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RECURSOS CONSTRUÍDOS E CONSERVAÇÃO INTEGRADA

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

As tendências do planejamento e da gestão governamental, no que se refere à valorização do seu patrimônio histórico, natural e construído demonstram hoje a incorporação de novos princípios da conservação integrada. A abordagem da preservação deixa de ser uma questão estritamente normativo-legal, anteriormente predominante, passando a integrar os princípios do desenvolvimento sustentável, onde o patrimônio natural e construído passam a agregar valor econômico, como recurso a ser legado às gerações futuras.

Órgãos federais, a exemplo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, para a proteção do patrimônio histórico nacional e do Instituto Brasileiro de Proteção ao Meio Ambiente – IBAMA, para a proteção do patrimônio natural, têm procurado garantir uma maior participação institucional na gestão da conservação do patrimônio brasileiro. Agrega-se a esta ação órgãos estaduais que por sua natureza, destinam-se à proteção do patrimônio natural e construído, garantindo-os para as gerações futuras. Neste contexto estão a Fundação do Patrimônio Artístico do Estado de

Pernambuco - FUNDARPE43 e a FIDEM44, entre outros, que no conjunto de suas

atribuições explicitam como de maior relevância o apoio aos municípios, visando o seu desenvolvimento.

Aos municípios por sua vez, considerando a característica de lócus do acontecimento, caberia reger a orquestração da proteção e conservação, mas neste sentido apresentam uma precariedade no que tange ao controle urbano e ambiental.

Assim, o desafio permanece, qual seja o de preservar para desenvolver, ou ainda desenvolver preservando, contrariando muitas vezes os fluxos de uma economia calcada no novo e na velocidade do tempo. Aí aparece uma questão relevante, quando se consideram os fatores culturais do patrimônio de uma determinada região: as condições de mudança e permanência do ambiente natural e construído. Considerando que qualquer intervenção de caráter preservacionista, ou seja, que visa à permanência do bem patrimonial construído é também um fator de mudança, haja vista a reestruturação ou requalificação do edifício ou área histórica, mesmo a mudança de uso a que estará condicionado, permite-se colocar que o entendimento sobre as intervenções urbanísticas,

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FUNDARPE foi criada em 1974 tendo por atribuição maior a proteção dos edifícios e sítios históricos, constituindo o conjunto de bens a serem preservados no Estado de Pernambuco.

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A Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM, foi instalada em 01 de outubro de 1975, criada através da Lei Estadual nº 6.890, de 03 de julho de 1975, para abrigar, no Estado de Pernambuco as competências de gerir os serviços públicos de interesse comum. Atualmente passou a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, de acordo com a Lei Complementar nº 049/03, denominada Lei da Reforma do Estado. Anteriormente, entretanto, através da Lei Estadual nº 6.708, de 17 de junho de 1974 foram criados os Conselhos Deliberativo e Consultivo da Região Metropolitana do Recife.

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que trazem no seu bojo a idéia de mudança, também agregam o entendimento da conservação, principalmente aquelas que consideram o patrimônio histórico como elemento indutor da intervenção.

A abordagem da preservação do patrimônio passa de uma questão estritamente normativo-legal, anteriormente predominante, incluindo aí o período de elaboração dos planos de preservação dos sítios históricos, na década de 70, a integrar os princípios do desenvolvimento sustentável, já no final da década de 80 e início de 90, onde o patrimônio, natural e construído, passa a agregar valor econômico e cultural, como recurso a ser legado às gerações futuras. Não apenas isso, mas a abordagem das áreas de interesse histórico, cultural e ambiental (os sítios históricos e áreas verdes) na década de 70 era enfocada como prioridades estratégicas, passíveis de intervenção e capazes da alavancar o desenvolvimento das atividades econômicas, numa base de potenciação dos recursos endógenos, mantendo a identidade e suas características originais. O conjunto desse potencial composto pelos sítios naturais e culturais chega, no momento atual a incorporar os princípios da conservação integrada.

Assim, tanto do ponto de vista de usos quanto de gestão compartilhada, as áreas de unidades de conservação, sejam as de proteção integral, sejam as de uso sustentável, permitiriam a diversidade de utilização. Ou seja, essas áreas reservadas para a conservação ambiental nos espaços urbanos e periurbanos, normalmente de grande porte, seriam capazes de abrigar, no seu interior ou nas suas adjacências, parte de proteção integral, parte de uso sustentável e partes mais abertas e livres, fazendo um link com a cidade, atendendo a diversos interesses, formando um mosaico.

Nesse contexto, a corrente conservacionista, vem ao encontro de medidas de prevenção do desperdício e da democratização dos recursos naturais, com usos sustentáveis dos mesmos, com um sistema de gestão que possibilite atender às diferentes necessidades, sem comprometer os objetivos da conservação. A conservação de uma unidade a ser protegida com esses objetivos e características de manejo não estaria, portanto, dentro de uma conceituação fechada do sistema de unidades de conservação vigente, possibilitando uma categoria complementar, a dos parques metropolitanos.

Enquanto bem cultural de uma região, cabe acrescentar a questão da irreprodutibilidade desse bem. Não se trata, aqui, apenas de resguardar um patrimônio natural ou bem da natureza, como é o caso do Parque do Janga, que abriga em seu interior resquícios da mata atlântica. Trata-se, sobretudo, de resguardar o patrimônio histórico, presente no

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interior dessas áreas. São resquícios do patrimônio edificado, principalmente nos séculos XVII, XVIII e XIX, como apresentado no Capítulo de Resultados da Pesquisa, tendo como exemplo, de maior relevância os Parques Metropolitanos Armando de Holanda Cavalcanti, no Cabo de Santo Agostinho, o Parque dos Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes e o do Janga, no município do Paulista. Essa abordagem remete a duas questões relevantes:

 a primeira trata da natureza do bem patrimonial a ser conservado, considerando o constante desafio de sua manutenção, enquanto bem físico insubstituível, face ao constante processo de degradação e à necessidade sempre premente de reparos e restauros, convivendo com outros usos compatíveis;

 a segunda trata da possibilidade de uma convivência adequada entre as unidades de conservação da natureza e as atividades definidas para parques metropolitanos, formando o mosaico, onde se rebatem as áreas de conservação, de preservação e de uso coletivo para diversas atividades.

Conclusão - Das 10 áreas selecionadas para parques metropolitanos, 9 delas

contem no seu interior edificações do patrimônio histórico, alguns deles bastante representativo, como é o caso do Parque Armando Holanda Cavalcanti, todos necessitando de intervenções no sentido de sua conservação.

- Compreender os parques como espaços que abrigam patrimônio natural e construído de grande importância na RMR é fundamental para a priorização de ações de melhoria da qualidade urbana e ambiental na região, conseqüentemente na qualidade de vida da população.

Recomendação - Priorizar intervenções de caráter conservacionista nos espaços destinados aos parques metropolitanos, como forma de iniciar os processos de requalificação ambiental, chamando a atenção para as possibilidades de um desenvolvimento em bases sustentáveis.