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CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS CATEGORIA

4.3. ESTRATÉGIA DE TRABALHO

Para a elaboração dessa pesquisa foram utilizados instrumentos básicos, como levantamentos, bases teóricas e conceituais, análises e avaliações das abordagens trabalhadas e, principalmente, a técnica de investigação dos fatores e variáveis sobre o tema estudado. Dessa forma, a pesquisa está calcada na análise de referenciais - documentais e bibliográficos - que permitiu formular questões sobre a viabilidade de um sistema capaz de conservar áreas verdes – protegidas através de uso adequado – e, ao mesmo tempo, propiciar lazer e qualidade ambiental, sem prejuízo do estoque de capital natural.

4.3.1 Coleta de Dados

A etapa de levantamento e coleta de dados partiu da identificação do universo de trabalho – a Região Metropolitana do Recife – para o conhecimento das especificidades de cada área – os parques metropolitanos – onde são analisados os seguintes pontos:

 instrumentos legais de controle da ação pública sobre os ambientes selecionados;  acervo de propostas e/ou programas e projetos de intervenção de caráter

protecionista, anteriormente estabelecidos ou em processo de desenvolvimento, e seus rebatimentos nos sistemas existentes;

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 propostas existentes para cada uma das áreas estudadas e a situação de vulnerabilidade das mesmas;

 os espaços urbanos da Região Metropolitana do Recife e o diálogo destes com as áreas verdes, notadamente as áreas selecionadas para os parques metropolitanos;

 a atuação e organização dos diferentes agentes que atuam nesse campo da gestão pública e privada.

O referencial documental pesquisado produzido pelo Governo do Estado de Pernambuco incluiu:

 o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife –

PDI/RMR, de 1976, que constitui o primeiro referencial do macro planejamento para a região, apresentando um diagnóstico da situação físico-territorial e socioeconômica da região, e um conjunto de propostas, em forma de programas e projetos para as diversas áreas de atuação;

 o Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR – PPSH/RMR, 1978, que

introduziu as questões da proteção à ambiência do sítio a ser preservado, assim como a questão do conjunto de edificações e sítios históricos, constituindo o primeiro movimento na RMR no sentido de estabelecer novas categorias para esse patrimônio edificado, contribuindo, também, para a proteção do patrimônio ambiental;

 o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos da Região

Metropolitana do Recife – PDSPM/RMR, de 1980, considerado como um desdobramento do PDI/RMR. Esse Plano aborda as áreas ainda livres de ocupação e sua destinação para o lazer e para a preservação de territórios com características ambientais relevantes, onde se inserem os parques metropolitanos;

 o Sistema de Parques Metropolitanos – SPM/RMR, de 1987, com a

perspectiva de focar os planos e projetos existentes para as áreas selecionadas para os parques metropolitanos, o que decerto, contribuiu para a conscientização da necessidade de equipamentos desse porte;

 o Plano Diretor da RMR – Metrópole 2010, de 1998, que estabeleceu

diretrizes específicas para a Região Metropolitana e definiu os territórios de oportunidades, visando ao desenvolvimento de forma equilibrada dessa

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Região:

 Parques Metropolitanos – em 2001 detalhou as áreas selecionadas para os

parques metropolitanos, sob o ponto de vista da vulnerabilidade de algumas áreas, e os aspectos relativos à implementação de outras; e,

 o Plano Metrópole Estratégica, de 2002, que apontou as diretrizes de

desenvolvimento da Região, destacando importantes projetos territoriais, com base em estratégias de desenvolvimento com maior inclusão social, onde foram destacados os parques metropolitanos como ambientes de interesse naturais a serem protegidos.

O referencial bibliográfico que fundamentou amparar os conceitos teóricos trabalhados e o arcabouço legal de questões afetas, compreendeu as seguintes temáticas:

 desenvolvimento sustentável e sua relação com a cidade;

 conservação integrada urbana e territorial e o patrimônio urbano e ambiental;  sítios históricos e sua relação com as áreas ambientais da RMR;

 parques metropolitanos no contexto das áreas periurbanas; e  unidades de conservação da natureza e o sistema constituído.

A abordagem conceitual de cada questão buscou estabelecer relações de contemporaneidade com os parques metropolitanos, procurando respostas e construindo uma compreensão acerca do problema que resultou no fortalecimento da idéia de que a cidade deve dialogar com suas áreas verdes, sob pena de prejuízos incalculáveis para uma e para outra.

Deve-se destacar nesta metodologia, principalmente na construção do arcabouço teórico, a importância da abordagem da conservação integrada urbana e territorial (CIUT), que, de forma consoante com o conceito de desenvolvimento sustentável, inclui na discussão do Planejamento Urbano a questão da centralidade da conservação do patrimônio, tanto

natural como construído. Especialistas como Lia Motta68 e o Professor Júratê

Markevièienë69, abordaram a questão em participação no 2o e no 3o Seminário

Internacional em Conservação do Patrimônio e Desenvolvimento Sustentável Urbano, em 1998 e 2004, no Recife. O primeiro parte do conflito de interesses entre a conservação do patrimônio e sua inserção no mercado de consumo, como bem auto-sustentável; o

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Arquiteta e especialista em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos pela UFMG.

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segundo estabelece a sustentabilidade do patrimônio como uma tarefa fundamental, inserindo-a como um fenômeno que respeita os limites éticos de uma comunidade urbana.

Outra contribuição a se destacar foi da Professora Lúcia Leitão70 que para o

desenvolvimento sustentável e a conservação do patrimônio é necessário que as intervenções a serem realizadas encontrem um rebatimento na comunidade afetada, respeitada na sua forma de sentir e expressar seu sentimento, passando a legitimar seus valores. A Professora estabelece essa relação mais direta para o patrimônio construído, não impedindo que o mesmo se reporte ao patrimônio natural, inclusive porque, nas diversas áreas de parques metropolitanos, estão inseridas várias edificações históricas a serem protegidas. Essa mesma relação de sentimentos e legitimação de valores deve ser expressa para o patrimônio natural.

Os sítios históricos presentes em áreas dos parques metropolitanos foram trabalhados porque compõem importante elemento dos processos de conservação urbana, sendo por isso um diferencial desses territórios e, como tal, devem ser tratados no planejamento metropolitano. Nesse aspecto, toda a base conceitual foi considerada na análise do documento referencial metropolitano: Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR, de 1978, assim como os contextos atuais de revitalização, requalificação e reabilitação de espaços de valor histórico, com suas estruturas arquitetônicas e funcionais.

Outra abordagem fundamental para a estrutura teórica e analítica do trabalho de pesquisa foi a noção de Áreas de Interface Periurbana (Peri-urban Interfaces-PUI), objeto de estudos e pesquisas do Laboratório de Estudos Periurbanos da UFPE. Esses espaços constituem áreas - situadas em zonas urbanas ou de expansão urbana - sob forte pressão antrópica e que passam por um processo de transformação violento, pois são lócus de encontro de atividades rurais e urbanas, onde acontecem as trocas entre os sistemas rurais e urbanos.

4.3.2 Análise e Avaliação dos Dados

Na etapa de análise e avaliação dos dados foram tratadas as informações sobre preservação ambiental na RMR, incluindo as formas e instrumentos de proteção legal,

70

Arquiteta, professora da UFPE e Doutora em Desenvolvimento Urbano pela Universidade do Porto, na sua abordagem sobre a Dimensão Subjetiva da Cidade.

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sobre o processo de planejamento e apoio institucional das áreas verdes e especiais da metrópole e sobre a execução de ações. Foram analisadas as propostas de cada uma dessas unidades, nos momentos definidos nesse trabalho, ou seja, em 1980, 1987 e 2001/2004, o que permitiu observar as questões de vulnerabilidade e os pontos positivos para a possível implementação das mesmas. Também foram objeto de análise os modelos de gestão em vigência ou já experimentados no universo de trabalho, bem como as experiências externas contemporâneas e passíveis de adaptação, sob o aspecto político, econômico e social. Em síntese foram analisados dados e informações sobre:

 a atuação da gestão pública;

 a proteção legal e o apoio institucional (planejamento e execução de ações);  os modelos de gestão metropolitana em vigência ou já experimentados;

 uma avaliação das diversas transformações ocorridas nas áreas e a atuação dos agentes envolvidos na gestão das áreas de parques metropolitanos, em seus aspectos positivos e negativos.

A partir da base teórica e conceitual, foi também possível proceder a uma avaliação crítica do processo de enquadramento dessas áreas no sistema de proteção ambiental – unidades de conservação da natureza - e das pressões de transformação a que estão sujeitas frente ao processo de transformação das áreas periurbanas.

De posse desse conjunto de análises, construiu-se as idéias que vem a ser a proposição central dessa dissertação, ou seja: existe um conjunto de áreas urbanas e periurbanas na RMR, selecionadas como parques metropolitanos, sob evidente pressão antrópica, no contexto do processo de urbanização da cidade metropolitana, sem uso planejado e que estas áreas poderiam constituir uma unidade diferenciada dentro do sistema formal de unidades de conservação da natureza e das áreas de interesse especial. Nessa perspectiva, a cidade metropolitana ganharia qualidade ambiental pela relação de interação entre as áreas verdes e as áreas urbanas ocupadas.

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