nada tem a ver com 0 determinismo histórico.

Para Daane, a eleição não possui relação com números, transformá-la em números é inevitavelmente fazer da reprovação uma parte da eleição, o que torna a eleição impregável. “A eleição no pensamento bíblico jam ais é uma seleção, uma aceitação disto e uma rejeição daquilo dentro de

92. Ibid., 80. 93. Ibid., 114.

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

múltiplas realidades”. Antes, “a eleição é uma cham ada para o serviço, uma convocação para ser colaborador com Deus na realização do pro- pósito e objetivo eletivo de Deus”94. Este propósito e objetivo eletivo de Deus gira em torno de Jesus Cristo como a missão de Deus no mundo para salvá-lo 95.

E Romanos 9-11 e Efésios 1 ? Dizem que estas duas passagens bíblicas neotestamentárias são as provas da doutrina calvinista rígida da dupla predestinação. Daane corretamente diz que Romanos 9- 11 não forma um comentário bíblico sobre a verdade da eleição individual. Em vez disso, é um comentário sobre 0 fato da inviolabilidade da eleição de Deus de Israel como uma nação” 96. Eleição para o quê? Para serviço de abençoar todas as nações ao apresentar Jesus Cristo - o verdadeiro sujeito e objeto da graça eletiva de Deus. Efésios 1, que fala muito de eleição, não trata-se de indivíduos e de seus destinos eternos, mas de um povo de Deus. O “nós” repetido em todo 0 capítulo, em referência ao povo de Deus, é plural: o novo povo de Deus, a igreja 97.

A abordagem reformada revisionista de Daane é muito mais prefe- rível ao determinismo divino do calvinismo e a dupla predestinação, incluindo a reprovação. E ela vai consideravelmente além de Berkower na anulação do escolasticismo calvinista. É correto focar na inabilida- de de pregar essa teologia como boas novas, pois ela inevitavelmente inclui o pecado, mal, sofrimento inocente e 0 inferno como a vontade de Deus - tudo 0 que os seus defensores possam dizer. Além disso, sua “conseqüência lógica e necessária” faz de Deus menos do que amável, menos do que livre e menos do que bom. Ela também faz com que a história não seja real, pois nada, de fato, acontece; tudo é simplesmente

94. Ibid., 150. 95. Ibid., 109. 96. Ibid., 114. 97. Ibid., 139 - 40.

Contra

0

Calvinismo

a execução do plano eterno e preordenado de Deus em um palco que foi feito para glorificar o autor e 0 diretor da peça, mas que, na verdade, faz com que ele seja monstruoso.

Talvez ninguém na história da igreja desde a reforma tenha atacado

0 calvinism o rígido e, principalmente, a dupla predestinação tão fe- rozmente quanto João Wesley, autor de dois tratados sobre o assunto: “ Graça Livre” e “ Predestinação Calm am ente Considerada”. Sugiro que quaisquer pessoas que queiram ler uma crítica relativam ente curta ao calvinism o rígido e que é sim plesm ente arrasadora, leiam pelo m enos um destes dois escritos. Infelizmente, em certos lugares, a ferocidade de Wesley contra essa teologia fica quase que pessoal; sua linguagem contra esta teologia contribuiu para a ruptura de sua am izade com o

0 avivalista George Whitefield ( 1 7 1 4 - 1770 ), um calvinista de cinco pontos.

Wesley corretamente declara, com até mesmo Sproul e muitos cal- vinistas, que a “predestinação única” é impossível. Seu argumento é digno de uma citação longa para aqueles que ainda pensam ser possível acreditar na eleição sem a reprovação:

Você ainda acredita que, em conseqüência de um decreto divino im utável e irresistível, a m aior parte da h um anidade p erm an ece na morte, sem qualquer possibilidade de redenção: visto que ninguém

pode salvá-los, exceto Deus; e ele não os salvará. Você acredita que

ele decretou, de maneira absoluta, não salvá-los׳, e 0 que é isto senão decretar condená-los? Na verdade, as duas coisas são, sem tirar e nem acrescentar; exatam ente a m esm a coisa. Pois se você está m orto e totalm ente incapaz de reviver a si m esm o; então se Deus decretou, de m aneira absoluta, sua m orte eterna - você está absolutam ente fadado à condenação. Então ainda que faça uso de eufem ism os [a saber, predestinação única], você quer dizer a m esm a coisa 98. 98. John Wesley, “ Free Grace,” em The Works o f John Wesley, Vol. 3, Sermons 71-114 (Grand Rapids: Zondervan, n.d.), 547.

Sim para a eleição; não para a dupla predestinação

Então ele prossegue para destruir esta doutrina: “ Suponha que ele [Deus] os envie [os réprobos] para o fogo eterno em razão de não terem se livrado do pecado! Ou seja, em termos diretos, por não terem recebido a graça que Deus decretou que eles jam ais teriam! Ah, justiça estranha! Que imagem vocês fazem do Juiz de toda a terra!”99

Á luz de todas as passagens que apresentam a palavra “ todos” mencio- nadas várias vezes neste capítulo, Wesley diz que a eleição incondicional, que necessariam ente inclui a reprovação, questiona a sinceridade de Deus. Em relação á chamada universal para 0 arrependimento e salvação e 0 desejo expresso de Deus de que todos respondam a elas a fim de que sejam salvos, Wesley propõe uma imagem para ilustrar o problema: um carcereiro chamando os prisioneiros para que deixem as celas sem que as portas das prisões estejam abertas 100. “Ah, meus irmãos, que tipo de sinceridade é essa que vocês atribuem a Deus, nosso Salvador?” 101.

Então ele aborda a questão da bondade e do amor de Deus claramen- te revelados em Jesus Cristo e passagens tais como as de João 3 .1 6 e 1 João 4.8. “ Como Deus é bom ou amável para com 0 réprobo ou alguém que não seja eleito?” '02. Aos que argumentam que Deus realmente am a os réprobos de alguma maneira e lhes é bom, Wesley pergunta como Deus poderia ser bom para ele neste mundo (ex. em dons temporais) “quando para ele era melhor que ele não tivesse nascido?” '03. Quanto ao am or de Deus para com eles: “ Esse am or não é de gelar 0 sangue nas veias?... Se, pelo bem da eleição, você engolirá a reprovação, bem. Mas se você não conseguir digerir isso, você deve necessariam ente desistir da eleição incondicional” '04.

No documento Contra o Calvinismo Roger Olson.pdf (páginas 183-188)