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4. ANÁLISE COMPARATIVA DO RECALL NO DIREITO CONTEMPORÂNEO

4.1. O Recall no direito norte-americano atual

4.2.2. América Latina

O art. 72 da Constituição venezuelana274 prevê instituto semelhante ao recall com a denominação de referendo revocatório.

De acordo com este dispositivo constitucional, todos os cargos decorrentes de eleição popular são passíveis de revogação.

O pedido de referendo revocatório só poderá ser realizado depois de transcorrida a metade do período do mandato político e o requerimento deverá ser subscrito por pelo menos vinte por cento dos eleitores inscritos na correspondente circunscrição eleitoral onde foi eleito o mandatário. O mandato será revogado por maioria

271A legislação de British Columbia se utiliza do termo recall (em inglês) para designar o procedimento para destituição de autoridades públicas.

272BRITISH COLUMBIA LAWS. Disponível em: <www.bclaws.ca/Recon/document/ID/freeside/96398_02>. Acesso em: 25 jan. 2009.

273CBC.ca. Disponível em: <http://www.cbc.ca/news/story/1998/06/23/reistma980623a.html>. Acesso em: 13 jan. 2009.

274CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA. Disponível em: <http://www.analitica.com/BITBLIO/anc/constitucion1999.asp>. Acesso em: 18 dez. 2008.

simples, desde que tenha participado pelo menos vinte e cinco por cento dos eleitores inscritos.

A Constituição do Peru275, em seu art. 31, prevê que os cidadãos têm direito de participar dos assuntos públicos mediante referendo, iniciativa legislativa, remoção ou renovação de autoridades e pedidos de prestação de contas.

A Constituição da Colômbia276, por seu turno, estipula em seu art. 40, que todo cidadão tem o direito de participar da formação, exercício e controle do poder político, efetivando esses direitos ao tomar parte das eleições, plebiscitos, referendos e consultas populares, sendo-lhe permitido, ainda, dentre outros direitos, revogar o mandato dos eleitos de acordo com a Constituição e a respectiva lei complementar.

Esse dispositivo constitucional colombiano foi regulado, por seu turno, pela Lei nº 131, de 1998, modificada pela Lei nº 741277, de 2002, que, em seu art. 7º, item 4, estabeleceu que o procedimento de revogação do mandato somente poderá ocorrer depois de um ano, contado a partir da posse do prefeito ou governador, devendo o requerimento fundamentado com os motivos do procedimento conter no mínimo 40% (quarenta por cento) do total dos votos que foram obtidos pelo agente público. Os eleitores da respectiva circunscrição eleitoral serão convocados para se pronunciarem sobre a revogação do mandato dentro de um período de até dois meses contados da confirmação e aceitação oficial do requerimento. O mandato do prefeito ou governador será revogado se houver aprovação da metade mais um dos votos dos eleitores que participarem do procedimento.

Na Argentina, a revogação de mandato não está prevista em nível nacional, mas em nível estadual (lá chamado de provincial). O instituto está previsto na Constituição da Província de Córdoba, em seu art. 183, item 4.278

275CONSTITUCIÓN POLÍTICA DEL PERÚ. Disponível em: <http://www.tc.gob.pe/legconperu/constitucion.html>. Acesso em: 18 dez. 2008.

276REPUBLICA DEL COLÔMBIA. Secretaria del Senado. Disponível em: <http://www.secretariasenado.gov.co/leyes/CONS_P91.htm>. Acesso em: 18 dez. 2008.

277LEY n. 741 de 2002 (COLOMBIA). Disponível em: <http://www.secretariasenado.gov.co/senado/basedoc/ley/2002/ley_0741_2002.html>. Acesso em: 25 jan. 2009.

278

Constitucion de La Provincia de Córdoba y su Reforma Sancionada com fecha 14 de septiembre de 2001. Artículo 183. Las Cartas Orgànicas deben asegurar: (...) 4. Los derechos de iniciativa, referendum y

revocatória. SECRETARIA DE AMBIENTE Y DESAROLLO SUSTENTABLE DE LA NACIÓN.

Disponível em:

<http://www.ambiente.gov.ar/archivos/web/biblioteca/File/Constituciones/cp_cordoba.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2008.

A Bolívia aprovou, em 12 de maio de 2008, a Lei nº 3850279, instituindo a figura do referendo revogatório que permitiu a revogação ou continuidade da gestão do Presidente da República e do Vice-Presidente, em nível nacional, e dos governadores (prefectos de departamento), em nível regional.

O artigo 84 da Constituição de Cuba280 prevê que os deputados da assembleia nacional do poder popular têm o dever de desenvolver suas atividades em benefício do interesse popular, manter contato com seus eleitores, ouvindo suas dúvidas, sugestões e críticas, bem como o dever de explicar ao povo a política do Estado e, da mesma forma, prestar contas acerca do cumprimento de suas funções, de acordo com o estabelecido em lei, e o art. 85 estabelece que tais deputados poderão ter seus mandatos revogados a qualquer momento, segundo lei específica.

Auro Augusto Caliman281 observa que, em 14 de setembro de 1999 sobreveio a lei cubana regulando o art. 85 da Constituição desse país, a qual estabeleceu que podem ser revogados os mandatos dos deputados da Assembleia Nacional, delegados das Assembleias Municipais e Provinciais, bem como de outros órgãos representativos do poder popular, sendo cabível a revogação do mandato parlamentar quando houver descumprimento reiterado das obrigações derivadas do mandato, o parlamentar incorrer em fato que afete sua reputação pública ou praticar conduta incompatível com a honra de representar o povo em órgão de Poder Popular. Diz também a lei que a iniciativa para promoção do procedimento de revogação do mandato popular cabe ao Conselho de Estado, a qualquer deputado, a um quarto, no mínimo, dos delegados da Assembleia do Município por onde foi eleito o deputado submetido ao procedimento de revogação popular. Por fim, cabe esclarecer que a revogação do mandato dar-se-á não por votação popular, mas sim pela maioria dos votos dos membros da casa legislativa.