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Análise e Discussão dos Resultados

7.4 Análise da Hipótese

A hipótese levantada para este estudo foi a de que “apesar dos programas turísticos nacionais apresentarem preocupações com a qualidade e sustentabilidade da actividade turística, os mesmos acabam por não atingir os objectivos propostos, dado que, ao nível local, as acções previstas não são postas em prática de forma adequada”. Com base nesta hipótese foram seleccionadas três variáveis a serem exploradas no decorrer do estudo, a saber: consistência dos programas turísticos, grau de acções efectivamente implementadas e a eficácia da gestão municipal na implementação do planeamento turístico.

Ao tratar a variável “consistência dos programas turísticos nacionais” fica comprovado que os mesmos estão adequadamente formulados ao nível estratégico para promoverem

a descentralização turística e o desenvolvimento do turismo ao nível local. Com a análise individualizada dos programas e projectos, realizadas no capítulo 5, foi possível observar os objectivos gerais e específicos dos principais programas turísticos em vigor actualmente no Brasil e comprovar os seus objectivos de apoio a descentralização da actividade turística do Brasil.

Portanto, pode-se observar que dentro do Plano Nacional de Turismo 2003 / 2007 existem programas direccionados para as mais diversas necessidades da descentralização turística e do desenvolvimento turístico ao nível local. Entre estes principais programas e projectos, temos:

• Prodetur – Voltado para o financiamento de infra-estruturas básica e turística, capitação de investimentos privados, fortalecimento da gestão municipal e capacitação de mão-de-obra;

• PRT – Voltado para incentivar a regionalização e descentralização do turismo, diversificar e qualificar a oferta turística existente, estruturar os destinos turísticos e qualificar o mercado de trabalho;

• Brasil, Meu Negocio é Turismo – Este é um projecto educacional centrado na capacitação da mão-de-obra.

Com base na análise destes programas e projectos, pode-se concluir que em relação à consistência dos planos turísticos nacionais o planeamento estratégico brasileiro encontra-se bem estruturado e condizente com os seus objectivos. As metas de governo estão adequadamente representadas dentro dos programas nacionais desenvolvidos. Quando analisada a segunda variável – grau de acções efectivamente implementadas na região, pode-se observar que poucas das acções previstas nos planos estudados são efectivamente implementadas na região objecto de estudo. Segundo a investigação realizada, os secretários de turismo dos municípios da Chapada Diamantina chegam muitas vezes a desconhecer os programas nacionais, bem como as acções previstas para o planeamento local.

Esta realidade demonstra um sério problema na cadeia de planeamento do turismo brasileiro. O facto dos planos serem desenvolvidos adequadamente ao nível estratégico já conflitua com o facto das suas acções não conseguirem ser efectivamente

implementadas nas localidades turísticas. Esta realidade demonstra a existência de problemas na estrutura brasileira de turismo e falhas no processo de descentralização da gestão turística.

A última variável seleccionada trata de um dos maiores problemas detectados no desenvolvimento da actividade turística na Chapada Diamantina – a eficácia da gestão municipal na implementação do planeamento turístico. Foi verificado, no decorrer da pesquisa, que os municípios estudados não se encontram preparados para a execução das directrizes traçadas ao nível nacional. A falta de qualificação da gestão municipal resulta também no facto do município não se manter informado das acções nacionais de desenvolvimento do turismo, muitas vezes ficando de fora dos programas realizados. Somam-se a esta desqualificação do poder municipal os interesses políticos dos governos municipais, estaduais e federal e o resultado é, sem dúvida, o principal entrave sofrido pelo Pólo Turístico da Chapada Diamantina na implementação das directrizes nacionais de planeamento e desenvolvimento do turismo.

Após o esclarecimento das variáveis e retornando à hipótese seleccionada, podemos comprovar com base nas análises realizadas nas secções 7.2 e 7.3, que a hipótese levantada neste estudo é verdadeira. Sendo assim, a investigação realizada confirmou que apesar do planeamento turístico nacional apresentar preocupações com a qualidade e sustentabilidade da actividade turística ao nível local, isto acaba por não acontecer, visto que as acções propostas não são concretizadas de forma adequada. Não existe, assim, harmonia entre o que é planeado pelo Ministério do Turismo e a prática do turismo local nos municípios do Pólo Turístico da Chapada Diamantina.

7.5 Conclusão

Com base nas análises realizadas neste capítulo, pode-se concluir que apesar do planeamento turístico do Brasil estar adequadamente estruturado ao nível estratégico

não consegue obter os resultados esperados, de desenvolvimento sustentável, ao nível local. Esta realidade pode ser atribuída, em grande parte, à falta de capacitação da gestão municipal e à gestão inadequada dos recursos públicos nas três esferas de poder (nacional, estadual e municipal).

No caso da Chapada Diamantina pode-se observar que a actividade turística desenvolvida na região têm contribuído para a geração de emprego e rendimento para a sociedade, e ainda tem colaborado para uma certa preservação natural e cultural da região. Esta preservação é resultado do aumento da consciencialização ecológica dos profissionais da área de turismo e dos turistas, além também de resultar de algumas medidas isoladas de planeamento das prefeituras.

Este facto poderia ser considerado como resultado esperado da descentralização turística do Brasil, porém as prefeituras não recebem apoio e sequer orientação por parte do órgão federal de turismo no planeamento turístico dos municípios. Na realidade, esta circunstância resulta do abandono político da região e não de medidas responsáveis de descentralização turística. Assim, as acções que visam a sustentabilidade local são restritas a algumas cidades isoladas e não podem ser consideradas como realidade para todo o Pólo de Turismo da Chapada Diamantina.

A região sofre ainda com a falta de qualificação da mão-de-obra turística, com a falta de continuidade das acções de planeamento e com o facto do poder público não cumprir suas funções de organizar, controlar e fiscalizar a actividade.

Desta forma, pode-se confirmar a hipótese levantada de que apesar dos programas turísticos nacionais apresentarem preocupações com a qualidade e sustentabilidade da actividade turística, os mesmos acabam por não atingir os objectivos propostos, dado que, ao nível local, as acções não são postas em prática de forma adequada.

Capítulo 8