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AMBIENTE NATURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Os problemas gerados pelo crescimento urbano chamaram mais uma vez a atenção do mundo e da ONU a partir de 1994, quando da preparação da Conferência sobre População (Cairo). Ali se reconheceu o papel da autoridade local, considerando-se que os processos sociais, econômicos, culturais e populacionais tendem a globalizar-se, mas seus efeitos concentram-se nas aglomerações urbanas, requerendo atuações políticas integradas. Ficou patente a necessidade de se buscar uma articulação entre atores urbanos para promover as cidades e uma maior oferta de infra-estrutura física, social e de comunicação, e o atendimento às demandas por serviços sociais, principal razão de ser das regiões metropolitanas. De fato, a criação e o delineamento das regiões metropolitanas sejam no sentido das competências e áreas de atuação institucional, seja no sentido físico-geográfico, buscaram sempre reger um entendimento mais integrado dos diversos setores atuantes na região.

2.2. REFERENCIAIS DO PLANEJAMENTO METROPOLITANO

O Planejamento Metropolitano da RMR fundamentou-se em um conjunto de preocupações e de sugestões constantes de documentos de planejamento nacionais, estaduais e regionais. Todos os documentos que foram referência para a criação dos parques metropolitanos foram analisados pelo presente estudo, sendo o resultado desse trabalho apresentado no capítulo 5. Entretanto, são tecidos neste capítulo comentários sobre aqueles que melhor contextualizam o processo de evolução das propostas metropolitanas sobre esses espaços livres, que articulavam áreas distintas, como lazer, turismo, qualidade ambiental e urbana, desportos, vida comunitária, cultura, saúde e educação.

• I Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR - PDI/RMR

O I Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR - PDI/RMR baseou-se no III Plano

Nacional de Desenvolvimento – III PND (1980-85)11, que especifica claramente a

preocupação com o intenso processo de urbanização das cidades brasileiras:

“a insuficiência de espaços livres e de equipamentos, a comercialização dos respectivos serviços, as dificuldades de acesso às áreas de lazer e as formas de cultura de massa são fatores preponderantes na formulação da política nacional de recreação, lazer e desportos voltada para o bem estar das populações, sobretudo dos estratos mais carentes”.

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III Plano de Desenvolvimento Nacional – III PND, para o período de 1980-85, elaborado pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República – Brasília -1979.

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Nesse sentido, sugeria que se expandissem as áreas e equipamentos de recreação e lazer, especialmente aquelas próximas às concentrações urbanas. Sugeria também que se procedesse a possíveis adaptações de áreas urbanizadas à prática do lazer e o apoio a programas de lazer associados aos programas sociais, tais como o de Centros Sociais Urbanos – CSU’s, os da Legião Brasileira de Assistência – LBA, entre outros. Associado ao lazer encontrava-se a preocupação com o desporto, destacando-se sua importância para grupos de baixa renda, entendida como uma política de saúde e de educação.

O PDI/RMR também adotou como referencial o II Plano de Desenvolvimento do Estado –

II PDE12, que associa as questões da cultura, do patrimônio histórico, do lazer e do

desporto nos Programas da Área Social, estabelecendo as seguintes linhas de prioridades: fortalecimento do Sistema Estadual de Informação Cultural; desenvolvimento do patrimônio cultural; promoção do patrimônio artístico; preservação de monumentos e sítios históricos; aprimoramento do Sistema Estadual de Esportes; construção de vilas olímpicas e implantação de zonas esportivas.

Acopla ainda as questões relativas ao turismo, apontando como prioridades: a expansão dos equipamentos e serviços turísticos; o desenvolvimento turístico da área do mar; o desenvolvimento turístico das áreas fluviais e lacustres, das áreas de micro-climas e estâncias hidrominerais; e a capacitação de recursos humanos para as atividades de turismo. Além desse universo ainda considera os programas especiais de preservação ecológica, através do fortalecimento dos órgãos de proteção ao meio ambiente e o controle ambiental em áreas de interesse ecológico.

• Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos - PDSPM/RMR

Em seqüência, o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos - PDSPM/RMR pinçou alguns programas de interesse do PDI/RMR, como sendo de interface direta com o sistema de parques, a saber: expansão das atividades de turismo; habitação e equipamentos básicos; Centros Sociais Urbanos; lazer; valorização das faixas de praia e drenagem e valorização de áreas.

O PDSPM/RMR determinou as condições para o lazer em espaços públicos abertos na região, além de definir políticas nos diferentes níveis de governo e estabelecer os

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O II Plano de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – II PDE (1980-83) é um instrumento de política estadual,

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elementos técnicos para a concretização dos objetivos. Partindo de uma análise da situação na época, apontou para uma situação desejável, definindo um conjunto de ações de transformação requeridas. Um mosaico é o que se pretendeu estabelecer, possibilitando compatibilizar interesses distintos, mesmo que em seu interior existissem áreas de uso restrito e/ou de uso sustentável, sob o ponto de vista ambiental.

Outros documentos trataram dessas áreas, tais como: Parques Metropolitanos - Série Documental do Governo do Estado de Pernambuco (1987); Inventário sobre a situação das áreas selecionadas para os parques metropolitanos (2001); Plano Diretor da Região Metropolitana do Recife – METRÓPOLE 2010 (1998); Plano de Ação Regional para a RMR – PAR (2000-2003); Agenda 21 do Estado de Pernambuco (2002). Mais recentemente, os Parques Metropolitanos foram tratados a partir da perspectiva da promoção de uma maior inclusão social, considerando as questões da competitividade local e regional. Neste aspecto se destaca o Plano Metrópole Estratégica (2002). A análise detalhada desses documentos encontra-se no capítulo 5, como destacado inicialmente.

2.3. AS ÁREAS SELECIONADAS PARA OS PARQUES METROPOLITANOS

A definição das áreas reservadas para abrigar parques metropolitanos na RMR teve três momentos de destaque: 1980, o final da década de 80 (1987) e o ano de 2001.

O primeiro momento se refere à elaboração do Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos - PDSPM, iniciado no final da década de 70, mas só estruturado em 1980. Esse instrumento de planejamento reservou 11.360 ha para abrigar os parques metropolitanos. Esse total foi dividido em 20 áreas, para atender a uma população de

2.386.461 habitantes, o que equivale a uma taxa de 47,60 m2/hab. (Mapa 4). Esse Plano

considerou 6 áreas prioritárias e 6 secundárias, reservando 8 áreas como complementação do sistema proposto.

Em termos de distribuição espacial, observa-se que 8 dos 9 municípios que integravam a RMR na época – Recife, Olinda, Jaboatão, Cabo, Itamaracá, Igarassu, Moreno, São Lourenço da Mata e Paulista - tinham pelo menos um parque. Jaboatão abrigava o maior número, com 4 áreas selecionadas, seguido por Recife, Cabo e Paulista, cada um com 3 parques; Itamaracá, Olinda e Moreno com 2 áreas, cada; e São Lourenço da Mata com 1 parque. Apenas o município de Igarassu não estava contemplado com parque metropolitano, devendo ser atendido pelos municípios

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vizinhos. Os parques estavam distribuídos espacialmente de forma a atender a toda a população metropolitana e a assegurar áreas ambientalmente valiosas no território metropolitano.

Mapa 4 – PARQUES 1980

Essas áreas selecionadas representavam, naquele momento, apenas 0,5% do território metropolitano, para atender a uma população urbana que, em 1980, representava 90% da população total da RMR. Os Quadros 7 e 8, a seguir, apresentam as áreas selecionadas, distinguindo-se entre áreas prioritárias, áreas secundárias e áreas alternativas.

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